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O discurso da mídia sobre a Teologia da Libertação (TdL) : o estudo de caso da revista Veja e dos jornais O Globo e Folha de São Paulo

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação

O DISCURSO DA MÍDIA SOBRE A TEOLOGIA DA

LIBERTAÇÃO (TdL): O ESTUDO DE CASO DA

REVISTA VEJA E DOS JORNAIS O GLOBO E FOLHA

DE S. PAULO

Autora: Núbia Maria da Silva

Orientadora: Profª. Dra. Cosette Espíndola de Castro

(2)

O DISCURSO DA MÍDIA SOBRE A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO (TdL): O ESTUDO DE CASO DA REVISTA VEJA E DOS JORNAIS O GLOBO E FOLHA DE S. PAULO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Comunicação.

Orientadora: Profa. Dra. Cosette Espíndola de Castro

(3)

5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

S586d Silva, Núbia Maria da.

O discurso da mídia sobre a Teologia da Libertação (TdL): o estudo de caso da revista Veja e dos jornais O Globo e Folha de São Paulo. / Núbia Maria da Silva – 2014.

233 f.; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2014. Orientação: Profa. Dra. Cosette Espíndola de Castro

1. Comunicação. 2. Mídia impressa. 3. Pensamento religioso. 4. Teologia da libertação. 5. América Latina. I. Castro, Cosette Espíndola de, orient. II. Título.

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AGRADECIMENTOS

À professora doutora Cosette Castro que, de forma profissional, competente, criativa, dinâmica e acolhedora orientou este estudo como luz a clarear cada passo dele e como peça fundamental, fornecendo dados e referências para fechar a edição da pesquisa: O Discurso da

Mídia sobre a Teologia da Libertação: o estudo de caso da Revista Veja e dos Jornais O Globo e

Folha de S. Paulo.

Aos professores doutores Roberval José Marinho e João José Curvello pela competência profissional e importantes observações na banca de qualificação.

Aos professores do Mestrado em Comunicação da Universidade Católica de Brasília, como agradecimento pelas discussões, pelos debates e seminários em sala de aula que contribuíram, sobremaneira, para dar corpo à pesquisa.

Ao professor Alexandre Keilling um agradecimento especial pela importante contribuição nos estudos em sala de aula, norteando o referencial teórico para a revisão de conceitos: Comunicação, Mídia e Poder.

Aos teólogos da Teologia da Libertação e, de modo especial, ao teólogo professor doutor convidado que se disponibilizou em fazer parte da banca de defesa desta dissertação Benedito Ferraro.

Aos biblistas, missionários e teólogos da espiritualidade libertadora Pe. Fausto Beretta, Pe. Pirmin Spieger, Frei Dionísio Ricieri, Frei Vitório Mazzuco, Frei Jaime Bezus e Pe. Antônio Dal Masso que indicaram referências bibliográficas e incentivaram para a realização da pesquisa.

Ao padre Vitor Manuel Beco Anciães, por ter dado apoio técnico ao trabalho e força para continuar nos momentos de desânimo nocivo à continuação dos estudos.

(7)

Ao bispo Dom Luís D´Andrea (in memória) pelo incentivo à pesquisa e pela crença na validade do tema para a atualidade, financiando os estudos, até fazer sua páscoa definitiva em 8 de setembro de 2012.

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RESUMO

SILVA, Núbia Maria. O DISCURSO DA MÍDIA SOBRE A TEOLOGIA DA

LIBERTAÇÃO (TdL): O ESTUDO DE CASO DA REVISTA VEJA E DOS JORNAIS O GLOBO E FOLHA DE S. PAULO. 2014. 233f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) –

Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2014.

Esta dissertação resulta do estudo do discurso da mídia sobre a Teologia da Libertação nos anos 1980. Contém análise de títulos/chamadas/leads das notícias, reportagens, entrevistas etc. produzidos pela revista Veja na década inteira e pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo nos meses de setembro e outubro de 1984, períodos de tensão entre as alas progressista e conservadora da Igreja Católica, que divergiam acerca dos fatos relacionados ao processo instalado, desde 1982, contra o frei Leonardo Boff. Após a publicação de seu livro Igreja: Carisma e Poder, o teólogo foi levado a julgamento na Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, culminando com sua condenação (“silêncio obsequioso”). O método utilizado é Análise do

Discurso, de corrente francesa, com contribuição do método Histórico. A metodologia colabora para articular o campo religioso (Igreja Católica/Teologia da Libertação), o contexto politico e social da época e o discurso da mídia impressa selecionada. Essa articulação em três níveis mostra a posição dos três meios de comunicação e identifica quem fala e quem deve silenciar no contexto histórico-político em que as análises se cruzam.

(10)

ABSTRACT

This dissertation follows the study of media discourse about liberation theology in the 1980s.

Contains analysis of titles / calls / leads of news, reports , interviews etc. . produced by “Veja”

magazine in the entire decade and the newspapers “O Globo” and “Folha de S. Paulo” in

September and October 1984 , periods of tension between the progressive and conservative sectors of the Catholic Church, which diverged about the facts related to the installed process, since 1982, against the priest Leonardo Boff . After the publication of his book “Church: Charism and Power”, the theologian was brought to trial in the Sacred Congregation for the Doctrine of

the Faith, that condemned him ("obsequious silence ") . The method used is this dissertation is the Discourse Analysis, inspired to the French school, with contributions from the Historical Method . The methodology contributes to articulate the religious field (Catholic Church / Theology of Liberation) , the social and political context of that period and the discourse of the press media selected . This articulation on three levels shows the position of the three media and identifies who speaks and who should silence in the historical - political context in which the analyzes are applied.

(11)

LISTA DE IMAGENS

Imagem 1– Jornal Aconteceu, nº 475, p.15, out. 1985...24

Imagem 2–Jornal Aconteceu, nº 475, p.16 , out. 1985...24

Imagem 3– Jornal Folha de S. Paulo. Caderno Exclusivo, p.13, 31 ago. 1984...56

Imagem 4– Título//Chamada – Reportagem da Revista Veja publicada em 5/9/1984. ...81

Imagem 5 Título/Chamada/Lead – Notícia publicada no Jornal O Globo em 16/9/1984...82

Imagem 6– Título/Lead – Reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 23/9/1984....82

Imagem 7– Título – Notícia publicada no Jornal O Globo em 2/10/1984...84

Imagem 8– Título/Chamada - Reportagem publicada na Revista Veja em 26/10/1998...86

Imagem 9– Título/Chamada - Reportagem publicada na Revista Veja em 2/1/1980...100

Imagem 10 Título/Chamada/Lead – Reportagem publicada na Revista Veja em 13/9/1989...103

Imagem 11– BOX da reportagem “Vocações Extintas no Recife”, publicada na Revista Veja em 13/9/1989. ... 106

Imagem 12– Título – Reportagem publicada no Jornal O Globo em 28/9/1984...107

Imagem 13– Título – Reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 30/9/1984...108

Imagem 14– Título – Reportagem publicada na Revista Veja em 28/9/1988...111

Imagem 15– Título/Chamada – Reportagem publicada na Revista Veja em 22/8/1984...117

Imagem 16– Título/Chamada/Lead – Entrevista publicada na Revista Veja em 9/1/1985...134

Imagem 17– Editorial Cartas - Carta da leitora Ivone Vieira (São Paulo), publicada na Revista Veja em 23/11/1985...137

Imagem 18– Título – Reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 25/9/1984...140

Imagem 19 Publicação no Jornal O Globo do Documento: “Instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação” em 30/8/1984 ...162

Imagem 20 - Título/Chamada/Lead da Entrevista com o cardeal Agnelo Tossi publicada na Revista Veja, páginas amarelas, em 27/5/1981...177

(12)

