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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0024.14.304910-4/001

Número do Númeração

3049104-Des.(a) Audebert Delage Relator:

Des.(a) Audebert Delage Relator do Acordão:

06/03/2018 Data do Julgamento:

16/03/2018 Data da Publicação:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO ADMINISTRATIVO - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO CONTRATOS ADMINISTRATIVOS S U C E S S I V A S R E N O V A Ç Õ E S F G T S R E N º 7 6 5 . 3 2 0 / M G -CONTRATAÇÃO VÁLIDA - PAGAMENTO INDEVIDO - RECURSO NÃO PROVIDO.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.14.304910-4/001 - COMARCA DE BELO H O R I Z O N T E A P E L A N T E ( S ) : L U C A S P E R E I R A M A R T I N S -A P E L -A D O ( -A ) ( S ) : E S T -A D O D E M I N -A S G E R -A I S

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, por maioria, em NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. AUDEBERT DELAGE PRESIDENTE E RELATOR.

DES. AUDEBERT DELAGE (PRESIDENTE E RELATOR)

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Trata-se de recurso de apelação interposto por LUCAS PEREIRA MARTINS contra a r. sentença de fls. 83/85 que, nos autos da ação ordinária por ela ajuizada em desfavor do Estado de Minas Gerais, julgou improcedente os pedidos iniciais.

Nas razões recursais de fls. 86/93, alega que resta claro o direito à percepção de FGTS mesmo para os trabalhadores em contrato temporário com a Administração Pública, independentemente de os contratos terem sido declarados nulos ou não.

Contrarrazões às fls.99/100.

Deixo de remeter os autos à Procuradoria-Geral de Justiça, diante da desnecessidade de intervenção ministerial no feito.

Conheço do recurso, eis que presentes seus pressupostos de admissibilidade.

Pois bem.

Cuidam os autos de ação ordinária ajuizada por Lucas Pereira Martins objetivando o recebimento do FGTS referente ao período laborado, sob o regime de contrato temporário, como agente de segurança penitenciário. A respeito do tema aqui tratado, o Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do RE nº 765.320/MG, transitado em julgado em 17/10/2017, pacificou o entendimento no sentido de que as contratações por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal, não geram quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com exceção à percepção aos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

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Eis o teor do julgado:

"ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO CONTRATADO POR TEMPO DETERMINADO PARA ATENDIMENTO DE NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. REQUISITOS DE VALIDADE (RE 658.026, REL. MIN. DIAS TOFFOLI, DJE DE 31/10/2014, TEMA 612). DESCUMPRIMENTO. EFEITOS JURÍDICOS. DIREITO À PERCEPÇÃO DOS SALÁRIOS REFERENTES AO PERÍODO TRABALHADO E, NOS TERMOS DO ART. 19-A DA LEI 8.036/1990, AO LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS EFETUADOS NO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS.

1. Reafirma-se, para fins de repercussão geral, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

2. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria." (RE nº 765.320 RG/MG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, DJe: 23.09.2016).

A propósito, sobre a contratação temporária, assim dispõe o art. 37, IX, da CF/88:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

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(...)

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público."

Posto isso, colhe-se dos autos, à fl. 26, que o autor prestou serviços como agente de segurança penitenciário para o Estado de Minas Gerais, no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional de Betim - Betim/MG, no período de 30/07/2007 a 12/10/2014, através de sucessivos contratos administrativos.

Dado que, in casu, encontra-se prescrito eventual direito advindo do período contratual de 30/07/2007 a 06/11/2009, tendo em vista a propositura da ação em 06/11/2014, resta perquirir a validade das demais renovações realizadas até 12/10/2014, as quais são regidas pela Lei Estadual nº 18.185/09, cuja entrada em vigor se deu em 04/06/2009.

Assim estabelece a Lei Estadual nº 18.185/09:

"Art. 2º - Consideram-se hipóteses de necessidade temporária de excepcional interesse público, para fins de contratação temporária nos termos desta Lei:

I - assistência a situações de calamidade pública e de emergência; II - combate a surtos endêmicos;

III - realização de recenseamentos;

IV - carência de pessoal em decorrência de afastamento ou licença de servidores ocupantes de cargos efetivos, quando o serviço público não puder ser desempenhado a contento com o quadro remanescente, ficando a duração do contrato administrativo limitada ao período da licença ou do afastamento;

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V - número de servidores efetivos insuficiente para a continuidade dos serviços públicos essenciais, desde que não haja candidatos aprovados em concurso público aptos à nomeação, ficando a duração dos contratos limitada ao provimento dos cargos mediante concurso público subsequente; (...)

