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As viagens de exploração de rios na Comissão Rondon ( ) Erika Marques de Carvalho* 1 RESUMO

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Academic year: 2021

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As viagens de exploração de rios na Comissão Rondon (1915-1920)

Erika Marques de Carvalho*1

RESUMO

Entre os anos de 1915 e 1920, foram feitas, pela Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas, mais conhecida como Comissão Rondon (1907-1930), viagens de cunho científico nas quais se fez o levantamento de diferentes rios. Este trabalho abordará as diferentes expedições de exploração das potencialidades fluviais do norte do país realizadas pela Comissão Rondon entre os anos de 1915 e 1920.

Palavras-chave: rios, viagens científicas, integração nacional.

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Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, bolsista CNPq/PIBIC orientada pela Drª Dominichi Miranda de Sá.

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ABSTRACT

The Commission of Strategic Telegraph from Mato Grosso to Amazon, known as Rondon Commission (1907-1930), made, between the years 1915 and 1920, scientific visits in which the survey was made of differents rivers. This paper will analyse the many expeditions to explore the potential of the brazilian north region’s river conducted by the Rondon Commission between the years 1915 and 1920.

Key-words: rivers, scientific visits, national integration.

A República ergue-se, e em seus primeiros anos apresenta seu projeto principal que é a “integração nacional”, a construção de uma “identidade nacional”. Esse projeto tornava necessário ocupar, povoar e ‘civilizar’ partes do território nacional que

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estavam vazios, especialmente o interior do país, transformando-os em extensões produtivas (MACIEL, 1998).

Pensando nessa incorporação do sertão ao território nacional, o Estado promoveu, no final do século XIX para o XX, a construção e a reforma de portos e estradas de ferro, além de organizar a realização de viagens de cunho científico para regiões tidas então como afastadas, sobretudo no norte do país, e conhecidas na ocasião como o ‘sertão’ brasileiro, com o intuito de modernização, ocupação, civilização e exploração do mesmo.

Devemos nos lembrar que já no Império utilizava-se dessas expedições científicas como ferramenta de “unidade nacional” em regiões mais afastadas do centro político brasileiro. A exemplo disso temos a Comissão Científica de Exploração (1856), a Comissão Geológica Imperial (1875) e a Comissão Geográfica de São Paulo (1886). Se acreditava que as viagens eram sim

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atividades capazes de produzir objetos para a ciência. Para tanto, é necessário a execução de uma série de procedimentos que permitam o reconhecimento daquela atividade como científica: estabelecer o que é digno de estudo, selecionar, coletar, transportar, classificar, expor, divulgar, utilizar (KURY, 2001:33).

Porém, com a República essas viagens de caráter científico e com o propósito de “integração nacional” se intensificaram, como por exemplo a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas do Rio de Janeiro a Mato Grosso (de 1891 a 1906) e de Mato Grosso ao Amazonas (de 1907 a 1915). Os trabalhos dessas comissões e viagens passaram a ser, mais intensamente, o levantamento topográfico, o reconhecimento, medição e demarcação de terras, a exploração de rios, a abertura e estruturação de novos caminhos, além da percepção e delimitação de espaços interessantes para a produção agrícola.

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Eram realizados assim estudos científicos do território feitos por essas expedições. Tratavam-se de investigação e análise de climas, do inventário das doenças (quais doenças eram mais correntes em determinado espaço), das plantas e animais mais comuns, da potencialidade dos solos para mineração, agricultura e/ou pecuária, e principamente da navegabilidade dos rios. Havia estudos ainda para a viabilização de caminhos para o escoamento da produção agrícola.

Podemos perceber então o destaque dado a estudos de ciência aplicada, de ciência “útil”, de caráter pragmático; ciência percebida na ocasião como fator de progresso. Essa percepção já era corrente nos meios intelectuais e políticos imperiais e tomou ainda mais força no período republicano (DANTES, 1998).

