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ESTUDO DAS PROPRIEDADES BÁSICAS DO ÓLEO DE CARNAÚBA PARA USO COMO BIOLUBRIFICANTE

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Academic year: 2021

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ESTUDO DAS PROPRIEDADES BÁSICAS DO ÓLEO DE CARNAÚBA

PARA USO COMO BIOLUBRIFICANTE

Synara Lucien de Lima Cavalcanti, synara2004@hotmail.com1

José Ubiragi de Lima Mendes, ubiragi@ct.ufrn.br1

Rudson de Souza Lima, rudsonsouza@yahoo.com.br1

Fernanda Alves Ribeiro, alves@ufersa.edu.br2

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caixa postal 1524 - Campus Universitário Lagoa Nova, CEP:

59078-970, Natal-RN, Brasil.

2Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Francisco Mota, 572, Bairro Costa e Silva, CEP: 59.625-900,

Mossoró-RN, Brasil.

Resumo: A busca por novas fontes alternativas de produção de lubrificantes faz-se necessário para suprir futuras

demandas e diminuir os possíveis danos ambientais que os produtos derivados do petróleo podem gerar. O óleo vegetal é uma alternativa viável, pois é um recurso renovável, biodegradável e a sua utilização implica em vantagens nos aspectos ambientais, sociais e econômicos, e em sua grande maioria, apresentam resultados satisfatórios em suas propriedades quando comparado com os óleos minerais. Este estudo analisa pioneiramente as propriedades básicas de um óleo de origem vegetal, extraído a partir das sementes de carnaúba, uma palmeira endêmica do semiárido do nordeste brasileiro. As propriedades básicas analisadas do óleo de carnaúba foram a densidade, em temperatura ambiente, a 40° C e a 100° C; ponto de fulgor e ponto de combustão, através do método ASTM D92.

Palavras-chave: óleo de carnaúba, biolubrificante, ponto de fulgor, ponto de combustão, densidade.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente pode ser observada uma crescente linha de pesquisa para reduzir o uso de derivados do petróleo, com o intuito principal de diminuir os danos ao meio ambiente, que podem ser gerados tanto a partir de um acidente ou até mesmo um descarte inadequado de certos produtos.

O Brasil vem se destacando no setor de energias renováveis, e um segmento que vem crescendo é o de biolubrificantes, ou seja, lubrificantes de base vegetal. Com o desenvolvimento dos biolubrificantes os impactos ambientais são notavelmente diminuídos, visto que os lubrificantes de base vegetal são mais biodegradáveis que os lubrificantes de base mineral. E esta característica implica também na redução de custos no que diz respeito ao descarte de um biolubrificante usado.

Lubrificantes à base de matérias-primas renováveis e seus derivados estão chamando atenção devido às suas várias aplicações. Aqui, a consciência ambiental é o fator chave de sucesso (WAGNER et al., 2001).

O desenvolvimento deste estudo tem por objetivo analisar o óleo vegetal extraído da semente de uma palmeira comum no nordeste brasileiro, a carnaúba. A carnaúba tem por nome científico copernicia cerifera, é uma árvore da família Palmae e é endêmica no semi-árido do nordeste brasileiro (RODRIGUES, 2004).

Os óleos vegetais analisados em estudos recentes apresentam resultados satisfatórios em suas propriedades quando comparado com os óleos minerais.

A estrutura molecular dos óleos vegetais são formadas de triglicéridos que fornecem qualidades desejáveis de um lubrificante. Formando películas de lubrificante de alta resistência, que interagem fortemente com superfícies metálicas, reduzindo tanto o atrito e desgaste (FOX et al., 2007).

As principais propriedades térmicas, físicas e químicas analisadas em um óleo lubrificante são: a viscosidade, índice de viscosidade, ponto de fulgor, ponto de combustão, índice de acidez, corrosão ao cobre e a massa específica.

Neste estudo foram analisadas a densidade, ponto de fulgor e ponto de combustão do óleo de carnaúba.

O ponto de fulgor indica a menor temperatura na qual o óleo desprende uma quantidade de vapores, que misturado com o ar, torna-se inflamável quando aplicado uma chama. E o ponto de combustão é a temperatura em que o óleo inflama durante um tempo mínimo, mesmo sendo retirada a chama.

Analisa-se os pontos de fulgor e de combustão para estabelecer a máxima temperatura de utilização de um lubrificante, conseqüentemente em qual sistema ele pode atuar sem riscos de incêndio e/ou explosão.

