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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E

CONSERVAÇÃO

INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS NA RIQUEZA E

COMPOSIÇÃO DA MICOTA LIQUENIZADA EM ÁREA DE

BREJO DE ALTITUDE E CAATINGA

Jeanne dos Reis Silva

Mestrado Acadêmico

São Cristóvão

Sergipe – Brasil

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JEANNE DOS REIS SILVA

INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS NA RIQUEZA E

COMPOSIÇÃO DA MICOTA LIQUENIZADA EM ÁREA DE

BREJO DE ALTITUDE E CAATINGA

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ecologia e

Conservação da Universidade Federal

de Sergipe, como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre em

Ecologia.

Orientadora:

Profa. Dra. Marcela

Eugenia da Silva Cáceres

São Cristóvão

Sergipe – Brasil

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Silva, Jeanne dos Reis

S586i A influência de fatores ambientais na riqueza e composição da micota liquenizada em área de brejo de altitude e caatinga / Jeanne dos Reis Silva ; orientadora Marcela Eugenia da Silva Cáceres. – Aracaju, 2015.

71 f. : il.

Dissertação (mestrado em Ecologia)– Universidade Federal de Sergipe, 2015.

1. Ecologia. 2. Líquens - Composição. 3. Caatinga. I. Cáceres, Marcela Eugenia da Silva, orient. II. Título.

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AGRADECIMENTOS

ÀS FORÇAS DO BEM QUE ME GUIAM E ILUMINAM, AS QUAIS EU CHAMO DEUS!

A minha orientadora, Professora Dra. Marcela Cáceres, que me acolheu quando me sentia sem rumo, por toda sua paciência, por todos os conhecimentos compartilhados e, principalmente, pela confiança em mim depositada; meu muito obrigada!

Aos meus primeiros amores, meus pais e minha avó, pelo incentivo, pela paciência e amor a mim dedicado. Vovó, me destes livros e eu vos dou os frutos da leitura.

Ao meu amor, pela paciência, atenção, carinho, por tudo de bom que me proporciona. Tinha medo que o amor podasse meus sonhos, mas você os multiplicou e passou a sonhar comigo.

As minhas tias e a família Lima Nascimento que me acolheram quando precisei, Obrigada por tudo!

Aos companheiros de coleta pelo tempo que dispuseram pra me ajudar, Dannyelly, Jaciele, Paulo e Viviane, agradeço imensamente a colaboração de vocês, sem vocês esse trabalho não seria possível. A Luiz Custódio, o amigo Custódio, que mesmo estando longe se dispôs a ajudar e foi também fundamental para realização desse trabalho, e aos outros que por meio do seu pedido se dispuseram a nos ajudar.

Aos liquenólogos Dr. André Aptroot (ABL Herbarium, Holanda), Dr. Robert Lücking (The Field Museum, Chicago) pelo auxílio nas identificações e ao colega Cleverton Mendonça pelo auxilio com a estatística e todas as outras dicas passadas.

A Juliana Cordeiro, secretária do PPEC (Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação), pela disposição em nos ajudar, sempre que necessitamos.

A Dona Zefa da Guia, e toda sua comunidade pela cordialidade com que nos recebeu e acolheu no seio do seu lar durante nossas coletas. Obrigada, Dona Zefa, aprendemos muito com a senhora, exemplo de solidariedade e acolhimento com todos que necessitam.

A CAPES/FAPITEC pela concessão da bolsa, e a banca examinadora por aceitar fazer parte deste momento.

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A todos que fizeram parte dessa caminhada, em

especial a minha família.

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“Liberdade é uma palavra que o sonho

humano alimenta, não há ninguém que

explique e ninguém que não entenda.”

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ...9 LISTA DE TABELAS...10 RESUMO GERAL ...11 GENERAL ABSTRACT ...12 INTRODUÇÃO GERAL ...14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...19

Capítulo 1. LIQUENS CORTICÍCOLAS CROSTOSOS EM ÁREA DE CAATINGA E BREJO DE ALTITUDE NA SERRA DA GUIA, POÇO REDONDO, SERGIPE, BRASIL 23 RESUMO ... 23 ABSTRACT ... 25 INTRODUÇÃO ... 26 MATERIAIS E MÉTODOS ... 29 Área de estudo ... 29 Serra da Guia ... 29

Coleta e Processamento de material biológico ... 31

Coleta do material biológico... 31

Processamento e identificação das amostras ... 32

Análises estatísticas dos dados ... 32

Análise da Riqueza ... 32

Análise da Composição de espécies ... 33

RESULTADOS ... 33

Riqueza e composição de espécies ... 33

DISCUSSÃO ... 42

Riqueza de espécies ... 42

Composição de espécies ... 43

CONCLUSÃO ... 43

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Capítulo 2. INFLUÊNCIA DE FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS NA RIQUEZA DE LIQUENS CORTICÍCOLAS EM ÁREAS DE BREJO DE

ALTITUDE E CAATINGA ... 50 RESUMO ... 51 ABSTRACT ... 53 INTRODUÇÃO ... 54 MATERIAIS E MÉTODOS ... 57 Área de estudo ... 57 Serra da Guia ... 57

Coleta do material biológico ... 59

Processamento e identificação das amostras ... 60

Amostragem dos fatores bióticos e abióticos ... 60

Aferimento do pH da casca do hospedeiro ... 60

Medição do diâmetro à altura do peito (DAP) ... 60

Medição da intensidade luminosa... 61

Análise da intensidade luminosa ... 62

Análises estatísticas dos dados ... 62

Análise da Riqueza ... 62

Análise da Composição de espécies ... 63

RESULTADOS ... 63 DISCUSSÃO ... 65 Riqueza ... 65 Composição ... 66 CONCLUSÃO ... 67 REFERÊNCIAS... 68

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1 – Liquens corticícolas crostosos em área de Caatinga e Brejo de Altitude na Serra da Guia, Poço Redondo, Sergipe, Brasil

Figura 1. Mapa territorial do estado de Sergipe com a localização das áreas de

coletas ...30

Figura 2. Serra da Guia, Poço Redondo, Sergipe, Brasil ... 31 Figura 3. Representação da área de Brejo de Altitude (esquerda); Caatinga (direita),

Serra da Guia, município de Poço Redondo Sergipe ...32

Figura 4. Desenho amostral do transecto demarcado nas áreas de Caatinga e Brejo de

altitude para coleta de liquens corticícolas ...32

Figura 5. Liquens corticícolas amostrados nas duas fitofisionomias. (A) Glyphisscyphulifera,(B)Lecanora achroa,(C)Ramboldia russula,(D)Graphis cincta, (E) Trypethelium eluteriae, (F) Dirinarialeopoldii(G) Pyrenula anômala, (H) Diorygmapoitaei ...39

Figura 6. Boxplot da ANOVA de Kruskal-Wallis entre a riqueza em relação ás duas

áreas Local (1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude. ...40

Figura 7. Análise de Cluster da composição de espécies entre as fitofisionomias. Local

(1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude ... 41

Figura 8. Análise NMS da composição das espécies de liquens em relação as

fitofisionomias. Local (1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude...42

Capítulo 2 - Influência de fatores bióticos e abióticos na riqueza de liquens corticícolas em áreas de Brejo de Atitude e Caatinga.