Art. 4º - As contratações de que trata esta Lei serão feitas com a observância dos seguintes prazos máximos:

(...)

IV - três anos, no caso do inciso V do caput do art. 2º, nas áreas de saúde, segurança pública, defesa social, vigilância e meio ambiente.

§ 1º - É admitida a prorrogação dos contratos: (...)

III - no caso do inciso V do caput do art. 2º, por até um ano na área de educação, por até cinco anos na área de defesa social e por até três anos nas áreas de segurança pública, vigilância, meio ambiente e saúde;

(...)".

Da leitura da norma acima transcrita, extrai-se que é possível a contratação temporária do agente de segurança penitenciário pelo prazo de até 3 (três) anos, prorrogáveis por mais 5 (cinco) anos, totalizando um prazo máximo total de 8 (oito) anos.

Considerando-se que, na hipótese, as sucessivas renovações contratuais regidas pela Lei Estadual nº 18.185/09 não ultrapassaram o lapso temporal máximo previsto, restam válidas as contrações firmadas com o apelante, pelo que, em consonância com o decidido pelo STF, e revendo posicionamento por mim anteriormente adotado, tenho que não faz jus ao recebimento do FGTS pleiteado, porquanto constitui direito apenas daqueles que tiveram sua contratação eivada

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pelo vício da nulidade.

Ante tais considerações, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. Custas, ex lege.

DES. EDILSON OLÍMPIO FERNANDES

EMENTA: ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO PARA ATENDER EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO PRORROGAÇÕES SUCESSIVAS NULIDADE DOS AJUSTES -FGTS - ADMISSIBILIDADE. 1. Consoante orientação jurisprudencial do colendo Supremo Tribunal Federal, as sucessivas renovações de contratação de pessoal pela Administração Pública implicam em burla ao princípio da prévia aprovação em concurso público e, por isso, não geram quaisquer efeitos jurídicos válidos, salvo o direito à percepção dos vencimentos referentes ao período trabalhado e o levantamento do valor correspondente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS (RE nº 705.140/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, DJe: 05.11.2014). 2. Comprovado que o período de duração dos ajustes firmados com o Poder Público foi superior ao limite máximo de seis meses, na forma da lei vigente à época da primeira contratação, tem-se que ocorreram "sucessivas renovações", o que revela hipótese de nulidade.

VOTO DO 1º VOGAL

A controvérsia a ser decidida por esta Instância revisora consiste em saber se o apelante - contratado para exercer as funções do cargo de Agente de Segurança Penitenciário - tem direito de perceber o FGTS por todo o período trabalhado nos últimos cinco anos.

Consta dos autos que em face da necessidade temporária de excepcional interesse público o apelante foi contratado pelo período inicial de 30.07.2007 a 29.01.2008, sendo os ajustes sucessivamente renovados até 12.10.2014 (f. 26).

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Em casos análogos ao dos autos, decidia pela inadmissibilidade do pagamento do FGTS aos servidores contratados temporariamente visto se tratar de verba devida ao trabalhador submetido exclusivamente à CLT (cf. AC nº 1.0521.09.089260-0/002, de minha relatoria, DJe: 15.04.2016).

Entretanto, no julgamento do RE nº 705.140/RS, submetido ao regime da Repercussão Geral, em que foram apreciados os "efeitos trabalhistas decorrentes de contratação pela Administração Pública de empregado não submetido à prévia aprovação em concurso público", o colendo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL firmou a tese de que as contratações de pessoal pela Administração Pública sem a observância das normas referentes à prévia aprovação em concurso público (artigo 37, § 2º, CRFB) não geram quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos contratados, a não ser o direito à percepção dos salários/vencimentos referentes ao período trabalhado e o levantamento do FGTS, cujo acórdão ficou assim ementado:

