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A importância do profissional de educação física para a educação infantil

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Academic year: 2017

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Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu

Em Educação

A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL

DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Autor: João Carlos Ferreira do Prado

Orientador: Prof. Dr. Luiz Síveres

(2)

JOÃO CARLOS FERREIRA DO PRADO

A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação

da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção de grau de mestre em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Síveres

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JOÃO CARLOS FERREIRA DO PRADO

Monografia apresentada e aprovada pelo Programa de Pós-graduação Stricto Sensu, em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em ____/___de

2014, sob o título “A importância do profissional de Educação Física para a

Educação Infantil”, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Física.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Luiz Síveres

Universidade Católica de Brasília

_______________________________________________________________ Prof ª. Drª. Jacira da Silva Câmara

Universidade Católica de Brasília

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva.

Universidade Católica de Brasília

NOTA______

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, Senhor Pedro Ferreira do Prado (In memoria) e a

Senhora Maria das Dores L. Prado, pela minha vida, por tudo que fizeram para me criar, pela minha formação acadêmica e como homem.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar sempre ao meu lado, guiando os meus passos.

Ao Dr Prof Luiz Síveres pela orientação e por sempre ter acreditado no meu potencial.

Aos professores que fizeram parte da minha banca de dissertação, Professora Jacira da Silva Câmara e professor Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva.

A todos os professores que me deram aula no decorrer da jornada acadêmica, Prof. Dr. Cândido Alberto da Costa Gomes; Prof. Dr. Carlos Ângelo de Meneses Sousa; Professora Drª. Ranilce Guimarães-Iosif; Prof. Dr. Geraldo Calimam e a Professora Drª. Jacira da Silva Câmara.

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RESUMO

O objetivo geral deste estudo é identificar como os alunos que estão concluindo o ciclo de graduação em Educação Física percebem a importância da atuação desse profissional para a Educação Infantil, como delimita a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Para tanto, utilizou-se uma pesquisa bibliográfica, como instrumento metodológico, como base para o suporte teórico, no qual, buscou-se traçar um paralelo entre o que expressa à literatura, com o que foi abordado na pesquisa de campo, essa última, por sua vez, buscou investigar junto aos alunos concluintes do curso de Educação Física qual a importância desse profissional atuar junto à Educação Infantil. Neste contexto, a Educação Física escolar é uma das disciplinas onde o aprofundamento de conceitos e a interação são fundamentalmente trabalhados sob múltiplas abordagens, a fim de gerar harmonização, não apenas do corpo físico, mas também do intelecto, habilitando o aluno para a compreensão de sua realidade e preparando-o, também para o convívio social de maneira mais plena. Dessa forma, o que gerou o interesse por essa temática foi justamente o desejo de saber como os futuros profissionais veem a possibilidade de se inserir no contexto da Educação Infantil. Estariam eles preparados para atuar junto aos alunos da Educação Infantil? Há uma conscientização dos futuros professores de Educação Física sobre a importância de trabalhar com alunos nessa faixa de escolarização? Os resultados da pesquisa apontam que grande parte dos estudantes em fim de graduação não conhecem sequer os Referenciais Curriculares para Educação Infantil e muito menos as Diretrizes Curriculares do próprio curso de Educação Física. A falta de conhecimento do futuro educador, juntamente com a falta da compreensão do papel desse profissional na Educação Física faz com que muitos optem por outras atividades dentro da área, como: fitness, Educação Física escolar voltada para adolescentes e jovens e a EF esportiva. Conhecer melhor as possibilidades que essa área oferece auxiliaria o educador a agregar mais importância à sua atuação nesse segmento, o que, poderia aumentar o número de docentes nessa faixa de escolarização.

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ABSTRACT

The aim of this study is to identify how students who are completing the cycle of Physical Education graduation realize the importance of the performance of this professional for Early Childhood Education, as delimits the Law of Directives and Bases of Education. For this purpose, a literature search, as a methodological tool, as a basis for theoretical support, in which it sought to draw a parallel between that expresses the literature with what was covered in the research field, the latter, in turn, sought to investigate with the graduating students of Physical Education how important these professionals to work with the Early Childhood Education. In this context, the Physical Education is one of the disciplines where concepts and deepening of interaction are fundamentally worked under multiple approaches in order to generate matching not only the physical body but also the intellect, enabling the student to understand their reality and preparing them also for the social life more fully. Thus, generating interest in this topic was just the desire to know how they see the future professionals the possibility to insert in the context of early childhood education. Are they prepared to work with students from kindergarten? There is an awareness of future physical education teachers about the importance of working with students in this range of schooling? The survey results indicate that most students in order to graduate not even know the Curriculum Frameworks for Early Childhood Education and much less the Curriculum Guidelines of the Physical Education course itself. The lack of knowledge of the future educator, along with a lack of understanding of the role of these professionals in physical education causes many opt for other activities in the area such as: fitness, Physical Education focused on adolescents and youth and sports EF. Better understand the possibilities that this area offers would help the educator to add more importance to its activities in this segment, which could increase the number of teachers in this range of schooling.

Keywords: Early Childhood Education. Professional Physical Education. Axis

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LISTA DE SIGLAS

CONFEC...Conselho Federal de Educação Física

CREF...Conselho Regional de Educação Física

DF...Distrito Federal

ECA...Estatuto da Criança e do Adolescente

EF...Educação Física

ENAD...Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

EPCT...Estrada Parque Contorno Taguatinga

FIPE...Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

IBOPE...Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

IBGE...Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH...Índice de Desenvolvimento Humano

INEP...Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LDB...Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC...Ministério da Educação e Cultura

ONU...Organização das Nações Unidas

QS...Quadra Sul

RCNEI...Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

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LISTA DE TABELAS

Tabela (1)...Maiores PIB(s) da América Latina... 21

Tabela (2)...Cursos de Educação Física autorizados no DF...74

Tabela (3)...Importância do profissional EF na Educ. Infantil...89

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: PERFIL POR IDADE DOS PESQUISADOS...75

GRÁFICO 2: PERFIL POR GÊNERO...77

GRÁFICO 3: SEMESTRE QUE O PESQUISADO ESTÁ CURSANDO...79

GRÁFICO 4A: ÁREA EM QUE ATUOU NO ESTÁGIO ...80

GRÁFICO 4B: ÁREA QUE CONSIDERA MAIS SIGNIFICATIVA...81

GRAFICO 5: VOCÊ CONHECE AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA O CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA?...84

GRÁFICO 6: VOCÊ COMPREENDE O QUE REPRESENTAM OS EIXOS NORTEADORES EXPRESSOS NO RCNEI?...85

GRÁFICO 7:IDENTIFICAÇÃO DO EIXO NORTEADOR, CONFORME RCNEI...87

GRÁFICO 8: QUANTO AS COMPETÊNCIAS E SUA RELAÇÃO AO PREPARO PARA ATUAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL...92

GRÁFICO 9: QUAL A ÁREA É MAIS IMPORTANTE DESENVOLVER HABILIDADES/COMPETÊNCIAS AO LONGO DO CURSO DE EF...94

GRÁFICO 10: PROCEDIMENTOS QUE DEVEM SER ESTIMULADOS NO DECORRER DO CURSO DE EF...96

GRÁFICO 11: DIFICULDADES QUE AFASTAM O DOCENTE DE EF DA EDUCAÇÃO INFANTIL...97

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

1 ELEMENTOS DA PESQUISA ... 14

1.1 O PROBLEMA ... 14

1.1.1 Questões subjacentes ao problema de pesquisa ... 15

1.2 OBJETIVOS ... 15

1.2.1 Objetivo geral ... 15

1.2.2 Objetivos específicos ... 16

1.3 HIPÓTESES ... 16

1.4 JUSTIFICATIVA ... 17

2 REVISÃO DA LITERATURA ... 21

2.1 A VISÃO DE PIAGET E VYGOTSKY SOBRE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL 21 2.2 A FORMAÇÃO DO APRENDIZADO NA CRIANÇA ... 33