Figura 1. Mapa territorial do estado de Sergipe com a localização das áreas de

coletas ... 57

Figura 2. Serra da Guia, Poço Redondo, Sergipe, Brasil ... 58 Figura 3. Representação da área de Brejo de Altitude (esquerda); Caatinga (direita),

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Figura 4. Desenho amostral do transecto demarcado nas áreas de Caatinga e Brejo de

altitude para coleta de liquens corticícolas ... 59

Figura 5. Foto hemisférica tirada em campo com o auxílio da lente olho-de-peixe (A) e

tratada com o programa GLA (B)...61

Figura 6. Boxplot da ANOVA de Kruskal-Wallis entre a riqueza em relação ás duas

áreas Local (1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude ...64

Figura 7. Teste de correlação de Spearman entre o DAP e a riqueza ...65

Figura 8. Análise NMS da composição das espécies de liquens em relação as

fitofisionomias e os fatores bióticos e abióticos amostrados. Local (1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude ...66

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1. Liquens corticícolas crostosos em área de Caatinga e Brejo de Altitude na Serra da Guia, Poço Redondo, Sergipe, Brasil.

Tabela 1. Lista de espécies de liquens corticícolas amostrados nas duas áreas de estudo.

CA– Caatinga, BR – Brejo de Altitude ...35

Tabela 2. Teste de Monte Carlo referente às espécies indicadoras das fitofisionomias.

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RESUMO GERAL

Os liquens surgem a partir da interação simbiótica entre um fungo, o micobionte, e um ou mais componentes fotossintéticos, fotobiontes, que podem ser algas verdes e, ou cianobactérias. Este trabalho teve como objetivo comparar a riqueza e composição de liquens corticícolas crostosos em duas fitofisionomias, Caatinga e Brejo de Altitude, no semiárido brasileiro, verificando se a riqueza e composição de espécies destes liquens são influenciadas pelos fatores bióticos e abióticos, como luminosidade, pH da casca e diâmetro na altura do peito (DAP) do hospedeiro, e altitude. Para a coleta dos liquens, foram demarcados dois transectos de 300 m, um em cada área de estudo. Ao longo destes transectos foram demarcados pontos a cada 10 m, sendo 30 pontos para cada área, perfazendo um total de 60 pontos. Para cada ponto demarcado, foram adotados como critério de escolha do hospedeiro a maior proximidade do ponto e a presença de talos liquênicos na altura de 0,5 m até 1,50 m em relação ao solo no tronco da árvore. Foram analisadas a riqueza e composição de espécies para cada área. Ao todo, foram coletadas 576 amostras, totalizando 96 espécies de microliquens corticícolas. Não houve uma diferença significativa na riqueza entre as duas áreas. Com relação à composição de espécies, as áreas apresentaram diferença, porém com algumas espécies comuns para as duas áreas. Comparando a riqueza de liquens corticícolas com os fatores bióticos e abióticos, apenas o diâmetro à altura do peito (DAP) do hospedeiro selecionado, apresentou-se de forma significativa em relação à riqueza de espécies de liquens corticícolas. Relacionando a composição de espécies e os fatores bióticos e abióticos, tivemos elevação, DAP e fitofisionomias (local), abertura do dossel, e riqueza influenciando a composição. Desta forma, os resultados apresentados neste estudo visam contribuir para o conhecimento ecológico dos fungos liquenizados, assim como se torna subsídio para outras pesquisas que venham a aprimorar e enriquecer o conhecimento ecológico e liquenológico da Caatinga e Brejos de Altitude.

Palavras-chave: Liquens corticícolas, Riqueza, Composição, Caatinga, Brejo de

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GENERAL ABSTRACT

Lichens are the result of an symbiotic interaction between fungus, the mycobiont, and one or more photosynthetic components, the photobionts, which can be a green algae and/or a cyanobacteria. This study aimed to compare the species richness and composition of corticolous crustose lichens in two forest types, Caatinga and Brejo de Altitude, in relation to the influence of biotic and abiotic parameters such as light, bark pH and diameter at breast height (DBH) of the host, and elevation. To collect the lichens two transects of 300 m each were delimited, one per site. Along these transects, sampling points were marked every 10 m, in a total of 30 points per site and 60 points for the whole work. For each of the points, the nearest tree was selected which had a lichen cover at the height of 0.5 m to 1.50 m from the ground on the tree trunk. The species richness and composition for each area were analyzed. Altogether, 576 samples were collected, totaling 96 species of corticolous microlichens. There was no significant difference in species richness between the two areas. With respect to the species composition, the areas were different, but with some common species between them. Comparing the species richness of corticicolous lichens with biotic and abiotic factors, only the diameter at breast height (DBH) of the selected host presented a significant relationship. Relating the composition and biotic and abiotic factors, we had elevation, DBH and vegetation types, canopy openness, influencing the species composition. Thus, the results presented in this study are intended to contribute to the ecological knowledge of lichenized fungi, and enhancing the ecological and lichenological knowledge on Caatinga and Brejo de Altitude.

Keywords: Corticicolous lichens, species richness, species composition, Caatinga,

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INTRODUÇÃO GERAL

Os liquens surgem a partir da interação simbiótica entre um fungo, o micobionte, e um ou mais componentes fotossintéticos, fotobiontes, que podem ser algas verdes e, ou cianobactérias (Ahmadjian, 1993, Nash III, 2008, Purvis, 2000). Essa união resulta na formação de um talo liquênico, que não é encontrado em seus componentes quando não liquenizados (Chaparro & Ceballos, 2002).

O Reino Fungi abrange uma enorme diversidade de táxons, que apresenta diferentes ecologias, estratégias reprodutivas e morfologias. Aproximadamente 20% de todos os fungos são liquenizados, representando quase metade de todos os Ascomycota, em torno de 13.500 espécies, com poucas espécies de Basidiomycota liquenizados (Kirk et al., 2001).

Os liquens variam em sua complexidade, desde formas muito simples até estruturas morfológicas e anatômicas muito complexas, sendo separados, de acordo com a forma de crescimento, em crostosos, esquamulosos, foliosos, filamentosos e fruticosos (Purvis, 2000).

