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II Simpósio Nacional de Empreendedorismo Social Enactus Brasil VIABILIDADE MERCADOLÓGICA DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO BRASIL: UM ESTUDO MULTICASOS.

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VIABILIDADE MERCADOLÓGICA DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO BRASIL: UM ESTUDO MULTICASOS.

Vitoria Minto Pinatto Graduação em Gestão do Agronegócio - UNICAMP Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

vpinatto@gmail.com Christiano França da Cunha Doutor em Administração – Universidade de São Paulo (USP) Programa de Mestrado e Doutorado em Administração - UNICAMP

christiano.cunha@fca.unicamp.br 04 – Negócios Sociais e Desenvolvimento Econômico 06 – Sustentabilidade Econômica e Socioambiental

Resumo

Este trabalho teve como objetivo analisar a viabilidade mercadológica do empreendedorismo social no Brasil, dada a sua relevância em um país que carece por mais negócios que impactem positivamente a sociedade brasileira. Para isso realizou-se com uma revisão conceitual de empreendedorismo, empreendedorismo social e negócios sociais no Brasil, mostrando a evolução destes os conceitos. Para complementar esta revisão realizou-se uma pesquisa exploratória qualitativa com 14 empresas do ramo, localizadas nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil. A pesquisa descreveu as informações institucionais de cada empresa, expondo as facilidades, dificuldades e orientações em ter um empreendimento social no Brasil e conclui-se, com base nestas informações, que é viável ter um negócio social no país.

Palavras-chave: negócios sociais; empreendedorismo social; empreendedor; inovação;

sustentabilidade econômica.

Introdução

A atual realidade Brasileira de carência por políticas públicas sociais suficientes para a melhoria da condição de vida desta sociedade cria uma possibilidade de tentativas de mudar essa realidade. Essa mudança pode vir de forma privada ou pode também ser um empreendimento com o intuito de mudar a realidade de vida destas pessoas.

Esta ideia de poder colaborar para esta melhoria vem mobilizando muitas pessoas, gerando possibilidades de empreender, ser bem sucedido e ter como lucro e um impacto social

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ao mesmo tempo. Dias (2016) relata que o número de empresas de impacto social é crescente e que além de auxiliar a população carente estas são lucrativas.

O número de negócios sociais no Brasil cresce já que há uma aumento dos progressos na redução de pobreza, do desemprego, na distribuição da renda e das políticas sociais na América latina (BÁRCENA et al, 2012). Ou seja, há um déficit na educação, nas oportunidades de trabalho, na distribuição de renda, na saúde, abrindo espaço para novas empresas modificarem a realidade social brasileira.

O aumento dos negócios sociais no Brasil contribui para proposta de um estudo de análises sobre estes negócios, buscando-se esclarecer algumas questões aos atuais e/ou futuros empreendedores sociais neste país. Assim sendo a principal questão a ser respondida neste trabalho será : o empreendedorismo social é viável mercadologicamente no Brasil?

O tema é relevante pois tem por objetivo ampliar o conhecimento deste assunto de crescente importância e interesse por parte de mais pessoas que querem se tornem empreendedoras sociais e impactem a vida da comunidade local, regional e/ou nacional.

Ter o acesso as informações sobre a viabilidade mercadológica do empreendedorismo social no Brasil poderá colaborar para entender as facilidades e os gargalos neste negócio possibilitando mais pessoas tornem-se empreendedores sociais, ou seja, "indivíduos com soluções inovadoras para os problemas sociais mais prementes da sociedade.” (ASHOKA, 2016, p.1).

Empreendedorismo social no Brasil

É necessário entender no primeiro momento o que é empreendedorismo. Menezes (2007, p. 73) diz que empreendedorismo “é a arte de fazer acontecer com motivação, criatividade e inovação... aprendizado pessoal, que impulsionado pela motivação, criatividade e iniciativa, busca a descoberta vocacional, a percepção de oportunidades e a construção de um projeto de vida ideal.” Já Drucker (1974) relata que empreendedorismo não é uma ciência e nem arte mas sim uma prática e introduz uma compreensão atual do empreendedorismo – a busca por oportunidades.

Já Mair e Marti (2005) relatam que o conceito de empreendedorismo social é pouco definido, mas Oliveira (2008) diz que o conceito vem causando impacto e tendo notoriedade na mídia, contribuindo para a adesão de diversos segmentos da sociedade.

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YUNUS (2010) define negócios sociais como um empreendimento criado para resolver um problema social e gerar rendas que cubram as despesas, gerando excedentes que devem reinvestidos na expansão e melhoria do negócio social.

Com o objetivo de conhecer a realidade atual deste tipo de negócio uma pesquisa exploratória foi feita (GIL, 2008) e a coleta de dados foi feita com a utilização de um questionário estruturados com perguntas abertas e fechadas aplicado aos pesquisados. Este instrumento de coleta de dados foi enviado por e-mail para as empresas e obteve-se as respostas de 14 negócios sociais.