2.3 O EDUCAR E O CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 38

2.4 FUNDAMENTOS NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL... 41

2.5 O EIXO MOVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 42

2.5.1 O Professor de Educação Física na Educação Infantil ... 44

2.5.2 Jean Le Bouch e a Teoria Psicocinética ... 48

2.5.3 A importância da formação do professor ... 50

2.6 A EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM POVO ... 53

2.7 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO ... 59

2.8 BASES CURRICULARES DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 68

3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ... 73

3.1 TIPO DE PESQUISA...73

3.2 PESQUISA DE CAMPO...73

3.3 MÉTODOS APLICADOS NA PESQUISA...74

3.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS...74

3.5 ANÁLISE DOS DADOS...75

3.6 POPULAÇÃO PARTICIPANTE DA PESQUISA...76

3.6.1 Local da pesquisa ... 77

3.7 ANÁLISE DOS DADOS ... 78

4 PONTOS RELEVANTES OBSERVADOS NO ESTUDO ... 103

5 INFERÊNCIAS PRÁTICAS E TEÓRICAS ... 105

5.1 RESULTADOS ESPERADOS ... 105

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 109

REFERÊNCIAS ... 113

APÊNDICE A ... 117

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 117

(12)

INTRODUÇÃO

O tema em questão versa sobre a importância da atuação do profissional de Educação Física na Educação Infantil. Neste contexto, o presente estudo dividiu-se em duas frentes distintas. Na primeira foi feita uma pesquisa bibliográfica, que serviu de base para a fundamentação teórica do estudo.

Em segundo plano buscou-se conhecer, por meio de uma pesquisa de campo, a opinião dos estudantes do sétimo e oitavo semestres do curso de EF, de uma universidade particular do DF, acerca da importância percebidas pelos estudantes, da importância de se ter um profissional atuando junto à Educação Infantil.

O projeto de estudo originou-se de uma necessidade pessoal deste pós-graduando de compreender como os meus pares veem a importância do profissional de Educação Física atuando na Educação Infantil e qual o relevo dessa atuação neste nível de escolarização.

Durante o meu ciclo de graduação pude observar que existe uma lacuna entre o que relata a legislação brasileira, em específico a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, quando confrontada com a prática nas unidades educacionais.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) preconiza em seu art. 26, § 3º: “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica”. Neste contexto, como se observa, existe determinação normativa legal para que a disciplina seja oferecida aos alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. No entanto, na prática diária da atividade docente o que se verifica é que, a maior parte das instituições de Educação Infantil não contrata o profissional com formação para ministrar atividades físicas regulares aos educandos desse nível de educação.

(13)

de Educação Infantil? Quais as dificuldades apontadas pelos pesquisados para atuar nesse segmento da educação? Qual a importância do profissional de Educação Física atuar na Educação Infantil? Esses são alguns questionamentos que suscitaram o interesse pela exploração da temática proposta.

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1 ELEMENTOS DA PESQUISA

1.1 O PROBLEMA

Um dos quesitos que provocou a busca por respostas para a questão central deste estudo foi delinear o que demanda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil sobre o que está previsto na legislação, no tocante a participação do profissional de Educação Física na Educação Infantil.

Outra questão fundamental foi verificar na prática, junto aos alunos que estão concluindo o ciclo de graduação, qual sua visão acerca da importância deste profissional junto a Educação Infantil. A motivação para adentrar no estudo desse tema decorre de ter sido feita uma pesquisa previa entre os estudantes universitários do curso de Educação Física, na qual se detectou que nenhum dos pesquisados apresentou disposição ou desejo de atuar na área de Educação Infantil. Daí surgiu o questionamento: por que isso acontece, já que a atuar nesse nível de escolarização já está previsto na própria LDB? Na medida em que me aprofundava no assunto, percebi que o interesse escasso dos alunos para atuar nesse segmento educacional devia-se, sobretudo, pela falta de conhecimento da legislação que versa a respeito e também das possibilidades que esse segmento apresenta, sem contar que, a maior parte dos estudantes também não tinha uma noção exata da importância da atuação do profissional de EF para o desenvolvimento do aluno.

(15)

Assim sendo, o estudo em questão originou-se a partir do seguinte questionamento central: com base na opinião dos alunos que estão concluindo o ciclo de graduação em Educação Física, qual a importância da atuação desse profissional (EF) para a Educação Infantil?

1.1.1 Questões subjacentes ao problema de pesquisa

Buscou-se ao longo de todo esse estudo demonstrar que apesar de ainda não

existir um dispositivo legal que “determine” compulsoriamente que as instituições

contratem professores de EF para atuar junto à Educação Infantil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação delimita que a EF é componente obrigatório na Educação Básica. Sendo assim, a Educação Infantil também faz parte da Educação Básica e, portanto deveria ser contemplada com a contratação de profissionais de EF para atuar nesse nível de escolarização. Em face de uma série de questões que serão levantadas ao longo do estudo, poucas são as instituições que contratam esse tipo de profissional para atuar junto a Educação Infantil, visto que não há uma exigência formal para a contratação de um profissional de Educação Física para atuar nesse nível de escolarização.

Os Parâmetros Curriculares para Educação Infantil recomenda cinco eixos norteadores neste nível de escolarização, um desses eixos é justamente o movimento, o qual está diretamente ligado com a atuação direta de um profissional de Educação Física.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

(16)

necessidade expressa pelos Parâmetros Curriculares para Educação Infantil no tocante à instrumentalização do Eixo Movimento.

1.2.2 Objetivos específicos

O presente estudo projetou estudar o tema, com base nos seguintes objetivos específicos, a saber:

1) Traçar um panorama teórico acerca do desenvolvimento infantil, de maneira a delimitar qual a importância de um profissional de EF, no tocante à atuação junto aos alunos, desde as primeiras fases de escolarização, ainda na Educação Infantil.

2) Identificar como o eixo movimento, previsto no Referencial Curricular da Educação Infantil, se relaciona com a possibilidade de haver um professor de Educação Física atuando na Educação Infantil.

3) Verificar a percepção de graduandos de Educação Física, que estão concluindo o ciclo de graduação, acerca da importância de se colocar a disposição da Educação Infantil um profissional de EF, atuando junto aos alunos conforme demanda a LDB.

1.3 HIPÓTESES

As hipóteses formuladas para esse estudo foram duas. Optou-se por criar duas hipóteses distintas a fim de que se pudesse manter, ao máximo, o foco do estudo, de maneira a não ampliar sobremaneira o escopo a ser observado e, com isso, as inferências produzidas por essas hipóteses pudessem se mostrar sobremaneira difíceis de serem relatadas.

(17)

necessidade de ter um professor qualificado nessa área para atuar junto à Educação Infantil.

Optou-se por formular as seguintes hipóteses, a seguir:

1ª Hipótese

Segundo a percepção dos alunos, que estão concluindo o ciclo de graduação, no curso de Educação Física, a atuação de um profissional dessa área na Educação infantil é necessária, uma vez que está prevista na LDB e, também em virtude desse profissional deter conhecimentos adequados à instrumentalização do eixo movimento. Conhecimento esse que é fundamental para o desenvolvimento sociocognitivo dos alunos na Educação Infantil.