CONSTITUCIONAL E TRABALHO. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SEM CONCURSO. NULIDADE. EFEITOS JURÍDICOS ADMISSÍVEIS EM RELAÇÃO A EMPREGADOS: PAGAMENTO DE SALDO SALARIAL E LEVANTAMENTO DE FGTS (RE 596.478 -REPERCUSSÃO GERAL). INEXIGIBILIDADE DE OUTRAS VERBAS, MESMO A TÍTULO INDENIZATÓRIO. 1. Conforme reiteradamente afirmado pelo Supremo Tribunal Federal, a Constituição de 1988 reprova severamente as contratações de pessoal pela Administração Pública sem a observância das normas referentes à indispensabilidade da prévia aprovação em concurso público, cominando a sua nulidade e impondo sanções à autoridade responsável (CF, art. 37, § 2º). 2. No que se refere a empregados, essas contratações ilegítimas não geram quaisquer efeitos jurídicos válidos, a não ser o direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS. 3. Recurso extraordinário

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desprovido. (RE nº 705140, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, DJe: 05.11.2014 - destaquei).

Conforme assentado pelo citado Tribunal Superior a ilegitimidade da contratação também se estende para os casos de contratos temporários declarados nulos firmados pelo Poder Público para atender necessidade temporária de excepcional interesse público, sobretudo quando o ajuste é prorrogado sucessivamente, conforme se observa do julgado transcrito em que o STF reafirmou sua jurisprudência dominante sobre a matéria:

ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO CONTRATADO POR TEMPO DETERMINADO PARA ATENDIMENTO DE NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. REQUISITOS DE VALIDADE (RE 658.026, REL. MIN. DIAS TOFFOLI, DJE DE 31/10/2014, TEMA 612). DESCUMPRIMENTO. EFEITOS JURÍDICOS. DIREITO À PERCEPÇÃO DOS SALÁRIOS REFERENTES AO PERÍODO TRABALHADO E, NOS TERMOS DO ART. 19-A DA LEI 8.036/1990, AO LEVANTAMENTO DOS DEPÓSITOS EFETUADOS NO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO - FGTS. 1. Reafirma-se, para fins de repercussão geral, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS. 2. Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria. (RE nº 765.320 RG/MG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, DJe: 23.09.2016).

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No mesmo sentido confira os julgados: RE nº 917.895/MG (Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe: 03.08.2016), RE nº 968.453/MG (Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJe: 07.07.2016), ARE nº 950.554/MG (Relª Minª CARMEN LÚCIA, DJe: 29.06.2016) e o RE nº 765.333/MG (Relª Minª ROSA WEBER, DJe: 05.10.2015), todos oriundos deste egrégio Tribunal de Justiça em que os recursos foram providos, nos termos do artigo 932, inciso V, alínea 'b', do Código de Processo Civil/2015.

Tendo em vista que o STF passou a admitir que a orientação do RE nº 596.478 é aplicável aos casos de renovações sucessivas de contratação em caráter temporário pela Administração Pública, o colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA alterou o entendimento jurisprudencial que adotava (cf. AgInt no AREsp. nº 822.252/MT, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, DJe: 29/08/2016).

Diante desse quadro e após profunda reflexão, alterei o meu posicionamento, pois o órgão jurisdicional guardião da Constituição já consolidou o entendimento sobre a controvertida matéria (artigo 102 da CRFB), no sentido de que o único efeito jurídico válido resultante da nulidade do contrato de trabalho é o direito à percepção do vencimento referente ao período efetivamente trabalhado e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

No caso em julgamento, quando foi celebrado o primeiro contrato temporário entre as partes, vigia a Lei Estadual nº 10.254/90 e o Decreto Estadual nº 35.330/94, cujas normas legais estabeleciam 06 (seis) meses como o prazo máximo de contratação. Entretanto, o apelante teve a relação contratual renovada sucessivamente, perdurando por período superior a 07 (sete) anos, o que enseja hipótese de nulidade.

Cumpre registrar que, se a primeira contratação se deu enquanto vigente a citada legislação estadual, prorrogando-se sucessivamente, por anos, é inequívoca a nulidade de todo o vínculo contratual, com a

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devida vênia, não havendo que se analisar separadamente as contratações realizadas sob a vigência da Lei nº 10.254/90 e sob a vigência da Lei nº 18.185/2009.

