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REVISSTANDO OS PRONOMES CLÍTICOS NO ESPANHOL

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Academic year: 2022

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IVETE MOROSOV

REVISSTANDO OS PRONOMES CLÍTICOS NO ESPANHOL

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre. Curso de Pós-Graduação em Lingüística, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná.

Orientadora: Prof.3 Dr.a Elena Godoy

CURITIBA

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UNTYERSIDADEjEEDERALIDO'PARANÁ

i;SET0KDE*GIÊNGMSïHUMANÂS^EETRASîE3ARTES

COORDENAÇÃO DO CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM LETRAS

P A R E C E R

Defesa de dissertação da Mestranda IVETE MOROSOV CORREA, para obtenção do título de Mestre.em Letras.

Os abaixo assinados Elena Godoi, Elódia Cosntantino Román te Sandra Lopes Monteiro argüíram, nesta data, a candidata, a qual apresentou a dissertação:

'^REVISITANDO OS PRONOMES CLÍTICOS NO

^ESPANHOL:"

Procedida a argüição segundo o protocolo aprovado pelo Colegiado do Curso, a Banca é de parecer que a candidata está apta ao .título deMestre em Letras, tendo merecido os conceitos abaixo:

Banca Assin^ura Conceito

Elena Godoi A

Elódia Costantino Román . A

Sandra Lopes Monteiro

\3~v\ >tö

p-

Curitiba, 28 de agosto de 2000.

/ / » i • -

Prof ÀR^y Gregolin

-Coordenadora

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A G R A D E C I M E N T O S

Aos m e u s f i l h o s , J u l i a n a e G u i l h e r m e , p e l o t e m p o que nos d i s t a n c i a m o s na r e a l i z a ç ã o deste t r a b a l h o .

Ao meu m a r i d o , C a r l o s , pelo apoio e c o m p r e e n s ã o .

A m i n h a mãe, H e l e n a , pelo i n c e n t i v o e c o n f i a n ç a que sempre depositou em m i m .

A E l e n a G o d o y , o r i e n t a d o r a e amiga, por a c r e d i t a r em m e u t r a b a l h o e me c o n d u z i r até aqui.

Aos p r o f e s s o r e s e c o o r d e n a d o r e s do curso de P ó s - G r a d u a ç ã o em Letras, da U n i v e r s i d a d e F e d e r a l do P a r a n á , que c o l a b o r a r a m em minha f o r m a ç ã o .

A minha a m i g a , J o s i l e n e , pelo apoio, c a r i n h o e c o m p r e e n s ã o nas horas d i f í c e i s .

Ao C N P q , pelo auxílio f i n a n c e i r o .

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S U M Á R I O

R E S U M O iv A B S T R A C T v I N T R O D U Ç Ã O 1 1. H I S T Ó R I C O 6

2.1 O " E S T A D O DA A R T E " 6 2. OS P R O N O M E S Á T O N O S NA T E O R I A G R A M A T I C A L 24

2.1 A NATUREZA DOS CLÍTICOS: O SISTEMA PRONOMINAL

DO ESPANHOL 25 2.1.1 A o r d e n a ç ã o dos c l í t i c o s 29

2.1.2 Os c l í t i c o s e o s i s t e m a p r o n o m i n a l do e s p a n h o l 31 2.1.3 É p o s s í v e l uma a n á l i s e unitária dos c l í t i c o s ? 33 3. A B O R D A G E M G E R A T I V I S T A : J A E G G L I ( 1 9 8 2 ) E