Os liquens foliosos apresentam estrutura dorsiventral, aderidos ao substrato por algumas regiões do talo, geralmente a parte central, e apresentam um córtex inferior. Os liquens de talo fruticoso são compostos por ramos, que podem ser simples, divididos, cilíndricos ou achatados. O talo esquamuloso é formado por pequenas escamas agregadas de talo, interligadas apenas por micélio fúngico. Os filamentosos, um dos tipos mais simples de talo, são formados por filamentos frouxos e entrelaçados (Spielmann, 2006). Os liquens com crescimento crostoso, também denominados de microliquens (Lücking et al., 2009), representam a maioria das espécies liquênicas, principalmente em regiões tropicais, compreendendo cerca de 75% das espécies conhecidas de fungos liquenizados. Estes talos crostosos caracterizam-se pela ausência de córtex inferior, aderindo ao substrato por toda a sua medula, tornando difícil a sua remoção de rochas, folhas e cascas de árvores sem o substrato (Carlile et al., 2001, Ahmadjian, 1993).

Mesmo representando a grande maioria das espécies, os liquens crostosos ainda são o grupo menos conhecido, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. Geralmente, estes talos, por apresentarem um tamanho reduzido, passam despercebidos, não sendo coletados (Dal Forno, 2009).

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O tipo de substrato em que um fungo liquenizado cresce pode ser importante na identificação, já que, muitas vezes, determinadas espécies são bastante seletivas quanto ao substrato utilizado. Neste aspecto, os liquens são classificados em corticícolas, (quando crescem sobre o córtex das árvores), saxícolas (sobre rocha), terrícolas (no solo), muscícolas (sobre musgos) e foliícolas, sobre folhas (Nash III, 2008).

Os liquens fazem parte de um grupo extremamente diverso, encontrado em quase todos os habitats terrestres, desde os trópicos às regiões polares (Nash III, 2008). Estão presentes em, aproximadamente, 8% da superfície terrestre como a forma de vida dominante (Odum, 2008). Sendo sua abundância notável em ambientes onde as condições são extremas para a maioria dos organismos isoladamente (Ahmadjian, 1993), essa capacidade é resultado da combinação de vários fatores que lhe proporcionam uma adaptabilidade relevante na associação simbiótica (Morales et al. 2009). Entre esses fatores estão sua capacidade de produzir substâncias químicas que, provavelmente, fazem parte de um sistema de defesa contra herbivoria, assim como a capacidade de colonização de uma grande variedade de substratos (Morales et al. 2009), e a sua capacidade para mudança rápida e frequente de um estado ativo a um estado de inatividade metabólica, quando as condições ambientais se tornam adversas, como temperatura, radiação e disponibilidade hídrica (López 2006).

Segundo Umaña & Sipman (2002), são vários os fatores que influenciam a distribuição dos liquens. Dentre esses fatores, temos características dos forófitos, como o pH da casca e DAP (diâmetro à altura do peito), relações hídricas, disposição de nutrientes e condições ambientais microclimáticas como umidade do ar, luminosidade e temperatura (Käffer et al., 2007, Topham, 1977, Brodo, 1973), a elevação e umidade da área (Morales et al. 2009), além da atividade humana (Umaña & Sipman, 2002).

O Nordeste brasileiro é composto por uma variedade de ecossistemas em sua extensão territorial, apresentando desde fragmentos de Mata Atlântica até encraves de Cerrado (Santos & Melo, 2010). A Caatinga é o tipo de vegetação que cobre a maior parte da região com clima semiárido, destacando-se por apresentar uma grande diversidade de espécies vegetais (Giulietti et al, 2003).

A Caatinga ocupa cerca de 11% do território brasileiro (844.453 km²) e, apesar de ser o Bioma menos conhecido do país, é o principal da região Nordeste, abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão e Norte de Minas Gerais. Apresenta uma grande riqueza de ambientes e espécies (MMA, 2014), sendo a única grande região natural brasileira cujos

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limites estão inteiramente restritos ao território nacional, entretanto, menos de 1% desse ecossistema está situado em Unidades de Conservação (UCs) (Santos et al., 2011).

Para Tabarelli e Vicente (2004), a recente descrição de espécies de fauna e flora da Caatinga demonstra um conhecimento zoológico e botânico precário. O que é preocupante já que de acordo com Leal et al. (2003), a Caatinga vem passando por um extenso processo de alteração e deterioração ambiental provocado pelo uso insustentável dos seus recursos naturais, o que esta levando à rápida perda de espécies únicas, à eliminação de processos ecológicos chaves e à formação de extensos núcleos de desertificação em vários setores da região. Segundo estes autores, o estudo e a conservação da diversidade biológica da Caatinga é um desafio para a ciência brasileira. A maior diversidade na Caatinga está associada ás maiores altitudes, especialmente em áreas rochosas que captam maior umidade atmosférica, atuando como refúgio para as espécies florestais, como pode ser observado pela presença das florestas de Brejo de Altitude dentro dessa região (Giulietti et al., 2003).

Os Brejos de Altitude ou Matas serranas são encraves de Mata Atlântica inseridos no Bioma Caatinga em regiões de maior altitude (Machado, 2011). De acordo com Theulen (2004), as áreas de Brejos de Altitude são núcleos de relevante importância para a preservação da biodiversidade, seja por sua singularidade e raridade, ou pelos muitos atributos naturais ali encontrados, em particular a diversidade natural de espécies.

Dados obtidos na literatura referem-se à existência de 43 Brejos de Altitude, distribuídos nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, cobrindo uma área original de aproximadamente 18.500 km2. Somente Pernambuco e Paraíba possuem 31 brejos, distribuídos em 28 municípios do agreste e sertão (Tabarelli & Santos, 2004).

A existência destas ilhas de floresta está associada à ocorrência de planaltos e chapadas entre 500—100 m de altitude na Caatinga, onde as chuvas orográficas garantem níveis de precipitação superiores a 1200 mm/ano (Tabarelli & Santos, 2004).

As condições favoráveis ao crescimento vegetal nos brejos propiciam maiores diversidade e densidade animais em relação às áreas vizinhas. Suas características de isolamento geográfico e reduzida extensão tornam-se potenciais refúgios para espécies animais endêmicas ou ameaçadas (Theulen, 2004).

Segundo Tabarelli & Santos (2004), o atual ritmo de degradação ao qual os Brejos de Altitude estão submetidos resulta na extinção de espécies lenhosas devido à

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interrupção de processos chaves, como a polinização e a dispersão associada ao desaparecimento de vertebrados frugívoros devido à fragmentação e a caça, o que, consequentemente, pode levar esses ecossistemas ao completo desaparecimento em um futuro próximo.

No Brasil, ainda são poucos os estudos ecológicos relacionados aos liquens, principalmente fora das regiões Sul e Sudeste (Cáceres, 2007). Segundo Menezes et al. (2011), ainda menor é o número de trabalhos dedicados ao estudo da resposta dos liquens crostosos aos fatores bióticos e abióticos, sendo que novas áreas precisam ser estudadas a nível regional, para uma melhor representação da diversidade destes organismos em áreas de Caatinga, no semiárido nordestino.