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Já a determinação da massa específica de um lubrificante indica se houve contaminação ou deterioração, que possa vir a ocorrer após seu uso em um sistema mecânico, a densidade de óleos lubrificantes novos não tem nenhum significado quanto à sua qualidade sendo importante apenas na conversão de litros em quilos e vice-versa.

A massa específica ou densidade absoluta é a relação entre a massa e o volume de um determinado material a uma dada temperatura e pressão atmosférica. A densidade depende do tipo de substância, mas é em geral influenciada pela temperatura e pela pressão (BIANCO, 2013).

2. METODOLOGIA

O óleo de carnaúba utilizado nos ensaios foi extraído no Laboratório de Processos de Separação, para uma maior segurança com relação a sua pureza. Após a extração foram desenvolvidos os ensaios de densidade, no Laboratório de Mecânica dos Fluidos; e ponto de fulgor e ponto de combustão, no Núcleo de Pesquisa em Petróleo e Gás - NUPEG, todos situados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

2.1. Densidade

Para calcular a massa específica do óleo de carnaúba, utilizam-se os seguintes materiais e equipamentos:  Instrumento picnômetro com capacidade de 10 mL;

 Balança digital;  Estufa;

 Água destilada;  Óleo de carnaúba.

Primeiro é medida a massa do picnômetro vazio, depois se mede novamente sua massa, mas agora com a água destilada preenchendo todo o seu volume, com o intuito de descobrir o valor da massa da água destilada, Fig. 01.

Figura 01: Balança e picnômetro de 10 mL utilizados.

Em posse dos valores da massa da água destilada e de sua massa específica para a temperatura de ensaio, é conhecido então o volume real do picnômetro, Eq. 01.

(01) Onde “VP” é o volume do picnômetro, “mA” a massa da água destilada e “ρA” a massa específica da água destilada

na temperatura de ensaio.

Depois se descarta a água e seca-se o picnômetro para não ficar com resíduo da água. Então é preenchido todo seu volume com o óleo de carnaúba e realizada a medida de sua massa, agora com o óleo, Fig. 02.

VERSÃO

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Figura 02: Medição da massa do picnômetro com o óleo de carnaúba; em destaque o picnômetro com o óleo de carnaúba.

Este procedimento foi realizado nas temperaturas de 26ºC, 40ºC e 100°C, com pressão atmosférica definida como sendo 1 atm. Após obter os valores das massas das amostras do óleo de carnaúba definidos para cada temperatura, substituem-se esses valores na Eq. 02, para encontrar as respectivas massas específicas.

(02) Onde “ρ” será a massa específica do óleo de carnaúba, “m” a massa do óleo de carnaúba e “VP” o volume do

picnômetro.

2.2. Ponto de Fulgor e Ponto de Combustão

Para realizar o ensaio de ponto de fulgor e ponto de combustão, de acordo com a norma ASTM D-92, foram utilizados os seguintes materiais e equipamentos:

 70 mL de óleo de carnaúba;  Termômetro;

 Equipamento Petrotest PM4.

O óleo de carnaúba é colocado no recipiente do equipamento Petrotest PM4, Fig. 03, é inserido o termômetro no local indicado, acende-se a chama e aciona-se o equipamento. A temperatura inicial foi de 35° C e pressão atmosférica definida como sendo 1 atm.

À medida que o equipamento aquece o óleo uniformemente, e a cada acréscimo de 2° C na temperatura, passa-se a chama por sobre o óleo de carnaúba contido no recipiente do equipamento.

Figura 03: Equipamento Petrotest PM4.

No momento em que há a inflamação dos gases expelidos pelo óleo aquecido, somente com a presença da chama, a temperatura mostrada no termômetro é o ponto de fulgor.

E no momento em que há a inflamação dos gases expelidos pelo óleo aquecido, mesmo com a remoção da chama, a temperatura mostrada no termômetro é o ponto de combustão.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As massas específicas, ou densidades, obtidas do óleo de carnaúba podem ser observadas na Tab. 01:

Tabela 01: Densidade do óleo de carnaúba.

Temperatura (ºC) Densidade (g/cm³) Desvio Padrão 26 0,9139 0,0021 40 0,9022 0,0030 100 0,8569 0,0023

Ao comparar os valores de densidade da Tab. 01 com valores de densidade de óleos vegetais existentes na literatura é percebido que os valores são similares, não apresentando diferenças consideráveis. Segundo Brock et al 2008, a densidade dos óleos vegetais são descritos na Fig. 03.

Figura 03: Densidade de diferentes óleos vegetais à temperatura ambiente (25 °C variando em até 1°C).

