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Academic year: 2022

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Ficha técnica:

GUTENBERG E A INVENÇÃO DA IMPRENSA AUTOR

José Pacheco

CAPA E ARRANJO GRÁFICO José Artur

EDIÇÃO Obra de Bico REVISÃO TIPOGRÁFICA Maria Eugénia Pacheco IMPRESSÃO E ACABAMENTOS Gráfica Comercial, Loulé 2.ª edição – Portimão, Abril, 2017

copyright © José Pacheco – joseampacheco@sapo.pt NOTA EXPLICATIVA:

Para evitar a deformação da palavra ou, nalguns casos, cairmos na sua confusão semântica, procurámos fazer uma actualizaçãa da grafia dos textos em prosa, sem termos em conta

o último acordo ortográfico. Ainda assim, não alterámos a pontuação, a não ser em casos excepcionais, nem a forma expressiva dos termos.

No que diz respeito aos textos poéticos, apenas submetemos a palavra à nova acentuação, evitando, ainda assim, não perturbar a sonoridade das palavras.

Para o enquadramento e escolha dos textos, optámos por seleccionar excertos onde, tanto quanto possível, o nome de Gutenberg constasse.

As reticências entre parêntesis recto foram substituídas pela vinheta

J.P.

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Gutenberg

e a invenção da imprensa

sob o olhar das letras e da arte

antologia organizada por josé pacheco

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Gutenberg.

Universo Pittoresco, 1843

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Ao percorrermos a história das artes gráficas em Portugal, Gutenberg e a sua conotação com a divulgação da mecanização da escrita surge-nos como o paradigma dos artistas gráficos e dos jornalistas, e aquele a quem, de uma forma geral, ao longo dos últimos duzentos anos, os homens das letras e das artes no nosso país têm prestado diversas e sentidas homenagens. E, em defesa da sua «sentinela», a maioria dos discursos em torno desta mítica personagem, quase por unanimidade, entroncam numa ideia fundamental: Gutenberg terá sido o verdadeiro inventor dos caracteres móveis e consequentemente da tipografia.

Certo é que, com mais ou menos convicção nesta afirmação, não há dúvida que, só depois de Gutenberg, a capacidade de divulgar o conhecimento, através da gravura impressa e da escrita, agora tipografada, se alterou definitivamente entre os povos, permitindo derrubar muitas das barreiras que, durante séculos, limitaram a sua capacidade crítica e os subjugaram. A partir de então, o homem civilizado e culto passou a dispor de um recurso tecnológico que lhe permitirá ultrapassar a restrição da circulação dos livros, até aí pensados e concebidos por copistas manuais e iluminadores como obras de arte reservadas ao Clero e à classe política dominante. Um

Prefácio

E viimos em nossos dias ha lettra de forma achada com que a cada passada crescem tantas livrarias

& a sciencia he augmentada. Tem Alemanha louvor por della ser ho auctor daquesta cousa tam digna outros affirmam na China ho primeiro inventador.

Garcia de Resende, 1554

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novo entendimento da reprodução gráfica das palavras e das ideias passa a projectar o livro para a solução do acesso à cultura universal –, reunindo, pela primeira vez na história da sociedade moderna, na técnica e na estandardização, a arte e o útil. E é a consciência desta verdadeira revolução, onde se firmaram muitos dos princípios da liberdade e da democracia, que, de facto, estrutura o sentimento da maioria dos autores de artigos e imagens que, primeiro, por mero acaso e, depois, com interesse particular, fomos recolhendo e selec- cionando à medida que percorríamos a história das artes gráficas em Portugal.

Porém, ao longo dos últimos séculos, Gutenberg também tem sido objecto de algumas polémicas, nomeadamente quando se colocam algumas dúvidas sobre se foi o inventor da tipografia ou da imprensa;

está na base de algumas divergências sobre a verdadeira autoria da

«Bíblia das 42 linhas» existente na Biblioteca Nacional de Lisboa; e até a grafia do seu próprio nome estimulou alguma controvérsia.

Mas, nesse mesmo espaço de tempo, Gutenberg foi assunto de alguns ensaios e o motivo de muitos poemas; tal como em Portugal, deu nome a muitos jornais impressos nos vários países da Europa, e o mesmo se pode dizer em relação à denominação de muitas oficinas gráficas, – uma delas ainda em actividade no nosso país –; foi patrono de bibliotecas e, curiosamente, chegou até a constituir o emblema de um clube de futebol organizado e dirigido por tipógrafos açorianos.