Imagem 22– Cartas dos Leitores - publicada no Jornal O Globo em 12/9/1984, assinada por

Sílvio Elias, Rio. ...180

Imagem 23 Lead - Notícia publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 4/10/1984...183

Imagem 24– Título – Reportagem publicada no Jornal O Globo (chamada de capa) em 2/10/1984...187

Imagem25– Título – Notícia publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 25/10/1984...194

Imagem 26– Título/Lead – Reportagem publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 22/10/1984...202

Imagem 27– Título/Chamada – Reportagem publicada na Revista Veja em 21/3/1984. ...203

Imagem 28– Título – Reportagem publicada na Revista Veja em 27/3/1985. ...205

Imagem 29– Título – Reportagem publicada na Revista Veja em 15/5/2013. ...206

(13)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Fragmentos da defesa dos teólogos publicada no Jornal Folha de S. Paulo. Caderno

Exclusivo, 31/8/1984...59

Quadro 2– Título...85

Quadro 3– Passos da Análise...88

Quadro 4– Título/Chamada/Lead...101

Quadro 5 - Título/Chamada/Lead...104

Quadro 6 - Título/Lead...109

Quadro 7 Revista Veja – Ano de 1980. ...114

Quadro 8– Revista veja – Ano de 1981. ...114

Quadro 9– Revista Veja – Ano de 1982. ...114

Quando 10 - Revista Veja – Ano de 1983. ...115

Quadro 11 - Revista Veja – Ano de 1984. ...115

Quadro 12 - Revista Veja – Ano de 1985. ...115

Quadro 13 - Revista Veja – Ano de 1986. ...115

Quadro 14 - Revista Veja – Ano de 1987...116

Quadro 15 - Revista Veja – Ano de 1988...116

Quadro 16 - Revista Veja – Ano de 1989. ...116

Quadro 17– Publicação Revista Veja. ...118

Quadro 18 - Publicação Revista Veja. ...119

Quadro 19 - Publicação Revista Veja. ...119

Quadro 20 - Publicação Revista Veja...120

Quadro 21 - Publicação Revista Veja. ...120

Quadro 22 - Publicação Revista Veja. ...121

Quadro 23 - Publicação Revista Veja. ...121

Quadro24 - Publicação Revista Veja...122

(14)

Quadro 26 - Publicação Revista Veja...123

Quadro 27 - Publicação Revista Veja...123

Quadro 28 - Publicação Revista Veja...124

Quadro 29 - Publicação Revista Veja...124

Quadro 30 - Publicação Revista Veja...125

Quadro 31 - Publicação Revista Veja...125

Quadro 32 - Publicação Revista Veja...126

Quadro 33 - Publicação Revista Veja...126

Quadro 34 - Publicação Revista Veja...127

Quadro 35 - Publicação Revista Veja...127

Quadro 36 - Publicação Revista Veja...128

Quadro 37 - Publicação Revista Veja...128

Quadro 38 - Publicação Revista Veja...129

Quadro 39 - Publicação Revista Veja...130

Quadro 40 - Publicação Revista Veja...130

Quadro 41 - Publicação Revista Veja...131

Quadro 42 - Publicação Revista Veja...131

Quadro 43 - Publicação Revista Veja...132

Quadro 44 - Título/Chamada/Lead. ...134

Quadro 45– Palavras: Igreja/Teologia da Libertação/Marxismo. ...136

Quadro 46– Folha de S. Paulo – Setembro de 1984...141

Quadro 47– Folha de S. Paulo – Outubro de 1984...141

Quadro 48– Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...142

Quadro 49– Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro 1984...143

Quadro 50– Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...143

Quadro 51 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...144

(15)

Quadro 53 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...145

Quadro 54 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...145

Quadro 55 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...146

Quadro 56 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...146

Quadro 57 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...147

Quadro 58 - Publicação - Folha de S. Paulo - Setembro de 1984...147

Quadro 59 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...148

Quadro 60 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...148

Quadro 61 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...148

Quadro 62 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...149

Quadro 63 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...149

Quadro 64 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...150

Quadro 65 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...150

Quadro 66 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...151

Quadro 67 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...151

Quadro 68 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...152

Quadro 69 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...152

Quadro 70 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...152

Quadro 71 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...152

Quadro 72 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...153

Quadro 73 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...153

Quadro 74 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...153

Quadro 75 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...154

Quadro 76 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...154

Quadro 77 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...155

Quadro 78 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...155

(16)

Quadro 80 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...156

Quadro 81 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...157

Quadro 82 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...157

Quadro 83 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...157

Quadro 84 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...158

Quadro 85 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...158

Quadro 86 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...159

Quadro 87 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...159

Quadro 88 - Publicação - Folha de S. Paulo - Outubro de 1984...159

Quadro 89– O Globo - Setembro de 1984...164

Quadro 90 - O Globo - Outubro de 1984...164

Quadro 91 O Globo - Total Geral das Publicações Setembro/Outubro de 1984...164

Quadro 92 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...165

Quadro 93 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...166

Quadro 94 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...166

Quadro 95 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...166

Quadro 96 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...167

Quadro 97 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...167

Quadro 98 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...167

Quadro 99 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...168

Quadro 100 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...168

Quadro 101 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...169

Quadro 102 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...169

Quadro 103 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...169

Quadro 104 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...170

Quadro 105 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...170

(17)

Quadro 107 - Publicação - O Globo - Setembro de 1984...171

Quadro 108 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...172

Quadro 109 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...172

Quadro 110 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...172

Quadro 111 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...173

Quadro 112 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...173

Quadro 113 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...173

Quadro 114 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...174

Quadro 115 - Publicação - O Globo - Outubro de 1984...174

Quadro 116 - Geral das Palavras-Chave (Veja/Folha de S. Paulo/O Globo)...176

Quadro 117 - Exemplo 1 (Título/Chamada/Lead)...176

Quadro 118 - Exemplo 2 (Lead)...179

Quadro 119 - Exemplo 3 (Título/Lead)...182

Quadro 120 - (Título)...190

Quadro 121 - (Título/Lead)...194

Quadro 122 - (Título/Chamada)...203

Quadro 123– Trecho da Reportagem da Revista Veja (15/3/2013)...208

Quadro 124 Publicações Folha de S. Paulo (Meses: março a julho de 2013) - Teologia da Libertação...209

Quadro 125 - Publicações O Globo (Meses: março a julho de 2013) - Teologia da Libertação...211

Quadro 126 - Publicações Veja (Meses: março a julho de 2013) - Teologia da Libertação...212

Quadro 127 - Trabalho: “A Juventude da Teologia da Libertação” (Título/Autor/Periódico/Instituição/País/Resumo/Palavras-Chave)...213

Quadro 128 - Trabalho: “Diferentes olhares, diferentes pertenças: Teologia da Libertação e MRCC” (Título/Autor/Periódico/Instituição/País/Resumo/Palavras-Chave)...213

(18)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1– Teologia da Libertação como plataforma para surgimento de vários

movimentos...64

Gráfico 2– Panorama dos fatos e acontecimentos marcantes:

Mídia/Comunicação/Igreja/Política/Sociedade – Década de 80, do Século XX...70

Gráfico 3 Contexto Histórico Geral – Teologia da Libertação (Meses: setembro e

outubro/1984)...97

Gráfico 4– Processo aplicado ao Discurso Informativo...101

Gráfico 5– Revista Veja (Década 80)...134

Gráfico 6– Palavras-Chave no Jornal Folha de S. Paulo nos meses: setembro e outubro de 1984...160

Gráfico 7– Palavras-Chave no Jornal O Globo (Meses: setembro e outubro de 1984)

...176

Gráfico 8– Utilização das Figuras de Linguagem: Quiasmo/Merismo no título/Lead do Quadro 121...195

(19)

LISTA DE SIGLAS

ALN – Ação Libertadora Nacional.