No Nordeste brasileiro, Cáceres et al. (2007) estudaram a composição e riqueza de espécies de liquens corticícolas crostosos em uma área de Floresta Atlântica no Estado de Alagoas, correlacionando-as com características da casca do hospedeiro e a intensidade de luz incidente. Além desse trabalho, temos uma comparação entre a composição de espécies de liquens de três fitofisionomias ocorrentes nas regiões, Mata Atlântica, Caatinga e Brejos de Altitude, no qual foi observado uma baixa similaridade entre as áreas, que pode ser relacionada ao tipo de vegetação e grau de luminosidade (Cáceres et al. 2008). E, recentemente, um estudo ecológico e florístico da micota liquenizada corticícola crostosa, na Chapada do Araripe, em áreas de carrasco e cerradão, no Ceará, empregou a mesma metodologia proposta no presente estudo (Menezes, 2013).

São poucos os estudos realizados sobre liquens corticícolas crostosos em Brejos de Altitude, exceto trabalhos realizados no estado de Pernambuco, nos quais foram visitados a Serra dos Cavalos e o município de Bonito (Cáceres, 2007, Cáceres & Lücking, 2000, Cáceres et al., 2008, Lücking & Cáceres, 2004) e, recentemente, um estudo ecológico e florístico da micota liquenizada corticícola crostosa na Mata do Pau-ferro, área de Brejo de Altitude no Estado da Paraíba, que empregou a mesma metodologia proposta no presente estudo (Xavier-Leite, 2013).

Diante do exposto, esta dissertação tem como objetivo principal comparar a riqueza e composição de liquens corticícolas crostosos em duas fitofisionomias, Caatinga e Brejo de Altitude, no Estado de Sergipe, verificando se a riqueza e composição de espécies destes liquens são influenciadas pelos fatores bióticos e abióticos, como luminosidade, pH da casca e diâmetro na altura do peito (DAP) do hospedeiro e altitude.

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Este trabalho é apresentado em dois capítulos. O primeiro capítulo tem como objetivo comparar a riqueza e composição de liquens corticícolas em duas fitofisionomias, Brejo de Altitude e Caatinga, no estado de Sergipe; o segundo capítulo traz como objetivo verificar se a riqueza e composição são influenciadas pelos fatores bióticos e abióticos, luminosidade, pH da casca e diâmetro à altura do peito (DAP) do hospedeiro, e altitude.

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REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 1

LIQUENS CORTICÍCOLAS CROSTOSOS EM ÁREA DE CAATINGA E BREJO DE

ALTITUDE NA SERRA DA GUIA, POÇO REDONDO, SERGIPE, BRASIL

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LIQUENS CORTICÍCOLAS CROSTOSOS EM ÁREA DE CAATINGA E BREJO DE ALTITUDE NA SERRA DA GUIA, POÇO REDONDO, SERGIPE,

BRASIL

Jeanne dos Reis Silva¹, André Aptroot², Robert Lücking³ & Marcela Eugenia da

Silva Cáceres¹

¹Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Sergipe, CEP: 49100-000, São Cristóvão, Sergipe, Brasil.

²ABL Herbarium, G.v.d. Veenstraat 107, NL-3762 X K Soest, The Netherlands.

³Science & Education, The Field Museum of Natural History, 1400 South Lake Shore

Drive, Chicago, Illinois 60605, USA.

RESUMO: Os liquens fazem parte de um grupo diversificado de fungos, sendo

unidades biológicas resultantes da associação simbiótica entre um componente heterotrófico, o fungo, e um componente autotrófico, que pode ser uma alga ou cianobactéria. Constituindo um grupo biológico e não sistemático, os liquens são reconhecidos pela sua estratégia nutricional. O presente trabalho testou a hipótese de que a riqueza e composição de espécies de liquens corticícolas são distintas para as duas áreas estudadas, Caatinga e Brejo de Altitude, devido à diferença do tipo de vegetação. Em duas fitofisionomias, Caatinga e Brejo de Altitude, na Serra da Guia, município de Poço Redondo, estado de Sergipe, foram demarcados dois transectos de 300 m, um em cada área. Nestes transectos, foram demarcados pontos a cada 10 m, sendo 30 pontos para cada área, perfazendo um total de 60 pontos. Para cada um dos 60 pontos demarcados, foram adotados como critério de escolha do hospedeiro maior proximidade da árvore e a presença de talos liquênicos no tronco, na altura de 0,5 m até 1,50 m em relação ao solo. Foram analisadas a riqueza e composição para cada área. Foram coletadas 576 amostras, totalizando 96 espécies de microliquens corticícolas, em 53 gêneros e 28 famílias. Não houve uma diferença significativa na riqueza entre as duas áreas. Com relação à composição de espécies, as áreas apresentaram diferença, porém com algumas espécies comuns para as duas áreas, também foi possível identificar algumas espécies como indicadoras para cada fitofisionomia. Considerando que são poucos os estudos a respeito da diversidade de liquens corticícolas para essas áreas, e

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nenhum estudo para a Serra da Guia, esta pesquisa se torna de suma importância para o conhecimento da riqueza e composição de espécies para o Brejo de Altitude e a Caatinga, buscando através do conhecimento taxonômico, novas informações para o conhecimento e preservação destas fitofisionomias, ressaltando seu potencial biológico.

Palavras-chave: Liquens corticícolas, Riqueza, Composição, Caatinga, Brejo de

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ABSTRACT: Lichens are part of a diverse group of fungi. They are biological units

that result from a symbiotic association between a heterotrophic component, a fungus, and an autotrophic partner, which may be an algae or cyanobacteria. Lichens constitute a biological and not systematic group, recognized for its nutricional strategy. The present study tested the hypothesis that species richness and composition of corticicolous crustose lichens are different for the two studied areas, due to the difference in the type of vegetation. In two forest types, Caatinga and Brejo de Altitude, at Serra da Guia, municipality of Poço Redondo, Sergipe State, two transects (one per area) of 300 m each were delimited. In each of these transects, sampling points were marked every 10 m, making a total of 30 points for each area and 60 points as a whole.For each of the points, the nearest tree was selected which had a lichen cover on the tree trunk at the height of 0.5 m to 1.50 m from the ground. Altogether, 576 samples of corticicolous microlichens were collected, totaling 96 species, in 53 genera and 28 families. There was no significant difference in species richness between the two areas. With respect to species composition, the areas were different, but with some shared species found in both areas. Some species were also identified as indicators for each vegetation type. The fact that there are few studies about the diversity of corticicolous crustose lichens for such types of vegetation, and no study for Serra da Guia, this research is of great importance for the understanding species richness and composition to the Brejo de Altitude and the Caatinga, searching through the taxonomic study new information to the knowledge and preservation of these areas, highlighting their biological potential.