Forçoso concluir que as sucessivas renovações de contratação de pessoal pela Administração Pública para o desempenho de serviços ordinários permanentes do Estado implicam em burla ao princípio da prévia aprovação em concurso público e, por isso, não geram quaisquer efeitos jurídicos válidos, salvo o direito à percepção dos vencimentos referentes ao período trabalhado e o levantamento do valor correspondente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, consoante nova orientação jurisprudencial do colendo Supremo Tribunal Federal.

No tocante aos consectários legais incidentes sobre o débito da Fazenda Pública, vinha adotando entendimento no sentido de que a partir da vigência da Lei nº 11.960/2009 a correção monetária deveria observar o índice básico da caderneta de poupança (TR) até o dia 25.03.2015, e, depois desta data, substituída pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), ao passo que os juros de mora deveriam seguir os juros aplicados à caderneta de poupança.

Contudo, o plenário do colendo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, na sessão do dia 20.09.2017, concluiu o julgamento de mérito da Repercussão Geral no RE nº 870.947, em que foram discutidos os índices de correção monetária e os juros de mora a serem aplicados nas condenações impostas contra a Fazenda Pública.

Foram definidas duas teses sobre a matéria, ambas sugeridas pelo Relator, Ministro LUIZ FUX, sendo a primeira referente aos juros moratórios: O artigo 1º-F da lei 9.494/97, com a redação dada pela lei 11.960/09, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública

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remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no artigo 1º-F da lei 9.494/97 com a redação dada pela Lei 11.960/09.

No tocante à atualização monetária a tese ficou assim definida:

O artigo 1º-F da lei 9.494/97, com a redação dada pela lei 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina (destaquei).

Diante desse quadro, anoto que em relação aos juros de mora, o Tribunal Superior manteve o índice de remuneração da poupança quando se tratar de débitos de natureza não tributária, como verificado no caso concreto. Por outro lado, afastou a Taxa Referencial (TR) como índice de correção monetária dos débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo para os casos em que o período da dívida é anterior à expedição do precatório, estabelecendo, em seu lugar, o IPCA-E, considerado mais adequado para recompor a perda do poder de compra.

Por fim, quanto aos encargos de sucumbência, prescreve o artigo 85, § 4º, inciso II do CPC que nas causas em que a Fazenda Pública for parte, não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, somente ocorrerá quando liquidado o julgado.

Com essas considerações, pedindo vênia ao eminente Desembargador Relator, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para julgar procedente o pedido inicial a fim de condenar o apelado a pagar ao

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apelante o FGTS durante todo o período da contratação temporária, observada a prescrição quinquenal, a ser corrigido monetariamente pelo IPCA-E, desde quando devida cada parcela até o efetivo pagamento, devendo os juros de mora, a partir da citação, incidir de acordo com a caderneta de poupança.

Condeno o apelado, ainda, ao pagamento dos honorários advocatícios em favor dos procuradores da parte contrária, cujo percentual será arbitrado por ocasião da liquidação da sentença, nos termos do artigo 85, § 4º, II, c/c artigo 86, do CPC/2015.

Isento de custas (Lei Estadual nº 14.939/2003).

DES. CORRÊA JUNIOR - De acordo com o(a) Relator(a). DESA. YEDA ATHIAS

Presto adesão ao voto do eminente Desembargador Edilson Fernandes, com a devida vênia ao ilustre Desembargador Relator, pois tenho entendimento firmado no sentido de que, extrapolado o período máximo previsto em lei para contratações por tempo determinado, deve ser reconhecida a nulidade de todas as contratações, não gerando quaisquer efeitos jurídicos válidos, a não ser o direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, conforme art. 19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, nos termos do entendimento firmado pelo STF no RE 705.140/RS:

É de se confirmar, portanto, o acórdão recorrido, adotando-se a seguinte tese, para fins de repercussão geral: A Constituição de 1988 comina de nulidade as contratações de pessoal pela Administração Pública sem a observância das normas referentes à indispensabilidade da prévia aprovação em concurso público (CF, art. 37, §2º), não gerando, essas contratações, quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos empregados contratados, a não ser o direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art.