Por outro lado, no que diz respeito à arte, e seguindo a atenção que

muitos artistas plásticos espalhados pelo mundo deram à invenção

da imprensa, o mesmo Gutenberg inspirou alguns dos nossos de-

senhadores, gravadores, escultores e também pintores como, por

exemplo, Nogueira da Silva, Veloso Salgado, Roque Gameiro ou

Alberto de Sousa, bem como outros artistas menos conhecidos que,

por razões profissionais, mantiveram uma ligação muito próxima das

artes gráficas.

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Neste contexto, pode dizer-se que Gutenberg se transformou numa espécie de «monstro sagrado», que criou uma multidão de apóstolos entre os homens das letras e das artes, donde, sobretudo, emerge uma classe profissional que se orgulhou sempre do seu destino, mesmo quando a dinâmica da concorrência industrial lhe retirou autoridade cultural e artística, reduzindo a imprensa a mera mercadoria.

Afinal, se recordar Gutenberg, no contexto de uma evolução quase ciclópica dos meios de comunicação, pode parecer uma iniciativa sem grande relevância e actualidade; rever as palavras que elevaram o inventor da imprensa a um dos mitos da sociedade contemporânea constitui, no entanto, e sobretudo, a oportunidade para homenagear o velho «typographo» e a sua extraordinária contribuição para a di- vulgação do conhecimento.

Iluminar o caminho da verdade e da liberdade, promover o gosto e a arte, dar voz aos poetas e aproximar os homens de todos os continentes são alguns dos princípios que fizeram dos herdeiros de Gutenberg os principais obreiros de uma nova civilização.

Homens dos sete ofícios, exigiram sempre o privilégio e a dignidade de se manterem ligados à arte que denominaram a profissão mãe;

apesar de trilharem os caminhos da arte e das letras e de estarem na génese da imprensa escrita e do design gráfico, mantiveram sempre a inteligência da humildade ao aceitarem a sua condição de operários e de jornalistas plebeus.

E é com muito carinho que, há vários anos, percorremos as suas vidas

e as suas obras, descobrindo a cada passagem da sua bibliografia,

a cada página e a cada gravura impressas, a alma e o génio de

homens de mãos negras de tinta; de homens de corpos martirizados

pelo peso de muitas horas de trabalho diário; de homens de olhos

esgotados na procura das palavras nos caixotins; e de homens de

pulmões destruídos pelo chumbo e outros metais que constituíram a

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principal matéria com que esculpiram belas estórias da nossa história.

Por tudo isto, há que admitir que a tipografia foi quase sempre o eco da fantasia, da imaginação e do génio de muitos autores e artistas, quantas vezes, a oficina onde, como aprendizes, se fizeram homens e feiticeiros da nossa cultura e da nossa democracia.

E esta antologia não pretende mais do que dar um pequeno contri- buto para a divulgação de um conjunto de ideias, expressas através de artigos de imprensa, de publicações, de conferências e de poesias soltas – muitas delas impressas e ditas ao longo dos anos nas festas das associações dos artistas gráficos –, que definiram a missão da imprensa e a imagem de Gutenberg no nosso país, e que, inevita- velmente, dão força à relevância cultural e social da sua invenção.

Sabemos que, mesmo depois da tipografia, como processo mecânico, ter sido praticamente abandonada, Gutenberg continua a fazer parte de um património que os artistas gráficos gostam de venerar nas suas casas de obra e nos seus ateliers, o que nos permite entender a angústia de quem não quer admitir a sua morte.

Hoje, completamente livre para, por direito próprio, reocupar o seu espaço, ao lado das restantes artes, a tipografia pode e deve retomar a sua verdadeira dimensão histórica.

José Pacheco

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Trabalho tipográfico de Manuel Pedro.

Quem foi o inventor da imprensa, 1928

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Gravura de Jost Amman, 1568

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A Imprensa.

Eu sou hábil com a prensa Mal acabo de aplicar o verniz/

Logo o meu servente a alavanca puxa/

E uma folha impressa está.

Assim certas obras d’arte vão surgindo/

E que facilmente se podem obter.