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INTRODUÇÃO

Os liquens fazem parte de um grupo diversificado de fungos encontrados na natureza que estão associados a uma alga e/ou cianobactéria (Webster & Weber, 2007). São unidades biológicas estáveis resultantes da associação simbiótica entre um componente heterotrófico, o fungo, e um componente autotrófico fotossintetizante (Nash, 2008). Os componentes fotossintetizantes, ou fotobiontes, que podem ser algas e/ou cianobactéras, são responsáveis pela produção dos compostos carbônicos ricos em energia, sendo protegidos dos extremos de variação ambiental e dissecação pelo micobionte. Além disso, os fotobiontes recebem os nutrientes minerais que os fungos retiram do ambiente externo (Raven et al., 2014). Os liquens constituem um grupo biológico e não sistemático, reconhecido pela sua estratégia nutricional (Kirk et al., 2001). Com relação a sua nomenclatura, o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Capítulo II, Seção 4, Artigo 13.1 (d), 2003) estabelece que, os nomes científicos que se aplicam aos liquens se referem exclusivamente ao fungo.

Os liquens apresentam distribuição cosmopolita, sendo capazes de colonizar vários substratos, graças à associação liquênica (Odum, 2008). Representam uma porção significativa da biodiversidade das florestas em todo o mundo (De Bolt et al.,2007). No entanto, o conhecimento da distribuição liquênica é limitado (Flakus et al., 2006) em relação às regiões tropicais e subtropicais e, principalmente, aos liquens que formam talos crostosos que, apesar de representar a grande maioria das espécies, constituem o grupo menos conhecido (Dal-Forno, 2009).

Até pouco tempo, estimava-se que o número de espécies de liquens fosse cerca de 13.500 em todo o mundo (Deacon 2006; Grube & Kroken 2000; Wesbter & Weber 2007). O Filo Ascomycota, que abriga a maioria dos liquens, é o maior grupo de fungos existente, com cerca de 64.000 (Kirk et al., 2008). No entanto, estimativas mais precisas da diversidade de espécies deste grupo de organismos são limitadas devido a alguns fatores como, por exemplo, os conceitos de espécies em grupos instáveis, a existência de inúmeros problemas taxonômicos não resolvidos, especialmente nos liquens crostosos, e o escasso estudo da micota liquênica em diversas áreas do mundo, principalmente em regiões tropicais (Feuerer &. Hawksworth, 2006).

Ainda são poucos os estudos desenvolvidos em relação à diversidade de espécies de liquens no Brasil se comparados aos realizados em outros países, especificamente no que diz respeito aos microliquens (Cáceres 2007; Cáceres et al. 2008a). Na região Sul, destacam-se os trabalhos realizados sobre Graphidaceae (Dal Forno, 2009; Feuerstein &

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Eliasaro, 2014), além de estudos florísticos em geral de liquens foliosos (Fleig & Riquelme, 1991; Fleig & Filho, 1990; Käffer & Mazzitelli, 2005; Käffer et al., 2010; Martins & Marcelli, 2011; Martins et al., 2011; Spielmann 2006). Para a região Sudeste, Benatti & Marcelli (2007) realizaram um inventário dos gêneros de liquens crostosos em área de manguezal. De igual relevância, há o estudo de liquens do Parque Nacional do Caraça, com novos registros e novas espécies, no estado de Minas Gerais (Aptroot, 2002), assim como o inventário de liquens em duas áreas de Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais (Lombardi et al., 1999).

Trabalhos atuais de grande importância para o estudo da diversidade de fungos liquenizados realizados no Brasil foram desenvolvidos por Cáceres et al. (2012, 2014), e Aptroot & Cáceres (2014), na Amazônia brasileira, resultando em novas espécies e combinações de microliquens corticícolas.

Em termos de estudos escológicos de liquens crostosos na Região Nordeste, os trabalhos de Cáceres et al. (2007, 2008) são considerados um marco inicial. Nestes estudos, foram analisadas a composição e riqueza de espécies de liquens em uma área de Floresta Atlântica no Estado de Alagoas, correlacionando estas variáveis com características da casca do hospedeiro e a intensidade de luz incidente (Cáceres et al., 2007). Também foi realizada uma comparação entre a composição de espécies de liquens de três fitofisionomias ocorrentes nas regiões, a Mata Atlântica, Caatinga e Brejos de Altitude, no qual foi observada uma baixa similaridade entre as áreas, que pode ser relacionada ao tipo de vegetação e grau de luminosidade (Cáceres et al. 2008). E, recentemente, um estudo ecológico e florístico da micota liquenizada corticícola crostosa na Mata do Pau-ferro, área de Brejo de Altitude no Estado da Paraíba, que empregou a mesma metodologia proposta no presente estudo (Xavier-Leite, 2013).

Em relação ao Estado de Sergipe, ainda são escassos os estudos sobre a diversidade e ecologia de liquens, sendo o primeiro trabalho no semiárido sergipano realizado por Rodrigues (2012), com o levantamento da micota liquenizada em uma área de caatinga, relacionando a ocorrência a alguns fatores ambientais. Mais recentemente, destaca-se o estudo da influência de diferentes estágios sucessionais na composição e riqueza de liquens na caatinga (Mendonça, 2014).

A Caatinga pode ser caracterizada como floresta arbórea ou arbustiva, compreendendo, principalmente, indivíduos baixos, geralmente dotados de espinhos, apresentando microfilia e algumas características xerófitas (Prado, 2005). Este tipo de

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vegetação cobre a maior parte dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Maranhão, Bahia e a parte norte de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha (Leal et al., 2005).

Os Brejos de Altitude nordestinos são considerados encraves da Mata Atlântica em áreas de Caatinga, que formam ilhas de floresta úmida em maiores elevações na região semiárida, apresentando uma condição climática bastante atípica e privilegiada quanto à umidade do ar e do solo, temperatura, vegetação e cobertura vegetal (Andrade-Lima, 1966). Essas florestas mais úmidas estendem-se sobre as encostas e topos das chapadas e serras com mais de 600 m de altitude e que recebem mais de 1.200 mm de chuvas orográficas (Andrade-Lima 1966, Prado, 2005).

Segundo Odum (2004), é importante reconhecer que a diversidade de espécies tem um certo número de componentes que podem responder de forma diferente aos fatores geográficos, de desenvolvimento ou físicos. Sendo que a composição de espécies de uma área refere-se às espécies que estão presentes e a riqueza de espécies pode ser expressa como o número de ―tipos‖ de componentes (espécies) por unidade de espaço (Odum & Barrett 2008). Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar a diversidade de liquens corticícolas em duas fitofisionomias, Caatinga e Brejo de Altitude, comparando a riqueza e composição para as duas áreas de estudo, testando a hipótese de que a riqueza e composição de espécies de liquens corticícolas crostosos são diferentes para as duas áreas, diante da diferença do tipo de vegetação, sendo a riqueza maior para a área de Brejo de Altitude.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

A coleta de liquens para o desenvolvimento do presente trabalho foi realizada no mês de Janeiro de 2014, em áreas de Brejo de Altitude e Caatinga, no Estado de Sergipe, Brasil. Ambas as áreas são localizadas, mais especificamente, na Serra da Guia, município de Poço Redondo, em Sergipe (Figura 1).