No período republicano, destaca-se a Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (CLTEMTA), mais

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conhecida como “Comissão Rondon”, esteve subordinada aos Ministérios da Viação, da Agricultura e da Guerra. A missão mais evidente a ser cumprida era a construção de linhas telegráficas nas regiões que incorporavam as localidades que hoje integram os estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas com a força de trabalho de muitos praças, civis e de alguns oficiais. Participavam ainda da comissão alguns naturalistas, como zoólogos, botânicos, geógrafos e etnólogos, sobretudo do Museu Nacional do Rio de Janeiro. E sem falar no chefe da expedição, o coronel Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), que, através da mesma, tornou-se um personagem público de grande notoriedade.

A “Comissão Rondon” (1907-1915) então realizou-se como um dos maiores esforços dos primeiros anos de um Brasil Republicano (durante o governo de Affonso Penna, 1906-1909) para a realização de um grande projeto do Estado que tinha

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o propósito de incorporar o sertão do norte brasileiro ao resto do território nacional. A Comissão compreendia então diversos objetivos, como a construção e manutenção das linhas telegráficas, além da realização de relatórios que eram encaminhados ao seu Escritório Central, localizado na então capital federal, Rio de Janeiro, para serem sistematizados os seus registros e resultados. A criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais (SPILTN, a partir de 1910) também está contida nas atividades realizadas dentro da “Comissão Rondon”, assim como trabalhos de inspeções e delimitações de fronteiras internacionais também realizados no âmbito da Comissão (de 1927 a 1930). E o levantamento de rios na esfera dessa mesma comissão nos anos de 1915 a 1920.

Pretendo em minha pesquisa, me aprofundar nessa atividade que foi realizada pela “Comissão Rondon” após a conclusão da construção das linhas

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telegráficas: as viagens científicas organizadas para o entendimento dos recursos naturais e humanos, especificando a exploração de diferentes rios pelos integrantes dessa expedição. Nessa atividade, destacaram-se os engenheiros militares da Comissão, ocupados com o levantamento, exploração e reconhecimento de diferentes rios.

O centro deste estudo aqui proposto é a abordagem da ciência, esse inventário da natureza que foi promovido pela Comissão, vista na ocasião como um instrumento do projeto do Estado brasileiro de “integração nacional”. Nesse empreendimento do Estado que estava focalizado no conhecimento/reconhecimento (MACIEL, 1998) e na ocupação de um espaço que era marcado pelos cursos dos rios, não estranha a percepção, então, da sua importância, e que eles se tenham tornado, duante um período, mais especificamente de 1915 a 1920, a prioridade dos trabalhos da Comissão.

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O estudo dos rios tornou-se uma atividade essencial, já que acabava por ligar os interesses e objetivos da Comissão com os do Ministério da Agricultura, da Viação e da Guerra. Os rios foram observados, encarados como barreiras para a movimentação de pessoas, como viveiros dos vetores transmissores da malária (doença endêmica naquele período e região), como limites naturais de fronteira e como meio de escoar a produção agrícola. E será exatamente essas diferentes formas de encarar os rios do norte brasileiro, nos estudos que constam da documentação da “Comissão Rondon”, que debruçarei meus estudos e pesquisas futuros. Era no conhecimento sistemático sobre os rios que se edificava a condição de possibilidade do maior projeto da “Comissão Rondon”: a integração nacional.

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Referências Bibliográficas

DANTES, Maria Amélia M. “Fases da Implantação da Ciência no Brasil”. Quipu – Revista

Latinoamericana de Historia de las Ciencias y la Tecnologia. Peru, vol. 5, n. 2, mayo-agosto de 1998,

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2001.

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1998.

MACIEL, Laura Antunes. “Cultura e tecnologia: a constituição do serviço telegráfico no Brasl”.

Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 21, nº

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____________________. A Nação por um fio.

Caminhos, práticas e imagens da Comissão Rondon. São Paulo: Educ/FAPESP, 1998.

KURY, Lorelai. “A Comissão Científica de Exploração (1859-1861). A ciência imperial e a

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musa cabocla”. In: Ciência, Civilização e Império

nos Trópicos. Rio de Janeiro: Access Editora, 2001.

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