Alteração comportamental induzida pelo fungo Ophiocordyceps camponoti-atricipis (Ophiocordycipitaceae) em Camponotus atriceps (Formicidae) na Apa da Serra de
Baturité - Ceará
Francisco Ageu de Sousa Nóbrega1, Jober Fernando Sobczak2, Joedson Castro Pires3, Paulo Julião Queiroz Rabelo4
Resumo: Parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos
necessários à sua sobrevivência, na natureza podemos observar diversos casos deste tipo de interação. Este projeto tem como finalidade coletar informações sobre a interação que ocorre entre o fungo Ophiocordyceps camponoti-atricipis (Ophiocordycipitaceae) e formigas Camponotus atriceps (Formicidae). Dados relacionados ao ataque, desenvolvimento e reprodução do fungo foram analisados, de forma que se possa entender de uma maneira mais ampla a interação. O projeto foi realizado na APA da Serra de Baurité, uma região que apresenta vestígios de mata atlântica, com árvores de médio e grande porte, seu clima varia de úmido a seco de acordo com a época do ano. O trabalho foi realizado em dois momentos, onde o primeiro foi uma frequência realizada por meio de coletas periódicas com intervalos de quinze dias, buscando ter uma visão sobre a taxa de infeção do fungo na área, a segunda atividade foi realizada no sítio São Luís localizado em Pacoti-ce, uma coleta única de cinquenta indivíduos, para que análises de parâmetros da interação pudessem ser observados e entendidos. Após as coletas de dados, analisamos dentre outras coisas que a medida que a estiagem chegou ao local, foi percebido que a taxa de infecção na área caia progressivamente, com algumas oscilações, mas sempre com números abaixo das coletas realizadas no fim da estação chuvosa.
Palavras-chave: Parasitas. Interação. Pacoti. Infecção.
INTRODUÇÃO
Parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos necessários à sua sobrevivência, na natureza podemos observar diversos casos deste tipo de interação. Este projeto tem como finalidade coletar informações sobre a interação que ocorre entre o fungo Ophiocordyceps camponoti-atricipis (Ophiocordycipitaceae) e formigas Camponotus atriceps (Formicidae). Espera-se que informações não registradas
1 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências
Exatas e da Natureza, e-mail: ageunobrega@gmail.com
2 Universidade da integração internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências
Exatas e da Natureza, e-mail: jobczak@unilab.edu.br
3 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências
Exatas e da Natureza, e-mail: joedson.pires@gmail.com
4 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências
anteriormente sejam coletadas. Dados relacionados ao ataque, desenvolvimento e reprodução do fungo serão analisados, de forma que se possa entender de uma maneira mais ampla a interação. O projeto está sendo realizado na APA da Serra de Baurité, uma região que apresenta vestígios de mata atlântica, com árvores de médio e grande porte, seu clima varia de úmido a seco de acordo com a época do ano. O trabalho é de grande relevância, uma vez que pode resultar em dados inéditos sobre a interação, além de atrair pesquisas e estudos sobre variados temas para a região, que carece de estudos pelo seu potencial e a falta de trabalho científico no local. O registro desta interação será inédito na região do nordeste brasileiro.
METODOLOGIA
Durante o projeto, duas atividades foram realizadas simultaneamente, a
primeira, uma coleta executada periodicamente em intervalos de quinze dias durante um período de seis meses (31 de dezembro – 25 de Junho) nas dependências da APA Campo de Batalha em Guaramiranga – Ceará ( S: 04° 15’ 48’’ ; W: 38° 55’ 59’’), pelo percurso de aproximadamente um quilometro. O objetivo dessa atividade, foi avaliar a frequência de parasitismo na região. A segunda atividade, foi realizada em dois momentos distintos, o primeiro foi uma coleta de espécimes infectados, nas dependências do Sítio São Luís em Pacoti – Ceará (S: 04° 15’ 53’’ ; W: 38° 55’ 59’’). Foram coletados cinquenta indivíduos, juntamente com a base ao qual estavam fixados, após a coleta foram levados ao laboratório de Ecologia do Campus das Auroras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, em Redenção – Ceará. O segundo momento, foi uma atividade de análise, onde foram levados em consideração aspectos como: o tamanho do indivíduo, o tamanho da base na qual o mesmo estava fixado e a espessura do local onde o espécime estava fixado por meio de sua mandíbula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1
Data Espécie Número de indivíduos
31/dez Camponotus atriceps 7
14/jan Camponotus atriceps 7
29/jan Camponotus atriceps 5
15/fev Camponotus atriceps 6
01/mar Camponotus atriceps 0
16/mar Camponotus atriceps 0
31/mar Camponotus atriceps 3
15/abr Camponotus atriceps 4
30/abr Camponotus atriceps 2
14/mai Camponotus atriceps 4
28/mai Camponotus atriceps 0
11/jun Camponotus atriceps 2
25/jun Camponotus atriceps 0
Gráfico 1
• Entre os dias 31 de dezembro e 15 de fevereiro, foi encontrada a maior taxa de infecção da atividade.
• O Mês de Março apresentou uma taxa de infecção igual a zero.
• Após o mês de março as coletas encontraram poucos ou nenhum inseto infectado.
fixados na nervura central da folha. O gráfico 3, nos mostra que não foi observado um padrão na escolha pelo tamanho da folha na qual o hospedeiro se fixaria, independente de tamanho, foram coletados indivíduos em folhas de diversos tipos e formas. Independentemente do tamanho da formiga, o ponto na nervura onde o indivíduo se fixou mediu 0.1 mm. Gráfico 2 Gráfico 3 0 5 10 15 20 25
borda central secundaria secundária
Indivíduos fixados por nervura
0 1 2 3 4 5 3.5 c m 5.0 c m 6.0 c m 6.2 c m 6.5 c m 7.0 c m 7.5 c m 8.0 c m 8.5 c m 9.0 c m 9.5 c m 10.0 c m 10.5 c m 11.0 c m 11.5 c m 12.0 c m 13.0 c m 13.5 c m 14.0 c m 14.5 c m 15 .0 cm 15.5 c m 16.0 c m 16.5 c m 17.0 c m 18 .0 cm 19.0 c m 21.0 c m
CONCLUSÕES
A medida que a estiagem chegou ao local, foi percebido que a taxa de infecção na área caia progressivamente, com algumas oscilações, mas sempre com números abaixo das coletas realizadas no fim da estação chuvosa. Não foi notado qualquer padrão em relação a escolha da folha, diferentes tamanhos e formatos e independentemente do tamanho da formiga, o indivíduo sempre se fixou em nervuras com espessura igual a 1.0 mm.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer inicialmente ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento científico e tecnológico (CNPq) pelo fomento, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB pela estruturação e apoio para a realização das atividades, ao Instituto Sítio São Luís pela receptividade e atenciosidade, por fim aos colegas do grupo de pesquisa que foram de suma importancia para a conclusão deste projeto.
REFERÊNCIAS
Semace – SuperintendênciaEstadual do Meio Ambiente. Zoneamento ambiental da APA da Serra de Baturité:diagnóstico e diretrizes. Fortaleza: 109 p, 1992.
Thomas, F., Adamo, S., Moore, J. Parasitic manipulation: where are we and where should we go? Behavioural Processes. 68(3):185–199. 2005.