AI-5– Ato Institucional Nº 5.

APNs– Agentes de Pastoral Negros

CNBB– Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

CF Campanha da Fraternidade.

CIMI– Conselho Indigenista Missionário.

CEBI– Centro de Estudo Bíblico.

CELAM – Conferência Episcopal Latino-Amaricana.

CEBs – Comunidades Eclesiais de Base.

CPT Comissão Pastoral da Terra.

CRB– Conferência dos Religiosos do Brasil.

FARC– Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

FSM– Fórum Social Mundial.

GTs– Grupo de Trabalhos.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

ILET Instituto Latino-Amaricano de Estudos Transnacionais.

MRCC– Movimento de Renovação Carismática Católica.

MEB– Movimento de Educação de Base.

MST– Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

NOMIC – Nova Ordem Mundial de Informação e Comunicação.

Mopp/Brasil– Missão Operária São Paulo e São Pedro no Brasil.

OFM – Ordem dos Frades Menores.

(20)

PDS– Partido Democrático Social.

PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

PT Partidos dos Trabalhadores.

PNCs – Políticas Nacionais de Comunicação.

TICs– Tecnologias da Informação e de Comunicação.

TdL– Teologia da Libertação.

(21)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 22

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 33

CAPÍTULO 1 - TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO (TdL) ... 43

1.1NASCIMENTO ... 43

1.1.1Situação Social no Brasil e na América Latina ... 43

1.1.2A procura de uma resposta cristã à desigualdade ... 46

1.1.3 Primeiros passos ... 47

2.2 IDADE ADULTA DA TdL ... 49

2.2.1 Principais figuras... 49

2.2.2As CEBs ... 50

2.2.3 Plataforma de manifestações e conquistas sociais ... 51

3.3 DECLÍNIO DA TdL ... 53

3.3.1 Reação das autoridades eclesiásticas ... 53

3.3.2 Juízo Crítico sobre a TdL ... 54

3.3.3 A TdL na mídia ... 55

3.3.4Teologia da Libertação hoje - primeiras percepções ... 60

CAPÍTULO 2 - COMUNICAÇÃO E TEOLOGIA ... 63

2.1A COMUNICAÇÃO NA AMÉRICA LATINA ... 63

2.2 RELAÇÃO ENTRE COMUNICAÇÃO E TEOLOGIA ... 69

CAPITULO 3 - A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO A PARTIR DA ÓTICA DA ANÁLISE DO DISCURSO ... 76

(22)

3.2MÉTODO HISTÓRICO-GRAMATICAL: UMA CONTRIBUIÇÃO... 87

3.3DISCURSO DA MÍDIA: PRODUÇÃO DO SENTIDO ... 96

3.4PRODUTO: CONDIÇÃO DE PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO ... 110

3.5REVISTA VEJA ... 113

3.6 FOLHA DE S. PAULO ... 137

3.7 O GLOBO ... 161

CAPITULO 4 - DISCURSO, PODER E RELIGIÃO ... 185

4.1 SOBRE O DISCURSO ... 185

4.2 CONCEITO DE PODER PARA FOUCAULT ... 191

4.3 RELIGIÃO CATÓLICA / IGREJA CATÓLICA ... 197

(23)

INTRODUÇÃO

No ano de 1975, a Igreja do Brasil iniciou uma reflexão sobre a Teologia da Libertação

(TdL), resultado da publicação do livro “Teologia da Libertação: Perspectivas”, do teólogo

peruano Gustavo Gutiérrez. Essa opção pelos pobres está diretamente relacionada à minha escolha por pesquisar a Teologia da Libertação no Mestrado em Comunicação na Universidade Católica de Brasília.

Em 1980, esta pesquisadora atuava no movimento da Igreja Católica: Juventude Franciscana (JUFRA) em Teresina-PI, sensível às questões do “pobre” e às “causas” geradoras de pobreza. Muitas das informações que chegavam até lá eram “clandestinas”, único jeito de

trabalhar num regime de repressão militar. Em 80 também foi publicado o Documento de

Puebla1: um “discurso sistemático e metódico sobre a compreensão da fé” (PUEBLA,

Introdução 1, p.55, 1979). Ao estudar esse texto em que há uma clara “opção preferencial pelos pobres”, estava presente, como pano de fundo, a vida de São Francisco de Assis2.

Em 1982, eleita para coordenar o Departamento de Comunicação e Relações Públicas da Juventude Franciscana (JUFRA/TE), intensifiquei a leitura de jornais permitidos e

“clandestinos”. Deles se recortaram as passagens (políticas, sociais e religiosas) mais importantes que interessavam a este trabalho. As notícias sobre a ditadura de Pinochet no Chile e

a Teologia da Libertação eram as que mais movimentavam os jovens. O jornal “Aconteceu”,

(Cfr. Imagens 1 e 2), feito de recortes, era a voz do bispo da Teologia da Libertação (TdL), Pedro Casaldáliga, da Prelazia de São Félix do Araguaia-MT.

1 Documento de Puebla: Documento fruto da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, inaugurada pelo Papa João Paulo II e realizada no Seminário Palafoxiano da cidade mexicana de Puebla de los Angeles, entre os dias 27 de janeiro e 13 de fevereiro de 1979. Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_Confer%C3%AAncia_Geral_do_Episcopado_Latino-Americano. Acesso em: 18 out. 2012.

2

(24)

Imagem 1 - Jornal Aconteceu Imagem 2 – Jornal Aconteceu

Fonte: Jornal Aconteceu, nº 475, out.1988, p. 15-16

Aquele tempo de engajamento com os movimentos populares, comprometidos com a

causa social e a “opção pelos pobres”, assumida – em parte – pela Igreja Católica favorecia, em pequenas comunidades, o aparecimento de vocações para a vida religiosa consagrada3.

No ano de 1984, com o começo da abertura política, era comum encontrar nos jornais

matérias sobre os “teólogos da libertação”. O Vaticano, preocupado, advertia os teólogos acerca da tentação pela visão marxista. Um encarte na Folha de S. Paulo intitulado: “Teólogos da Libertação dão resposta ao Vaticano, em SP”, do dia 31 de agosto de 1984, depois reproduzido

pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), alargou a discussão, ampliando a necessidade de conhecer melhor a Teologia da Libertação.

Em 1986, como religiosa missionária capuchinha4, participei das “Semanas Teológicas”

no Estado do Maranhão. A reflexão sobre a TdL estava presente e motivada pelos documentos do Concílio do Vaticano II, Medellín e Puebla. Quase 10 anos depois, em 1995, coordenando 52 comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na região da Cidade Operária, em São Luís (MA), senti o

profundo desejo de estudar Comunicação Social/Jornalismo no anseio de “ser uma voz dos sem

3 Vida Religiosa Consagrada - Com a expressão Vida Religiosa Consagrada nos referimos a certos cristãos homens e mulheres – que vivem uma forma especial de seguimento a Jesus Cristo. Vivem em comunidade, cultivam a oração, meditam a Palavra de Deus. (...) Vida Consagrada é, pois, vida no seguimento de Cristo, que implica partilha de sua vida, seus riscos e esperanças, suas preocupações, seu projeto existencial, suas atitudes vitais e totais, entre elas, a da castidade, pobreza e obediência. Disponível em

http://www.procasp.org.br/subsidios-vocacionais/curso-vocacional/14-animacao-vocacional/subsidios-vocacionais/curso-vocacional/18-7-a-vida-religiosa-consagrada Acesso em: 5 out. 2013. 4

Irmãs Missionárias Capuchinhas – Congregação religiosa fundada em 18 de dezembro de 1904 em Belém do Pará por Frei João Pedro de Sexto São João, frade italiano da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (ofmCAP) e por cinco jovens brasileiras cofundadoras da Ordem Terceira Secular (OFS) para missão com a educação para crianças indígenas e filhos de migrantes nordestinos. Carisma: encarnar o franciscanismo no discipulado de Jesus Cristo e seu projeto missionário, servindo preferencialmente os mais pobres, com coragem, alegria e misericórdia.