2º Hipótese

Segundo a percepção dos alunos, que estão concluindo o ciclo de graduação, no curso de Educação Física, a importância de se ter um profissional de Educação Física na Educação Infantil é irrelevante, tendo em vista que nessa faixa de escolarização, um profissional com tal especialização não se faz necessário.

1.4 JUSTIFICATIVA

As justificativas para escolha do tema se dão de duas maneiras distintas. Na primeira destaca-se a inquietação do pesquisador como origem para a execução desse trabalho. Tal questionamento tomou corpo em virtude da busca do pós-graduando, por respostas que pudessem esclarecer qual a visão dos alunos que estão concluindo o ciclo de graduação, acerca da necessidade de se atuar na educação infantil, conforme demanda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

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verifica na prática docente, no tocante à participação desse tipo de profissional atuando na Educação Infantil.

Em segundo plano está a possibilidade de investigar essas discrepâncias podem comprometer a qualidade da formação do graduando e a forma como os alunos do ciclo final da graduação percebem essa questão tornou-se um elemento motivador para ser aprofundado ao longo do estudo.

Assim, acredita-se que estudar o tema em questão justifica-se, como investigação acadêmica, pelo relevo e importância que denota e, sobretudo, pela contribuição que agrega para pesquisadores e estudiosos da área de educação, tendo em vista que serve como elemento de reflexão, sobre a factível participação desse profissional na Educação Infantil.

A justificativa para investigar o assunto em questão se pauta pelas possibilidades oferecidas pelo tema, no tocante a abordagens sobre como os alunos, que um dia assumirão a docência em Educação Física veem a possibilidade de atuar na Educação Infantil. Além disso, os elementos teóricos apresentados no trabalho poderão servir como instrumento para promover a discussão a respeito da forma como está sendo feita a formação do profissional de Educação Física, em relação à necessidade de cumprir o que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e também o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), que entre outras questões levanta a necessidade de se promover na Educação Infantil o eixo movimento, o qual necessita de um profissional qualificado, que entenda da multiplicidades de conceitos e saberes que estão envolvidos na expressão corporal, no movimento e nas várias formas de desenvolver os conteúdos ligados a essas áreas.

(19)

Portanto, buscamos fazer uma revisão da literatura acerca do assunto, a fim de que se pudéssemos investigar, com maior especificidade, a temática relacionada à importância de se ter um profissional de Educação Física na Educação Infantil.

A forma como os alunos do curso de Educação Física, interpretam a importância da atuação de um profissional de EF na Educação Infantil reflete qual a perspectiva que teremos no futuro para a docência nesse nível de escolarização. Quanto mais pessoas se interessarem ainda na fase de graduação em conhecer as minucias que esse tema exige, maior será o interesse em descobrir as possibilidades oferecidas por esse segmento escolar e, quanto mais professores se dedicarem em trabalhar com crianças, melhores resultados educacionais poderão ser alcançados com o passar dos anos. Por isso, é tão importante se divulgar o que demanda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o RCNEI, que dão ao graduando uma visão clara do que lhe é proposto pela legislação. De posse de informações adequadas o futuro docente poderá orientar melhor suas escolhas profissionais e, uma vez percebendo sua fundamental importância para a Educação Infantil, talvez possa seguir por esse caminho, se assim o desejar.

Uma motivação para que esse estudo adentrasse nessa temática foi justamente a de demonstrar que a Educação Infantil necessita de um profissional especializado em Educação Física para instrumentalizar e operacionalizar o que demanda o RCNEI, no tocante ao eixo movimento. Por tratar-se de um eixo que trabalha muito o conhecimento do corpo e suas possibilidades e potencialidades, faz-se necessário que quem ensina, ensine corretamente, balizado no que está previsto na técnica e no conhecimento da cultura corporal e social.

(20)

profissional de Educação Física na Educação Infantil de forma efetiva em todo o país.

(21)

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A VISÃO DE PIAGET E VYGOTSKY SOBRE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) é um documento que foi constituído com base nas teorias do desenvolvimento infantil, inspirado, principalmente na obra de Jean Piaget e Levi Vygotsky. Em função disso, é de fundamental importância para esse estudo adentrar na obra desses teóricos, a fim de que se possa identificar suas correlações com o que demanda o RCNEI.

A implantação da Educação Infantil no Brasil, em termos de educação, é um dos avanços mais importantes ocorridos depois do pós-guerra. No entanto, somente a partir da década de 1970 é que esse tipo de educação começou a passar por um processo de universalização.

Tal processo deu-se, sobretudo, pela recepção de teorias de desenvolvimento infantil inovadoras, fomentadas por grandes nomes da pesquisa no campo da inteligência e da socialização, como Jean Piaget1.

Entre as diversas teorias sobre o desenvolvimento humano, uma das que mais chama atenção é o fato desse ocorrer de forma paulatina, por meio de fases distintas. Em cada uma delas, uma determinada característica, seja ela comportamental ou fisiológica tende a se desenvolver. O autor considera, ainda, que há um conjunto de fatores relacionais independentes entre si, que fazem com que haja um processo de desenvolvimento cognitivo, tendo como protagonistas desse processo, o sujeito conhecedor e o objeto a ser conhecido. Neste contexto, a construção do conhecimento na criança se dá por um processo de assimilação. Há que se observar, no entanto, que até que a criança considere assimilar o conhecimento fruto de suas experimentações é preciso que o processo, que leva a

1 Jean Willian Fritz Piaget (1896-1980) foi um epistemólogo, psicólogo e professor suíço, considerado

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tal conhecimento, passe por um complexo período de maturação, no qual se faz necessário o desenvolvimento do organismo.

A visão piagetiana explica que a criança descobre o mundo que a cerca por meio da experimentação e vivenciando sensitivamente. Isso auxilia também seu mecanismo de maturação social, equilibrando o organismo ao meio em que se relaciona ou vive. Essa equilibração nada mais é do que a adaptação necessária que a criança passa após cada nova experiência. Independentemente de essa adaptação ser benéfica ou não, a criança tende a aprender com ela e adaptar-se aquilo que melhor convier as suas necessidades.

Para Piaget (2010), o processo de equilibração tem uma importância fundamental no desenvolvimento infantil e, nesse contexto, o renomado pesquisador considera que tal processo deve ser observado levando-se em consideração fatores variantes e invariantes.

Os fatores invariantes surgem já no nascimento. E, nesse contexto, a herança biológica, sensorial e neurológica são mecanismos que permanecem constantes por toda a vida. Tais estruturas serão responsáveis pela predisposição e o desenvolvimento, também das estruturas mentais. Dessa forma, qualquer indivíduo carrega em si, pelo menos duas características inerentes ao ser, que são fruto do aprendizado durante a vida: a tendência natural à organização e à adaptação.

Já os fatores variantes se relacionam com a visão piagetiana, que seu autor define como “Esquema”. Esse, por sua vez, se constitui na unidade fundamental do modelo de Jean Piaget (2010), visto que é por meio dele que a criança assume sua postura social e passa a transformar seu comportamento, de acordo com o meio em que vive. Neste contexto o “esquema” nada mais é do que um processo adaptativo.

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com o meio que a cerca. Considerando-se não apenas o meio físico, mas também o ambiente social a que pertence à criança.