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19-A da Lei 8.036/90, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS. (RE 705140, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 28/08/2014, DJe 217, divulg. 04/11/2014, public. 05/11/2014).

Com tais considerações, DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para julgar procedente o pedido, nos termos do voto do douto Desembargador 1º Vogal, com a devida vênia do ilustre Desembargador Relator.

É como voto.

DESA. SANDRA FONSECA

Cinge-se a controvérsia acerca do direito invocado pela autora ao pagamento de FGTS.

Extrai-se dos autos que a autora foi contratada pelo período de compreendido entre 30/07/2007 a 12/10/2014, para exercer a função agente de segurança penitenciário. Referido contrato foi renovado sucessivamente. Com relação ao pagamento do FGTS, o Supremo Tribunal Federal, reconheceu no ARE Nº 766.127, que a nulidade do contrato administrativo realizado entre a administração pública e o servidor contratado, nos termos do art. 37, inciso IX e art. 37, § 2º da Constituição Federal e do art. 19-A da Lei Federal nº 8.036/90 é devido o depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PROCESSUAL. ARTIGO 557, §1º-A, DO CPC. PROVIMENTO MONOCRÁTICO. ADMISSIBILIDADE. DIREITO ADMINISTRATIVO. C O N T R A T A Ç Ã O T E M P O R Á R I A . D E S C A R A C T E R I Z A Ç Ã O . PRORROGAÇÕES SUCESSIVAS. DIREITO AO RECEBIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA POR

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TEMPO DE SERVIÇO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PRECEDENTES. 1. (...). 2. O Plenário da Corte, no exame do RE nº 596.478/RR-RG, Relator para o acórdão o Ministro Dias Toffoli, concluiu que, mesmo quando reconhecida a nulidade da contratação do empregado público, nos termos do art. 37, § 2º, da Constituição Federal, subsiste o direito do trabalhador ao depósito do FGTS quando reconhecido ser devido o salário pelos serviços prestados. 3. Essa orientação se aplica também aos contratos temporários declarados nulos, consoante entendimento de ambas as Turmas. 4. A jurisprudência da Corte é no sentido de que é devida a extensão dos diretos sociais previstos no art. 7º da Constituição Federal a servidor contratado temporariamente, nos moldes do art. 37, inciso IX, da referida Carta da República, notadamente quando o contrato é sucessivamente renovado. 5. Agravo regimental não provido. (ARE nº 766.127 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, DJe: 18.05.2016 - destaquei).

Referido julgado, oriundo da Justiça Estadual, proveniente de contrato administrativo temporário realizado entre a administração pública e o servidor contratado, estendeu o pagamento do FGTS, que até então era concedido somente ao empregado público contratado pelo regime celetista.

Dessa forma, a Suprema Corte pacificou a divergência existente nas instâncias inferiores, reconhecendo que, no caso de contratos nulos, provenientes da relação estatuária temporária, é cabível o depósito do Fundo de Garantia.

Após refletir sobre o tema, e em razão do princípio da economia e celeridade processual, tenho por bem alterar meu posicionamento.

Com efeito, é mister que se tenha uma visão macro do direito, a luz do princípio do colegiado, de forma a garantir ao jurisdicionado o julgamento em menor tempo possível, evitando-se recursos desnecessários.

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Dessa forma, ressalvado meu entendimento, mas em observância ao princípio do colegiado e em prestígio, também, à economia e celeridade processual, passo a adotar o posicionamento do eminente Desembargador Correa Júnior, no sentido de que, os contratos regidos pela Lei 10.254/90, são nulos após seis meses do início da contratação, e os contratos regidos pela Lei 18.185/09 admitem a contratação temporária pelo período de 3 anos, renovado por mais 5 anos.

Assim, durante o período nulo, cabe o pagamento do FGTS e de saldo salário, e no período válido deve ser pago as demais verbas decorrentes da relação de trabalho.

No caso, o período não prescrito, tendo em vista a propositura da ação em 06 de novembro de 2014, se refere aos contratos regulados pela Lei 18.185/09, pelo que não há nulidade contratual a ser declarada.

Dessa forma, ressalvado meu entendimento, mas em observância ao princípio do colegiado e em prestígio, também, à economia e celeridade processual, acompanho o voto do em. relator e NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

É como voto.

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, POR MAIORIA".

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