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vozes” e aproveitar o potencial da mídia contra as injustiças de que ainda são vítimas tantos brasileiros.

Em 2000, tornei-me Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Ao trabalhar em empresas de comunicação e seguindo a política editorial, percebi, na prática, como funcionam os padrões da produção cotidiana da imprensa empresarial. Depois, como jornalista autônoma, freelance, passei a escrever para a Revista Imprensa”, para jornais das “Pastorais Sociais” e para revistas missionárias brasileiras e italianas.

Em conversa com o teólogo da libertação e escritor José Comblin, em 2008, contei sobre o desejo de dar continuidade aos estudos e fazer o Mestrado. Desde aquela época queria entender como o discurso da mídia havia tratado (construído e desconstruído) a Teologia da Libertação nos anos 80. O teólogo Comblin sugeriu que a melhor forma seria que eu estudasse e conhecesse profundamente a temática. Passei a fazer entrevistas com ele que, gentilmente, cedeu cópias de documentos em que o conteúdo original não condizia com o da realidade. A ele devo o estímulo e a ajuda com documentos para realizar este estudo.

A religião faz parte da sociedade, mas a mídia, segundo a literatura obtida, pauta sobre a temática quando há visitas ao país de autoridades religiosas e ocorrem escândalos ou temas ideológicos. Falar de teologia na mídia não é considerado tema de primeira linha, porém, tanto no final da década de 70 como no início e durante toda a década de 80 do século XX, a mídia brasileira começou a se interessar por uma teologia especial, a Teologia da Libertação, que se mostrava diferente das demais. Começou a falar e a publicar artigos (coisa raríssima até então) sobre teologia. Os teológos, normalmente esquecidos, começaram a ser capa de revistas e pauta das grandes reportagens. Bispos e arcebispos da ala conservadora da Igreja Católica tornaram-se personagens de entrevistas em primeira página das revistas de maior veiculação no país.

A pergunta inicial era: como os meios de comunicação podem discursar com tanta autoridade sobre a Teologia da Libertação, se não a conhecem?

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questionamentos e aprofundamento sobre a Teologia da Libertação. Ao longo da década, fui acumulando recortes de jornais com tal tema, além de outros temas afins (acervo pessoal). A pergunta pertinente inquietava: Qual o discurso da mídia sobre a Teologia da Libertação?

Inúmeras reportagens abordavam o tema. A revista Veja deu cobertura à visita do Papa ao Brasil em julho de 1980. Em uma das reportagens, do dia 2 de julho de 1980, a mídia discursara

com o título “A paz vaticana” e com a chamada: “Do bispo Sardinha ao cardeal Arns, não tem

sido no Vaticano que se resolvem as crises entre Igreja e Estado no Brasil”. Recorda-se aqui que, nesse momento, governava o país o general Emilio Médici. A repressão policial às atividades políticas geraram tensão para a ala progressista da Igreja Católica com o regime militar. A citada reportagem elencava exemplos de tensões entre Igreja e Estado. Citava Dom Helder Câmara em animosidade com o governo militar que envolveu a expulsão do teólogo da libertação José Comblin, a partir da aplicação do método “Teologia da Enxada”5 no seminário de Pernambuco.

Tal conflito foi reportado pela Veja no início da década de 1980.

No final da década, no dia 13 de setembro de 1989, houve outra publicação na mesma

revista com o título: “vocações extintas no Recife” e com a chamada: “A Santa Sé fecha dois seminários progressistas no Nordeste e desarticula o trabalho de dom Helder na região”. O texto

da reportagem está sendo analisado neste trabalho. Antes, gerou um artigo desta pesquisadora que foi apresentado no INTERCOM em 2013 e publicado no livro “Comunicação, Mídias e Liberdade de Expressão”, organizado pela professora Maria Cristina Castilho Costa6, da USP.

Ler tais reportagens provocava questionamentos, por isso, a escolha da revista Veja que, por ser uma revista semanal, foi estudada durante toda a década de 1980.

A escolha dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, os dois maiores diários do país, foi concentrada nos meses de setembro e outubro de 1984, meses em que se respirava o mesmo clima de tensão dentro da Igreja Católica em meio às alas progressista e conservadora. Reproduziam-se tais tensões nas comunidades de base em que havia o recorte temporal. Eram frequentes as advertências e as tensões entre padres, bispos, religiosos/as e lideranças das

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Teologia da Enxada - É um método pedagógico que excede as experiências dos seminários. É um método similar ao do Paulo Freire. Aplicado à situação concreta da formação sacerdotal, para além da religião ou da fé cristã. Assume um caráter universal. Uma pedagogia que nasce na América Latina na década de 1960. É inaugurado por José Comblin (sacerdote belga fundador da Juventude Operária Católica (JOC) nos anos 1940). Considerada uma chave de leitura para compreender-se a necessidade de se reinventarem as pastorais sociais a partir do método “ver”, “julgar”, “agir’. Constitui a nova estratégia da teologia da libertação. A Editora Vozes publicou em 1978 o livro Teologia da Enxada, que apresenta os documentos originais da experiência na formação presbiteral. Disponível em: http://eduardohoornaert.blogspot.com.br/2012/12/a-teologia-da-enxada-quarenta-anos.html Acesso em: 1 de abr. de 2014.

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Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), conhecidas como “Igreja dos Pobres”, publicadas em

jornais diários que condenavam o novo jeito de ser da Igreja nos meios populares.

As tensões na Igreja Católica eram divulgadas diariamente. Os textos eram recortados e comentados nos encontros dos jovens, nas pastorais, nas reuniões em comunidade, nos círculos bíblicos e nas semanas teológicas. O material da Folha de S. Paulo gerava a discussão. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) reproduziu a publicação do dia 31/8/84 para discussão interna. Os teólogos refletiam sobre o documento do Vaticano: instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação. Falava-se do mergulho na intensa miséria do país e do Continente latino-americano.

Naquela época, os jovens do Movimento Franciscano (JUFRA) e as comunidades queriam se informar sobre o porquê de o franciscano Leonardo Boff estar sendo julgado e acusado de marxista e do porquê de a Teologia da Libertação estar condenada pelo Papa, como informava diariamente a mídia. Gerou-se, portanto, um acirrado debate entre os jovens e as comunidades leigas e religiosos/as com o questionamento: quem está falando a verdade? Para compreender aquele momento, foi necessário desenvolver nesta pesquisa uma linha do tempo relacionando mídia, política e igreja. Todas essas questões reforçaram a necessidade de estudar os discursos das mídias.

Esta dissertação analisa os títulos/chamadas/leads dos artigos, notícias e reportagens publicadas nos jornais O Globo, Folha de S. Paulo entre os meses de setembro e outubro de

1984, período específico da publicação do documento do Vaticano: “Instruções Sobre Alguns Aspectos da Teologia da Libertação”. Também analisa as revistas Veja publicadas na década de 80. Trata-se do período em que ocorreram os acontecimentos de tensão entre as alas progressista e conservadora da Igreja Católica.

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março de 1985. O segundo acontecimento foi a divulgação do documento do Vaticano

“Instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação” 7.