Figura 1. Mapa do Estado de Sergipe, localização das áreas de coleta.

Serra da Guia

A Serra da Guia (9° 58’S e 37° 52’W) faz parte do complexo da Serra Negra e está localizada na divisa dos municípios de Poço Redondo, em Sergipe, e Pedro Alexandre, na Bahia (Figura 2), sendo o ponto mais alto do Estado de Sergipe, com 740 m (Machado, 2011).

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Figura 2. Serra da Guia, Poço Redondo, Sergipe, Brasil. (Fonte: SILVA, 2014).

A região possui altitudes que variam entre 300 e 740 metros, podendo ser observada a presença de duas fitofisionomias bastante diferentes ao longo desse gradiente altitudinal, uma Caatinga arbustiva e uma formação vegetal arbórea semelhante à Mata Atlântica (Figura 3) (Machado, 2011).

A Serra da Guia trata-se de uma formação vegetal completamente circundada pelo semiárido, com uma mata exuberante em seu topo e encostas com vegetação nativa, ligando-se á Caatinga da depressão sertaneja no seu sopé (Machado, 2011). Ainda segundo este autor, o clima da região é semiárido e a precipitação pluviométrica média é de cerca de 650 mm/ano, bastante irregular, e com volumes de chuvas mais concentrados entre os meses de maio e julho.

A formação vegetal denominada Brejo de Altitude localiza-se entre 650 e 750 metros de altitude e possuem uma área de aproximadamente 20 hectares. O dossel da vegetação varia de 10 a 20 metros de altura, onde pode ser observada a fisionomia e composição florística totalmente distintas da Caatinga a sua volta, havendo dominância das famílias Myrtaceae, Moraceae, Solanaceae e Piperaceae, com um grande número de epífitas (Machado, 2011).

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Figura 3. Representação da área de Brejo de Altitude (esquerda); Caatinga (direita), na

Serra da Guia, município de Poço Redondo, Sergipe. (Fonte: SILVA, 2014).

Coleta e Processamento de Material Biológico

Coleta do material biológico

Para a coleta dos liquens crostosos, foram demarcados dois transectos de 300 m, um por área, seguindo metodologia adaptada de Cáceres et al. (2007). Nestes transectos, foram demarcados pontos a cada 10 m, sendo 30 pontos para cada área e um total de 60 pontos (Figura 4). Para os 60 pontos demarcados, foram adotados como critério de escolha do hospedeiro a presença de talos liquênicos na altura de 0,5 m até 1,50 m em relação ao solo. A demarcação dos transectos na área de Caatinga e Brejo de Altitude serviu apenas para orientar a escolha do hospedeiro, sendo que cada árvore selecionada representou uma unidade amostral.

Figura 4. Desenho amostral do transecto demarcado nas áreas de Caatinga e Brejo de

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Para remoção dos talos liquênicos do córtex das árvores, foram utilizados martelo e faca. Posteriormente, as amostras foram acondicionadas em envelopes de papel, nos quais foram registrados data e local de coleta, transecto e número da árvore.

Processamento e identificação das amostras

Ainda em campo as amostras de fungos liquenizados coletadas foram prensadas com auxílio de prensas botânicas utilizando jornais e papelão em temperatura ambiente. Em seguida, as amostras foram levadas ao Laboratório de Liquenologia do Departamento de Biociências, da Universidade Federal de Sergipe, Campus Professor Alberto Carvalho, em Itabaiana, Sergipe. Foram confeccionadas exsicatas, utilizando-se papel cartão branco de dimensões 15 x 7 cm, com as informações do local, transecto, número da árvore e data da coleta. Para identificação das espécies de liquens crostosos, foram feitas secções no talo e ascoma com auxílio de lâmina de aço. Posteriormente, foi feita a análise dos cortes ao microscópio e foram observadas características morfológicas das estruturas de valor taxonômico, como também testes de coloração histoquímicos utilizando solução aquosa de hidróxido de potássio (KOH) àpreparação de 10% (observação de reações com compostos secundários) e solução lugol a 2% (para reações amilóide e dextrinóide) comumente empregados em taxonomia de fungos liquenizados, além de auxílio de bibliografia especializada (Cáceres 2007; Lücking et al. 2009; Lücking et al. 2011; Rivas-Plata et al. 2006; Schumm & Aptroot 2010; Sipman et al. 2012).

Análises estatísticas dos dados

Análise da Riqueza

Para análise da riqueza de espécies entre as áreas, foram utilizados testes não paramétricos comparando múltiplas amostras independentes, com a análise de variância (ANOVA) de Kruskal-Wallis para a diferença da riqueza entre as duas fitofisionomias, no programa ESTATISTICA versão 6.0.

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Análise da Composição de espécies

Para análise da composição de espécies de liquens entre as áreas de estudo, em relação às influências que afetam o padrão de distribuição das mesmas entre as duas áreas, foi utilizado o teste estatístico escalonamento multidimensional não métrico (NMS) através do programa PC-ORD Version 5.10 (McCune&Mefford 2006). No mesmo programa, foi feita a análise de similaridade correlacionando a presença ou ausência de espécies através da técnica de agrupamento de Cluster entre as áreas de estudo. A partir desta análise pode-se identificar espécies com características semelhantes e organizá-las em grupos de acordo com o grau similaridade ou dissimilaridade. Para os dois testes foi utilizando a distância de Sørensen. Para a análise de espécies indicadoras foi utilizado o teste de aleatorização de Monte Carlo através do software PC-ORD Version 5.10 (McCune&Mefford 2006).

RESULTADOS

Riqueza e composição de espécies

Foram amostrados 60 forófitos, sendo coletadas 576 amostras de liquens, distribuídas entre as duas áreas, Caatinga e Brejo de Altitude. Deste total, 96 espécies foram identificadas, sendo 53 gêneros e 28 famílias (Tabela 1, Figuras 5). Vale salientar que, devido à inexistência de trabalhos sobre liquens crostosos para a Serra da Guia, todas as espécies aqui apresentadas são novas ocorrências para a área.

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Tabela 1. Lista de espécies de liquens corticícolas amostrados nas duas áreas de estudo. CA– Caatinga, BR – Brejo de Altitude.

Ordem

Arthoniales Henssen ex D. Hawksw. & O.E. Arthonia antillarum (Fée) Nyl.

Erikss. Arthonia sp.

Arthoniaceae Reichenb. ex Eichenb. Arthotelium sp.

Roccellaceae Chevall. Bactrospora myriadea (Fée) Egea & Torrente

Chrysothrix xanthina (Vain.) Kalb Coniocarpon cinnabarinum DC. Crypthotecia sp.

