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Autoeficácia e bem-estar subjetivo: análise de uma proposta de intervenção com professores do Ensino Fundamental

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Academic year: 2021

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Autoeficácia e bem-estar subjetivo: análise de uma proposta de intervenção com professores do Ensino Fundamental

Eliane Nascimento Silva Universidade do Oeste Paulista -UNOESTE- Presidente Prudente –SP Camélia Santina Murgo Universidade do Oeste Paulista –UNOESTE- Presidente Prudente-SP

Eixo Temático 3: Pesquisa, Formação de Professores e Trabalho Docente

Resumo

Este projeto tem como preocupação central avaliar os níveis de autoeficácia e bem–estar subjetivo dos professores de 1º a 5º anos do ensino fundamental de uma escola pública do interior do Oeste Paulista e verificar se uma intervenção sistematizada pode favorecer que os professores possam experimentar níveis ajustados desses elementos de subjetividade. Serão aplicadas as escalas de autoeficácia docente e a escala de afetos positivos e negativos de Zanon (EAZ). Na sequência, serão apurados os resultados dos participantes em cada instrumento para que seja organizada a devolutiva dos resultados e a realização de uma entrevista. Os resultados das escalas e os conteúdos revelados nas entrevistas irão pautar a estruturação dos encontros de intervenção. Para avaliar os resultados da intervenção serão recolhidas devolutivas verbais a cada encontro e reaplicação das escalas ao término do processo. Espera-se que os achados desta pesquisa, tragam resultados que favoreçam uma compreensão mais ampla para os professores acerca da subjetividade em suas carreiras.

Palavras-chave: Autoeficácia. Docência. Bem-estar subjetivo.

Introdução

Diversos novos construtos vêm sendo investigados nas Ciências Humanas no intuito de ampliar o conhecimento acerca de aspectos subjetivos e as implicações dos mesmos para as diversas esferas da vida humana. Dessa forma, pode ser verificado

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um aumento expressivo na literatura sobre temáticas como bem-estar subjetivo, felicidade, otimismo, autoeficácia, resiliência, entre outros.

Nota-se também, uma preocupação entre estudiosos, em analisar os impactos da subjetividade na educação (Bandura, 2004; Seligman, 2002; Martinez e Salanova, 2006; Azzi e Polydoro, 2006). Particularmente, professores e alunos tem sido objeto de estudos que trazem investigações sobre as associações entre aspectos subjetivos com o rendimento acadêmico, qualidade das relações professor-aluno, processo ensino-aprendizagem, motivação e até mesmo entre experiências escolares e estruturação de projetos profissionais.

Para o presente estudo, interessa mais especificamente o entendimento da subjetividade do professor a partir de discussões teóricas e análises empíricas sobre construtos apontados como relevantes para o desenvolvimento e desempenho desses profissionais, a saber, a autoeficácia e o bem-estar subjetivo.

Diante desse contexto, esse projeto tem como preocupação principal uma proposta de intervenção para o desenvolvimento da autoeficácia e bem-estar subjetivo com professores de 5º a 8º série do ensino fundamental. Em relação a autoeficácia, vale esclarecer que tem sido relevantes as contribuições da Teoria Social Cognitiva de Bandura para as pesquisas que explicam e justificam a necessidade de conhecer as interferências desse elemento subjetivo na profissão docente. Trata-se de uma teoria para a qual o ambiente sempre representa limitações e desafios, e para a qual não é a gravidade objetiva da situação que causará efeitos deletérios, mas o pareamento que a pessoa faz entre o peso da dificuldade de origem externa e sua capacidade de enfrentamento (BANDURA, 2004b; 2008).

Assim, o aspecto que torna essa teoria relevante é a ênfase no interacionismo que caracteriza a relação de causalidade recíproca triádica entre os tipos de determinantes: os pessoais, os ambientais e os comportamentais, ou seja, o ser humano não é mero produto do ambiente embora receba dele influências significativas, porem o indivíduo pode assumir mais o controle de sua vida por meios de mecanismos de autoeficácia.

Na concepção de Bandura, a autoeficácia é a percepção do individuo a respeito de suas capacidades no exercício de determinada atividade. Representada pelas “crenças das pessoas a respeito de suas capacidades de produzir determinados

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níveis de desempenho que exercem influência sobre os fatos que afetam suas vidas”.