Análise e discussão dos resultados

O perfil das empresas é variado, contendo setores, regiões e clientes diversos, como pode ser visto no Quadro 1. Estas estão localizadas nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil.

Quadro 1: Perfil das Empresas Pesquisadas

Empresa Região Setor Clientes

Empresa A Sul Habitação/Comunidade Proprietários de áreas e comunidades de assentamentos Empresa B Sudeste Serviços Financeiros Fintechs de produtos financeiros e bancos médios Empresa C Nordeste Comércio/Exportação de

produtos artesanais

Empresas que compram brindes corporativos ou que contratam o serviço, consultorias, consumidores finais de artesanato

Empresa D Sudeste Saúde Empresas privadas (sem planos de saúde aos funcionários), ONGs, governo

Empresa E Sudeste Serviços Financeiros Microempreendedores do Interior do Nordeste

Empresa F Sul Energia Consumidores de energia

Empresa G Sudeste Políticas públicas/Impacto social

Governo, fundações, institutos, empresas com ações de impacto social

Empresa H Sudeste Serviços Ambientais Pessoas que almejam compensar suas emissões de carbono e que precisam fazer compensação de reserva legal

Empresa I Sudeste Serviços Financeiros

Investidores e empreendedores

Empresa J Sudeste Moda Empresas, projetos, eventos

Empresa K Sudeste Educação/Saúde

Todas as classes (B-C), empresas, contrato (B-B) Empresa L Nordeste Tecnologias inclusivas

Usuários de smartphones

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Fonte: Dados da Pesquisa

Observa-se que o público-alvo das empresas estudadas não é restrito a baixa renda (SEBRAE, 2016), mas sim a todas as classes sociais. As entrevistadas iniciaram os seus negócios ao identificar uma necessidade na sociedade e tentarem atender esta demanda, como qualquer empreendimento existente (KOTLER, 2000). A particularidade observada é que essa necessidade transformada em negócio gera o lucro aos seus fundadores, mas também para contribuir com a sua comunidade.

Teve-se a ideia de dar acessibilidade a um serviço que antes não existia a toda a população brasileira (EMPRESA E, 2016). Ou a empresa K que iniciou seu negócio para solucionar um aspecto importante na sociedade brasileira, que afeta diretamente na educação do país, o problema de visão, que é o maior motivo de evasão escolar (22,90%), e a partir dessa realidade a empresa produz óculos de baixo custo (EMPRESA K, 2016).

A pesquisa analisou também como as empresas acreditam impactar a sociedade de forma positiva e conclui-se que cada uma impacta de forma diferente na sociedade. Por exemplo a Empresa J faz isso ao inserir uma nova prática de consumo, pois para cada camiseta vendida, uma nova é doada para uma criança que precisa (EMPRESA J, 2016).

A pesquisa revelou que as dificuldades em ter um empreendimento social no Brasil são altas, principalmente devido a falta do apoio do Estado; a falta de legislação específica; e de incentivos fiscais, econômicos, financeiros.

Como a Empresa D relata: “A empresa não tem nenhum benefício por ser um negócio social; competimos com empresas gigantes do mercado e sempre perdemos em licitações, não temos nenhum tipo de incentivo fiscal, econômico ou financeiro” (EMPRESA D, 2016). Esta opinião da falta de incentivos e apoio por parte do Estado é citada em 9 das 14 empresas analisadas.

É importante evidenciar que os negócios sociais, como qualquer outra empresa, é apto a utilizar quaisquer das políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo no Brasil, porém, como foi enfatizado pelas 9 empresas há esta carência de incentivos específicos. A empresa G relatou que além esta falta de incentivos há a dificuldade do equilíbrio financeiro e impacto social (EMPRESA G, 2016).

Duas empresas entrevistadas evidenciam que a instabilidade econômica atual do Brasil. Já a empresa N expõe a dificuldade para achar e convencer acionistas e investidores a

Empresa M Sudeste Comércio

Consumidores finais de artesanato, empresas Empresa N Sudeste Saúde Hospitais e planos de saúde

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investir em empresas que possuem um viés social complementar ao lucro, visto que o Brasil carece deste tipo pessoas.

É importante evidenciar que também há facilidades nesse tipo de negócio no Brasil, devido a nossa diversidade cultural, social e ao fato de ter muitas pessoas dispostas solucionar nossas demandas sociais (Empresa A).

Esta mão de obra acessível e as oportunidades para o surgimento de novas empresas para solucionar os problemas sociais no país foi confirmada por seis entrevistadas. Porém, isso não é consenso, pois para cinco empresas não existem facilidades no empreendimento social no Brasil, independente da área de atuação.

Também observa-se que há uma melhoria da visão da sociedade brasileira dos negócios sociais, ainda longe do ideal, comparando com os EUA, em que há ações para propagar e desenvolver esse tipo de empreendimento, mas o setor está se desenvolvendo e adquirindo respeito da população (EMPRESA K, 2016).