Em tempos os livros eram manuscritos/

Em Mainz a Arte pela primeira vez foi aplicada.

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Origem

da tipografia

À invenção da imprensa deve a Europa a sua civilização actual: é este um facto que hoje ninguém contesta: o indagar quem foi o seu inventor não é, pois, uma simples curiosidade, é antes um dever de gratidão. Esta indagação tem sido, com efeito, objecto de muitos livros e dissertações durante três séculos, e delas há resultado uma série de factos interessantes que, se não têm estabelecido indubi- tavelmente a verdade, ao menos produziram a este respeito um grau de probabi- lidade, que toca as raias da certeza. Por esta razão, e por nos abstermos de dis- cussões impróprias deste lugar, diremos o que nesta matéria é provável, sem nos embaraçarmos com as opiniões menos fundadas, seguidas por muitos escritores.

Cumpre antes de tudo distinguir as diversas maneiras de multiplicar as cópias de qualquer original, estampando este sobre superfícies planas, e as diversas for- mas de preparar este original, para alcançar semelhante resultado. Com efeito, para formar o tipo das diferentes cópias que se quiserem tirar de um discurso, se podem empregar vários métodos; o gravar em uma prancha de pau, ou de metal, os caracteres, e estes serem profundados ou em relevo: o reunir caracteres móveis em um quadro, e com eles assim reunidos estampar o que se pretende:

serem estes caracteres de metal, ou de madeira, e no primeiro caso, fundidos ou esculpidos: eis diversas maneiras de alcançar o mesmo resultado. Importa agora ver se a todos estes métodos, se pode chamar arte tipográfica, ou se tão-somente a alguns deles.

Devemos, contudo, confessar que é extremamente provável que a gravura, e so- bretudo a gravura de estampas acompanhadas de explicações, suscitasse a pri- meira ideia da tipografia: mas pela história desta se vê quantos trabalhos, e que perseverança foi necessária para pôr por obra essa concepção admirável.

Uma grande multidão de documentos, o testemunho dos mais respeitáveis escri- tores contemporâneos, ou quase contemporâneos, devem fazer-nos crer, que esta ideia ocorreu pela primeira vez a João Gutenberg, natural de Mogúncia, durante a época em que esteve estabelecido em Estrasburgo, de 1424 até 1445.

Alexandre Herculano

O Panorama, 1837

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A influência, que a invenção da tipografia exerceu sobre a felicidade dos homens, foi tão grande, que sem essa sublime descoberta, a ciência seria ainda hoje o património de poucos, as artes ficariam estacionárias, e finalmente a civilização não passaria de uma palavra vã. A Europa, admirada de um tal prodígio, cujos imensos resultados, talvez, mal compreendia, recebeu com alvoroço a notícia de tão importante invenção, mas descuidou-se de averiguar quem fora o seu autor.

Pouco tempo depois apareceram dúvidas, que para diante produziram calorosas disputas, de que se originaram intermináveis controvérsias. Se o ilustre inventor voltasse ao mundo depois do seu passamento, teria o desgosto de ver a filha de suas meditações, negando seu verdadeiro pai. Porém a justiça pode dormir, mas não morre; e mais cedo ou mais tarde faz ouvir sua voz sonora. Se aquele gran- de homem teve émulos da sua glória; se realmente Fust, Schoeffer de Mayence e Coster de Harlem tomaram parte nos seus trabalhos, hoje todos lhe dão o primeiro lugar na história da arte tipográfica, e ninguém duvida proclamar João Gutenberg como o primeiro inventor da arte de imprimir.

Como, porém, não se possa citar alguma obra impressa, em que venha o seu nome, tudo, quanto se disser a esse respeito, são conjecturas mais ou menos bem fundadas. Contudo, o que está fora de toda a dúvida, porque há documentos, que o provam, é que no ano de 1465 foi nomeado gentil-homem de Adolfo de Nas- sau, eleitor de Mayence, com uma pensão anual, que apenas gozou pelo espaço de três anos, pois que morreu em 1468, contando mais de 60 anos de idade.

João

Gutenberg

Universo Pittoresco, 1843

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15 A arte tipográfica, vulgarmente chamada arte de imprimir, de todas talvez a mais útil, se bem que a mais trabalhosa, é a que mais honra faz, tanto ao génio como à paciência dos que a inventaram. É incontestável que ela nasceu no século 15.º, e apenas o nome do inventor e o lugar da descoberta têm sido objecto de dúvi- da. A mais bem fundada de todas as opiniões é a que atribui a Gutenberg esta descoberta.