Essas crenças determinam como as pessoas se sentem, pensam se motivam e se comportam. O autor completa afirmando que um robusto senso de autoeficácia, significa a diferença para a consecução dos objetivos. (BANDURA, 1994,p.71)

Na mesma direção, Martinez e Salanova (2006) ressaltam que as crenças de autoeficácia se constroem baseadas nos juízos sobre as capacidades possuídas.

Ainda que possuam capacidades semelhantes, pessoas com diferentes crenças podem obter êxitos ou fracassos em função dessas diferenças de crenças. Portanto, a autoeficácia afina-se diretamente com as crenças pessoais. Assim, o indivíduo apresenta níveis de autoeficácia elevados ou reduzidos de acordo com os próprios julgamentos em relação as suas capacidades, e, para isso, pode levar em conta diversos fatores que contribuirão para o aumento ou diminuição de suas crenças. Essa crenças podem estar relacionadas a domínios específicos gerando percepção de elevada autoeficácia em determinado domínio e baixa percepção em outros (AZZI e POLYDORO, 2006).

Retomando Bandura (1977), as crenças de autoeficácia ajudam a determinar quanto esforço a pessoa vai dedicar a uma atividade, quanto tempo elas perseverarão ao se defrontarem com obstáculos e o quanto serão resilientes frente a situações adversas.

A autoeficácia docente tem, dessa forma, emergido como uma variável relevante no contexto educativo e sua investigação tem provado que as crenças dos professores afetam os objetivos, aspirações profissionais, a dedicação ao planejamento e organização das atividades, o entusiasmo em sala de aula assim como as atitudes para mudanças. A esse respeito, Bembenutty (2006) afirma, inclusive, que a autoeficácia docente aparece como um fator que influencia significativamente as atitudes dos professores a ajudar os alunos nas suas realizações, a vontade de motivá-los para as aprendizagens, a orientação do seu próprio desenvolvimento profissional e o seu nível de satisfação.

Assim como a autoeficácia, bem-estar subjetivo (BES) tem sido um construto que vem despertando interesse em estudiosos da educação. Martin Seligman é um representante teórico que tem trazido importantes contribuições para a compreensão do BES. O referido autor é um expressivo representante da Psicologia Positiva, área de conhecimento das ciências psicológicas que tem como principal preocupação

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ampliar o campo e modificar o foco dos estudos, ou seja, a Psicologia não estar restrita apenas a reparar o que está errado ou ruim, mas (re) construir qualidades positivas, ele afirma que o tratamento psicológico e as pesquisas não devem pretender apenas consertar ou descobrir o que está “quebrado” ou não funciona, mas fomentar e nutrir o que existe de melhor nos indivíduos (SELIGMAN, 2002).

A Psicologia Positiva, portanto, oferece espaço para a investigação empírica dos aspectos virtuosos a partir de métodos científicos rigorosos. Seligman (2003) identifica três importantes pilares para a investigação nessa perspectiva: 1) a experiência subjetiva; 2) as características individuais-forças pessoais e virtudes; 3) as instituições e comunidades.

A experiência subjetiva refere-se aos estudos sobre o bem-estar subjetivo, experiências positivas ocorridas no passado, e no presente, a aspectos como felicidade e transcendência, como no futuro às relacionadas à esperança e ao otimismo. Já, sobre as características individuais, são focalizados estudos relacionados a capacidade de afeto, o perdão , a espiritualidade, o talento e a sabedoria.

A consideração do terceiro pilar, representado pelas instituições e comunidades, tem exigido que sejam compreendidos o funcionamento dos grupos, as virtudes cívicas e a composição de instituições que possibilitam mudanças dos indivíduos como melhores cidadãos, mais responsáveis, altruístas e tolerantes. Para a Psicologia Positiva investigar esses fatos pode ser eficaz na prevenção de problemas relacionados ao comportamento humano. Em especial, esse estudo trará fundamentos para clarificar o conceito de bem-estar subjetivo, um dos construtos dessa vertente.

No decurso da sua história e evolução o bem-estar subjetivo foi caracterizado como um conceito abrangente e conceitualmente difuso, após certa crise inicial chegou-se a um consenso: o conceito é composto por uma dimensão cognitiva, de satisfação com a vida em termos globais ou específicos e de uma dimensão emocional, positiva ou negativa, expressa também em termos globais, de felicidade, ou em termos específicos, através das emoções (DIENER, 1996).