Ao definir que partes de cada mídia seriam objetos de estudo nos dois jornais e na revista semanal, escolhi os títulos, as chamadas e os leads de artigos, notícias e reportagens publicados na revista Veja, durante a década de 80, como também os títulos, as chamadas e os leads publicados entre os meses de setembro e outubro de 1984 nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

Para ter-se uma ideia desse fenômeno, o tema Teologia da Libertação, só na revista Veja na década de 80 apareceu em 35 reportagens especiais que ocuparam as primeiras páginas das editorias de Religião, Igreja, Brasil, História e Educação. Entre as matérias/notícias, 11 eram publicações e outras 11, Cartas ao Leitor. As primeiras páginas (amarelas) foram ocupadas com nove entrevistas. A Editoria de Livros teve lançamento de obra com enfoque no tema; houve três notas na Coluna Radar e reservou-se uma publicação em cada um dos espaços “Ponto de Vista”; “Data” e “Cinema”, contabilizando um total de 76 publicações. Isso sem mencionar a estatística

de publicações nos outros veículos de grande circulação no Brasil, na mesma época, que divulgaram o fenômeno religioso/social, fato que analiso no último capítulo da dissertação.

O objetivo que se pretende alcançar com a esta dissertação é conhecer o discurso midiático construído sobre tal teologia. Busca-se avaliar se a Teologia da Libertação, tal como formulada pelos seus teólogos fundadores, teve ou não um discurso distorcido pelos diferentes meios. Vale ressaltar que a dissertação não é sobre Teologia (falar-se-á dela de forma transversal, para esclarecer conceitos), mas sim sobre a comunicação e os estudos sobre mídia.

Neste empreendimento, pesquisei fontes bibliográficas sobre a Teologia da Libertação e analisei os conteúdos dos jornais e das revistas, de forma quantitativa e qualitativa. A parte quantitativa aparece nos dados – como os que aparecem acima – e nos quadros com os números de matérias produzidas pelas mídias selecionadas ao longo do tempo. A qualitativa se revela nos métodos Histórico e da Análise de Discurso francesa. A complexidade do projeto exigiu o diálogo entre metodologias e a construção do texto que mostrasse a correlação entre o contexto

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Instruções Sobre Alguns Aspectos da “Teologia da Libertação” – Documento do Vaticano da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé. Disponível em:

http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19840806_theology-liberation_po.html. Acesso em: 1 nov. 2013. Publicado, também, na íntegra, na Folha de S. Paulo, 31 de agosto de 1984. Encarte “Exclusivo”.

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social/político em que aparece a Teologia da Libertação na América Latina e no Brasil e o papel da mídia naquele momento.

A pesquisa foi dividida em quatro capítulos. O primeiro trata da Teologia da Libertação (TdL), desde o nascimento (contextos histórico/social/político/religioso) à procura de uma resposta cristã à desigualdade. Ela tornou-se plataforma de manifestações e conquistas sociais que alicerçaram as experiências das Comunidades Eclesiais de Base. O “declínio” foi sentido a

partir das reações das autoridades da ala conservadora da Igreja Católica sobre a visão crítica da Teologia da Libertação aos sistemas de opressão social/político/religioso, instruindo-a aos riscos e às formas de inserir tal teologia no pensamento marxista que poderia colocar em perigo a vida cristã.

O segundo capítulo aborda a relação “Comunicação e Teologia”. Começa com o contexto

histórico da comunicação na América Latina. Recorda o desejo de se comunicar do ser humano, desde os primórdios até a chegada da era digital. Os fios da história são tecidos no Panorama da Comunicação/Mídia/Igreja/Política/Sociedade como uma teia que interliga seus fios. Conduzem a história relatando a importância e os surgimentos de centros de estudos superiores em comunicação e a contribuição do Instituto Latino Americano de Estudos Transnacionales (ILET) com o objetivo de difundir a informação e democratizar a comunicação na Região. Coroou a década de 80 o projeto, coordenado pela Unesco, de uma Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação (NOMIC) que propunha a democratização da comunicação pela reorganização dos fluxos globais de informação por meio de diversas ações de governo e do terceiro setor.

O capítulo trata também da relação entre comunicação e teologia. Aborda-se um estudo sobre dois modos de conhecer Deus: um que excede a capacidade da razão (exemplo: Deus Trino), outro que a própria razão pode provar (exemplo: existência de Deus). Dessas duas ordens de verdades procedem, por sua vez, duas teologias. A essas duas formas de se conhecer Deus correspondem também duas formas de comunicação. Recorda-se a “teologia narrativa”, utilizada

em certas regiões da América Latina e da África como o modelo que melhor se adapta à cultura contemporânea, porque está centrada e orientada para a experiência humana da comunicação.

O terceiro capítulo, “Teologia da Libertação desenvolve-se pela ótica da Análise do

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pela Análise de Conteúdo (AC). O capítulo explica as etapas da análise com a contribuição do método Histórico-Gramatical que ajuda a compreender o que o texto diz e quer dizer, sendo fiel a ele. Há um quadro demonstrativo dos passos com uma das análises, afirmando para quem a mídia fala e como fala da Teologia da Libertação. A produção de sentido é percebida no processo aplicado ao discurso informativo, que, por sua vez, demonstram a linha editorial da revista Veja e dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, com amostras das análises.

O quarto capítulo é a continuação do processo desse estudo, porém houve retomada dos conceitos de discurso, poder, além de uma tentativa de conceito sobre religião, posição e organização da Igreja Católica.

Nos dois últimos capítulos, encontram-se demonstrações das análises dos títulos, chamadas e leads encontrados entre as três mídias estudadas (Veja/O Globo/Folha de S. Paulo). Também aparecem exemplos (não analisados) de recortes, citados como ilustração das explicações conceituais da pesquisa. São dois capítulos extensos devido ao rigor da própria análise e à inserção dos dados na história e nos conceitos estudados dentro da década de 80, quando as mídias abriram muito espaço à Teologia da Libertação. O produto informativo foi a

peça atrativa a representar: “Por que informar? Quem informa? Quais são as provas na ordem da

produção jornalística?” No decorrer do estudo encontram-se dados quantitativos (com gráficos, quadros e esquemas ) que dialogam com a pesquisa qualitativa através dos recortes tecidos no corpo dos capítulos.

Para construir a referência teórica dos capítulos mencionados, utilizei autores como Libanio (2007), Gutièrrez (1975), Galilea (1979), Boff (1984/ 1985 /1996), Mesters (1990), Comblin ((2008), além do apoio em Cabral (2011) e Richard (1984) para construir a trajetória histórica da Teologia da Libertação. A TdL se inseriu na fase do pensamento ocidental como uma teologia propriamente cristã plantada nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) que utilizam a Bíblia como pressuposto necessário de seus discursos no contexto da América Latina.

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Na relação comunicação e teologia, procurei destacar a pesquisa de Campos (2013) com

seus estudos sobre a “Suma Teológica”8, formas de conhecer Deus como uma forma de

comunicação. Díez (1997) contribuiu com o conceito “teologia narrativa”, utilizada em certas

regiões da América Latina e da África, modelo que melhor se adaptou à cultura contemporânea, porque orientada para a experiência humana da comunicação.

Para a Análise do Discurso e a produção de sentido destacaram-se Orlandi (2010); Verón (1984) apud CASTRO (2003). Charaudeau (2006), sustentando o processo do discurso Informativo, deu uma grande contribuição com seus estudos “Discurso das Mídias”. Na condição

de produção e interpretação do discurso, novamente Charaudeau (2004), acompanhado de Maingueneau (2004), contribuíram com o histórico do método da análise do discurso. Usa-se, ainda, o apoio de outros pesquisadores nas reflexões, nas análises com dados e referências na história.

A contribuição do método Histórico-Gramatical reservou-se a Kunz (2008) com a classificação dos passos de análise: texto; contexto; tradução; análises, fato que ajudou a discernir o que é e o que não é importante no texto em estudo, perguntando-se quais são as pessoas, as ideias envolvidas e a localização do fato e qual o fundo histórico: descobrindo palavras-chave no texto.