Há que se observar também que o ilustre pesquisador suíço considera ainda que o equilíbrio, tão buscado pelo indivíduo ao longo da vida é um processo utópico, pois cada nova experiência de equilibração é fruto de um processo adaptativo e, esse por sua vez, depende da desestabilização das condicionantes físicas e sociais. A cada vez que o indivíduo se sente desequilibrado perante o meio físico ou social, ele busca uma nova adaptação, almejando restabelecer o equilíbrio rompido, o que torna a equilibração um processo contínuo que acompanha cada pessoa ao longo de toda sua vida. Esse paradoxo entre o equilíbrio que é efêmero e a adaptação, num sistema de assimilação e acomodação.

A assimilação e a acomodação são processos complementares que se intercambiam desde o nascimento até a morte do indivíduo. É por meio desse confronto que a criança aprende a se adaptar ao meio externo, que lhe é hostil quando nasce. É por meio desse que ela aprende a se adaptar a cada nova situação que quebre seu estado de equilíbrio.

A assimilação consiste na tentativa da criança de solucionar uma determinada situação, que lhe é desfavorável ou que a mesma não compreenda por meio do uso de sua estrutura cognitiva. Deve-se observar que a resolução dessa situação de desconforto só se dará segundo o desenvolvimento cognitivo da criança em cada época.

Uma criança de um ou dois anos jamais conseguiria realizar ações que demandam de uma atitude cognitiva mais elaborada, visto que seu sistema nervoso ainda não está plenamente desenvolvido para isso.

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diferenciar os itens que estão dentro da caneca transparente, a fim de retirar dali somente àquele que ela quer.

Segundo Piaget (2010), a assimilação é um processo contínuo que, como visto, dura a vida toda e, é também, um processo interpretativo, pois demanda de um esforço cognitivo para separar, numa escala de valores mentais, o simbolismo e o significado de cada coisa. É através do processo de assimilação que a criança aprende a agregar valor em coisas que ainda não compreende e adaptar-se a elas.

Na assimilação a criança entra em contato com seu objeto de conhecimento, ou seja, aquele a que se propõe investigar e, a partir dessa experimentação, passa a colher informações, por meio de esquemas pré-estruturados de experimentação. Nesse processo, as informações que são úteis à criança são assimiladas, enquanto aquelas que não têm importância são deixadas de lado. A assimilação sempre buscará o equilíbrio.

Já o processo de acomodação consiste na capacidade que a criança tem de modificar suas antigas estruturas mentais, a fim de dominar novos objetos de conhecimento que não tem pleno domínio. Neste contexto, a acomodação representa um momento da ação do objeto em relação ao sujeito que o manipula. A acomodação é, em síntese, a consolidação da experiência assimilada a partir de ideias preexistentes (esquemas), capazes de provocar uma transformação desses esquemas e, gerando, por sua vez a acomodação.

Ainda segundo a visão piagetiana, os processos de assimilação e acomodação caminham paralelamente e se complementam em uma ação continua que dura toda a vida. Por meio desses processos é que a criança aprende a lidar com as diferentes situações e onde se completa o ciclo de amadurecimento sociocognitivo. Neste contexto, a importância da inter-relação social está justamente em proporcionar diferentes e inusitadas situações à criança, fazendo-a assimilar e acomodar novos contextos que escapem de sua rotina dinâmica.

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quebre a rotina e se proporcione uma assimilação de novos conceitos, balizado nas diferentes experiências vividas pela criança.

No âmbito da Educação Física, na Educação Infantil, é importante salientar que as atividades proporcionadas aos alunos tenham como foco, o desenvolvimento sociocognitivo, balizado em experiências inovadoras, nas quais, o educando aprenda a explorar, a conhecer e utilizar suas potencialidades motoras e cognitivas. O uso dessas propriedades é que dará ao educando a confiança e o pleno ensejo de provocar a acomodação necessária e, com isso, haverá uma maturação natural desses conceitos introjetados na criança.

Atividades mal planejadas ou planejadas de maneira equivocada, independentemente da intencionalidade, podem fazer com que a criança crie resistência em desenvolver determinadas áreas. Um exemplo claro disso são crianças que são submetidas a traumas enquanto brincam em atividades sem monitoramento e, em função disso, desenvolvem certa resistência em tentar superar suas limitações físicas e cognitivas em relação à brincadeira que lhe produziu o trauma.

Cada tipo de atividade física ou social deve ser mediada por professor qualificado, pois é por meio do conhecimento desse profissional que os limites e os resultados a serem alcançados em cada atividade são mensurados.

Neste contexto é que se torna importante conhecer com propriedade as teorias de desenvolvimento sociocognitivo, a fim de que se possa adaptar o conhecimento acerca desse desenvolvimento, às atividades que serão preparadas para os alunos.

Outra importante face da teoria psicogenética de Piaget2 diz respeito aos estágios do desenvolvimento humano. Neste contexto, eles são divididos em quatro períodos.

2 Segundo Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando o indivíduo age, física ou

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O primeiro estágio é chamado de período sensório motor, que se estende de 0 a 2 anos. Este é um período que Piaget (2010) considera extremamente

importante, pois representa uma verdadeira passagem “do caos ao cosmos”. Nele, a criança recém-nascida encontra-se numa atmosfera caótica onde se sobrepõe objetos que não conhece. Tudo é novo e desconhecido, por isso, a criança inicia um processo de busca por informações que fundamentem suas assimilações. Tais objetos são captados pelo campo de visão da criança e permanecem em sua memória apenas o tempo em que permanecem no seu campo de visão. Na medida em que o tempo passa e a criança caminha para a saída do período sensório motor, ela já consegue assimilar boa parte do que vê e inicia um processo de associação entre aquilo que já viu por várias vezes, familiarizando-se com alguns objetos e pessoas.

As funções cognitivas da criança são limitadas. A captação do universo é feita por meio da percepção sensorial e dos movimentos (sucção e o movimento dos olhos, o tato). Com o passar do tempo e já no fim do período sensório motor a criança já consegue ter uma noção, mesmo que vaga, de objetos, de tempo, do espaço, na qual ela já consegue inclusive reconhecer a si mesma como parte integrante desse espaço. Um exemplo claro disso é a criança de poucos meses de vida que ao se enxergar num espelho não tem uma noção de que aquela é sua imagem. No entanto, com o passar do tempo e já por volta de um ano e meio, ao se ver no espelho a criança passa a perceber sua identidade e saber que é ela quem está refletida no espelho.

Neste sentido, atividades formuladas com o intuito de auxiliar a criança a

desenvolver sua identidade e de “aguçar” sua curiosidade quanto ao microcosmo que a cerca são muito bem vindas e cabe ao professor formular dinâmicas que permitam a criança aproximar-se de conceitos que são próprios para essa fase da vida.

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O segundo período é o pré-operatório, que se desenvolve entre os dois e os sete anos3. O que marca a passagem do período anterior, para o pré-operatório é o surgimento de funções simbólicas e semióticas, em síntese, esse período é marcado pelo surgimento da linguagem. No entanto, há que se observar que, na concepção piagetiana, a inteligência surge bem antes da linguagem, visto que a linguagem é uma manifestação consciente do próprio desenvolvimento cognitivo.

Ainda de acordo com as lições extraídas de Piaget (2010), embora a linguagem seja considerada uma condição necessária ao desenvolvimento cognitivo, esta não é puramente suficiente para isso, tendo em vista que fisiologicamente há uma verdadeira reorganização cognitiva para que a linguagem seja formulada. Para que haja uma expressão plena da linguagem, é necessário primeiro que haja o desenvolvimento da inteligência e, essa, por sua vez vai depender de fatores biológicos (desenvolvimento anatômico do encéfalo), fisiológico (do desenvolvimento das funções cognitivas) e por fim da assimilação e acomodação feita pela criança do meio em que vive.

