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Cad. Saúde Pública vol.32 número11

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Academic year: 2018

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Cad. Saúde Pública 2016; 32(11):e00102016 | www.ensp.fiocruz.br/csp 1

A redução do consumo de sódio no Brasil

Reducing sodium intake in Brazil

La reducción del consumo de sodio en Brasil

Eduardo Augusto Fernandes Nilson 1 Ana Maria Spaniol 1

Vivian Siqueira Santos Gonçalves 1

1 Ministério da Saúde, Brasília, Brasil.

Correspondência Ministério da Saúde.

SAF Sul Quadra 2, lote 5/6, bloco II, sala 8, Brasília, DF 70070-600, Brasil.

eduardo@saude.gov.br

doi:10.1590/0102-311X00102016

Senhoras Editoras,

A redução do consumo de sódio é tema prioritário no enfrentamento das doenças crônicas não transmissí-veis no país, devido a sua relação com o risco de hi-pertensão arterial, doenças cardiovasculares e renais, dentre outras. A ComunicaçãoBreve de De Moura Souza et al. 1, publicada no fascículo 2 do volume 32 deste

periódico, e intitulada Impacto da Redução do Teor de Sódio em Alimentos Processados no Consumo de Sódio no Brasil, traz uma estimativa do efeito das metas pac-tuadas entre o Ministério da Saúde e as indústrias de alimentos do país, concluindo que, até 2017, haveria uma redução de apenas 1,5% na ingestão de sódio pe-la popupe-lação. É necessário, todavia, salientar questões metodológicas do estudo que subestimam a redução do consumo de sódio.

O estudo utilizou a tabela de composição de ali-mentos do Inquérito Nacional de Alimentação (INA), que agrega informações da Tabela Brasileira de Com-posição de Alimentos (TACO), de 2006, e tabela norte-a-mericana, e apresenta diferenças nos teores de sódio em relação a levantamentos oficiais de informações no mercado brasileiro. Na Tabela 1 da Comunicação Breve, dez das 21 categorias de alimentos analisadas não apre-sentariam redução no teor de sódio porque as metas pactuadas superavam os valores da tabela de compo-sição do INA 1. As metas pactuadas no Brasil partiram,

contudo, de um levantamento amplo de produtos no mercado brasileiro em 2010 e 2011. Dentre as principais limitações das tabelas de composição para alimentos processados destaca-se a variabilidade tanto ao lon-go do tempo quanto entre produtos, nacionalmente e entre países.

A segunda consideração refere-se à utilização das metas pactuadas para 2013, 2015 e 2017, ou seja, os li-mites máximos de sódio em cada categoria, como os níveis finais de sódio em cada ano no estudo. Com isso, se superestima a quantidade de sódio nas categorias e, em consequência, se subestimam as reduções poten-cialmente alcançadas. Por exemplo, os dados oficiais de monitoramento produzidos com base em informações de produtos das empresas que firmaram os compro-missos com o Ministério da Saúde demonstraram, en-tre 2010-2011 e 2012-2013, redução do teor médio em todas as categorias analisadas, que variaram de 5% a mais de 20% 2,3.

A última consideração é que a estratégia nacional de redução do consumo de sódio compreende um conjunto de linhas de ação para todas as fontes die-téticas 4, desde o sal de adição (incluindo temperos à

base de sal) no preparo e consumo de alimentos até o sódio nos alimentos processados, correspondentes, respectivamente, a três quartos e um quarto da inges-tão de sódio pelos brasileiros 5. O impacto da redução

do sódio nos alimentos industrializados é importante na medida em que impacta na fração de sódio que não pode ser reduzida diretamente pela população. Mesmo no Reino Unido, onde a maior parte do sódio ingerido é proveniente de alimentos processados, seu consumo foi reduzido em 9,5% entre 2000 e 2008 por meio da reformulação destes produtos 6.

Foram estabelecidas no Brasil metas de redução para condimentos à base de sal para reduzir também a fração de sal adicionado. Essas reduções não foram consideradas nas estimativas da Comunicação Breve, porém dados preliminares mostram reduções do teor médio de sódio de 1,8% a 16,3%, nos caldos e temperos entre 2011 e 2013.

É fundamental a continuidade e a ampliação de estudos e pesquisas para a avaliação das políticas pú-bicas de redução do consumo de sódio, subsidiando a gestão pública com evidências científicas robustas. São importantes, ainda, alternativas para a atualização e representatividade de informações nutricionais de ali-mentos processados em tabelas de composição para acompanhar a dinâmica de reformulação e as variações no mercado.

CARTAS

LETTERS

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Nilson EAF et al. 2

Cad. Saúde Pública 2016; 32(11):e00102016 | www.ensp.fiocruz.br/csp

1. de Moura Souza A, Souza BSN, Bezerra IN, Sichie-ri R. Impacto da redução do teor de sódio em ali-mentos processados no consumo de sódio no Bra-sil. Cad Saúde Pública 2016; 32:e00064615. 2. Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição,

Departamento de Atenção Básica, Secretaria de Atenção à Saúde, Ministério da Saúde. Monito-ramento do plano de redução do sódio: macar-rão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha. http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/docu mentos/relatorio_de_monitoramento_I_termo_de_ compromisso.pdf / (acessado em 13/Jun/2016). 3. Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição,

De-partamento de Atenção Básica, Secretaria de Aten-ção à Saúde, Ministério da Saúde. Monitoramento do plano de redução do sódio: bolos, “snacks”, maionese e biscoitos. http://189.28.128.100/dab/ docs/portaldab/documentos/relatorio_de_monito ramento_II_termo_de_compromisso.pdf (acessado em 13/ Jun/2016).

4. Nilson EAF, Jaime PC, Resende DO. Iniciativas de-senvolvidas no Brasil para a redução do teor de só-dio em alimentos processados. Rev Panam Salud Pública 2012; 32:287-92.

5. Sarno F, Claro RM, Levy RB, Bandoni DH, Monteiro CA. Estimativa de consumo de sódio pela popula-ção brasileira, 2008-2009. Rev Saúde Pública 2013; 47:571-8.

6. Wyness L, Butriss JL, Stanner SA. Reducing the population’s sodium intake: the UK Food Stan-dards Agency’s salt reduction programme. Public Health Nutr 2011; 15:254-61.

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