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Recursos Humanos em TI: Recomendações de políticas públicas

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Recomendações de políticas públicas para RH em TI: texto para discussão n. 2 1

Recursos Humanos em TI:

Recomendações de políticas públicas

Texto para Discussão 2

Junho de 2011

Observatório SOFTEX

(2)

1. Apresentação

O DESAFIO: Uma Visão Sistêmica da Escassez de Profissionais de TI

Os empresários da Indústria Brasileira de Software de Serviços de TI (IBSS) percebem que a cada dia fica mais difícil encontrar profissionais para contratar e assim sustentar de modo competitivo os seus negócios. O problema da escassez de pessoal é complexo, possui causas diversas, requer atuação consistente e simultânea em várias frentes e mudança em processos que exigem tempo de maturação. Pensar a escassez, portanto, é pensar de modo sistêmico, utilizando modelo que permita conectar as várias partes do problema em um todo compreensível para aqueles que o vivenciam.

S OBRE A E SCASSEZ DE MÃO DE OBRA

O S NÚMEROS DA ESCASSEZ

O Observatório SOFTEX acredita que a falta de profissionais de TI irá se acentuar no decorrer dos anos. Com apoio de simulações baseadas na disciplina Dinâmica de Sistemas, e tendo como ponto de partida o número de assalariados em ocupações relacionadas com software e serviços de TI e a produtividade e a receita gerada com o seu trabalho, projetou o deficit de mão de obra, considerando cenários diversos.

Levando-se em conta o Cenário Esperado, ou seja, aquele mais próximo ao que se acredita que ocorrerá, haverá um deficit, em 2013, de cerca de 140 mil profissionais (Figura 1). Esse deficit pode ser ainda maior se o setor se reorientar mais do que o esperado para serviços. Neste caso, segundo estimativa do Observatório SOFTEX, o deficit, em 2013, seria de 200 mil profissionais.

Em sentido contrário, em um cenário orientado a produtos, cairia para 80 mil profissionais.

Figura 1. Cenário esperado para déficit de PROFSSs.

Fonte: Observatório SOFTEX (2009). Software e Serviços de TI: A Indústria Brasileira em Perspectiva, Vol. 1,

Cap. 10.

(3)

A projeção da escassez foi revista e atualizada a partir de um novo modelo, que considera um número maior de variáveis e fatores intervenientes. Além de parâmetros relacionados com o mercado de trabalho, o novo modelo inclui dados referentes ao mercado de formação da mão de obra em TI (Figura 2).

ESCASSEZ de PROFSS NEGÓCIOS

em TI

Egressos Aptos

Egressos Evasão

Candidatos Ingressantes

Vagas

Remuneração Relativa Inovação e

Empreendedorismo

Custos

QUALIDADE na Educação POLÍTICAS

PÚBLICAS

+ -

+ + +

+

+

Atratividade da Carreira

Atratividade da IBSS

+

+ + +

+ +

+

- -

-

+

-

+

+

+

Produtividade

+ +

+ +

Figura 2. Modelo sistêmico.

Fonte: Observatório SOFTEX.

Neste documento, discutem-se as características gerais do novo modelo, apresentam-se as imperfeições no mercado de trabalho e no sistema de formação de mão de obra que criam obstáculos para a solução do problema da escassez e recomendam-se políticas públicas que poderiam ser desencadeadas, visando a corrigir algumas das imperfeições apontadas. É dado destaque especial para ações sob a governabilidade da Secretaria de Política de Informática (SEPIN/MCT).

O QUE É A ESCASSEZ ?

Dentro da perspectiva do Observatório SOFTEX, a escassez de profissionais de TI em um dado tempo t é a diferença entre o número de PROFSS que o setor (IBSS mais NIBSS) consegue contratar e a necessidade requerida de contratos. Para se estimar a quantidade requerida de PROFSS, levam-se em conta a receita e produtividade projetadas para t.

A impossibilidade de a empresa ampliar o quadro de contratados conforme o seu interesse pode

ter a ver com motivos diversos. Pode ser uma questão quantitativa: faltam profissionais em

número suficiente, ou seja, forma-se menos gente do que é necessário para atender às demandas

do mercado de trabalho. Mas pode ter a ver com fatores qualitativos como, por exemplo,

desajustes entre a formação fornecida ao profissional e o conjunto de competências e habilidades

requeridas pela empresa e inadequação entre o que a empresa está disposta a pagar e o que o

profissional espera receber.

(4)

Neste documento, o Observatório SOFTEX conclui que a atual escassez de mão de obra em TI refere-se a fatores qualitativos mais do que quantitativos. Assim, entende que forma-se mais gente do que, em princípio, seria necessário para suprir o setor de software e serviços de TI. No entanto, os profissionais formados parecem não atender aos requisitos qualitativos requeridos pela indústria.

Uma boa resposta para a escassez, portanto, deveria contemplar ações que permitam utilizar de modo mais apropriado os profissionais já formados ou com formação em andamento. Dessa forma, a proposta apresentada pelo Observatório SOFTEX para enfrentar o desafio da escassez recomenda foco no estoque disponível de egressos de cursos de computação e informática de nível médio profissionalizante e superior, além de uma parceria sólida entre indústria e academia, visando a estreitar a distância atualmente existente entre os interesses da indústria e os da academia, no que concerne à formação de pessoal em TI.

As seções 1 e 2 a seguir buscam caracterizar o mercado de trabalho na IBSS e o sistema de formação de recursos humanos em computação e informática, respectivamente. Nessas seções, discutem-se os motivos da não-ocorrência de retroalimentações que, em última instância, levariam à solução da questão da escassez de recursos humanos em TI, sem a necessidade de intervenção das políticas públicas.

1. C ARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO DA IBSS

Quanto maior a escassez, maiores os salários?

O número de PROFSSs na IBSS cresce a taxas significativas de 2003 a 2010. O montante pago em salários cresce ainda mais que a quantidade de postos de trabalho. Em termos reais, em 2010, a remuneração média mensal aumenta 9,4% em relação a 2003 (Tabela 1 e Figura 3).

No que tange a empregos e salários, o comportamento observado na IBSS é similar ao verificado para o mercado brasileiro formal de trabalho como um todo: os empregos crescem e a massa salarial cresce proporcionalmente mais, gerando ganhos para os assalariados. Porém a IBSS mostra-se um contratante mais voraz: em 2010, em relação a 2003, a taxa de crescimento no número de PROFSSs (139,4%) é mais que o dobro da encontrada para o total de vínculos formais de trabalho: (49,2%) (Tabela 2 e Figura 4).

A voracidade em contratos não levou a um aumento significativo na remuneração média dos

PROFSSs. Ela cresce a taxas menores que à verificada para o Total Brasil (9,4% e 18,6%,

respectivamente, considerando o ano de 2010 em relação ao de 2003). Como as camadas de

menor renda, na base da pirâmide social, foram as que, no geral, obtiveram maiores ganhos

salariais, a presença maior de profissionais destas camadas no conjunto Brasil contribui para

explicar o crescimento inferior da remuneração média dos empregados da IBSS.

(5)

Tabela 1. IBSS: Massa salarial, número de PROFSSs e remuneração média – mês dezembro – período 2003 a 2010

Valores deflacionados pelo IPCA, ano-base 2008

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS/MTE, anos diversos

.

50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Emprego (nº de profss) Remuneração média profss Massa salarial profss Figura 3. IBSS: massa salarial, número de PROFSSs e remuneração média – Crescimento em relação a 2003.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS/MTE, anos diversos.

Tabela 2. Total Brasil: Massa salarial, vínculos empregatícios e remuneração média – mês dezembro – período 2003 a 2010

Valores deflacionados pelo IPCA, ano-base 2008

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS/MTE, anos diversos.