É por meio do desenvolvimento da linguagem que se inicia um processo de inter-relação social da criança, é onde ela começa a se comunicar com seus pares, entender o mundo que a serve e interagir com ele. No período sensório-motor, a criança, embora também produza interações e essas são mínimas, é no período pré-operatório que ocorre uma intensificação das relações sociais entre a criança e o meio externo.

É importante observar que em Educação Infantil, a fase em que é mais comum que a criança inicie sua jornada educativa ao longo da vida, inicia-se justamente a partir dos três anos de idade, em pleno período pré-operatório. Nessa

3 Piaget cita os períodos de maturação conforme faixas etárias específicas. No entanto, o mesmo

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fase a linguagem já está plenamente desenvolvida e o professor já consegue ter uma maior interação com a criança.

É nessa fase da infância que o professor já pode iniciar o processo de

introjeção de conceitos concretos, como “certo”, “errado”, “pode”, “não pode”, entre

outros que são conceitos morais. Embora não se tenha como intenção ensinar a moral adulta para a criança nessa fase, é nela que muitos professores iniciam um processo de introjeção de valores. Um exemplo típico ocorre quando crianças começam a brigar por uma determinada coisa, se há agressão física, o professor pode intervir e ensinar a criança que não pode fazer aquilo, após algumas intervenções a criança passa a evitar aquele comportamento que é repreendido pelo professor, e quando outros são reforçados, como por exemplo, lavar as mãos ou brincar na roda, esses são prontamente aceitos.

Neste contexto, o trabalho do professor na fase pré-operatória é importantíssimo para firmar posturas nas crianças. Conforme Goffman (2004), preconceitos e estigmas são criados na criança, justamente entre os cinco e os sete anos e, neste contexto, é importante a atuação do professor, ensinando a criança valores como a aceitação das diferenças. Isso evita que ela cresça com preconceitos ou, pelo menos, tenha uma visão diferenciada daqueles que tentam introjetar nela esse tipo de prática.

O terceiro estágio do desenvolvimento humano é chamado de “Período das

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Por fim, o quarto e, último estágio de desenvolvimento, inicia-se, aproximadamente, dos doze anos em diante e Piaget (2010), o chama de período das operações formais. Nessa fase a inteligência já está desenvolvida a tal ponto que a criança já consegue fazer assimilações mais complexas a ponto de construir hipóteses para resolução dos problemas que se apresentam a ela. É comum que a criança nessa fase consiga formular através de esquemas conceituais ou abstratos conceitos que a permita realizar operações mentais dentro de uma perspectiva de lógica formal. Inicia-se assim uma fase de autonomia, na qual a criança passa a criticar o mundo que a cerca e querer mudar ordem vigente. Os valores éticos e morais tendem a aumentar a sua própria autocrítica fazendo com que a criança passe a questionar os sistemas sociais e busque reformulá-los segundo seus próprios conceitos.

Essa é a fase final da equilibração, na qual a criança fundamentará o padrão intelectual que irá acompanhá-la pelo resto de sua vida. No entanto, os processos de assimilação e acomodação tendem a continuar enquanto o indivíduo viver, porém os conceitos e os valores formados no período das operações concretas tendem a se consolidar e, as mudanças não serão mais tão profundas.

A abrangência da teoria de Piaget sobre a educação é deveras acentuada, embora o intuito do grande pesquisador, ao concebê-la não tenha sido o de criar uma teoria que fosse usada para fundamentar os processos de aprendizagem, ou mesmo servir de intuito para a criação da disciplina de Pedagogia. O grande avanço da teoria psicogenética foi de inserir nos meios de educação os fundamentos, que desenvolveram as linhas gerais do construtivismo pedagógico.

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Segundo Rego (2000) acredita-se que o indivíduo demande de um processo de evolução cognitiva e que esse se dá de maneira contínua ao longo da vida. No entanto, as teorias de Vygotsky4 se diferem de Piaget em função do primeiro não creditar um valor tão elevado ao desenvolvimento psicogenético, como o faz Piaget.

Conforme cita o autor, a estrutura fisiológica em si, não é suficiente para desenvolver as habilidades cognitivas, se não houver uma estimulação feita pelo ambiente social. Desse modo, a forma como o indivíduo se comporta, como assimila o mundo que vive, como reage a ele vai depender consideravelmente de fatores culturais relacionados à socialização e ao aprendizado que é absorvido ao longo da vida.

Vygotsky (1991) também destaca em sua teoria a importância do contexto histórico, visto que a criança começa a interagir com o mundo, com base na observação e no aprendizado de modelos. Nesse caso, tende a utilizar-se dos mesmos modelos sociais que seus pais, irmãos, tios e demais pessoas, que interagem com ela.

Isso ocorre primordialmente porque a criança aprende a utilizar-se desses modelos para chegar à conquista de seus objetivos, o que retrata que o mecanismo usado pelas crianças, para adaptar-se ao meio, são basicamente semelhantes aos processos de assimilação e acomodação descritos por Piaget em sua obra.

Ainda segundo Vygotsky (1991), a importância estrutural da inter-relação social assume contornos de extrema importância, visto que é por meio dessa interação que a criança inicia seu processo de desenvolvimento social, que consequentemente auxilia na sua maturação sociocognitiva.

Neste contexto, como bem ensina Rego (2000), isso ocorre porque, desde o início da vida, a criança tem suas atividades associadas a significados próprios, que são aprendidos em função do comportamento social. Neste ambiente, cada

4 Piaget acredita que o desenvolvimento humano se dá de forma internalizada, por meio de etapas

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relação social agrega na criança um novo conjunto simbólico que vai formatando seus processos interiores de interação, no qual ela aprende a se adaptar e buscar formas de resolver seus dilemas internos e construir mecanismos para adaptar suas necessidades às circunstâncias que se colocam em seu espaço relacional. Por meio da adaptação da realidade social a criança aprende a resolver seus dilemas, baseando-se na observação do outro.

Vygotsky (1991) credita ao intercâmbio social uma das funções básicas da linguagem. É por meio da linguagem que a criança busca uma interação com seus pares e o resultado dessa interação é a introjeção de um conjunto de valores e regras sociais que só é possível de serem plenamente assimilados pela criança, por meio do desenvolvimento natural de sua inteligência, a qual é profundamente influenciada pela adaptação social vivida pela criança.

Rego (2000) explica que nos primeiros anos de vida a interação da criança com o meio se dá primeiramente pela observação. Essa capacidade que a criança tem de observar é inerente a sua vontade e ocorre quase que de maneira reflexiva. Nessa fase, a criança não tem consciência de sua própria identidade e a dos seus semelhantes. Para comunicar-se ela tende a atividades motoras simples, experimentando o mundo e o espaço que a cerca. O simples fato de estender a mão em busca de pegar algum objeto ocorre de maneira involuntária. No entanto, quando algum adulto a auxilia a conseguir pegar no objeto que tentava pegar, ela associa aquele gesto como uma forma de ajuda e passa a estender as mãos em direção àquele objeto, sempre que sente vontade de pegá-lo, esperando que algum adulto a ajude. Estabelece-se assim a primeira interação social da criança.

Essa ajuda recebida de um adulto faz com que a criança amplie suas habilidades cognitivas, o que o autor chamou de zona de desenvolvimento proximal, que é quando a criança executa tarefas com o auxílio externo.

