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ENTREVISTA COM O PROFESSOR MIHAIZAMFIR

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Academic year: 2021

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ENTREVISTA COM O PROFESSOR MIHAIZAMFIR

Por João Ferreira

O Professor D outor M ihai Zam fir atuou com o Professor Visitante, nas funções de pesquisador e docente do D epartam ento de Teoria Literária e L iteraturas d a U niversidade de Brasília, no ano de 1995. Eis o texto in te g ra l d a e n tre v is ta feita p e lo Prof. D o u to r J o ã o F e rre ira , d a U niversidade de Brasília, p ara a Revista Cerrados.

J O A O F E R R E I R A : G ostaríam os, em prim eiro lugar, que o Prof. M ih a i Z a m fir fize sse su a apresentação. Q u a n d o e onde na sceu, seus estudos superiores, su a carreira u n iversitá ria , na R o m ê n ia e no exterior, sua ligação com a L iteratura, L iteratura Comparada e E stilística teórica, suas atividades cu lturais mais im portantes.

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dias de hoje, isso seria certam ente impossível. M udei de ram o e de rum o várias vezes, sem pre que achei que o dom ínio intelec­ tual em que trabalhava tin h a esgotado suas reservas de curiosida­ de. Estudei a L iteratura R om ena do século XIX, depois a L iteratu­ ra R om ena do nosso século e a L iteratura universal, de um m odo especial as L iteraturas Românicas, a Estilística Teórica e a A plica­ da. Tive a sorte de viver u m ano n a França qu and o tin h a apenas 25 anos, e depois três anos em Portugal. A verdade é que p o u ­ cos intelectuais ro m enos d a m in h a geração tiveram esta o p o rtu ­ nidade. O regim e da d itad u ra em que a Rom ênia viveu d u ran te q u a re n ta anos im p e d iu sistem aticam ente as relações e n tre a R om ênia e o O cidente europeu.

J.F.: Um dos destaques de sua carreira u n iversitá ria é o enfoque dado, em sua atividade de professor, pensador e escritor, à Estilística Teórica. S u a tese de doutoram ento, orientada p o r Pierre G uiraud, p u b lica d a em 1 9 7 1 , tem o títu lo de A Prosa Poética ro m en a do século XI X . G ostaríam os que descrevesse as idéias centrais d efen ­ didas nesse livro . H o u v e a lg u m a in flu ê n c ia m etodológica ou de inspiração, ao p en sa r no tema, do livro de G ustave L a n so n L ’A r t de la Prose, o qual tem um capítulo sobre La phrase artistique du X I X . e siècle, outro sobre Les élém ents artistiques de la phrase a u XI X. e siècle?

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dade de A m sterdam (H olanda), Virgil N em oianu da U niversidade de W ashington (USA) e outros.

Q uan do fiz m eu d ou to ram en to n a França, o estruturalism o do tipo T E L Q U E L e de B arthes parecia invencível. Pessoalm ente, porém , nunca acreditei no estruturalism o extrem ista e dem asiado teórico. Foi p o r isso que um livro tão antigo com o L A rt de la Prose, de Gustave Lanson, m e ofereceu sugestões p a ra a pesqui­ sa em que estava envolvido, ou seja, mais concretam ente, p ara a definição da prosa poética e do p oem a em prosa.

J .F .: L igado visceralm ente à U niversidade, à pesquisa e à E d u ca ­

ção, pela s fu n ç õ e s a d m in istra tiv a s e acadêm icas desem penhadas, descreva como vê a pesquisa, a n ív e l na cio n a l (R o m ê n ia ) e in ter­ nacional, nos estudos de Letras, seus eixos essenciais e as tarefas dos novos pesquisadores frente à teoria e à prática da hermenêutica Literária.

M .Z .: Penso que a pesquisa deveria ser a razão p rin cip al da existência de um a U niversidade. O alto nível do Professor não pod e ser adm itido sem um a pesquisa científica de nível reco n h e­ cido. E claro que no dom ínio das Letras, a pesquisa é diferente do que ela significa n a biologia ou n a e n g e n h a ria , o n d e um laboratório é condição fu n d aem n tal p a ra se fazer pesquisa. Na área de Letras acredito que deverá haver u m equilíbrio en tre a pesquisa individual (livros científicos, estudos, com unicações em congressos) e a pesquisa coletiva m anifestada em obras de cultu­ ra geral e referencial (dicionários e enciclopédias, tratados de história literária ou de linguística, antologias,etc). Penso que a participação do professor universitário de Letras nestes e m p re ­ en dim en tos de im p ortância e d e relevo nacionais deveria ser obrigatória. Se assim não for, os intrum entos de trabalho mais úteis serão escritos p o r pessoas intelectualm ente m enos co m p e­ tentes mas de g ran d e visão financeira.