Quanto ao conceito de discurso, procurei estabelecer um diálogo entre os autores Foucault (2009), Raunu (2008) e Comblin (1986). Para Foucault (2009), o conceito de discurso está relacionado às interdições que o atingem e revelam sua ligação com o desejo e com o poder. O discurso não é simplesmente aquilo que manifesta ou oculta o desejo, mas aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, o poder do qual se quer apoderar-se. O pesquisador finlandês Raunu (2008), mediante as ideias do teólogo João Batista Libanio9, expôs pontos essenciais no conceito de discurso a partir da Teologia da Libertação: qualidade teológica de um discurso;

8 Suma Teológica É a obra de São Tomás de Aquino, teólogo dominicano e santo da Igreja Católica. A obra é um corpo de doutrina que se constitui numa das bases da dogmática (dogma) e considerada uma das principais obras filosóficas da escolástica. Foi escrita entre os anos de 1265 e 1273. Nessa obra, Aquino trata da natureza de Deus, das questões morais e da natureza de Jesus. Encontra-se dividida em três partes, com 512 questões. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Suma_Teol%C3%B3gica. Acesso em: 13 ago. 2013.

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relações hermenêuticas10 teológicas que o definem; realidade que é interpretada. Resultado: o discurso teológico da práxis libertadora resgata e reforça o teológico já presente em todo o processo de libertação.

Segundo Comblin (1986), o discurso evangelizador muda o ambiente, suscita forças desconhecidas, levando pessoas a descobrirem que têm capacidades que nunca tinham imaginado. É uma palavra (discurso) que abre horizontes à comunidade, cria comunicação e faz com que as pessoas se tornem sensíveis ao povo de que fazem parte. Suscita projetos e cria nas pessoas dedicação e sacrifício a uma causa superior. Usa a autoridade de Deus para pedir, com insistência, uma vida de responsabilidade. Foi com a dinâmica nesse diálogo entre autores do discurso com que se trabalhou tal conceito para auxiliar as análises, além do conceito da inserção do conceito de poder para Foucault (1999) que possibilitou auxiliar na análise de um texto sobre a forma de poder das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

A pesquisa oferece, também, em textos anexos, uma riqueza de informações que poderão interessar tanto ao leitor leigo como aos estudiosos do tema e ainda ao mundo religioso. Entre os anexos aparecem:

- Conceitos e Teorias estudaos; as páginas incriminadas do livro “Igreja: Carisma e Poder” do teólogo Leonardo Boff;

- o documento do Vaticano: “Instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação”;

- a carta do cardeal Joseph Ratzinger da Congregação para a Doutrina da Fé do dia 11 de março

de 1985 com a notificação sobre o livro “Igreja: Carisma e Poder”;

- a cópia da publicação no jornal O Globo (30/8/84) do documento “Instruções sobre alguns

aspectos da Teologia da Libertação”;

- a carta do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Carlo Furno, a Frei Leonardo Boff (30/8/1984); - Texto original sobre a realidade continental da América Latina, enviado aos bispos reunidos em Medellìn (Colômbia), em 1968, que se tornou o Documento Base de Medellìn (Notas sobre o Documento Básico, do teólogo José Comblin);

- Jornal Diário de Pernambuco do dia 12 de junho de 1968. Caderno II, p. 6-7, com vistas a comparar o discurso de tal mídia com o documento original enviado a Medellìn;

- Síntese da Linha do Tempo do processo histórico da Teologia da Libertação (décadas de 60 ao Novo Milênio) – Vozes que falam e vozes que silenciam;

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- Documento publicado na Revista Tempo e Presença e republicado no Jornal Aconteceu com assinatura de diversas entidades e instituições ecumênicas sobre “Um processo de ataques contra a Igreja que nasce do povo”;

- Recortes das notícias e das reportagens completas das mídias catalogadas e estudadas: Revista Veja (década de 80) e Jornais O Globo e Folha de S.Paulo (meses setembro e outubro de 1984) e do ano de 2013;

- Questões para reflexão teológica em preparação ao Fórum Mundial de Teologia e Libertação em Túnis.

Nas Considerações Finais são apontadas, no itinerário percorrido, quatro paradas de aprofundamento no estudo denominadas:

1) Parada das Palavras, que é a chave de leitura da pesquisa;

2) Parada da Teia, que mostra como são tecidas as articulações Comunicação/Igreja/Político-Social;

3) Parada dos Alvos, onde aparece a categorização das palavras/alvos das mídias;

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Reconhece-se nesta pesquisa uma visão transmetodológica11, ou seja, o estudo perpassa

áreas dos saberes sociológicos, linguísticos, filosóficos, antropológicos, psicológicos, econômicos, políticos, históricos e comunicacionais, que ajudam a fundamentar o campo da comunicação. A coleta de dados ocorre através da Análise do Discurso, de origem francesa, em diálogo com o Método Histórico-Gramatical12, com o método da exegese13 e com a interpretação

dos textos da bíblia. O objetivo é encontrar o significado dos textos estudados sobre a base que suas palavras expressam. Consideram-se as condições históricas (referindo-se ao contexto em que os textos foram escritos) e a gramática (referindo-se à apuração do sentido dos textos mediante estudo das palavras) em cinco passos: texto; contexto; tradução; análise e síntese à luz do contexto histórico em que foram escritas.

A pesquisa procura identificar, por meio das palavras registradas no texto, a intenção do autor ou do editorial/jornal. O método Histórico-Gramatical é realizado em três etapas e analisa, segundo o contexto histórico: o que o texto diz, o que quer dizer, e o que quer dizer para o hoje. De acordo com Kunz (2008), historicamente, em diversos momentos, o método teve seus representantes, não só e especialmente na Reforma Protestante, como também atualmente.

A pesquisa é feita por referências bibliográficas e de sites, nos arquivos midiáticos, no acervo pessoal da autora e na Biblioteca/Centro de Documentação e Informação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB (Brasília). Usa-se como técnica de análise a Análise do Discurso. Nos anos 1970 (na França), conforme Charaudeau e Maingueneau (2004), a análise do discurso era concebida como uma extensão da linguística. Articulando várias teorias (da língua,

do discurso, do inconsciente, das ideologias), ela foi frequentemente crítica em relação à “análise

de conteúdo” 14. Esse tipo de análise (de conteúdo) negligenciava o discurso como tal, como se as

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TORRE , Alberto Efendy Maldonado Gómez de La. Produtos Midiáticos, Estratégias, Recepção. A Perspectiva transmetodológica. Unisinos. Disponível em:

https://www.google.com.br/?gws_rd=cr&ei=3cChUrX5F9bJsQTuv4GgBw#q=transmetodologia . Acesso em: 5 dez. 2013. 12

KUNZ, Claiton André. Método Histórico-Gramatical: um estudo descritivo. Disponível em:

http://portalfbp.weebly.com/uploads/6/5/7/9/6579080/metodo_historico-gramatical.pdf. Acesso em: 15 fev.2014. 13

Exegese – Interpretação crítica de um texto completo ou de parte das Escrituras Sagradas. É um exame detalhado do texto bíblico. É a busca da aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a uma definição correta do texto. Disponível em: http://exegeserbiblica.webnode.com.br/news/metodologia-historico-gramatical/. Acesso em: 15 fev. 2014.

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ideologias não seconcretizassem também como sistemas de representações nos discursos e como se a ordem do discurso e sua estrutura não comportassem implicação ideológica. A pesquisa trabalha a análise dos discursos configurados nos textos estudados em jornais e revistas utilizando o método da Análise do Discurso francesa.