M E N D I K O E T X E A ( 1 9 9 2 ) 37 3.1 C O N S I D E R A Ç Õ E S D E J A E G G L I ( 1 9 8 2 ) S O B R E OS

C L Í T I C O S 38 3.2 C O N S I D E R A Ç Õ E S DE M E N D I K O E T X E A ( 1 9 9 2 ) 63

4. D U P L I C A Ç Ã O DE C L Í T I C O S 67 4.1 D U P L I C A Ç Ã O DE C L Í T I C O S : UMA Q U E S T Ã O

P R A G M Á T I C A ? 72 5. C L A S S I F I C A Ç Ã O DOS C L Í T I C O S 76

5.1 OS C L Í T I C O S E M R E L A Ç Ã O AO V E R B O 76 5.2 OS C L Í T I C O S A C U S A T I V O S E D A T I V O S 77

5.3 O D A T I V O É T I C O 80 5.4 D A T I V O P O S S E S S I V O 82 5.5 OS P R O N O M E S R E F L E X I V O S E " S E " 83

6. PARA UMA F U T U R A R E F L E X Ã O S O B R E OS C L Í T I C O S NO

P O R T U G U Ê S E NO E S P A N H O L 86 7. C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 90

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S 93

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo fazer um rastreamento sobre o que existe a respeito dos pronomes clíticos do espanhol. Para isso foi feito um levantamento histórico nas gramáticas tradicionais da língua espanhola tais como a Gramática Castellana (Nebrija, 1992), Manual de gramática Española (Seco, 1968), Esbozo de una Nueva Gramática de la Lengua Española (1975), Llorach (1995) entre outras. Sobre os pronomes clíticos do espanhol encontramos poucos registros, embora esses pronomes sejam usados de modo extremamente freqüente na língua espanhola. Apresentamos as pesquisas de Jaeggli (1982) e Mendikotexea (1992) como registros mais recentes sobre o que existe a respeito dos conceitos da gramática gerativa, como solução para alguns dos problemas referentes aos pronomes clíticos. Foi realizada ainda uma aproximação à pronomes clíticos do português e do espanhol com o intuito de mostrar que, diferentemente do português, onde os clíticos estão desaparecendo, no espanhol eles têm permanecido e mostram uma grande vitalidade no seu uso. Nosso trabalho faz o levantamento dos estudos sobre os pronomes clíticos do espanhol e servirá como base para futuras pesquisas, pois é um tema pouco explorado na lingüística hispânica e não se encontra muitos estudos a esse respeito. Assim, a elaboração desse trabalho nos permitiu fazer uma espécie de "survey" sobre os clíticos do espanhol e registrar os estudos mais relevantes sobre esse tema.

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A B S T R A C T

This r e s e a r c h v i e w s to seak for some of the a s p e c t s a b o u t the c l i t i c s p r o n o u n s in S p a n i s h L a n g u a g e s . For this it was m a d e a h i s t o r i c a l s u r v e y about the t r a d i c i o n a l g r a m m a r s of the S p a n i s h L a n g u a g e like the Castellana's Grammar ( N e b r i j a , 1992), S p a n i s h G r a m m a r M a n u a l ( S e c o , 1968), E s b o z o de una n u e v a G r a m á t i c a de la L e n g u a E s p a ñ o l a (1975), Llorach (1995) and s o m e o t h e r s . About the clitics, we u s u a l l y f i n d j u s t a few r e c o r d s e v e n t h o u g h they are common and f r e q u e n t l y used in the Spanish l a n g u a g e s . We p r e s e n t some of the r e s e a r c h e s of J a e g g l i ( 1 9 8 2 ) and M e n d i k o t e x e a ( 1 9 9 2 ) , a s the most actual r e c o r d s w i t h the c o n c e p t s of the g e r a t i v e g r a m m a r and that c o n s i d e r it as a s o l u t i o n for some of the p r o b l e m s that r e f e r to the clitic p r o n o u n s . We also t r i e d to p o i n t some aspects of the c l i t i c s m a k i n g a kind of c o m p a r a t i o n b e t w e e n the P o r t u g u e s e c l i t i c s p r o n o u n s and the S p a n i s h ones with the o b j e c t i v e of s h o w i n g that in the o p p o s i t of the P o r t u g u e s e ( w h e r e clitics are d i s a p e a r i n g ) , in S p a n i s h they have been keeped and they s h o w vitality on its use. Our r e s e a r c h m a k e s a r e v i e w of some p a p e r s d o n e about the clitics p r o n o u n s and it will be able to be used in the f u t u r e r e s e a r c h e s about this s u b j e c t , once its not easy to find studies a b o u t t h e m and its a subject not m u c h e x p l o r e d for the r e s e a r c h e r s . For us, the r e a l i z a t i o n of this r e s e a r c h , g a v e the o p o r t u n i t y of doing a kind of " s u r v e y " about the clitics p r o n o u n s in S p a n i s h e to register the most i m p o r t a n t r e s e a r c h e s done about t h e m .