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nessa interação. Sempre que a assimilação se dá por meio do aprendizado e da observação de tarefas executadas com o auxilio de outra pessoa, a criança tende a introjetar esse aprendizado, fazendo com que em pouco tempo já consiga realizar sozinha aquilo que só conseguia com ajuda de outrem. No desenvolvimento infantil, Vygotsky também tem as suas concepções sobre o jogo, pois a criança imita o adulto e, orientada por ele, internaliza aos poucos o conhecimento recebido.

Ainda de acordo com a teoria vygotskyana, o brinquedo é uma excelente forma de aprendizado proximal, visto que é por meio de ações lúdicas que a criança cria um universo relacional, que faz com que ela venha a aprender a se relacionar e também a fazer coisas que as outras já fazem.

O simbolismo agregado ao lúdico auxilia a criança a dar novas interpretações a fatos corriqueiros do dia a dia e a objetos que quase sempre são de uso comum. Dessa forma algumas batatas com palitos pregados, podem criar na criança a noção de um pequeno animal, que ela usa para imitar situações de sua realidade, como por exemplo, brincar com seu cachorro. O lúdico auxilia e muito a criança a desenvolver sua criatividade e sua percepção e neste contexto, Vygotsky observa que a brincadeira exerce fundamental papel na formação social da criança, visto que é por meio dela que a criança rompe os vínculos da realidade pragmática e passa a agregar valores diversos para os objetos simbólicos que fazem parte de suas brincadeiras.

Neste contexto, Rego (2000) explica que o desenvolvimento da imaginação (criatividade) da criança está diretamente associado ao aparecimento da fala e isso acaba facilitando a introjeção de novos simbolismos aos objetos que são utilizados pela criança em seu dia a dia.

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É por meio de brincadeiras diversas com alunos nas séries iniciais que o

professor pode, entre outras coisas, ensinar conceitos como “perto e longe”, “frio e quente”, “alto e baixo”, que posteriormente podem ser substituídos por conceitos mais avançados, utilizando para isso a interdisciplinaridade.

2.2 A FORMAÇÃO DO APRENDIZADO NA CRIANÇA

Ao adentrar no universo acadêmico o aluno de Educação Física é exposto a conhecer disciplinas como: anatomia, fisiologia, mecânica do movimento e tantas outras que o preparam para atuar junto à população, monitorando, ensinando, desenvolvendo e adaptando atividades práticas que façam da atividade física uma realidade factível na vida das pessoas.

No entanto, ter uma atividade física constante e saudável demanda da formação de uma cultura, que deve se iniciar ainda na infância. Obviamente, atividades físicas saudáveis podem ser iniciadas em quaisquer fases da vida, mas, é na infância que esse hábito se concretiza e torna-se perene. Conforme ensina Gonçalves (2009), a formação de hábitos saudáveis se dá em primeiro plano na infância, pois é nessa fase da vida que o desenvolvimento cognitivo encontra-se em maior etapa de expansão e, nesse contexto a criança precisa ter um monitoramento especializado constante, a fim de formatar de maneira mais plena seus valores éticos, morais e suas práticas físicas e sociais.

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Nesse contexto, ao tratar da Educação Infantil não se pode conceber a educação apenas como mero ato de repasse de conhecimentos, visto que é por meio das interações com as demais pessoas que a criança formula suas concepções e aprende a descobrir e redescobrir o mundo que a cerca.

O conhecimento não se dá apenas no nível da inteligência ou da memória, mas abrange a capacidade da criança se adaptar a novas circunstâncias. No entanto, conforme alude Vygotsky (1991), em sua Teoria Sociocultural, a infância não deve ser observada apenas como um período de desenvolvimento das habilidades cognitivas, mas é, sobretudo, em função das habilidades culturais que o desenvolvimento cognitivo se adensa.

O conhecimento acumulado na criança não tem um viés funcional, visto que na maior parte das vezes, a criança não busca aprender as coisas para utilizá-las propositadamente, como acontece no universo adulto, mas aprende apenas por uma necessidade de interagir.

Fonseca (2008) expressa que o desenvolvimento psicomotor, quando ocorre de maneira adequada, é fruto do próprio desenvolvimento no córtex cerebral, que ocorre independentemente da criança voluntariar-se a isso ou não.

Ponchirolli (2000) coloca o conhecimento como grande elemento impulsionador de mudanças na sociedade e somente as pessoas que têm uma visão abrangente desse fenômeno é que se adaptarão melhor às demandas futuras. Assim, agregar valor pessoal, intelectual ou habilidades diversas, depende da forma como as pessoas são inseridas no universo do conhecimento.

Neste contexto, há que se observar que saber lidar com o conhecimento demanda da formação cultural e, essa, por sua vez não se inicia na fase adulta, mas é, sobretudo, fruto do legado acumulado por esse ao longo da vida.

Isso é o que Ponchirolli (2000) chama de “desenvolvimento integral”, uma

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égide desse “desenvolvimento integral”, que em tese nada mais é o desenvolvimento de habilidades e competências que irão auxiliar cada pessoa a adaptar-se melhor ou pior a cada situação imposta pela natureza e as condicionantes sociais.

Em se tratando do desenvolvimento integral, há que se denotar que este não passa pelo desenvolvimento dos diversos sistemas que compõem a pessoa humana, desde sua fisiologia, passando por sua anatomia e maturando-se, sobretudo nas funções cognitivas superiores, teoria essa que já foi explicada com bastante abrangência por Piaget5.

Esse é o desenvolvimento integral que é buscado pela educação. No curso de Educação Física busca-se subsidiar tecnicamente a criança e o adolescente com o máximo de conhecimentos possíveis, a fim de que, tais conhecimentos lhes permitam desenvolver uma cultura corporal que subsidie sua saúde, conforme ensina Gonçalves (2009).

O profissional de Educação Física deve estar apto e ter uma formação adequada que o permita educar as pessoas para, além da prática do desporto, mas, sobretudo para a atividade física saudável.

Assim, os postulados da Teoria Sociocultural de Vygotsky (1991) colocam a necessidade da interação da criança com seus pares, a fim de que possa formatar sua cultura social e aprender a se relacionar.

Ainda em se tratando de desenvolvimento infantil, há que se observar as teorias de Jean Piaget (2010), que sintetizam o desenvolvimento cognitivo e da inteligência, balizando que ele se dá, sobretudo por meio de processos naturais de maturação e também por meio da aquisição de novos conhecimentos.

Levando-se em consideração que o processo de interação social é responsável pela maturação do desenvolvimento infantil, há que se denotar que no

5 Piaget em sua teoria psicogenética explica que a maturação demanda de diversos estágios, que

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período de pré-escolarização, antes mesmo que a criança adentre ao sistema didático formal, a criança estará submetida a uma nova abordagem extrafamiliar, na qual ela será exposta à interação com seus pares e, a partir dali começará sua vida social de uma forma mais intensa.

Nessa fase da vida, a criança passará a reproduzir com maior intensidade a cultura de expressão corporal que seus sentidos venham captar e, é nesse contexto que a atividade do profissional de Educação Física deve ser percebida como necessária, pois será nessa fase da vida da criança, que os hábitos de uma prática saudável da atividade física poderão ser introjetados.

A forma como essa introjeção se dará vai depender do nível de maturação motora da criança e, para tanto, o profissional de Educação Física deve conhecer não apenas a técnica de como produzir o movimento adequadamente, mas, sobretudo, conhecer, também qual o simbolismo que está expresso nas interações da criança. Vygotsky (1991) versa sobre isso em sua teoria sociocultural.