Também e possível observar que com o aumento da temperatura o óleo expande, ou seja, ocupa o mesmo volume com uma massa menor, característica também observada nos óleos minerais.

Os pontos de fulgor e de combustão do óleo de carnaúba de acordo com a média dos resultados obtidos, são descritos na Tab. 03:

Tabela 03: Ponto de fulgor e de combustão do óleo de carnaúba.

Ponto de Fulgor (ºC) Ponto de Combustão (ºC)

155 220

O óleo de carnaúba apresenta valores satisfatórios de ponto de fulgor e ponto de combustão, demonstrando a possibilidade de utilização em sistemas mecânicos com temperatura de trabalho acima da temperatura ambiente.

4. CONCLUSÕES

O óleo de carnaúba apresenta ótimos valores em seus resultados de densidade, similares aos valores de outros óleos vegetais. Diante das análises, o óleo de carnaúba demonstrou resultados satisfatórios, apresentando uma boa correlação para sua aplicação como biolubrificante. No entanto, ainda são necessários ensaios adicionais, considerando-se que este estudo é pioneiro na engenharia.

Os resultados deste estudo também serão de grande valia para a área acadêmica, pois se trata de uma forma de difundir novos conhecimentos sobre materiais biolubrificantes.

5. REFERÊNCIAS

WAGNER, H.; LUTHER, R.; MANG, L. “Lubricant base fluids based on renewable raw materials their catalytic manufacture and modification”. Elsevier; n 221; p. 429-442; 2001.

RODRIGUES, V. P. “Copernicia Cerifera Mart.: Aspectos Químicos e Farmacológicos de uma Palmeira Brasileira”. Tese apresentada como um dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas junto à Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Rio de Janeiro, Junho de 2004.

QUEIROGA, V. P.; RAMOS, G. A.; ASSUNÇÃO, M. V.; ALMEIDA, F. A. C. “Carnaubeira: Tecnologias de Plantio e Aproveitamento Industrial”. 1ª Edição; Editora Universidade de Campina Grande; 2013.

OLIVEIRA, A. K. C.; SILVA, L. H. N.; SILVA, L. L. N.; OLIVEIRA, K. R. R.; SILVA, S. I. F.; COSTA, A. C. J. “Produção e avaliação comparativa do biodiesel de soja e biodiesel de linhaça através de dois métodos de preparação aplicados aos óleos vegetais”. In: Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2012,Tocantins. MATOS, P. R. R. “Utilização de Óleos Vegetais como Bases Lubrificantes”. Dissertação de mestrado Universidade

de Brasília; Brasília 2011.

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FOX, N.J.; STACHOWIAK, G.W. “Vegetable oil-based lubricants - A review of oxidation”. Elsevier; Tribology International; n. 40; p. 1035–1046; 2007.

BROCK, J.; Nogueira, M. R.; ZAKRZEVSKI, C.; CORAZZA, F. C.; CORAZZA, M. L.; OLIVEIRA, J. V. “Determinação experimental da viscosidade e condutividade térmica de óleos vegetais”. Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.28 no.3 Campinas July/Sept. 2008.

6. RESPONSABILIDADE AUTORAL

“Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”.

STUDY OF THE BASIC PROPERTIES OF CARNAUBA OIL FOR USE AS

BIOLUBRICANT

Synara Lucien de Lima Cavalcanti, synara2004@hotmail.com1

José Ubiragi de Lima Mendes, ubiragi@ct.ufrn.br1

Rudson de Souza Lima, rudsonsouza@yahoo.com.br1

Fernanda Alves Ribeiro, alves@ufersa.edu.br2

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Mail box 1524 - Campus Universitário Lagoa Nova, CEP: 59078-970,

Natal-RN, Brazil.

2Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Francisco Mota, 572, Bairro Costa e Silva, CEP: 59.625-900,

Mossoró-RN, Brazil.

Abstract. The search for alternative sources of production of lubricants is necessary to meet future demands and

reduce the possible environmental damage that petroleum products can generate. Vegetable oil is a viable alternative because it is a renewable, biodegradable and their use implies advantages in environmental, social and economic aspects of resource, and mostly, have satisfactory results in their properties compared to mineral oils. This pioneering study examines the basic properties of an oil of vegetable origin, extracted from the seeds of carnauba, an endemic palm in the semiarid region of northeastern Brazil. The basic properties of the analyzed carnauba oil were the density, room temperature, 40 ° C and 100 ° C, flash point and fire point by ASTM D92 method.

Keywords: Carnauba Oil, biolubricant, flash point, fire point, density.

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