50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Emprego (total de vínculos) Remuneração média Massa salarial

Figura 4. Total Brasil: massa salarial, total de vínculos empregatícios e remuneração média – crescimento em relação a 2003.

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Emprego (milhões vínculos) 29,5 31,4 33,2 35,2 37,6 39,4 41,2 44,1

Rem. média mês dez. (R$) 1.278 1.277 1.296 1.368 1.379 1.437 1.472 1.516 Massa salarial dez. (bilhões R$) 37,8 40,1 43,1 48,1 51,8 56,7 60,7 66,8

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Emprego (nº PROFSS) 65.333 71.755 80.463 97.397 107.876 121.641 135.880 156.418 Rem. média mês dez. (R$) 2.855 2.750 2.859 2.936 2.995 3.077 3.176 3.124 Massa salarial dez. (milhões

R$) 186,5 197,3 230,0 286,0 323,1 374,2 431,6 488,6

(6)

Mudanças na composição da força de trabalho

Outros fatores contribuem para explicar o comportamento da IBSS no que se refere aos PROFSSs e os seus salários. Um deles refere-se a mudanças na composição da força de trabalho.

Ao longo do período 2003 a 2010, cresce proporcionalmente mais o número de vínculos empregatícios em ocupações que exigem maior qualificação (analistas de sistemas computacionais, engenheiros de computação, gerentes de TI e administradores de sistemas, redes e banco de dados) do que naquelas que requerem mais baixa qualificação (técnicos em desenvolvimento de sistemas e aplicações, técnicos em operação e monitoração de computadores, operadores de entrada e transmissão de dados, operadores de redes de teleprocessamento e técnicos em telecomunicações). No entanto, as ocupações mais qualificadas passam a ser exercidas por uma quantidade maior de pessoas jovens, com nível superior incompleto. Isso faz com que, nas ocupações mais qualificadas, as remunerações médias tendam à queda (para informações adicionais, ver Observatório SOFTEX, Texto para Discussão n. 1, 2010).

A Tabela 3 traz dados sobre a remuneração média dos PROFSSs na IBSS, considerando os seguintes perfis de ocupação: NG (nível gerencial), NS (ocupações que, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações, requerem profissionais de nível superior) e NT (ocupações de nível técnico, conforme sugestão da CBO), para o período 2006 a 2010. Observa-se que, para os profissionais de perfil NG e NS, há queda na remuneração média.

Tabela 3. Remuneração média mensal real na IBSS, considerando perfil de ocupação – mês de dezembro, período 2006 a 2010

Em R$ - Valores deflacionados pelo IPCA, ano-base 2008.

ANO NG NS NT TOTAL

2006 7.716,14 3.714,38 1.622,13 2.920,17

2007 6.307,50 3.704,84 1.665,41 2.960,96

2008 7.128,14 3.688,88 1.723,81 3.076,62

2009 7.474,22 3.701,73 1.830,45 3.176,31

2010 7.219,24 3.592,62 1.815,47 3.123,83

Tx. Cr. 2010-06 (%) -1,7 -0,8 2,9 1,7

NG: inclui as seguintes famílias ocupacionais da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO): 1236 - Diretores de Informática; 1425 - Gerentes de TI.

NS: inclui as seguintes famílias ocupacionais: 2122 - Engenheiros em Computação; 2123 - Administradores de Redes, Sistemas e Banco de Dados; 2124 - Analistas de Sistemas Computacionais.

NT: inclui as seguintes famílias ocupacionais: 3171 - Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações; 3172 - Técnicos em operação e monitoração de computadores; 4121 - Operadores de entrada e transmissão de dados; 3722 - Operadores de redes de teleprocessamento e afins; 3133 - Técnicos em telecomunicações.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS/MTE, anos diversos.

Contratação de serviços de terceiros e CLT Flex

Outro fator que contribui para um crescimento pouco expressivo dos salários médios dos

PROFSSs da IBSS diz respeito ao uso de alternativas à contratação via CLT. A contratação do

profissional como consultor pessoa jurídica (PJ) costuma ser utilizada em projetos de curta

duração e na remuneração de profissionais-sênior, em cargos de mais alto valor. A contratação

(7)

dos seniores como PJ reduz o montante pago em salários e contribui para fazer a remuneração média dos PROFSSs manter-se baixa.

Os profissionais com 50 anos ou mais de idade são, de fato, uma minoria entre os PROFSSs da IBSS. Em 2009, representam 6,7% do total, uma participação bastante inferior à verificada na economia como um todo (13,8%) (Figura 5). Em 2010, esses percentuais são de 6,9% e 14,2%, respectivamente.

Em %

0,2

21,9 28,8

42,4 6,7

0,9

17,2 17,4

50,8 13,8

Ate 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 49 anos 50 ou mais

Total empregados Brasil PROFSSs IBSS

Figura 5. Distribuição percentual de PROFSSs na IBSS e de assalariados no total da economia brasileira, considerando faixas etárias – ano de 2009.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados da RAIS/MTE.

O uso de contratos PJ gera imperfeições no mercado de trabalho. Prejudica as empresas que optam pela CLT, pois elas têm dificuldades para estabelecer preços compatíveis com os das concorrentes. Também enfrentam desafios maiores para recrutamento de profissionais no mercado, já que muitos preferem modalidades de contrato que lhes dê acesso imediato a um montante maior de recursos.

A CLT Flex é outra prática adotada por empresas da IBSS que faz com que os salários mantenham-se relativamente baixos. A concessão de benefícios diversos permite ganhos que, na prática, acabam não são sendo incorporados aos salários.

Na Figura 6, compararam-se as despesas da IBSS nas rubricas ´serviços técnico-profissionais` e

´benefícios concedidos aos empregados` aos gastos com salários e outras remunerações (férias, 13º e abonos). Embora os salários correspondam à fatia maior dos gastos, as despesas com

´serviços técnico-profissionais` não são desprezíveis. A rubrica ´benefícios concedidos aos empregados` é responsável por uma fatia ainda pequena do total dos gastos com pessoal, mas cresce à taxa superior à verificada para os salários (18,3% a.a. e 13,7% a.a., respectivamente).

Em R$ mil, valores deflacionados pelo IPCA, ano-base 2008

(8)

5.954.893

6.978.670 7.972.825 8.869.024

9.942.407

3.602.275 3.932.796 4.748.925 4.503.264

5.429.309

845.370 1.073.296 1.253.601 1.417.522 1.654.364

2004 2005 2006 2007 2008

Salários e outras remunerações

Serviços técnico- prof issionais

Benefícios concedidos aos empregados

Figura 6. Gastos da IBSS com pessoal próprio e terceirizado – período 2004 a 2008.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de tabelas especiais da PAS/IBGE, anos diversos.

O processo de comoditização

Outro fator que contribui para um crescimento moderado dos salários médios na IBSS diz respeito à comoditização das atividades de software e serviços de TI. Como se sabe, esse é um setor que passa por grandes transformações, com produtos e serviços tornando-se rapidamente obsoletos.

Com a codificação de conhecimentos tácitos e a sua incorporação em metodologias e ferramentas de desenvolvimento, profissionais qualificados podem ser substituídos por pessoas com um nível menor de qualificação. A tecnologia conhecida inicialmente por alguns poucos se torna de domínio comum, o que aumenta a concorrência, faz as margens caírem e modifica a estrutura competitiva.

O diferencial de produtos e serviços passa a ser o seu preço final, o que dificulta o repasse de aumento dos custos para o cliente.