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I N T R O D U Ç Ã O

A i n t e n ç ã o desta p e s q u i s a é r a s t r e a r um c e r t o tipo de p r o n o m e s da língua e s p a n h o l a sobre os quais têm se e s c r i t o a l g u m a s p á g i n a s , os c h a m a d o s á t o n o s ou c l í t i c o s . Aqui, nos d e t e r e m o s a p r o b l e m a s f u n d a m e n t a i s que estes p r o n o m e s a p r e s e n t a m , t r a t a n d o às vezes de p r o p o r c i o n a r , na m e d i d a do p o s s í v e l , e n f o q u e s d i s t i n t o s que f o r a m r e p r e s e n t a t i v o s de a l g u n s m o m e n t o s i m p o r t a n t e s da p e s q u i s a .

Q u a n d o c o m e ç a m o s esta j o r n a d a f i c a m o s c h o c a d o s com o fato de nãò haver g r a m á t i c a s que r e g i s t r a s s e m os p r o n o m e s c l í t i c o s de m o d o descritivo, ou s e j a , nas g r a m á t i c a s p e s q u i s a d a s e n c o n t r a m o s sempre uma a b o r d a g e m p r e s c r i t i v a .

O e s t u d o dos p r o n o m e s átonos que p r o p o m o s se c e n t r a r á em algumas q u e s t õ e s f u n d a m e n t a i s sobre os d i s t i n t o s p r o b l e m a s que esses p r o n o m e s a p r e s e n t a m , c o m o , por e x e m p l o , a f a m o s a d u p l i c a ç ã o dos clíticos. A v e r d a d e é que não há t r a b a l h o s s é r i o s s o b r e a s e m â n t i c a e/ou a p r a g m á t i c a dos c l í t i c o s e q u a n d o se fazem d e s c r i ç õ e s - p o u q u í s s i m a s e parciais - , d e i x a m sem e s c l a r e c e r as d ú v i d a s e x i s t e n t e s .

Algo que se m a n i f e s t a de m o d o s o b r e s s a l e n t e é o f a t o de e s t a r m o s e n f r e n t a n d o um tema de e n o r m e c o m p l e x i d a d e . A s s i m , d á - s e uma ê n f a s e especial na t a r e f a de a p r e s e n t a r os dados de uma m a n e i r a s i s t e m á t i c a , de modo que resulte c l a r o quais são os p r o b l e m a s que se s o l u c i o n a m e quais os que ainda estão p e n d e n t e s de receber uma e x p l i c a ç ã o a d e q u a d a .

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No c a p í t u l o 1, a p r e s e n t a r e m o s um h i s t ó r i c o s o b r e os c l í t i c o s , a n a l i s a n d o a l g u m a s g r a m á t i c a s , que c o n s i d e r a m o s c o m o s e n d o as m a i s i m p o r t a n t e s , p a r a a v a l i a r o d e s e n v o l v i m e n t o h i s t ó r i c o d o s e s t u d o s sobre estes p r o n o m e s .