Apresentamos um esboço do começo da arte, que o nosso augusto rei D. Manuel julgou dever apelidar nobre. Se ela progrediu outrora nas nações estrangeiras com vantagens superiores, são óbvios os motivos: – mais cedo que nós, tiveram a seu favor o que muitos anos nos faltou para o seu desenvolvimento. Hoje, porém, felizmente, as ricas edições saídas da Imprensa Nacional e algumas da extinta tipo- grafia do Panorama, demonstraram praticamente que esperamos a ocasião para mostrar aos estranhos, que os génios tipográficos não são alheios na nossa pátria.

Arte tipográfica

José FIlipe

Jardim Litterario, 1847

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Gutenberg! Gutenberg!

E este nome ressoa ainda. E a descoberta deste homem fez uma revolução no mundo social.

Entre o mundo antigo, diz um distinto escritor, e o mundo moderno há o Evangelho!

Entre a opressão cruenta, dizemos nós, e as regalias dos povos há a imprensa!

A imprensa! A nossa arma gloriosa, o trovão do Sinai, a funda que tem destruído gigantes, que tem esmagado colossos.

Sem Gutenberg a liberdade não teria vindo esclarecer os homens, o cristianismo ficaria sepultado no Vaticano.

Nas grandes revoluções modernas sempre a imprensa tem dado o sinal de alar- me, sempre tem apanhado a luva de guerra, e nem uma só reforma tem obtido os povos que um folheto, um escrito, um papel para ela não cooperassem pode- rosamente.

Três grandes princípios, diz Louis Blanc, dividem o mundo e a história: a autorida- de, o individualismo, a fraternidade.

O princípio da autoridade mandava crer, e estas crenças frias e estúpidas eram mantidas com a força.

Um panfleto de Lutero fez tremer Leão X, o folheto de um frade entusiasta causou revolução.

Era a invenção de Gutenberg, que começava a produzir os seus efeitos. Era a liberdade de pensamento que a imprensa vinha proclamar. Mais tarde novos pan- fletos fizeram rolar uma cabeça em White-Hall. Mais tarde um libelo famoso, o qu’est-ce que le tiers état, levava um rei à guilhotina.

Paremos aqui – em breve o vulto gigante de Lutero virá sair-nos a caminho nesta rápida carreira.

Depois da descoberta do artista alemão, a humanidade continuará a sua marcha pausada e regular. A força muscular perdera o prestígio, a força intelectual ia predominar sobre a sociedade. Estas aspirações da alma para o infinito, estes pressentimentos das grandes verdades não eram já desconhecidos aos homens, não eram já desprezados por uma sociedade nascente.

O destino

da humanidade

O Seculo, Jornal Philosophico e Litterario, 1848

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17 Assim entendo eu que em coisas duvidosas nos exprimamos sempre, porque, por um trabalho que eu julgo posterior ao de M. Daunou, se poderia dizer que Faust, não só não inventou coisa alguma, mas até foi um ignóbil usurário que, sendo rico, especulou com o resultado das longas experiências de Gutenberg, que era pobre, e a quem afinal perseguiu porque já não precisava dele, e o mesmo Schoeffer poderia muito bem ser cúmplice desta vileza. O Manual de M.

Brun, porém, exprime-se de outro modo, porque, sendo brevíssimo na origem da tipografia, avança, contudo, muito mais que o de M. Frey, visto que tira uma conclusão, como quem não admite dúvidas, mas com que eu não concordo por não ser fundamentada. Diz «que a existência da tipografia se deve unicamente a Schoeffer, porque sendo a matriz-punção invento seu, é por ela só que se multi- plicam ao infinito tipos idênticos, móveis e perfeitamente proporcionados; e que a Gutenberg quase nada devemos, porque a mobilidade dos tipos, conhecida muitos séculos antes dele, não lhe permitiu executar coisa alguma». Não se pode negar que a Schoeffer se deva alguma coisa, mas lançar isto ao papel, sem uma única razão que mostre porque se tira a Gutenberg toda, ou a maior parte da sua glória, não é suficiente para se lhe dar crédito.