Os ganhos de escala são uma forma para compensar a perda no preço unitário de bens e serviços. Se o aumento nos gastos com pessoal proveniente da busca de escala não puder ser compensado, na mesma medida, pelo aumento na receita, haverá queda de produtividade. Isso, justamente, é o que se observa na IBSS. Na Figura 7, a produtividade na IBSS foi calculada através de diferentes fórmulas: receita líquida pelo total de pessoas ocupadas (RL/PO), valor adicionado pelo total de pessoas ocupadas (VA/PO) e, também, valor adicionado pelo total de pessoas assalariadas (VA/PA). Em todas elas, verifica-se tendência à queda.

Em R$ por pessoa - valores deflacionados pelo IGP-DI, ano-base 2008

40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0 120,0 130,0 140,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Produtividade (RL/PO) Produtividade (VA/PO) Produtividade (VA/PA)

127mil

113 mil

89 mil

111 mil

90mil

75 mil

(9)

Na Figura 8, compara-se a produtividade da IBSS, com a do setor serviços e a do conjunto constituído pela indústria, serviços e comércio. O percentual apresentado diz respeito à taxa de crescimento verificada em 2008, em relação a 2003. A produtividade da IBSS cai -15,3%. Para o conjunto constituído pelos setores indústria, comércio e serviços, a produtividade também é negativa (-1,7%). No entanto, para o total do setor serviços, observam-se ganhos relevantes de produtividade (11,1%).

Em %

O processo de comoditização contribui para desencadear a série de medidas adotadas pelas empresas para conter os gastos com pessoal e manterem-se competitivas em cenário de concorrência acirrada, incluindo-se, entre elas, a contratação de pessoas jurídicas e a ´CLT Flex`.

Explica, também, por que o aumento da escassez de mão de obra, provocado pelo crescimento dos negócios em TI, não gera, como era de se esperar, um aumento expressivo de salários, o que, conforme previsto no modelo sistêmico, poderia atrair profissionais e egressos aptos para o setor, reduzindo a escassez.

Inovação

A fórmula para driblar a obsolescência de produtos e serviços é inovar. A inovação permite que a empresa retorne (ou ascenda) a um patamar superior, escapando da estrutura competitiva típica de produtos e serviços comoditizados, baseada no diferencial por preço.

Comparando-se os resultados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC/IBGE) realizada em 2005 com os da PINTEC 2008, percebe-se queda na quantidade de empresas da IBSS que

80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 105,0 110,0 115,0 120,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Produtividade PAS+PIA+PAC Produtividade PAS Produtividade IBSS

Nesta figura, para efeito das comparações, utilizou-se o VA fornecido pelo IBGE, cuja fórmula desconsidera receitas e despesas financeiras.

Produtividade PAS: refere-se à produtividade das empresas do setor serviços coberto na Pesquisa Anual de Serviços (PAS)/IBGE. Produtividade PAS + PIA + PAC: diz respeito à produtividade das empresas pertencentes aos setores de serviços, indústria e comércio cobertos pelas pesquisas: PAS, PIA (Pesquisa Anual da Indústria) e PAC (Pesquisa Anual do Comércio).

Figura 8. Número índice de produtividade (VA/PO) na IBSS, no setor serviços e no conjunto indústria, serviços e

comércio – crescimento em 2008 em relação a 2003

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados PAS, PAC e PIA/IBGE, anos diversos.

Foi utilizado VA calculado pelo IBGE.

Figura 7. Produtividade na IBSS – período 2003 a 2008

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados PAS/IBGE, anos diversos.

(10)

realizou inovações. O montante gasto em atividades inovativas pelas que afirmaram inovar também decresce. Em 2005, foi de R$ 1,6 bilhão, 5,9% da receita líquida do total de empresas da IBSS com 10 ou mais pessoas ocupadas, que é o foco da pesquisa. Em 2008, R$ 1,5 bilhão, o equivalente a 4,0% da receita (Quadro 1).

Quadro 1. Comparações entre resultados PINTEC 2005 e PINTEC 2008

PINTEC 2005 PINTEC 2008

Taxa de inovação

(1)

57,6% 48,2%

Dispêndios em atividades inovativas (AI)

(2)

R$ 1,6 bilhão R$ 1,5 bilhão

Dispêndios em AI/Receita líquida total de empresas

(3)

5,9% 4,0%

Dispêndios em P&D interna

(4)

/Receita líquida total de empresas 2,3% 1,0%

(1) % calculado sobre o total de empresas das classes (versão 2.0 da CNAE) 6201, 6202, 6203, 6204, 6209, 6311 e 6319 da IBSS com 10 ou mais pessoas ocupadas. Para Pintec 2005: considera-se o total de empresas que afirmou realizar atividade inovativa no período 2003 a 2005. Para Pintec 2008, no período 2006 a 2008.

(2) Diz respeito aos dispêndios em atividades inovativas em 2005 e 2008, respectivamente. Valores correntes.

(3) Refere-se à receita do total de empresas da IBSS pertencentes às classes mencionadas em (1), com 10 ou mais pessoas ocupadas.

(4) A P&D interna é uma entre muitas atividades inovativas que podem ser realizada pelas empresas.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados PINTEC/IBGE, anos 2005 e 2008.

Para inovar, a empresa precisa investir em profissionais com maior qualificação. Embora os PROFSSs com nível de pós-graduação formem o subconjunto da IBSS que mais cresceu no período 2006 a 2010 (237,3%) (Tabela 4), eles ainda representam uma parcela inexpressiva do total (0,7%, em 2010) (Tabela 5).

Tabela 4. Nível de escolaridade dos PROFSSs empregados na IBSS – crescimento 2010-06

NÍVEL DE ESCOLARIDADE 2006 2010 Tx. Cr. 2010-06

Até ensino médio completo 30.372 33.843 11,4%

Superior incompleto 18.749 25.909 38,2%

Superior completo 47.938 95.526 99,3%

Pós-graduado 338 1.140 237,3%

TOTAL 97.397 156.418 60,6%

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS, anos de 2006 e 2010

Tabela 5. Distribuição dos PROFSSs empregados na IBSS, considerando nível de escolaridade – anos de 2006 e 2010

NÍVEL DE ESCOLARIDADE 2006 2010

Até ensino médio completo 31,2% 21,6%

Superior incompleto 19,3% 16,6%

Superior completo 49,2% 61,1%

Pós-graduado 0,3% 0,7%

TOTAL 100,0% 100,0%

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS, anos de 2006 e 2010.

Os sintomas da escassez e a busca de soluções

O processo de comoditização e o crescimento relevante dos negócios em TI levam a uma

necessidade maior de profissionais e, com isto, a uma tendência para aumento da escassez de

PROFSSs. Pela lei da oferta e da procura, o deficit de mão de obra deveria elevar os salários. No

entanto, a adoção da contratação de profissionais na modalidade pessoa jurídica e o uso de um

(11)

percentual maior de pessoas jovens, com qualificação e remuneração menores, inibem, até certo ponto, o seu crescimento.

Do ponto de vista do trabalhador, os salários subiram, pois ele ascendeu a uma ocupação melhor remunerada – por exemplo, passou de técnico em desenvolvimento para analista de sistemas – ocupando, entretanto, o lugar de um colega que ganhava mais na mesma função. Ou seja, com base em uma política de substituição de trabalhadores mais bem remunerados por outros mais baratos, foi possível frear, até certo ponto, o aumento dos salários médios, mesmo em condição de escassez de mão de obra.

Conforme apresentado na Tabela 6, no período 2004 a 2010, a remuneração média mensal dos PROFSSs admitidos na IBSS é inferior à obtida pelos profissionais desligados a cada ano.