Enterographa subserialis (Nyl.) Redinger Opegrapha anguinella (Nyl.) Ertz & Diederich

Opegrapha subdictyospora M.Cáceres, E.L.Lima & Aptroot

Herpothallon rubrocinctum (Ehrenb.:Fr.) Aptroot, Lücking & G. Thor

Dothideomycetes Families incertae Sedis Arthopyrenia cinchonae (Ach.) Müll. Arg.

Arthopyreniaceae W. Watson Mycoporum compositum (A. Massal.) R. C. Harris

Mycoporaceae Zahlbr.

Teloschistales D. Hawksw.& O. E. Erikss Stigmatochroma epimarta (Nyl.) Marbach

Caliciaceae Chevall. Heterodermia obscurata (Nyl.) Trevisan

Physciaceae Zahlbr.

Campylothelium sp.

Trypetheliales Lucking, Aptroot& Sipman Polymeridium albocinereum (Kremp.) R. C. Harris

Trypetheliaceae Zenker Trypethelium aeneum (Eschw.) Zahlbr.

Trypethelium eluteriae Spreng.

Trypethelium nitidiusculum (Nyl.) R. C. Harris Trypethelium ochroleucum (Eschw.) Nyl Trypethelium tropicum (Ach.) Müll. Arg. Pseudopyrenula subnudata Müll. Arg. Pseudopyrenula diluta var. degenerans Vain. Pseudopyrenula subgregaria Müll. Arg. Laurera megasperma (Mont.) Riddle

CA BR X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

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Ordem

Lecanoromycetidae P.M. Kirk, P.F. Cannon & Bapalmuia confusa Kalb & Lücking

J.C. David ex Lutzoni Huhndorf & Lumbsch Byssoloma leucoblepharum (Nyl.) Vain.

Lecanorales Nannf. Bulbothrix tabacina (Mont. & Bosch) Hale

Haematommataceae Hafellner Haematomma personii (Fée) A. Massal.Hafelia curatellae Marbach

LecanoraceaeKörb. Hafelia demutans (Stirton)

ParmeliaceaeZenker

Hafellia bahiana (Malme) Sheard

Pilocarpaceae Zahlbr.

Lecanora achroa Nyl

Malmideaceae Kalb, HYPERLINK

"http://species.wikimedia.org/wiki/Rivas_Plat a" Rivas Plata & Lumbsch

Lecanora coronulans Nyl.

Pilocarpaceae Zahlbr.

Lecanora endochroma Fée

Lecanora helvaStizenb

Lecanora hypocrocina Nyl

Lecanora leproplaca Zahlbr.

Lecanora leprosa Fee

Lecanora tropica Zahlbr.

Pyrrhospora palmicola Aptroot & Seaward

Protoparmelia capitata Lendemer

Malmidea vinosa (Eschw.) Kalb, Rivas Plata & Matthes-Leicht

Ramboldia haematites Körb.

Ramboldia russula (Ach.) Kalb, Lumbsch & Elix

Ostropales Nannf. Chapsa sp.

Diorygma hieroglyphica (Pers.) M. Nakan. & Kashiw.

Graphidaceae Dumort. Diorygma poitaei(Fée) Kalb, Staiger &Elix

Diorygma reniforme (Fée) Kalb, Staiger & Elix

Diorygma sipmanii Kalb, Staiger & Elix 2004

Dyplolabia afzelii (Ach.) A. Massal

Fissurina sp.

Glyphis cicatricosa Ach.

Glyphis scyphulifera (Ach.) Staiger

Platythecium sp. CA BR X X X X X X X X X

X

X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

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Ordem

Graphis acharii Fée Graphis angustata Eschw. Graphis caesiella Vain.

Graphis chrysocarpa (Raddi) Spreng. Graphis cincta (Pers.) Aptroot Graphis cinerea Fée

Graphis conferta Zenker Graphis glaucescens Fée Graphis sp.

Graphis submarginata Lücking Helminthocarpon leprevostii Fée

Phaeographis brasiliensis (A. Massal.) Kalb & Matthes-Leicht. Phaeographis fusca Staiger

Phaeographis neotricosa Redinger

Phaeographis punctiformis (Eschw.) Mull. Arg. Platygramme caesiopruinosa Fée

CA BR X X X X X X X X X X X X X X X X X X Porinaceae Reichenb.

Pyrenulales Fink ex D. Hawksw. & O.E.

Erikss.

Pyrenulaceae Rabenh.

Porina conspersa Malme Pyrenula anomala (Ach.) Vain. Pyrenula mamillana (Ach.) Trevis.

Pyrenula ochraceoflava (Nyl.) R. C.

Harris Pyrenula aspistea Ach.

X

X X

X

X X

X

Peltigerales Walt. Watson Coccocarpia palmicola (Spreng.) Arv. & D.J.Galloway

CoccocarpiaceaeHenssen

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Ordem CA BR

X

PertusarialesM. Choisy ex D. Hawksw.

& O.E. Erikss.

PertusariaceaeKörb. ex Körb.

Pertusaria flavens Nyl. Pertusaria quassiae (Fée) Nyl. Pertusaria trachythallina Erichsen Pertusaria ventosa Malme

X X

X X X X X X

Ochrolechiaceae R.C. Harris ex Lumbsch

& I. Schmitt

Pyrenulales Fink ex D. Hawsw. & O. E.

Erikss.

Pyrenulaceae Rabenh

Pertusaria wulfenoides B. de

Lesd. Ochrolechia africana Vainio

Anthracothecium duplicans (Nyl.) Müll. Arg. X

Ostropales Nannf

Coenogoniaceae (Fr.) Stizenb.

Gomphillaceae W. Watson ex Hafellner Thelotremataceae (Nyl.) Stizenb.

Teloschistales D. Hawksw. & O. E. Erikss. Caliciaceae Chevall.

Verrucariales Mattick ex D. Hawksw. &

O. E. Erikss.

Verrucariaceae Zenker

Coenogonium disjunctum Nyl. X

Coenogonium subdentatum (Vezda & G. Thor) Rivas Plata, Lücking, Umaña & Chaves X

X

Coenogonium subdilutum (Malme) Lucking, Aptroot & Sipman

X

Echinoplaca sp.

X

Gyalideopsis rubrofuscaKalb& Vezda

X X

X

Leucodecton occultum (Eschw.) Frisch & Lumbsch Ocellularia pseudopyrenuloides Lücking

Dirinaria leopoldii (Stein) D. D. Awasthi X

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A B

C D

E F

G H

Figura 5. Liquens corticícolas amostrados nas duas fitofisionomias. (A) Glyphis scyphulifera (B)Lecanora achroa(C)Ramboldia russula(D)Graphis cincta(E) Trypethelium eluteriae (F) Dirinaria leopoldii (G) Pyrenula anômala (H) Diorygma poitaei.