Além disso a crescente visibilidade dos negócios sociais na mídia, através de concursos com prêmios no Brasil e no exterior, colabora para incentivar o empreendedor e gera mais adeptos a estes negócios (EMPRESA D, 2016).

Para evitar estas dificuldades é importante uma aceleradora de negócios sociais (EMPRESA B, 2016), a participação em conferências, cursos e a leitura de revistas da área (EMPRESA H, 2016). As entrevistadas indicam que a persistência e a dedicação são características marcantes de um empreendedor em geral, mas é admirável ter a ideia e transformá-la para impactar inúmeras pessoas positivamente.

É necessário conduzir seu empreendimento com “paixão e amor; dedicação;

perseverança; planejamento; estratégia e humildade” (EMPRESA C, 2016). Além disso quatro empresas indicam que a resiliência e um bom modelo de negócios são características essenciais para manter um empreendimento no país. Já duas empresas ressaltaram a importância de estudar bastante sobre a área em que vai atuar e estar a par das notícias e novidades do setor.

Por fim, destaca-se que deve-se conhecer o público alvo, o produto, os concorrentes, ter um planejamento financeiro, metas claras, aprender com os erros e mudar rápido, conversar com outros empreendedores e saber que o caminho não é fácil, mas é compensador (Empresa G, 20016).

Assim nota-se que ter um empreendimento no Brasil não é fácil, pois existem barreiras ao crescimento do negócio no país. Contudo existem facilidades que devem ser consideradas quando se tem a atitude de mudar sua comunidade local, regional ou mundial. Os fatores

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negativos não podem superar os positivos quando se tem vontade de transformar a realidade do país positivamente.

Considerações finais

Conclui-se que, baseado nos resultados expostos, é possível dizer o empreendimento social no Brasil é viável mercadologicamente, pois há um balanço positivo entre as facilidades e dificuldades encontradas. Esta viabilidade também se deve à vasta possibilidade existente em investir em muitos setores e segmentos que tem carência por melhorias no país.

Os perfis dos clientes são diversos e não se restringindo apenas as classe C, D ou E. O importante é ter consciência como o impactar a sociedade positivamente, como por exemplo utilizando mão de obra carente para a elaboração dos produtos, atuando na cadeia de valor desta produção.

Nota-se que a atuação de jovens empreendedores em negócio social está aumentando, devido ao aumento da difusão sobre a possibilidade de empreender gerando lucro e impacto social. Esta alternativa é atrativa para esse público, que possui cada vez mais consciência da situação social e econômica em que o país se encontra.

Observa-se que, o empreendimento social tem, além das mesmas dificuldades de outras empresas no Brasil, que alinhar a geração de lucros e valor social. Estes problemas advêm geralmente do governo, que impõe altos impostos e não incentivam os empreendimentos em geral, causando maiores estragos para este tipo de negócio devido a concorrência com grandes empresas. Além disso, por falta de conhecimento, muitos consumidores acabam comprando produtos destas grandes marcas ao invés de escolher produtos de empresas com valor social, que dificulta esta sua maior inserção no mercado.

Mesmo com a existência de organizações de auxílio aos empreendedores sociais, nota- se que estas não são suficientes devido a reclamação de falta de apoio a eles. Nota-se que instabilidade econômica pela qual o país passa, causa dificuldades para a abertura deste qualquer tipo de negócio, já que este processo requer capital, tempo e oportunidade para dar certo. Estes pontos unidos com os elementos já citados não colaboram com o crescimento e abertura de negócios dos diversos setores, dentre eles os sociais.

Referências

ASHOKA. Site institucional. Disponível em: <http://www.ashoka.org/>. Acesso em 22 abril de 2016.

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BÁRCENA, A. et al. Panorama Social de América Latina. Santiago de Chile: United Nations Publications, 2012.

DIAS, R. Caridade não, é negócio. C&S, n. 42, p. 49-51, 2016. Disponível em: <

http://www.fecomercio.com.br/CMS-Site/Files/Uploads/5/2016-03-10/14430.pdf>. Acesso em: 8 de out. 2016

DRUCKER, P. F.. O Gerente Eficaz. São Paulo: Zahar, 1974.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

MAIR, J.; MARTÍ, I. Social entrepreneurship research: A source of explanation, prediction, and delight. Journal of World Business, n. 4, v.1, p. 36-44, 2005

MENEZES, R. Metodologia para Gestão do Processo de Formação Empreendedora em Universidades. Locus Científico, v. 1, n. 4, p. 72-82, 2007.

OLIVEIRA, E. M. Empreendedorismo social: da teoria à prática, do sonho à realidade.

São Paulo: Qualitymark, 2008.

SEBRAE. Negócios Sociais – Uma maneira inovadora de empreender e promover o bem.

São Paulo: SEBRAE, 2013.Disponível em: < http://maratonadenegociossociais.com.br/sc/wp- content/themes/maratona/file/cartilha_ns_ii.pdf > Acesso em: 20 de set. 2016.

YUNUS, M. Criando um negócio social: Como iniciativas economicamente viáveis podem solucionar os grandes problemas da sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

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