Já Piaget (2010) destaca o papel do lúdico na educação infantil. A atividade do professor de Educação Física, quando for feita de forma direta, ou seja, junto ao aluno, deverá permear cada dinâmica pelos aspectos lúdicos da atividade física. O que se busca não são resultados, mas tão somente a compreensão do aluno de sua criatividade. A Educação Física para a criança deve ser uma fase de descobertas do seu próprio espaço, do corpo, de suas habilidades e de sua criatividade e isso deve ser incentivado pelo professor que estiver atuando.

É importante se começar educação ainda na fase infantil e buscar adaptar a criança ao mundo que a rodeia. Conforme explicita Cória-Sabini e Lucena (2007), a percepção do mundo se dá por meio de interações diversas, que acabam por desenvolver os mecanismos de aprendizagem da criança.

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É natural que ao longo da vida, ao enfrentar desafios, cada pessoa, à sua maneira e no seu tempo, dê sentidos diferentes à sua existência e crie sua própria história. Neste contexto, o aprendizado, que se inicia ainda na fase infantil auxiliará o indivíduo a criar valores, normas e padrões de comportamento que somente passarão a ter um sentido pleno, em face ao contexto cultural no qual o indivíduo está inserido. Dessa forma, a cultura que ele agrega ao longo de vida é fruto de um processo de aprendizagem que não para nunca, pelo contrário, inicia-se ainda na infância e se estende por toda a vida.

A maneira como cada pessoa irá lidar com o conhecimento adquirido demandará da cultura e também das influências que cada pessoa receberá do meio. Por isso é tão importante iniciar a criança em um sistema de valores éticos e em atividades saudáveis desde sua mais tenra infância, visto que na medida em que for ficando mais velha, a cultura torna-se cada vez mais perene e os valores consolidados ou não, passam a ser mais difíceis de serem moldados.

Içami Tiba, em sua obra Quem Ama Educa (2007), considera que a educação

é o aspecto mais importante para a formação da personalidade de um indivíduo e, essa, por sua vez, deve iniciar-se de maneira integral na criança, visto que quando não se inicia tal educação ainda na fase infantil, o risco de se produzir adultos desajustados com as normas de convivência em sociedade é muito grande.

Assim, Tiba (2007) considera dois tipos primordiais de educação: a educação familiar e a produzida pela escolarização. Em relação aos modelos propostos por Tiba, é importante afirmar que o autor considera que ambas têm funções distintas, mas que nos dias atuais estão entrando em conflito, pois muitos pais têm deixado a responsabilidade da educação familiar para o Estado, por meio da escola, como se a educação escolar fosse também obrigada a ensinar os valores e moldar o comportamento ético e social do aluno, que, em principio, é tarefa da educação familiar.

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responsabilizado única e exclusivamente por isso. O Estado por sua vez, deve prover a educação em nível escolar, visto que essa é uma determinação que emana de uma diretriz constitucional.

No contexto legal, cabe ao Estado fornecer condições adequadas para o desenvolvimento da pessoa humana, por meio do processo de escolarização em todos os níveis. No entanto, é fato que nem sempre isso acontece. Em relação à criança, que necessita do processo de escolarização para fundamentar sua cultura social, a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional explicitaram na Legislação Pátria a Educação Infantil como mecanismo de fomento ao desenvolvimento integral da criança brasileira.

2.3 O EDUCAR E O CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O trabalho com criança demanda a internalização de algumas competências e habilidades. A primeira delas é o conhecimento. Esse por sua vez predispõe o leitor a entender que a pessoa que atua junto às crianças deve ter uma compreensão plena dos mecanismos que se desenrolam na Educação Infantil. Neste contexto, é preciso que o profissional compreenda seus interesses, suas necessidades e suas frustrações, conheça o desenvolvimento humano em cada fase e, para tanto, estudar as teorias de desenvolvimento balizados nas observações de grandes autores, como Piaget (2010), Vygotsky (1991) é uma excelente forma de conhecer como esse desenvolvimento se dá no âmbito científico.

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Há que se observar que cada criança está inserida em um contexto social que possui peculiaridades que diferem esse contexto de outros, dessa forma, o profissional que atua junto a essa criança deve estar em um constante estado de vigilância e alerta para que não transforme a prática pedagógica em uma rotina, desprovida de sensibilidade.

Conforme explica Oliveira (2012), a técnica deve sempre subsidiar o trabalho do educador, no entanto ela não pode e não deve sobrepor a humanização necessária ao trato com a criança, visto que essa, por sua vez é um ser que se encontra em um estado de desenvolvimento e necessita ser acolhida, em suas necessidades, de forma peculiar e verdadeira.

Como exposto na obra de Piaget (2010) e Vygotsky (1991), o aprendizado da criança se dá por processos que são complementares e esses por sua vez são fruto do desenvolvimento natural das habilidades cognitivas e sociais da criança. Quando o ambiente é propício e acolhedor, esse serve como um catalizador de interações que beneficia o desenvolvimento sociocognitivo da criança, em contrapartida, quando o ambiente é desestimulante e mecânico, a criança sente-se desestimulada a aprender e a se socializar.

Neste contexto, conforme explica Oliveira (2012), há que se fazer uma distinção entre o ato de educar e o cuidar. Há tempos essas duas palavras vêm sendo usadas como sinônimos, porém, como salienta o autor, elas não são.

Ainda segundo o mesmo autor, o cuidar é criar um arcabouço de condições que permita a criança desenvolver suas potencialidades de forma harmônica. Neste contexto, cuidar demanda de criar estruturas que favoreçam o desenvolvimento social e cognitivo da criança, é criar a infraestrutura necessária para dar o suporte adequado as funções sociais e cognitivas.

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condições necessárias para que ela produza as interações sociais capazes de desenvolver sua inteligência, seus valores e sua intelectualidade.

Educar não é um processo vertical, no qual uma pessoa apenas ensina e a outra apenas aprende. Para Oliveira (2012, p. 61), o educar é “uma via de “mão dupla”, na qual trafegam tanto o que aprende, quanto aquele que ensina”.

Assim, o educar a criança é disponibilizar a ela os meios e mecanismos necessários para que suas habilidades cognitivas se desenvolvam. Para tanto, o educador deve compreender que o processo educacional é atemporal, visto que pode ocorrer em qualquer fase da vida, no entanto, em se tratando de Educação Infantil, essa educação deve ser estimulada desde os primeiros meses e com a participação do maior número de pessoas possível, pois é por meio da interação da criança com as demais pessoas, que ela aprende a se adaptar ao mundo que a cerca.

Professores não podem ser subestimados em sua tarefa de educar, como vem ocorrendo na educação contemporânea, onde os educadores estão sendo

reduzidos a “guardiões de crianças”. Muitos pais deixam de dar a educação familiar e intuam que a educação válida é aquela que será repassada pela escola. Esquecem-se de que o primeiro tipo de educação deve partir de dentro da própria casa da criança. Oliveira salienta que, “não se deve confundir educar com cuidar, pois apesar de serem tarefas complementares, são deontologicamente diferente”

(OLIVEIRA, 2012, p. 79).

De acordo com esse autor, cabe àquele que cuida, também educar, no entanto, não é o fato de cuidar que indica que a criança está sendo educada e o

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2.4 FUNDAMENTOS NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, explicita que a educação brasileira deverá fundamentar sua presença junto à população, por meio do Ensino Fundamental, Médio e da Educação Superior. A função da Educação Infantil é inserir o aluno no Ensino Fundamental propiciando a criança desde os primeiros anos seu desenvolvimento ao longo de toda sua vida (BRASIL, 1996).