Manual

tipográfico

Miguel da Cruz Cobellos

Jornal do Centro Promotor, 1853

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É forçoso confessar, que a nossa língua tão rica e cheia de galas, não é muito abastada em termos de ciências, artes, ou ofícios, e que muitas vezes se tem de recorrer aos estranhos a pedir-lhes emprestados esses termos, que nos faltam. Há também muitos nomes técnicos que não exprimem, como deviam exprimir, o uso do instrumento a que dizem respeito.

É preciso sairmos do estado de sujeição ao passado, que ainda em muitos cole- gas, e em muita gente mesmo não artística, impera. Se Gutenberg não destruísse o velho sistema da comunicação do pensamento, leríamos ainda hoje a história dos feitos e das descobertas da humanidade nos papiros, ou no livro de pedra dos mosteiros.

É mesmo necessário arrostar com o ridículo dos insensatos, e dos estacionários, para legar aos que nos sucederem alguma coisa. Assim fizeram nossos avós.

Arte tipográfica

Francisco Vieira da Silva Júnior

Jornal do Centro Promotor, 1853

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19 mesmo concedendo que Coster tivesse tal ou qual ideia da imprensa, ou que conseguisse, por ela, alguma coisa, o que resta ainda provar, não julgo Guten- berg, ou algum dos seus associados, tivesse notícia disto, porque não consta que Gutenberg e Coster fossem relacionados por qualquer forma; e este raciocínio leva-me a crer, pelo que se prova a favor de Gutenberg, que a imprensa não deve a Coster coisa alguma.

Gutenberg e Fust, de sociedade, praticaram primeiramente a impressão tabular em pranchas epistolográficas, que não podiam servir mais que por uma vez, ou para uma única obra, por serem as formas fixas e os caracteres gravados aderen- temente; depois a xilografia, em caracteres móveis de madeira; e a terceira foi a de caracteres fundidos em chapa, tirados de matrizes, à qual, julgo, Meermann chama sculptofusó.

Um historiador contemporâneo de Schoeffer instruído por ele, e tratando de al- gumas coisas daquela época diz a este respeito: «Neste tempo João Gutenberg, cidadão de Mayence, imaginou e inventou esta arte memorável, e lembrou-se então de imprimir e caracterizar os livros (gravar, figurar os caracteres) em Mayen- ce, cidade de Alemanha, no Reno, e não na Itália, como alguns falsamente têm publicado». E no fim junta: «O que acabo de dizer a respeito da tipografia é suficiente: foram cidadãos de Mayence que a inventaram. Ora, estes primeiros inventores são três, que se chamam João Gutenberg, João Fust, e Pedro Ofílio (Schoeffer) seu genro, habitando em Mayence na casa chamada Zun jungen, que depois tomou o nome de – casa da imprensa –».

História

da imprensa

Tito de Noronha

Ensaios sobre história da imprensa, 1857

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Quem há hoje em Coimbra, que não tivesse visto os festejos da Imprensa na noite de ontem?...

Desde as mais belas damas e mais ilustres cavalheiros conimbricenses, até as mais humildes classes da sociedade, tudo ali correu, a ver a festa...

Que melhor prova de amor poderiam eles dar a um monarca instruído, do que demonstrarem-lhe bem o zelo fervoroso, que os inflama na nobre missão dos descendentes de Schoeffer e Gutenberg?

Era uma festa para ver!!!

Esta classe, que não vegeta esquecida no lodaçal da ignorância, que de ordinário entenebrece o horizonte das classes operárias; esta classe, que compreende já e sabe elevar-se ao nível da sua posição, tem por seu chefe um cavalheiro, que sabe ligar a soberania da superioridade com o abraço sincero da fraternidade!

Festejos

em Coimbra

O Constitucional, 1858.

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21 Na noite das artes, das letras na infância,

Surgiu Gutenberg, cercado de luz!

Dissipam-se as trevas da negra ignorância;

O sol da ciência no mundo reluz:

No alcáçar das letras, cercado de glória, Ocupa dos génios o sólio imortal;

Ciências e artes bradaram – Victória!

Ao verem da Imprensa a invenção divinal.

Gutenberg

Olímpio Nicolau Rui Fernandes

O Constitucional, 1858

Poema recitado na Festa da Imprensa da Universidade de Coimbra, em 1858

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