Tabela 6. IBSS: salário médio mensal de PROFSSs admitidos e desligados na IBSS – período 2004 a 2010

Em R$, valores deflacionados pelo IPCA, ano-base 2008

ANO SALÁRIO MÉDIO MENSAL Admitidos/

Desligados

DESLIGADOS ADMITIDOS

2004 1.764,13 1.407,19 -20,2%

2005 1.770,06 1.689,59 -4,5%

2006 1.950,41 1.892,60 -3,0%

2007 1.854,54 1.805,61 -2,6%

2008 1.958,51 1.828,55 -6,6%

2009 2.054,78 1.862,66 -9,3%

2010* 2.042,18 1.855,20 -9,2%

* Média inclui período de janeiro a outubro de 2010.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados do Caged/MTE, anos diversos.

Mas outros fatores dão indícios da existência da escassez. Entre eles, destacam-se a promoção rápida dos PROFSSs, a rotatividade elevada da mão de obra e a busca de soluções próprias para capacitação de pessoal e retenção de talentos.

Rotatividade elevada

Até certo ponto, a rotatividade de PROFSSs é resultado da contratação por tempo determinado, em virtude da realização de projetos de curto prazo. Uma situação, portanto, desencadeada pela empresa, na gestão dos seus recursos, considerando flutuações no seu volume de negócios. Mas a rotatividade também é impulsionada pelo lado do profissional. Um menor apego à empresa, característica observada na Geração Y, aliado às incertezas do mercado de trabalho fazem com que o PROFSS esteja sempre atento a novas oportunidades.

Rotatividade de PROFSSs é maior na IBSS que na NIBSS

Na Tabela 7, apresenta-se o percentual de PROFSSs da IBSS e dos diversos setores econômicos

da NIBSS que trocou de vínculo empregatício ao longo de cada um dos seguintes anos: 2006,

2007, 2008 e 2009. Em cada um dos anos, a IBSS destaca-se por ser o segundo setor em que

houve maior troca de vínculos.

(12)

Tabela 7. Percentual de PROFSSs que trocou de vínculo empregatício, considerando IBSS e setores da NIBSS – período 2006 a 2009

Setores Econômicos 2006 2007 2008 2009

IBSS 26,8 29,1 31,5 28,5

Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura

14,1 20,4 18,7 17,2

Indústrias Extrativas

21,6 18,9 21,0 12,3

Indústrias de transformação

18,7 19,3 19,2 18,0

Eletricidade, gás e outras utilidades

10,5 8,7 9,5 12,4

Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação

7,9 8,7 9,5 9,8

Construção

31,9 34,2 32,8 23,5

Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas

20,4 21,2 23,5 23,2

Transporte, Armazenagem e Correio

23,0 20,4 26,9 32,0

Alojamento e alimentação

21,1 20,2 23,2 17,5

Informação e Comunicação (exclusive 62 e 63)

22,0 22,4 26,8 24,9

Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados

24,7 27,4 20,4 21,5

Administração pública

6,5 6,7 8,8 7,4

Educação

13,2 12,9 16,6 15,1

Saúde e serviços sociais

13,1 14,5 19,4 19,1

Demais Atividades

27,1 27,5 29,4 24,3

* Inclui as seguintes seções da versão 2.0 da CNAE 2.0: L – atividades imobiliárias; M – atividades profissionais, científicas e técnicas; N – atividades administrativas e serviços complementares; R – artes, cultura, esporte e recreação;

S – outras atividades de serviços; T – serviços domésticos; U – organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir da RAIS MIGRA/MTE, 2008.

Na Tabela 8, apresenta-se o percentual de PROFSSs empregados na IBSS e na NIBSS que, no ano anterior, encontrava-se empregado e o emprego era no mesmo setor/segmento. Em média, para as classes da IBSS, o percentual daqueles que se encontravam na mesma situação é inferior, um indício a mais da mobilidade maior de PROFSSs com vínculo na IBSS que na NIBSS.

Tabela 8. Percentual de PROFSSs que se encontrava exercendo a função de PROFSSs no mesmo setor/segmento da IBSS ou da NIBSS no ano anterior – período 2007 a 2009

Setor/segmento 2007 2008 2009 Média

NIBSS

Administração pública 96% 96% 97% 96%

Intermediação financeira 88% 92% 92% 91%

Educação 90% 82% 91% 88%

Comércio varejista 85% 84% 87% 85%

Telecomunicações 83% 86% 85% 84%

Serviços prestados às empresas 77% 80% 82% 80%

Comércio por atacado 81% 80% 74% 78%

IBSS

Tratamento dados, portais, web hosting, provedores conteúdo 73% 77% 79% 76%

Consultoria em TI 74% 71% 73% 73%

Suporte técnico 68% 70% 77% 71%

Software sob encomenda 68% 65% 67% 66%

Software não customizável 58% 65% 68% 64%

Reparação computadores, periféricos 57% 60% 71% 63%

Software customizável 55% 55% 59% 57%

% calculado sobre o total de PROFSSs que se encontrava empregado no ano anterior.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados da RAIS MIGRA/MTE – anos diversos.

(13)

Os motivos por que a rotatividade dos PROFSSs é maior na IBSS que na NIBSS precisam ser ainda investigados. Eles não parecem ter a ver com questões salariais e nem com diferenças no porte dos estabelecimentos da IBSS e da NIBSS. Uma possível explicação pode estar na dinâmica da IBSS, aparentemente mais sujeita a oscilações no estoque de mão de obra, em virtude de variações na quantidade de serviços contratados ao longo do ano e/ou nas competências requeridas dos PROFSSs em cada serviço contratado.

Promoções rápidas

O resultado da rotatividade elevada é a ascensão rápida dos PROFSSs. O profissional que pede para deixar a empresa porque recebeu uma nova proposta de trabalho, provavelmente irá assumir uma posição superior (melhor salário, status ou condições gerais de trabalho) a que se encontrava no antigo empregador.

Para reter os profissionais mais talentosos, evitando a sua saída, a empresa tem a opção de adotar medidas de promoção e/ou aumento salarial. A retenção de talentos mediante tais medidas pode gerar insatisfações entre os não promovidos, intensificando, pelo lado dos PROFSSs, a busca por novas oportunidades e, pelo lado das empresas, a necessidade de revisão de cargos e salários.

Competição acirrada por talentos

A escassez colabora para o surgimento de uma competição acirrada por PROFSSs. Na ausência do profissional desejado, as empresas buscam atrair talentos conquistados e treinados por outras, oferecendo-lhes compensações adicionais. A competição por talentos pode levar, da noite para o dia, a desfalques importantes nas equipes de desenvolvimento. Em algumas regiões do país, as empresas da IBSS tentam evitar a concorrência através do estabelecimento de acordo de cavalheiros.

Prática que vem sendo adotada pelas empresas para reter talentos diz respeito à criação de ambientes de trabalho capazes de atrair a Geração Y. Eventos esportivos, espaços para interação social e gestão mais flexível são exemplos de medidas incorporadas à política de recursos humanos.

A Figura 9 mostra como as imperfeições verificadas no mercado de trabalho para PROFSSs na IBSS afetam o modelo sistêmico elaborado pelo Observatório SOFTEX, impedindo que as relações previstas produzam os resultados esperados. Com o processo de comoditização, há um aumento nos negócios de TI, mas este não é uma consequência do aumento nas atividades inovativas, tal como sugerido pelo modelo.

Segundo o modelo, o crescimento verificado nos negócios em TI deveria acarretar em maior escassez de mão de obra. Isso de fato ocorre. No entanto, o aumento na escassez não gera crescimento elevado nos salários, tal como era de se esperar. Em virtude de adequações ao processo de comoditização, que requer uma forte restrição de gastos, as empresas adotam práticas que tendem a controlar o crescimento dos salários. Embora essas práticas contribuam para as empresas se manterem competitivas, elas geram incertezas no mercado de trabalho e fazem com que a profissão dos PROFSSs se torne menos atrativa.