J .F .: A u to r de vários livros de história literária, litera tura com pa­

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ria l de estudo p a ra os universitários e pesquisadores de Letras em g e ra l. Faça um co m e n tá rio sobre o lu g a r da h e r v ie n ê u tic a na crítica e sobre as teorias herm enêuticas m ais debatidas n a história lite rá ria co n tem porânea, e nos d ep a rta m e n to s de L etra s que co­ nhece: Bucareste, Paris, Lisboa e B rasília, em especial

M .Z .: Escrevi vários livros sobre autores rom enos e estrangeiros: quinze livros, a m aioria como au to r único, e três livros em cola­ boração com outros. E ntre eles, cito 0 Poema romeno em prosa, Tratado de H istória da L iteratura no século X I X , A outra fa ce da Prosa e um livro sobre o Rom antism o. No dom ínio das L iteraturas Rom ânicas, sou au to r de um livro sobre a estrutura do ro m an c e^ la Recherche du Temps Pp'du, de M areei Proust, que intitulei de A Im agem escondida. Sou um dos co-autores do prim eiro Dicio­ nário rom eno-português, editado em Portugal (Porto, Porto Edito­ ra 1977). Sobre a lírica portuguesa, tentei u m a síntese n o livro As Formas da Lírica Portuguesa, publicado em Bucareste em 1985, além de muitos outros. No que se refere à H erm enêutica, diria que h erm enêutica significa no fu ndo um a nova m an eira de ler o texto. Este estado de espírito apareceu h á quase vinte anos como solução teórica p ara as p erg u n tas deixadas sem resp o sta pelo estruturalism o. Após a queda do estruturalism o, a H erm en êu tica p arece a única solução p ara um a análise textual profunda. O que a m im m e interessa é a dim ensão estilística d a herm enêutica. Foi a H erm en êutica, finalm ente, que p ro p ô s u m a nova estilística, u ltra p a ssa n d o o nível m e ra m e n te g ram atical e c ria n d o u m a estilística dos temas, dos motivos, das influências estrangeiras, das traduções,etc. N ada disto teria sido possível se este novo tipo de leitura dos textos clássicos, que ap areceu vinte anos atrás, tivesse ficado com o p ro jeto prom issor e n ad a mais.

J .F . : A lém de professor u n iv e rsitá rio , o sen h o r é u m rom an cista

conhecido na E uropa. Os leitores gostarão de saber os títu lo s de seus romances, ano de publicação e fo r tu n a crítica desses ro m a n ­ ces.

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ten ho u m terceiro p re p arad o p a ra o prelo. O rom ance Em casa, publicado em 1992, foi considerado pela crítica literária, em le­ vantam en to feito ju n to à opinião pública ro m en a em 1993, como o “rom ance do ano [1992]”. Na m ed id a em que o tem p o passa, vejo claram ente que a escrita é o objeto único. No m u nd o das Letras tu do é ficção. As diferenças en tre o ensaio científico bem feito, m u ito legível, e u m rom ance, com eçam a ser cad a vez m enores. Para u m a pessoa que d u ran te tod a a vida procu ro u o m istério da L iteratura e o m istério da escrita sem nunca conseguir descobri-lo com pletam ente, a p ró p ria criação literária rep resen ta a solução.

J .F .: Como jorna lista , o Professor Z am fir é autor de mais de 5 0 0

artigos sobre escritores romenos e estrangeiros, publicados nas p r in ­ cipais revistas cu ltu ra is da R om ênia. 0 que representa essa ação jo r n a lis itc a n a sua b io g ra fia ? E u m a extensão de sua a tivid a d e docente n a u n iversid a d e e da pesquisa científica ou sig nifica algo m ais.

M .Z .: O jo rn alism o é indispensável ao escritor. Para quem escre­ ve livros volum osos, escrever bem um artigo de duas páginas rep resen ta um a prova decisiva. Fiz jo rn alism o cultural d u ran te vinte e cinco anos, não só p o rq u e era m in h a especialidade, mas tam b ém p o rq u e vivi n u m reg im e de cen su ra política. A gora, depois de 1989, com o fim do com unism o na R om ênia, faço jo rn alism o m ilitante, isto é, anti-com unista. De fato, façojornalis- m o anti-ditatorial defend en d o a mais recente conquista realizada pelos ro m enos — a liberdade. A m inha coluna, cham ada Peque­ no D icionário, na p rin cip al revista do país, R o m a n ia L iterara, tornou-se u m a das mais conhecidas e lidas da Rom ênia. Talvez todos os m eus livros de história literária e de Estilística não tro u ­ xeram m etade dos leitores que m e trouxe esta coluna semanal. N unca tive o tradicional desprezo do Professor p a ra com o jo r n a ­ lista p o rq u e sem pre soube que um g ran d e Jo rn alista é tão raro como um g ran d e Poeta.

J .F .: 0 Sen h o r dedicou-se também ao ensino da L itera tu ra P ortu­

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Uni-versidade Clássica de Lisboa, onde teve ação notória. A lém do seu livro As form as d a lírica p o rtu g u esa que publicou em Bucareste em 1 9 8 5 , diga se há, em sua atividade de pesquisador, outros eixos de estudo dessa L itera tura, assim como seus contatos com a c u ltu ­ ra P ortuguesa. Como está a relação dos intelectuais e das u n iv e r ­ sidades rom enas com o conhecim ento da L ite ra tu ra B r a s ile ira ?

Referências

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