Em termos metodológicos, é estudada a forma como alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país, Folha de S. Paulo, O Globo (no período de setembro a outubro de 1984) e a revista Veja (na década de 1980), construíram o discurso sobre a Teologia da Libertação. Para isso, conta-se com apoio de Orlandi (1999), Verón (1984) e Charaudeau (2006).

Através de Orlandi buscar-se-á compreender como os sentidos, os sujeitos e os interlocutores nela se constituem. E com apoio de Verón (1984 apud CASTRO, 2003, p. 80) sobre a produção de sentido em que os textos não se referem somente à escrita, e sim a tudo que compõem de materiais significantes, como a escrita-imagem-sentido. Os textos não são guardiães do próprio sentido, mas consequências do próprio confronto do sentido a partir da articulação de matérias significantes. Castro (2003, p. 81) reforça o que afirma Verón (1984): não se analisa um único texto. Analisam-se pelo menos dois, o próprio texto e outro escolhido para comparação; um texto implícito, virtual, introduzido pelo analista sem que ele o saiba. A ideologia aparecerá como um sistema de relações entre o texto e outro escolhido, porque o que constitui um texto são suas diferenças com relação a outros textos. Já Charaudeau (2006) colabora com a pesquisa a partir do

conceito “efeito de verdade”, para perceber o que significa nas mídias.

O discurso citado é sempre enquadrado pelo discurso que o cita na materialidade linguística. É sempre provocado de intenções. Para Charaudeau (2006), a teoria da análise do discurso possibilita identificar os objetos de pesquisa que são analisados pela mídia para saber se ela contempla ou negligencia determinadas fontes e o modo como isso é feito. Pela análise de matérias, verifica-se se os discursos constituem elementos que denotam as circunstâncias em que os fatos são contextualizados.

A análise crítica do discurso parte do estudo de transmissão e na legitimação de ideologias que colaboram para a neutralização de discursos, a respeito daquilo que é

“normal” ou “essencial” no momento de definir um grupo social (CHARAUDEAU,

2006, p.29).

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Nesta dissertação são analisados os títulos/chamadas/leads dos artigos, notícias e reportagens (publicadas nos jornais O Globo, Folha de S. Paulo entre os meses de setembro e outubro de 1984 e na revista Veja, também publicadas na década de 80). Esse período se situa antes e durante dois acontecimentos de tensão entre as alas progressista e conservadora da Igreja Católica. O primeiro, o processo que corria desde 1982 contra o teólogo Leonardo Boff, com a publicação de seu livro Igreja Carisma e Poder. A Comissão Arquidiocesana para a Doutrina da Fé do Rio de Janeiro criticara o livro no Boletim da Revista do Clero, em abril de 1982. Boff rebateu afirmando que a crítica continha graves erros de leitura e de interpretação. O fato foi levado a julgamento na Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, sendo a obra notificada no dia 11 de março de 1985. As páginas incriminadas aparecem no Anexo B e culminaram na

condenação (“silêncio obsequioso”) 15 do teólogo. O segundo acontecimento foi a divulgação do

documento do Vaticano as “Instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação” (Anexo C). Tais conflitos caíram na mídia, ampliando a necessidade de conhecer melhor a Teologia da Libertação.

Para compreender como foram entendidos pela mídia tais acontecimentos, realizou-se um levantamento da quantidade de publicações veiculadas na década de 80 para as análises dos títulos/chamadas/leads divididos nas seguintes categorias de matérias:

1) artigos; 2) notícias; 3) reportagens; 4) entrevistas.

Para ter-se uma ideia do fenômeno, com o tema Teologia da Libertação nas mídias, a revista Veja veiculou 35 reportagens especiais que ocuparam as primeiras páginas das editorias: Religião, Igreja, Brasil, História e Educação na década de 80. Entre as matérias/notícias, 11 eram publicações, e outras 11, Cartas ao Leitor. As primeiras páginas (amarelas) cederam espaço para nove entrevistas sobre a TdL. A Editoria de Livros teve lançamentos de obras com enfoque no tema; houve três notas na Coluna Radar. Reservou-se uma publicação em cada um dos espaços

“Ponto de Vista”; “Data” e “Cinema”, contabilizando 76 publicações (Cfr. Quadros 7 a 16 do Capítulo 5).

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Faz parte da análise a estatística de publicações de outros veículos de grande circulação, como os jornais Folha de S. Paulo e O Globo. Este último divulgou, em 30 de agosto de 1984, o vazamento do documento da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé sobre a Teologia da

Libertação: “Instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação”, que aparecem no

Anexo E. Entrou para o domínio público antes da publicação oficial pelo Vaticano no dia 3 de setembro de 1984. Tal documento advertia os teólogos da tentação pela visão marxista. O fato alargou a discussão entre as alas conservadora e progressista da Igreja Católica, um debate que dividiu os católicos ainda em 1982.

A seleção dos meses de setembro e outubro de 1984 dos jornais O Globo e Folha estão relacionados a esse período de disputa entre o pensamento progressista e a ala conservadora da Igreja Católica e sua divulgação nos meios de comunicação. Para tanto, foram selecionadas 49 páginas de O Globo (setembro e outubro de 1984), com um a três recortes em cada página. Foram publicadas 30 matérias e notícias na Editoria O País; 11 reportagens na Editoria Mundo; três matérias/artigo assinados por bispos da ala conservadora da Ireja Católica; duas chamadas na Capa; seis Box sobre o tema Teologia da Libertação, na Editoria País; três cartas dos leitores;

uma notícia na Editoria Grande Rio; duas notas e uma chamada no “Hoje na TV”. Ao todo foram

contabilizadas 59 publicações (Cfr. Quadros 89 a 91 do Capíulo 5), referindo-se ao tema Teologia da Libertação.

Já na Folha de S. Paulo foram selecionados 56 recortes, publicados entre os dias 23 de setembro a 31 de outubro de 1984. Entre eles, 29 matérias/reportagens na Editoria de Política; 13 notícias na Editoria Exterior; três artigos assinados (Alfredo Basi, Helio Pelegrino e Cândido Mendes); dois Editoria Opinião/Carta dos Leitores; quatro matérias/Geral na Editoria Educação; duas chamadas de capa; duas notas editoria Exterior/Geral e um editoral reportando o tema. (Cfr. Quadros 46 e 47), referindo-se ao processo que levou ao encontro do teólogo Leonardo Boff, no dia 8 de setembro de 1984, com a Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano (Anexo F) da Carta do Núncio Apóstólico no Brasil Dom Carlo Furno a Leonardo Boff com a polêmica

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No levantamento do estado da arte, foram pesquisados periódicos publicados no Brasil e no mundo, assim como artigos de dissertações de mestrado e teses de doutorado relativas ao período 2001/2012. Foram encontradas oito publicações que se aproximavam, por ordem de relevância, do tema desta pesquisa. Destas, apenas três colaboraram para a compreensão histórica e da complexidade do tema, ajudando a entender o contexto da época e a delinear a linha do tempo dos capítulos que se seguem. O fichamento dos três trabalhos aparece abaixo (Cfr. Quadros 127, 128 e 129), com nome do autor, espaço de publicação (instituição), um pequeno resumo da obra e suas palavras-chave. Para facilitar a compreensão da pesquisa, a análise dos dados dos jornais e da revista é incluída no corpo dos capítulos, porque é importante situar-se em relação à história, perpassando o contexto da década de 80, do século XX, para melhor compreender as construções discursivas e o sentido produzido com referência à Teologia da Libertação pelos meios de comunicação, com as inquietações que se formaram em torno do tema.