Outra tendência da comoditização é a busca por profissionais com menor qualificação, alterando a

composição da força de trabalho, o que também contribui, em certa medida, para a queda dos

(14)

salários médios. No entanto, em cenário de escassez de mão de obra, os fatores que atuam a favor da contenção dos salários são contrabalançados por forças diversas que agem em sentido contrário, tendendo a elevá-los. Entre elas, destacam-se a alta rotatividade, as promoções rápidas e a concorrência acirrada por PROFSSs.

Como resultado da correlação de forças, um dos aspectos que chama a atenção é a redução na capacidade de a IBSS inovar. Suportada por um modelo de negócios de menores margens, concorrência acirrada, baixa produtividade e pessoal relativamente menos qualificado, é provável que a IBSS tenha cada vez maior dificuldade para acionar os mecanismos necessários para estabelecer e manter um círculo virtuoso que solucione o problema da escassez de mão de obra em TI.

Escassez de MO

Remuneração relativa

+ +

Negócios em TI

Inovação

+

Atração de talentos

+

Mudanças na composição da força de trabalho.

Queda na remuneração Contratações PJ e CLT Flex

Commoditização:

Concorrência acirrada Menores margens Queda na produtividade Diferencial baseado no preço

Incertezas Rotatividade elevada

Promoções rápidas Redução nas

taxas de inovação

Figura 9. Caracterização do mercado de trabalho da IBSS Fonte: Observatório SOFTEX

2. C ARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE FORMAÇÃO DE MÃO DE OBRA EM TI

Cursos superiores – área de computação

Na Tabela 9, apresentam-se dados sobre os cursos superiores de computação, na modalidade presencial. Observa-se que, ao longo do período de 2003 a 2008, há um aumento relevante nas vagas oferecidas pelas instituições de ensino (média de 8,5% a.a.). O número de candidatos cresce a taxas inferiores (2,9%), fazendo com que a relação candidato-vaga caia no período (em 2003 era de 2:1, em 2008, de 1,5:1). A baixa relação dificulta uma boa seleção de candidatos.

Quando comparada ao número de vagas, a quantidade de ingressantes nos cursos de

computação também é baixa, o que leva a uma subutilização da capacidade existente nas

instituições de ensino superior. O número baixo de ingressantes é uma função da quebra de

expectativas em relação à atratividade da carreira por parte dos candidatos.

(15)

Tabela 9. Vagas, candidatos e ingressantes em cursos de graduação, modalidade presencial, na área de computação – período 2003 a 2008

Cursos de computação 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Tx. Cr.

Anual

Vagas 132.320 160.262 166.603 176.634 193.130 198.905 8,5%

Candidatos 259.346 267.722 274.568 278.582 296.740 299.769 2,9%

Ingressantes 75.615 75.142 84.199 85.939 91.285 91.448 3,9%

Relação candidato por vaga 2,0:1 1,7:1 1,6:1 1,6:1 1,5:1 1,5:1 Ingressantes/vagas 57,1% 46,9% 50,5% 48,7% 47,3% 46,0%

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados INEP/MEC, anos diversos.

Conforme discutido em documento anterior (ver Observatório SOFTEX, Texto para Discussão n.1), vagas, candidatos e ingressantes concentram-se, sobretudo, em cursos de tecnologia, com duração em torno de dois anos. Parte significativa destes cursos é fornecida por instituições privadas. Considerando resultado de avaliações realizadas pelo MEC, os conceitos atribuídos aos cursos de tecnologia tendem a ser menores que aqueles fornecidos aos cursos de bacharelado.

Como resultado do direcionamento dos cursos de computação para a modalidade tecnologia, em mais longo prazo, poderá haver redução no estoque de pessoas com competências de mais alto valor, que poderiam, em princípio, contribuir para reverter as tendências ora verificadas no mercado de trabalho. No entanto, em curto prazo, a formação de tecnólogos permite a inclusão rápida no mercado de profissionais que, em princípio, deveriam ajustar-se melhor às competências requeridas em modelos baseados na comoditização.

Evasão nos cursos de graduação – área de computação

A evasão é elevada nos cursos de graduação em computação, mas se observa tendência à queda ao longo dos anos. Em 2008, a evasão ao ano chega a 21% do total de matriculados. Esse percentual é maior para os cursos de tecnologia (27%) que para os cursos de bacharelado (19%) (Tabela 10). Para o total de cursos de nível superior oferecidos no Brasil, a taxa de evasão, em 2008, foi de 21%.

Tabela 10. Taxa de evasão* de cursos de graduação na modalidade presencial – área de computação – período 2004 a 2008

ANO Bacharelado Tecnologia Total

2004 24% 38% 26%

2005 21% 29% 23%

2006 22% 29% 24%

2007 20% 29% 23%

2008 19% 27% 21%

* E (n) = 1 – [M (n) – I (n)] / [M (n-1) – C (n-1)] em que, E (n) = evasão no ano n; M (n) = matriculados no ano n; I (n) = ingressantes no ano n; M (n-1) = matriculados no ano n-1; C (n-1) = concluintes no ano n-1.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados INEP/MEC, anos diversos.

Muitos alunos têm uma percepção equivocada sobre o curso. A dificuldade para acompanhar o

conteúdo fortemente amparado em raciocínio lógico-matemático é um obstáculo a ser superado

pelo ingressante.

(16)

A cada ano que passa, segundo os coordenadores de cursos de computação, os alunos tendem a ingressar nos cursos superiores com mais dificuldades para absorver conceitos matemáticos, um indicativo da deficiência do ensino de lógica-matemática nas séries anteriores. No Texto para Discussão n. 1 do Observatório SOFTEX, apresentaram-se dados que mostram a perda de proficiência de alunos do ensino médio.

Caracterização do perfil do ingressante por gênero

Ao se analisar o perfil dos candidatos e ingressantes em cursos de computação, chama atenção a presença pouco expressiva de pessoas do sexo feminino. Essa é uma tendência verificada, também, em outros países. Grandes empresas de TI, tendo a Google entre elas, têm criado programas específicos para atrair a mão de obra feminina. No Brasil, ao longo dos anos, a participação das mulheres no total dos PROFSSs é baixa e reduz-se cada vez mais. Em 2003, elas representavam 32,8% do total de PROFSSs na IBSS; em 2008, 24,6% (Figura 10).

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Masculino Feminino 43.904

(67,2%)

92.005 (75,4%)

21.429 (32,8%)

30.045 (24,6%)

Figura 10. Percentual de PROFSSs na IBSS, considerando gênero – período 2003 a 2008

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados da RAIS/MTE, anos diversos.

Egressos de cursos de graduação – área de computação

Muito em virtude de investimento realizado no passado, o número de egressos cresceu de modo significativo no período 2003 a 2005. A partir de 2006, observa-se uma tendência à estagnação (Figura 11).

Figura 11. Número de egressos de cursos de graduação, modalidade presencial, na área de computação – período 2003 a 2008

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados INEP/MEC, anos

diversos.

(17)

Cursos profissionalizantes de nível médio – área de informática

Concluintes de cursos de nível técnico em informática ou áreas afins são apreciados tanto pelas empresas da IBSS quanto pelos coordenadores de cursos de nível superior. Academia e empresa reconhecem que o aluno ou profissional que teve experiência prévia profissionalizante absorve mais facilmente os conhecimentos fornecidos sobre computação.

Entre algumas empresas, existem ressalvas no que se refere à contratação de estagiários ou recém-formados em cursos técnicos. A principal resistência refere-se à imaturidade do jovem profissional. Há referências feitas, também, à falta de conhecimento em idiomas estrangeiros e deficiências de raciocínio lógico-matemático. Alunos de cursos de nível superior parecem atender melhor a algumas das necessidades das empresas: desenvolvimento lógico-matemático, domínio da língua inglesa, atitude e maturidade. Para as empresas, uma combinação apropriada seria alunos provenientes de cursos de nível técnico, mas já ingressos em cursos superiores de computação.