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De acordo com a ANOVA (P < 0,5818) entre os dados de riqueza e as áreas amostradas, não houve uma correlação significativa (Figura 6). Considerou-se riqueza como o número de espécies de liquens entre as áreas em estudo e, desta forma, foram observados valores de riqueza próximos entre as duas áreas de estudo, Caatinga e Brejo de Altitude.

Figura 6. Boxplot da ANOVA de Kruskal-Wallis entre a riqueza em relação ás duas

áreas Local (1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude.

A análise da ordenação NMS mostrou que, para a composição de espécies, há uma diferenciação de similaridade entre as espécies do Brejo de Altitude e as espécies presentes na Caatinga, embora haja algumas espécies que façam parte da composição dos dois ambientes (Figura 8). Isso também é evidenciado na análise de Cluster, onde a composição para cada área apresentou-se em dois grupos distintos, sendo um grupo

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representado pelas espécies de liquens para a área de Caatinga e o outro grupo, pra a área de Brejo de Altitude. (Figura 7).

Figura 7. Análise de Cluster da composição de espécies entre as fitofisionomias. Local

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Figura 8. Análise NMS da composição das espécies de liquens em relação as

fitofisionomias. Local (1) Caatinga, (2) Brejo de Altitude.

A análise de espécies indicadoras revelou sete espécies com valores significativos (p < 0,05), distribuídas entre as duas áreas (Tabela 2). Os maiores valores de indicação estão correlacionados com Lecanora leprosa e Phaeographis punctiformis para a Caatinga, e Graphis chrysocarpa para o Brejo de Altitude.

Tabela 2. Teste de Monte Carlo referente as espécies indicadoras das fitofisionomias.

(P < 0,05), VI – Valor de Indicação.

Espécies Local VI P*

Glyphis scyphulifera Caatinga 23.7 0.0284

Lecanora helva Caatinga 26.7 0.0062

Lecanora leprosa Caatinga 43.3 0.0002

Phaeographis punctiformis Caatinga 30.3 0.0086

Ramboldia haematites Caatinga 30.0 0.0032

Graphis chrysocarpa Brejo de Altitude 23.3 0.0136

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DISCUSSÃO

Riqueza de espécies

Considerando a hipótese H1 deste trabalho, na qual considera-se que a riqueza e composição de espécies de liquens corticícolas são diferentes para as duas áreas, diante da diferença do tipo de vegetação, sendo a riqueza maior para área de Brejo de Altitude. Foi constatado, com os resultados obtidos, que esta hipótese não foi corroborada, sendo observados valores de riqueza próximos entre as duas áreas de estudo.

Os resultados para riqueza entre as áreas mostraram uma semelhança entre a quantidade de espécies de liquens corticícolas para a Caatinga, e Brejo de Altitude comparado com Cáceres et al. (2008a), onde o Brejo apresentou uma maior diversidade geral, e Xavier-Leite (2013), que mostra a caatinga com uma maior diversidade. Em relação a Cáceres et al. (2008a), essa diferença nos resultados encontrados e os deste trabalho pode ter ocorrido devido à disparidade do método de análise amostral utilizado, já que, Cáceres et al. (2008b) demostraram que a técnica de amostragem a ser escolhida é fundamental para estimar a riqueza de espécies de liquens dentro de uma determinada área, indicando o método utilizado neste trabalho como o ideal e mais eficiente para inventários de liquens crostosos. Essa disparidade de método de coleta também foi utilizada por Xavier-Leite (2013) para explicar a maior diversidade da Caatinga em relação ao Brejo de Altitude encontrada em seu trabalho.

Quanto à diferença dos resultados encontrados nesse trabalho em relação aos encontrados por Xavier-Leite (2013), pode ser justificado pelo fato de que houve uma diferença em relação à trasmitância total de luz entre Caatinga e Brejo de altitude, onde a Caatinga obteve maior grau de luminosidade. Essa diferença não foi verificada em relação ao Brejo de altitude e a Caatinga estudados neste trabalho, onde a transmitância total não apresentou uma diferença significativa em relação aos dois ambientes. Rodrigues (2012) afirma que a abertura do dossel explica 95% da variação na comunidade, e que os maiores valores de abertura do dossel estão diretamente relacionados com os forófitos que possuíam uma maior riqueza de espécies de liquens. Como ambos os ambientes apresentaram grau de luminosidade semelhante, isso pode explicar o fato de não haver uma diferença significativa na riqueza.

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Composição

Em relação à composição de espécies de liquens corticícolas crostosos, os resultados corroboram a hipótese H1, já que a composição de espécies é diferente para as duas áreas, diante da diferença do tipo de vegetação, conforme observado na análise de cluster (Figura 7) e os padrões no NMS (Figura 8). Nestes dois gráficos, observa-se a formação de dois grupos, um formado pelas espécies de Brejo e o outro pelas espécies de Caatinga, embora sejam observadas espécies que fazem parte da composição dos dois ambientes.

Sendo os Brejos de Altitude considerados encraves da Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região semiárida (Andrade-Lima 1966), o aparecimento de espécies comuns para área de Caatinga e áreas de Brejo deve ocorrer pelo fato de áreas do Brejo estarem sendo mais degradadas, onde pode ser observado o efeito de borda, com a vegetação ficando mais aberta em alguns locais (Cáceres et al. 2007), permitindo um grau de luminosidade semelhante ao da Caatinga.

De acordo com o grande numero de trabalhos que consideram os liquens como indicadores ambientais (Koch 2012, Cáceres 2007, Lima 2013, Rivas-Plata et al. 2008), pode-se afirmar que, algumas espécies podem ser utilizadas como indicadores de ambientes de Caatinga e Brejo de Altitude. Neste sentido, vale ressaltar as espécies com maiores valores de indicação como Lecanora leprosa e Phaeographis punctiformis, indicadoras do ambiente de Caatinga, e Graphis chrysocarpa, indicadora do ambiente de Brejo de Altitude. Da mesma forma, em estudo anterior, Lecanora leprosa foi citada como indicadora de área de Caatinga, nesse caso relacionada a um estágio inicial de sucessão da floresta (Mendonça, 2014).

CONCLUSÃO

Diante dos dados analisados no presente estudo constatamos que não houve uma diferença significativa na riqueza entre a área de Caatinga e Brejo de Altitude, no entanto em relação á composição ficou claro uma diferenciação na composição de espécies entre as duas fitofisionomias. O que ressalta a importância do conhecimento e preservação. Considerando que são poucos os estudos a respeito da diversidade de liquens corticícolas para essas áreas, e nenhum estudo para a Serra da Guia.

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Dessa forma, esta pesquisa se torna de suma importância para o conhecimento da riqueza e composição de espécies para o Brejo de Altitude e a Caatinga, buscando através do conhecimento taxonômico, novas informações para o conhecimento e preservação destas fitofisionomias, ressaltando seu potencial biológico.

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