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CAPITULO 1 - TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO (TdL)

1.1NASCIMENTO

1.1.1 Situação Social no Brasil e na América Latina

A história da formação da Teologia da Libertação (TdL) não pode ser entendida sem que se faça referência ao contexto social no Brasil e na América Latina e ao que foi feito, desde o início da década de 60, para a elaboração de uma teologia própria do continente latino-americano. O ano de 1964 é significativo: o Brasil vivia um golpe militar, a América Latina estava imersa na efervescência dos regimes ditatoriais e Cuba havia iniciado um regime comunista. Em meio a esse clima, nasceu o processo de renovação da Igreja Católica, pautado pelas linhas

básicas que Pinheiro (2012) conceituou como “renovação litúrgica”, “nova consciência social” e “planejamento pastoral”. Surgiu, ao mesmo tempo e oficialmente, a primeira Campanha da Fraternidade, com o tema: “A Igreja em Renovação”. Lema: “Liberte-se, você também é Igreja”,

pensado desde uma perspectiva libertadora.

Para Libanio (2007), o contexto social da América Latina caracterizava-se, no momento do surgimento da TdL, pela opressão e pelo domínio de um capitalismo selvagem, tardio, periférico e dependente. Em contraposição, nas décadas de 60 e 70, inspirados por Cuba, cresceram movimentos revolucionários na cidade e no campo. Havia vanguardas treinadas com táticas de guerrilha, inspiradas na ideologia marxista e orientadas para o socialismo. No Brasil, sindicatos urbanos e rurais se nutriam de ideologias críticas ao sistema capitalista. Em 1969, para combater os movimentos de esquerda, o governo federal criou o Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operação de Defesa Interna (DOI-CODI) 16.

No campo pedagógico (década de 60), o educador Paulo Freire desenvolveu um método popular de alfabetização de adultos, proporcionando, simultaneamente, a conscientização

política. Nesse contexto, Libanio (2007) diz que se agitava o “clima libertário” nos campos político e cultural, “ao lado da reação violenta da burguesia com golpes atrás de golpes” na

América Latina. Exemplos disso são a Argentina, o Brasil, o Uruguai e o Chile.

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A Igreja Católica inseria-se nesse contexto com a abertura ao plano social incentivada pelo Papa João XXIII com a publicação de duas encíclicas: Mater et Magistra (1961) 17 e Pacem

in terris (1963) 18. O próprio Papa falava da “Igreja dos pobres”, expressão reafirmada no Concílio do Vaticano II19. Foi uma conjuntura fértil para a teologia crítica e libertadora. No Brasil, existia um grupo de bispos socialmente pró-ativos que Libanio (2007) chamou

“progressistas”. Dom Helder era o líder maior. Teólogos assessores da Ação Católica, o

Movimento de Educação de Base (MEB), o Movimento de Natal, o início das comunidades eclesiais de base, a difusão dos círculos bíblicos populares permitiram que três ingredientes se

entrelaçassem e gestassem teologia colada a essa realidade: “contato com a situação real de

opressão e de movimento de libertação, presença crítica e aberta da Igreja em ampla escala e um grupo de pensadores que trabalhavam esse encontro. Contemplando o quadro social, a

Conferência dos bispos em Medellìn selou tal nascimento” (LIBANIO, 2007, p. 37-38).

A dimensão política começou a aparecer de maneira explícita nos meios sociais. Surgiu um clima de renovação eclesial que reforçou as tensões entre os modelos conservador e progressista da Igreja Católica. Segundo Pinheiro (2012), era uma nova consciência social que penetrava no cerne da Igreja Católica e uma nova metodologia de trabalho que integrava os recintos dos cristãos. Era a grande novidade. “Os cristãos leigos, sobretudo os que se engajavam

na realidade desafiante do nosso país, redescobriam a categoria pobres, em moldes novos, como a

descoberta da dimensão política da pastoral” (PINHEIRO, 2012, p.17).

Em meio à ditadura militar, um grupo de bispos e religiosos do Nordeste brasileiro,

liderados por Dom Helder Câmara, lançou, em 6 de maio de 1973, o documento: “Eu Ouvi os Clamores do Meu Povo”; os bispos do Centro-Oeste do país publicaram um manifesto

“Marginalização de um Povo: grito das Igrejas”, com método e linguagem popular. Pouco se

conhecia das lutas e da pastoral popular. Segundo publicação na Revista Vida Pastoral20, o documento foi fruto da tentativa de apoio e solidariedade às vítimas da repressão: índios,

17 Mater et Magistra (1961) Carta Encíclica do Papa João XXIII sobre a evolução da questão social à luz da doutrina cristã. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_15051961_mater_po.html . Acesso em: 24 jul. 2013.

18 Pacem in terris (1963) Carta Encíclica do Papa João XXIII sobre a paz de todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade. Disponível em:

http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem_po.html . Acesso em: 24 jul. 2013.

19Concílio Vaticano II (1962-1965) Reunião de todos os bispos para decidirem os rumos da Igreja Católica no mundo moderno. (Revista Vida Pastoral, set/out. 1996, p. 29).

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camponeses, operários e estudantes. O texto foi recusado por várias editoras católicas e impresso por uma gráfica de Goiânia-GO, cujo proprietário pagou com sua prisão pela decisão assumida. Antes disso, em 1976, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou

“Comunicação Pastoral ao Povo de Deus”, documento oficial da Igreja Católica ligada à

libertação dos pobres.

Nesse cenário brotou a emergente hermenêutica (reinterpretação dos documentos formulados pela Igreja) de uma nova consciência histórica em que a “libertação dos pobres” se tornou significativa para a reflexão teológica a partir do conceito “libertação”, numa elaboração

socioanalítica e crítica sobre a práxis histórica em confronto com a fé entendida como práxis. As tensões geradas foram estudadas por Libânio (2012), em três momentos de “conflitos hermenêuticos” 21:

1. dos padres conciliares (antes do Concílio) - com as incursões da nova teologia francesa com a experiência dos padres operários;

2. na produção dos textos (na gestação /produção dos textos) - que gerou conflito entre dogmatistas e hermeneutas da interpretação atualizada da tradição eclesial; 3. da leitura dos documentos (na recepção) - para encontrar a chave de

interpretação, sobretudo para três documentos: Dei Verbum22, Lumen Gentium23

e Gaudium Et Spes24.

21Conflito hermenêutico” - o conflito diante do conjunto dos textos do Concílio do Vaticano II para serem reinterpretados. A primeira tarefa de leitura implicou encontrar a chave de interpretação nos estudos de três destes documentos do Vaticano II: Constituição Dogmática Dei Verbum (A Revelação Divina), Constituição Dogmática Lumen Gentium (A Igreja) e a

Constituição Pastoral Gaudium et Spes (A Igreja no Mundo de Hoje). Encontrou-se, em cada um deles, um conflito

interpretativo. LIBANIO, J.B. A Igreja a 50 anos do Concílio Vaticano II. In: Encontros Teológicos. Vaticano II 50 Anos. Revista da Faculdade Católica de Santa Catarina (FACASC) e Instituto Teológico de Santa Catarina (ITESC). N. 62, Florianópolis-SC. p. 30-50. 2012.

22 Dei Verbum - Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina. Disponível em:

http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651118_dei-verbum_po.html. Acesso em: 9 Set. 2013.

23A Lumen Gentium - (Luz dos Povos) é um dos mais importantes textos do Concílio Vaticano II. O texto desta Constituição dogmática foi demoradamente discutido durante a segunda sessão do Concílio. O seu tema é a natureza e a constituição da Igreja não só como instituição, mas também como Corpo místico de Cristo. Foi objeto de muitas modificações e emendas, como, aliás, todos os documentos aprovados. Disponível em:

http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html ou http://pt.wikipedia.org/wiki/Lumen_Gentium Acesso em: 9 ago. 2013.

24 Gaudium Et Spes Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual. Disponível em:

Imagem

Gráfico 1
Gráfico 3
Gráfico  4
Gráfico 5 – Revista Veja (Década 80)
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Referências

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