Mas essa percepção não é unânime. Existem empresas que, no processo de recrutamento, não fazem distinção entre egressos de nível técnico ou de nível superior ou entre graduados na modalidade tecnologia ou na modalidade bacharelado. Essas empresas buscam o profissional talentoso e acreditam que as competências que procuram não têm uma relação direta com o nível ou o conteúdo da instrução formal do profissional.

A falta de percepção das diferenças entre profissionais com níveis distintos de escolaridade pode, de fato, ser um aspecto positivo, por não colocar barreiras à entrada de talentos no mercado de trabalho. No entanto, ela pode, também, trazer efeitos negativos, desestimulando o esforço de educação formal a ser realizado pelos futuros profissionais.

Egressos de cursos de nível técnico profissionalizante – área de informática

A partir do ano de 2007, o INEP/MEC deixou de informar o total de egressos de cursos de nível técnico profissionalizante. Os dados fornecidos referem-se apenas ao número de alunos matriculados.

Na Tabela 11, apresentam-se dados referentes aos cursos de nível técnico enquadrados pelo Observatório SOFTEX na categoria ´Informática`, em diferentes modalidades: concomitante, subsequente e integrado. A partir de 2006, a oferta de cursos cresce de modo contínuo, com o número de matrículas respondendo ao crescimento da oferta. É de se supor que o número de egressos acompanhe a tendência, mostrando sinais de crescimento de 2010 em diante.

Tabela 11. Número de cursos, matrículas e egressos de nível técnico profissionalizante – área de informática – período 2004 a 2008

ANO Cursos Matriculados Egressos

2004 1.043 86.282 30.630

2005 980 77.674 24.234

2006 1.099 75.248 18.679

2007 3.517 82.662 21.571

2008 4.104 100.986 19.419

2009 4.904 117.396 18.812

2010 5.620 139.125 20.666

(18)

Valores em cinza foram estimados pelo Observatório SOFTEX.

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados INEP/MEC, anos diversos.

Treinamento interno: uma necessidade?

A formação de um bom profissional em TI exige conhecimentos específicos de uma dada aplicação ou tecnologia. No geral, as empresas entendem que cabe a elas cumprir uma parcela importante neste processo de formação. Muitas estão cientes que, em virtude da sua área de atuação, inevitavelmente, terão de fornecer treinamento interno para o profissional. Algumas, inclusive, preferem responsabilizar-se pelo treino, visando a garantir que o profissional utilizará procedimentos e metodologias de modo adequado.

O custo envolvido na contratação de um bom profissional é apontado como um fator determinante para a opção de treinamento interno. Treinar o jovem pouco experiente sai mais em conta para a empresa.

Algumas têm buscado compartilhar os custos de treinamento com outras, criando procedimentos para absorção dos alunos, após a finalização do processo de capacitação.

Formação x trabalho: divergências sobre o momento certo

Instituições de ensino e empresas competem para retenção dos jovens. Alguns coordenadores de cursos de computação lamentam o pouco tempo que o aluno tem para se envolver com o processo de formação. Estágios e empregos iniciam antes do período necessário para fixação de conceitos básicos, fundamentais, em computação. Empresários, por seu lado, gostariam de ter os alunos, logo, à disposição. Mas reconhecem que, em geral, o jovem aluno chega na empresa com deficiências significativas.

O ingresso do aluno no mercado de trabalho, ainda nos primeiros anos do seu processo de formação, contribui, também, para o aumento dos índices de evasão. Requisitado e com possibilidades de crescimento profissional, o aluno muitas vezes avalia como desnecessária a conclusão do curso. Além disso, o envolvimento muito cedo com o mundo do trabalho pode fazer com que se atrase em relação aos demais da sua classe, ampliando as chances de se desligar do processo de formação.

Interação universidade - empresa

Uma característica do modelo brasileiro de desenvolvimento diz respeito à fraca interação entre academia e empresa. Essa dissociação entre o processo de formação e o mundo do trabalho faz- se notar, também, nas propostas pedagógicas dos cursos de computação oferecidos no Brasil.

Embora o corpo docente conheça e leve em conta as recomendações curriculares da ACM

(Association for Computing Machinery), uma sugestão que não parece ter sido assimilada, é a de

os cursos de computação definirem domínios de aplicação específicos sobre os quais se

debruçar, propondo exemplos, mencionando cases e discutindo projetos voltados para solução de

problemas específicos. O saber sobre áreas de negócios é uma parte relevante do processo de

aprendizado. Parte que parece estar sendo negligenciada no processo de formação do aluno

brasileiro, por melhor que este processo possa ser desde o ponto de vista técnico.

(19)

A tendência para o perfil do profissional de TI, segundo as empresas, seria, justamente, a sua

´horizontalização`. Ou seja, para que o profissional possa atender satisfatoriamente às demandas do mercado, deve existir uma convergência cada vez maior entre o conhecimento técnico e o conhecimento associado ao negócio,

MEC: direção para os cursos e currículos

A academia e a sociedade em geral poderiam se beneficiar com referências curriculares mais claras vindas do Ministério da Educação (MEC). Referências que orientem a formação dos profissionais de TI e esclareçam as competências/capacitações esperadas destes profissionais.

Dada a velocidade com que a computação se reinventa, é necessário manter espaços para debates com o propósito de incentivar revisões e avaliações periódicas nos currículos dos cursos.

Os debates em questão deveriam envolver os mais diferentes players.

PROFSSs - primeiro emprego

Supondo que, durante o período 2004 a 2010, todos os contratos de primeiro emprego de PROFSSs, para IBSS e NIBSS, fossem direcionados para egressos de cursos de nível técnico prossionalizante e de nível superior em computação, percebe-se, pelos dados da Tabela 12, que o total de contratos de primeiro emprego é 38% da disponibilidade total de egressos em 2010.

Pode-se, portanto, dizer que não há falta de egressos, pessoas que, em tese, estariam capacitadas para assumirem um emprego como PROFSSs na IBSS ou na NIBSS. Muito provavelmente estes recém-formados estão desempregados ou trabalhando em outra função diferente daquela para a qual se formaram. Diversas podem ser as causas para que isto esteja acontecendo:

• perfil inadequado dos egressos para as necessidades da IBSS e NIBSS;

• baixa atratividade das oportunidades de emprego como PROFSS na IBSS e NIBSS, frente às outras oportunidades de trabalho que o mercado oferece;

• perspectiva de desenvolvimento remuneratório e profissional como PROFSS, aquém das expectativas pessoais.

A conclusão principal a que se chega é que a escassez de mão de obra não é quantitativa, mas sim de natureza qualitativa. Isto é, existem profissionais teoricamente capacitados no mercado de trabalho, mas que, por algum motivo, não se qualificam para o trabalho como PROFSS na IBSS ou na NIBSS. Para resolver a questão dessa escassez, ao invés de formar um número maior de pessoas, deve-se procurar interagir com as escolas de nível técnico e superior visando a discutir um currículo que atenda melhor às necessidades da indústria, e também desenvolver políticas para melhorar a atratividade da carreira de PROFSS.

O foco no aprimoramento da formação dos alunos de cursos de computação e informática de nível

médio ou superior tem a vantagem de legitimar as instituições de ensino já existentes como um

local privilegiado de capacitação. Pelo menos em tese, também cria oportunidades para que a

indústria se aproxime da academia, participando mais ativamente do processo de formação do

futuro profissional.