Nos escritos do mesmo autor, ele aponta três aspectos do bem estar subjetivo que são importantes de serem destacados: o primeiro é a subjetividade- o bem estar reside dentro da experiência individual; o segundo consiste em entender que o bem-

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estar não é apenas a ausência de fatores negativos, mas também a presença de fatores positivos e o terceiro salienta que o bem-estar inclui uma medida global e não somente uma medida limitada de um aspecto da vida (DIENER, 1984).

É possível, pois inferir, que uma pessoa com elevado sentimento de bem-estar apresenta satisfação com a vida, a presença de afeto positivo e relativa ausência de afeto negativo. Os afetos positivos ou negativos, estão relacionados a frequência de emoções positivas ou negativas que o individuo é exposto. Portanto um indivíduo que apresenta um alto nível de afetos positivos experenciará uma maior quantidade de emoções positivas em relação as negativas o que ocorrerá nos diversos contextos nos quais se insere, inclusive no contexto laboral (SELIGMAN, 2003). Assim, justifica-se a intenção maior dessa pesquisa.

Objetivo Geral

Avaliar a eficácia de uma proposta de intervenção para o desenvolvimento da autoeficácia e bem-estar subjetivo com professores dos 1º a 5º anos do ensino fundamental.

Objetivos Específicos

Verificar os níveis de autoeficácia e bem-estar subjetivo de docentes através de dois instrumentos de medida;

Investigar o nível de bem–estar subjetivo dos docentes, a satisfação com o trabalho, com o salário; analisar o nível de autoeficácia desses docentes, a relação entre a percepção de autoeficácia e o reflexo da mesma na ação docente.

Realizar encontros temáticos que favoreçam a discussão sobre autoeficácia e bem-estar.

Metodologia

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Participantes

Irão compor a amostra do estudo dez docentes de ambos os sexos que lecionem para crianças que cursam do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede municipal do interior do Estado de São Paulo. Vale esclarecer que não serão convidados os professores de disciplinas específicas que atuam nesse segmento de ensino, mas sim, os professores polivalentes.

Instrumentos

Escala de Autoeficácia do Professor (Polydoro e cols, 2004) - possui 24 itens e opção de resposta com intervalo de 1 a 6 pontos A escala está organizada em dois fatores sendo: Fator 1 – Intencionalidade da Ação Docente; Fator 2 – Manejo de Classe.

Escala de Afetos Positivos e Negativos Zanon (EAZ) - constitui-se de uma escala Likert de 5 pontos, é composta por 20 afirmações que descrevem sentimentos e emoções passadas e presentes. O instrumento é autoaplicável, sendo necessária apenas a folha de resposta, a qual contém a descrição dos itens.

Procedimentos de Coleta e Análise de Dados

O projeto será encaminhado para aprovação do CEP – Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. No primeiro contato os participantes, serão informados os objetivos do estudo bem como solicitado que os participantes assinem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para a coleta de dados serão realizados, inicialmente encontros individuais com os participantes em data e horário pré- estabelecidos pelo responsável da instituição escolar. Será reservada uma sala para que sejam asseguradas as condições de sigilo e adequação ambiental para a aplicação dos instrumentos (escalas). Na seqüência, serão apurados os resultados dos participantes em cada instrumento para que seja organizada a devolutiva dos resultados e a realização de uma entrevista. Os resultados das escalas e os conteúdos revelados nas entrevistas irão pautar a estruturação dos encontros de intervenção. Assim como na etapa anterior (entrevistas) os encontros serão realizados pela pesquisadora na própria escola, em dia e horários estabelecidos pela direção.

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Para avaliar os resultados da intervenção serão recolhidas devolutivas verbais a cada encontro e reaplicação das escalas ao término do processo.

Considerações Finais

Analisando as produções científicas sobre autoeficácia e bem-estar subjetivo docente, fica claro que muitos teóricos estão se preocupando com o assunto, o que é comprovado pelo aumento expressivo de produções na última década. Porém verificou–se um número incipiente de estudos que tragam propostas de intervenção direcionadas para o desenvolvimento do bem-estar e autoeficácia no contexto escolar, em especial com professores. Assim, justificam-se os objetivos do presente projeto.

Espera-se que os achados desta pesquisa, tragam resultados que favoreçam uma compreensão mais ampla para os professores acerca da subjetividade em suas carreiras.

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Referências

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