Em seu art. 21, a LDB define Educação Básica como um ciclo formado por pelo menos três níveis de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Já o art. 22, da mesma LDB, apresenta que a Educação Básica tem como finalidade desenvolver o educando de forma a assegurar sua formação comum, fator esse, que é indispensável para o exercício da cidadania e, essa, por sua vez, propicia os meios de progressão na vida do futuro adulto, além de, também, auxiliar a criança na inter-relação social com seus pares, inserindo-a no universo relacional de forma harmônica e qualitativa.

A finalidade da Educação Infantil é expressa no art. 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que determina o desenvolvimento integral da criança até os 05 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

A Educação Infantil deverá ser disponibilizada a criança nos moldes determinados pelo art.30, que são:

 Para crianças até 03 anos de idade em creches ou entidades

equivalentes;

 Para crianças de 03 a 05 anos de idade em pré-escolas.

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pré-escola, como determina o art. 54, IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

No tocante à implementação da Educação Física na Educação Básica, a Lei nº 10.793, de 1º de dezembro de 2003, alterou alguns artigos da LDB e no seu artigo 26, § 3º, estabelece que EF deverá ser integrada à proposta pedagógica da escola, sendo considerada componente curricular obrigatório neste segmento educacional, no entanto, torna sua prática facultativa em casos específicos.

Para Moyles (2010), a Educação Infantil deve ser norteada por um conjunto de valores e características, que tem como proposta nortear o integral atendimento das necessidades sociocognitivas das crianças, buscando seu desenvolvimento e a prospecção de uma vida saudável, na qual a criança possa ter pleno acesso ao desenvolvimento de suas potencialidades e que possa, efetivamente, desenvolvê-las.

Neste contexto, Moyles (2010) destaca o importante papel exercido pelo Estado, que deve ter instrumentos normativos aptos para operacionalizar a Educação Infantil e fazê-la funcionar de maneira eficaz. No que diz respeito à real perspectiva levantada pela autora, o Estado brasileiro possui uma ampla gama de Legislação que, crítica, deveria tornar efetiva a Educação Infantil em todas as suas possibilidades pedagógicas.

2.5 O EIXO MOVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

(43)

Em relação ao eixo Movimento, os conteúdos estão divididos em expressividade, equilíbrio e coordenação. Esses conteúdos são importantes para a formação sociocognitiva da criança, visto que fazem parte de sua vida, antes mesmo de seu nascimento.

Conforme explica Moyles (2010), o movimento é uma das manifestações mais expressivas do ser humano, porém, na criança é o seu primeiro canal de comunicação com o mundo que a cerca. Assim, o bebê se comunica com o mundo por meio de gestos, mobilizando o adulto para o atendimento de suas necessidades. A partir do primeiro ano de vida, as possibilidades de movimento se intensificam como recurso de exploração e no período pré-escolar o movimento está inserido no contexto da brincadeira.

O Movimento não deve relacionar-se apenas ao desenvolvimento do corpo. As atividades de raciocínio, a resolução de problemas, a criatividade, a criticidade e outras habilidades são importantes para a vida da criança, as quais, poderão ser desenvolvidas por meio de práticas pedagógicas.

Por meio de ações motoras, a criança também interage com a cultura, seja para dominar o uso dos diferentes objetos (instrumentos), seja para usufruir atividades lúdicas e de lazer, como jogos e brincadeiras, esportes, ginásticas, danças, conhecimento do corpo e lutas. Neste contexto, o movimento desempenha um papel decisivo ao dar sentido às ações das crianças.

Pelo movimento a criança conhece mais sobre si mesma e sobre o outro, aprendendo a relacionar-se. Sendo assim, é parte integrante da construção da autonomia e identidade, uma vez que contribui para o domínio das habilidades motoras que a criança desenvolve ao longo da primeira infância.

São aspectos fundamentais na Educação Física Infantil: o Movimento, o lúdico e a corporeidade. O movimento junto com a linguagem corporal é uma forma de conhecimento. Representa uma forma de relacionar-se com o mundo para alcançar seus objetivos. É um ato pessoal, consciente, intencional, significativo e

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2.5.1 O Professor de Educação Física na Educação Infantil

A Educação Física é um componente curricular responsável pela tematização da cultura corporal de movimento. Segundo Gonzalez et al., (2012), a finalidade da

Educação Física escolar é potencializar as habilidades do aluno fazendo-o intervir de forma autônoma, crítica e criativa na dimensão social a que pertence.

Para isso, faz-se necessária uma clara explicitação das competências e dos conteúdos a ela atribuídos, assim com esforço por estabelecer uma progressão coerente com suas características sociocognitivas nas diferentes etapas escolares. Tais características é que serão responsáveis pelo processo de absorção do conhecimento e do respectivo desenvolvimento no âmbito da vida social e da escola.

Para Montenegro et al. (2007), a disciplina de Educação Física deve

centrar-se no estudo da pluralidade do vasto patrimônio de práticas corporais sistematizadas e das representações sociais próprios da cultura na qual o aluno está inserido. Tal proposição se baseia na ideia de que cada uma das manifestações da cultura corporal de movimento proporciona ao sujeito o acesso a uma dimensão de conhecimento e de experiências, que ele não teria de outro modo.

A vivência destas manifestações corporais não são apenas meios que conduzem ao aprendizado, tendo em vista que geram um tipo de conhecimento muito particular, insubstituível. Nesta perspectiva, se não for oferecida ao educando a oportunidade de experimentar o leque de possibilidades de movimento sistematizado, ele estará perdendo parte do acervo cultural da humanidade, uma possibilidade singular de perceber o mundo e de autoperceber.

Assim, embora não exista obrigatoriedade para a atuação do profissional de Educação Física na Educação Infantil, há que se denotar que a Lei 9.696/98 reconheceu e regulamentou a profissão: “É prerrogativa do profissional graduado em

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Esse profissional atuará na orientação e operacionalização de programas de Educação Física em escolas e deve, antes de tudo, entender de educação tanto em seu sentido amplo, quanto no específico, ou seja, em seu sentido de escolarização no referido nível de ensino.

Dessa forma, a importância do profissional de Educação Física está diretamente relacionada à propensão de se garantir o conteúdo básico necessário ao desenvolvimento do aluno, contribuindo assim para a formação integral da criança, conforme delimita a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Neste contexto, para fazer jus à condição de componente curricular

obrigatório na Educação Básica é preciso demarcar a finalidade da Educação Física escolar, qual seja, tratar das possibilidades de movimento dos sujeitos, representações e práticas sociais que constituem a cultura corporal de movimento, estruturada em diversos contextos históricos e, de algum modo, vinculadas ao campo do lazer e da saúde. Isso ocorre, por exemplo, das práticas esportivas, das ginásticas, das lutas, das atividades lúdicas, das práticas corporais expressivas, entre outras, que se firmaram ao longo dos anos como objetos de estudo próprios desta disciplina.

Entre tantos desdobramentos possíveis, Montenegro et al. (2007) citam os

saberes produzidos pela experimentação das práticas, o conhecimento da estrutura e dinâmica dessas manifestações, bem como a problematização dos conceitos e significados a elas atribuídos compõem, nesta proposta, os conteúdos a serem ensinados e sobre os quais as competências/habilidades podem ser desenvolvidas na escola.

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GRÁFICO 1  –  PERFIL POR IDADE DOS PESQUISADOS
GRÁFICO 2  –  PERFIL POR GÊNERO DOS PESQUISADOS
GRÁFICO 3  –  SEMESTRE QUE O PESQUISADO ESTÁ CURSANDO
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