(20)

Tabela 12. Primeiro emprego na IBSS e na NIBSS – período 2004 a 2010

1º EMPREGO IBSS 1o EMPREGO NIBSS

ANO NÍVEL MÉDIO

NÍVEL

SUPERIOR TOTAL NÍVEL MÉDIO NÍVEL

SUPERIOR TOTAL

2003 3.222 1.510 4.732 9.449 3.781 13.230

2004 2.412 1.207 3.619 9.848 3.528 13.376

2005 2.656 1.895 4.551 10.872 3.834 14.706

2006 3.520 1.699 5.219 10.405 3.707 14.112

2007 3.118 1.543 4.661 11.178 3.358 14.536

2008 3.834 1.996 5.830 12.219 4.709 16.928

2009 3.720 1.543 5.263 11.680 3.835 15.515

2010 3.515 2.631 6.146 10.960 4.989 15.949

(continuação)

NÍVEL MÉDIO NÍVEL SUPERIOR TOTAL

ANO 1º emprego 1º emprego/

egressos 1º emprego 1º emprego/

egressos 1º emprego 1º emprego/

Egressos

2003 12.671 5.291 26% 17.962

2004 12.260 40% 4.735 18% 16.995 33%

2005 13.528 56% 5.729 19% 19.257 38%

2006 13.925 75% 5.406 17% 19.331 39%

2007 14.296 66% 4.901 15% 19.197 36%

2008 16.053 83% 6.705 20% 22.758 44%

2009 15.400 72% 5.378 15% 20.778 38%

2010 14.475 62% 7.620 21% 22.095 38%

Fonte: Observatório SOFTEX, a partir de dados RAIS/MTE e INEP/MEC, anos diversos.

Fatores tais como a redução na duração e no conteúdo dos cursos, a queda na proficiência em lógica-matemática em séries anteriores de ensino e a baixa interação academia-empresa fazem com que a relação entre egressos e egressos aptos não ocorra da forma prevista.

Mas um número maior de egressos aptos não significa, necessariamente, um aumento no número

de profissionais contratados pela IBSS, o que poderia reduzir a escassez. A relação pode ser

prejudicada por vários motivos, como, por exemplo, desajustes entre a formação acadêmica e os

requerimentos da indústria e a dificuldade de a IBSS competir com outros setores na atração dos

talentos, por questões tais como imagem e padrões de remuneração.

(21)

Atratividade carreira Ingressantes

+

+

Vagas

Egressos

-

Candidatos

+

Subutilização da capacidade instalada

Subaproveitamento egressos – 1º emprego Redução da duração e qualidade dos cursos Queda na proficiência em lógica-matemática em séries anteriores.

Baixa interação academia-empresa.

+ +

+

Evasão Qualidade na

Educação

Egressos aptos

-

Produtividade

Desajustes entre formação acadêmica e as necessidades do mercado de trabalho.

Dificuldades da IBSS de atrair os talentos

+

Figura 11. Número de egressos de cursos de graduação, modalidade presencial, na área de computação – período 2003 a 2008

Fonte: Observatório SOFTEX.

3. R ECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA ENFRENTAR A ESCASSEZ

A solução do problema da escassez de PROFSSs passa por correções nas imperfeições do mercado de trabalho e de formação de mão de obra. Políticas públicas podem contribuir para essas correções. Mas a escassez é um desafio complexo, com causas diversas e que, para ser solucionada, requer atuação consistente e simultânea em diversas frentes.

Por onde então começar os ajustes? Que imperfeições devem ser consideradas inicialmente?

Que ações poderiam ser mais eficazes em curto, médio e longo prazos? Essas são perguntas de difícil resposta. No entanto, algumas premissas podem auxiliar no desenvolvimento de um plano inicial de ação:

1. Não perder de vista que o problema da escassez é mais qualitativo que quantitativo. É preciso buscar um aproveitamento melhor daquelas pessoas já formadas ou em fase de formação, nos níveis técnico, superior e de pós-graduação.

2. Ouvir e considerar as necessidades das partes interessadas, propiciando que as soluções, dentro do possível, caminhem para parcerias do tipo ´ganha-ganha`. Nesse sentido, deve-se buscar interação entre academia e empresa, na solução do grande desafio que é a educação de qualidade, que forneça ao aluno uma boa formação e que lhe garanta as bases necessárias para inserção no mercado de trabalho.

3. Lembrar que a falta de profissionais com formação em tecnologias da informação e

comunicação (TICs) é um problema que não afeta apenas a IBSS, mas a economia como um

todo, devendo ser encarada como uma questão estratégica para garantir o avanço do país,

com aumento de produtividade e condições de competitividade em nível global.

(22)

4. Monitorar resultados, avaliar avanços, corrigir rumos e aprender com as melhores práticas, ações que, aliás, vêm sendo realizadas pela SOFTEX, em seus projetos para formação de recursos humanos.

5. Conhecer, estudar e avaliar os programas que vêm sendo desencadeados em outros países, no intuito de superar o desafio da escassez de mão de obra em TI, um problema global. Ainda que não se tenha feito uma análise aprofundada, é possível afirmar que estão presentes nestes programas uma ou mais das seguintes iniciativas:

• Incentivar um número maior de jovens a se matricularem em cursos relacionados com TICs;

• Repatriar talentos;

• Revisar os currículos de cursos técnicos e superiores, buscando maior atratividade e interdisciplinaridade;

• Trabalhar com as empresas do setor de TI para que reavaliem as suas práticas e busquem aproveitar melhor os profissionais disponíveis;

• Atrair mulheres para o setor de TICs, ampliando e diversificando a força de trabalho.

Considerando os itens acima, bem como as sugestões colhidas durante contatos mantidos com representantes de empresas, da academia e de diferentes esferas governamentais, apresenta-se, a seguir, um conjunto de ações que, independentemente da complexidade envolvida com a sua colocação em prática, podem contribuir para enfrentar a questão da escassez de profissionais qualificados. Ao final sugerem-se, com um pouco mais de detalhe, ações que podem ser desencadeadas pela SEPIN/MCT.

Imagem/divulgação

1. Ampla divulgação das ocupações em TI e criação de uma imagem positiva para os PROFSSs.

Atenção especial deve ser dada ao público feminino.

Ajustes no sistema de formação em TI

2. Reforço em lógica e matemática no ensino médio e fundamental.

3. Revisão periódica dos currículos.dos cursos de computação, com debate envolvendo todas as partes interessadas. Ênfase especial para discussão de disciplinas voltadas para aspectos comportamentais, áreas de negócios e domínios específicos (´horizontalização` do ensino).

4. Programa para formação de formadores na área de computação, contemplando conhecimentos específicos da área e aspectos pedagógicos envolvidos no ensino de computação.

5. Ampla discussão sobre metodologias para ensino de programação em todos os níveis de formação.

6. Maior uso das TICs no processo de formação de futuros profissionais para o setor, em especial o uso de ferramentas de Ensino a Distancia já como instrumento de apoio ao ensino presencial, facilitando o domínio destas ferramentas e seu uso de forma mais efetiva, e assim contribuindo para a disseminação da EaD também nas modalidades semi-presencial e totalmente a distância.

7. Criação de políticas de incentivo (através de microcrédito ou desoneração da folha de pagamento) para desenvolvimento de programas de capacitação/formação em TI pelas empresas.

Ajustes no mercado de trabalho

8. Reforma da CLT, buscando, pelo menos para o setor de TI, maior flexibilidade.

9. Revisão dos encargos trabalhistas que recaem sobre as empresas da IBSS.

(23)

10. Ajustes na Lei de Estágio e do Jovem Aprendiz para que sejam mais efetivas na contratação de jovens, especialmente os recém-formados, ainda sem muita experiência.

11. Revisão de programas de formação de novos profissionais, tais como o PlanSeq, para adequá-los a particularidades da formação de PROFSS

Ações sugeridas para a SEPIN/MCT:

1. criação de programa de bolsas para egressos dos cursos de computação, visando à realização de estágio (após complementação de ciclo básico) e contrato de 1º emprego na IBSS. O objetivo é garantir que os egressos dos cursos de computação (nível técnico ou superior) sejam direcionados, em maior quantidade, para a IBSS e se proponham a permanecer por um período maior de tempo em seu primeiro contrato de trabalho. O incentivo deve ser tal que seja muito atrativo para o jovem profissional trabalhar na IBSS;

2. incentivos para criação de parcerias/convênios de cooperação entre empresas da IBSS e instituições de ensino ofertantes de cursos de computação de nível médio e superior. A iniciativa deve permitir a criação de uma grade curricular complementar nas escolas, que vise atender a demandas pontuais e específicas da IBSS, quando existentes. O envolvimento das instituições de ensino na capacitação complementar dos alunos permitirá um melhor aproveitamento dos recursos já disponíveis: laboratórios, salas de aula, corpo docente, recursos pedagógicos, etc.

Permitirá, também, uma interação maior entre a academia e a empresa no processo de formação do jovem profissional;

3. manutenção de programas de média duração (entre 150 e 500 horas) para reforço dos estudantes já envolvidos em cursos do nível técnico ou superior para que estes consigam praticar e dominar uma linguagem de programação profissional;

4. informatização “radical” dos campi universitários em todo o país, criando ambientes privilegiados, com acesso a recursos computacionais de última geração e banda ultra-larga para TODA a comunidade (alunos, professores e administração), desde o primeiro ano, com programas voltados para a difusão do uso das TICs pelos departamentos e cursos oferecidos em cada instituição;

5. continuidade de estudos sobre o mercado de trabalho e a formação de mão de obra em TI, com

monitoramento e mapeamento contínuo das condições destes sistemas e a divulgação ampla de

informações e dados que possam contribuir para a redução das suas imperfeições e incertezas.

(24)

O Observatório SOFTEX agradece as seguintes empresas, instituições de ensino e entidades de classe que, gentilmente, receberam a nossa equipe para discutir o assunto escassez e contribuir com recomendações para políticas públicas: BRQ, Ci&T, CINQ, CLAVIS BBR Consultoria em Informática, Comprova.com, CSP Consultoria & Sistemas, HSBC/GLT, IBM, Intelecta, Solusoft, Thales Information Systems; ASSESPRO/RJ, ASSESPRO/PR, FENAINFO/RIOSOFT, ITS, SEBRAE/PR, SENAI/SP, SOFTEX Campinas; CITS; IMPACTA, INFNET, PUC/PR e Universidade Mackenzie.

Também agradece as empresas e entidades que auxiliaram na validação de roteiro de entrevistas, durante reunião conjunta realizada no Rio de Janeiro: Atos Origin, Calma Informática, Drive Consultoria e Informática, Elumini IT & Business Consulting, Informal Informática, Nasajon Sistemas, Riosoft, Sinapse, SINDPD/RJ, Sofis Informática Ltda, ST3 Tailor e Unitech-Rio Comércio e Serviços Ltda.

Contribua com este documento, enviando os seus comentários e recomendações de mudança para o e-mail: observatoriosoftex@softex.com.br

Notas:

IBSS:

Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI. Para os anos 2003 a 2005, inclui as empresas com fonte principal de receita nas atividades da Divisão 72 da versão 1.0 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), Atividades de Informática e Serviços Relacionados. Para os anos 2006 a 2008, inclui as empresas com fonte principal de receita em atividades pertencentes à Divisão 62, ao Grupo 63.1 e à Classe 95.11 da versão 2.0 da CNAE.

Utiliza-se indústria, neste caso, em seu sentido genérico, como um grupo de empresas que compartilham um método comum de gerar dividendos, embora não pertençam, necessariamente, ao segundo setor.

NIBSS: Não-IBSS. Inclui as empresas pertencentes a todas as divisões da CNAE, exceto aquelas incluídas na IBSS.

PROFSSs:

Profissionais com emprego formal, com vínculo empregatício ativo em 31/12, pertencentes às seguintes famílias ocupacionais da Classificação Brasileira de Ocupações: 1236 - Diretores de Informática; 1425 - Gerentes de TI;

2122 - Engenheiros em Computação; 2123 - Administradores de Redes, Sistemas e Banco de Dados; 2124 - Analistas de Sistemas Computacionais; 3171 - Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações; 3172 - Técnicos em operação e monitoração de computadores; 4121 - Operadores de entrada e transmissão de dados; 3722 - Operadores de redes de teleprocessamento e afins; 3133 - Técnicos em telecomunicações. O cálculo de PROFSSs foi realizado na versão1.0 da CNAE, para os anos 2003 a 2005, e na versão 2.0, para os anos 2006 a 2008. Para dados da NIBSS, foi descontado o efeito Rondônia.

Salário médio: Refere-se à remuneração média mensal apurada em dezembro de cada ano. Valores em R$,

deflacionados pelo IPCA, ano-base 2008. O conceito do salário aqui utilizado inclui as importâncias pagas a título de salários fixos, honorários da diretoria, comissões sobre vendas, horas extras, participação nos lucros, ajudas de custo, 13º salário, abono financeiro de 1/3 das férias, sem dedução das parcelas correspondentes às cotas do INSS ou de consignação de interesse de empregados.

Cursos de graduação modalidade presencial, bacharelado ou tecnologia – área de computação: Inclui cursos

selecionados pelo Observatório SOFTEX, pertencentes às seguintes áreas de curso superior, conforme classificação adotada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais)/MEC: 481A01 - Administração de redes (bacharelado ou tecnologia); 481C01 - Ciência da computação (bacharelado ou licenciatura plena); 481E01 - Engenharia de computação - hardware (bacharelado); 481E02 - Engenharia de softwares (bacharelado); 481I01 - Informática - ciência da computação (bacharelado ou tecnologia); 481S01 - Sistemas operacionais (bacharelado ou tecnologia); 481T03 - Tecnologia em informática (bacharelado ou tecnologia); 481B01 - Banco de dados (tecnologia);

481C02 - Computação gráfica (tecnologia); 481L01 - Linguagens de programação (tecnologia); 481R01 - Robótica (tecnologia); 481T01 - Tecnologia da informação (tecnologia); 481T02 - Tecnologia em desenvolvimento de softwares (tecnologia); 483A01 - Análise de sistemas (bacharelado ou tecnologia); 483A02 - Análise e desenvolvimento de sistemas (bacharelado ou tecnologia); 483I01 - Informática educacional (bacharelado ou licenciatura ou tecnologia);

483P01 - Processamento de dados (bacharelado ou tecnologia); 483S02 - Sistemas de informação (bacharelado ou tecnologia); 483S01 - Segurança da informação (tecnologia); 523R01 - Redes de computadores (tecnologia); 523T03 - Tecnologia digital (bacharelado e licenciatura ou tecnologia); 523E04 - Engenharia de computação (bacharelado).

Cursos de nível técnico-profissionalizante modalidade presencial, concomitante, subsequente ou integrado – área de informática: Para o período 2004 a 2007, inclui os seguintes cursos selecionados pelo Observatório SOFTEX,

pertencentes à Grande Área D – Serviços, Área 12 – Informática; Subárea 1 - Informática: 1201001 - Administração de

redes de computadores; 1201002 - Computação gráfica; 1201003 - CTI – desenvolvimento de sistema; 1201004 - CTI –

desenvolvimento de software; 1201005 - CTI –suporte ao usuário; 1201006 - Desenvolvimento de programas; 1201007 -

Referências

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