No c a p í t u l o 2 a b o r d a r e m o s a q u e s t ã o dos p r o n o m e s á t o n o s n a teoria g r a m a t i c a l p a r a que os c l í t i c o s s e j a m s i t u a d o s q u a n t o a sua o r d e n a ç ã o e q u a n t o ao s i s t e m a p r o n o m i n a l do e s p a n h o l .

A d u p l i c a ç ã o dos c l í t i c o s é um t ó p i c o que tem s i d o m o t i v o de alguns e s t u d o s e d i s c u s s õ e s . Por essa razão, d e s t a c a r e m o s no c a p í t u l o 3 este ítem e f a z e m o s t a m b é m uma e x p o s i ç ã o d e n t r o da p e r s p e c t i v a p r a g m á t i c a .

Um dos m e l h o r e s e s t u d o s f e i t o s sobre a d u p l i c a ç ã o dos c l í t i c o s em espanhol é de J a e g g l i ( 1 9 8 2 ) . E m b o r a não seja n o s s o o b j e t i v o f a z e r um estudo a p r o f u n d a d o da visão gerativa sobre os p r o n o m e s c l í t i c o s do e s p a n h o l , no c a p í t u l o 4 a p r e s e n t a r e m o s um e s t u d o sobre a visão g e r a t i v i s t a d e s t e a u t o r . Segue ainda neste c a p í t u l o uma b r e v e e x p l a n a ç ã o sobre o e s t u d o de M e n d i k o e t x e a ( 1 9 9 2 ) . No que tange à s i n t a x e , nossa p r o p o s t a de t r a b a l h o é a p e n a s a p r e s e n t a r o que existe a t u a l m e n t e de mais relevante a r e s p e i t o dos p r o n o m e s c l í t i c o s na língua e s p a n h o l a . Nossa intenção não é f a z e r uma análise mais p r o f u n d a nessa á r e a , visto que o e n f o q u e dado n e s t a p e s q u i s a é r a s t r e a r , f a z e r um l e v a n t a m e n t o da situação dos c l í t i c o s d e n t r o da língua e s p a n h o l a no que diz r e s p e i t o a semântica e/ou p r a g m á t i c a . A s s i m , no que diz r e s p e i t o à s i n t a x e g e r a t i v a ,

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a p r e s e n t a r e m o s s o m e n t e os t ó p i c o s mais r e l e v a n t e s q u e e x i s t e m sobre o assunto, visto que, c u r i o s a m e n t e , fora as g r a m á t i c a s t r a d i c i o n a i s , esta foi a única r e f l e x ã o c o e r e n t e f e i t a sobre os p r o n o m e s c l í t i c o s do e s p a n h o l . Cabe aqui l e m b r a r , que o modelo g e r a t i v i s t a a d o t a d o n e s s e s e s t u d o s j á foi s u p e r a d o , mas nos p a r e c e i n t e r e s s a n t e d e i x a r a q u i r e g i s t r a d o a sua i m p o r t â n c i a d e n t r o das p e s q u i s a s f e i t a s sobre os p r o n o m e s clíticos.

Assim, não t e m o s a inteção de d i s c u t i r s i n t a x e g e r a t i v a , mas s o m e n t e registrar as ú l t i m a s - e ú n i c a s ! - p e s q u i s a s q u a n t o aos p r o n o m e s c l í t i c o s nessa área. J a e g g l i ( 1 9 8 2 ) , que não é h i s p a n i s t a , e n c o n t r o u neste f e n ô m e n o e s p e c í f i c o da língua e s p a n h o l a a p o s s i b i l i d a d e de v a l i d a r um modelo g r a m a t i c a l . P a s s a n d o a fase áurea da t e o r i a , os e s t u d o s sobre os clíticos, d e n t r o do g e r a t i v i s m o , se a p a g a r a m . J a e g g l i a d o t a um modelo gerativista para r e s o l v e r alguns p r o b l e m a s dos p r o n o m e s c l í t i c o s e esse modelo é s e g u i d o por o u t r o s p e s q u i s a d o r e s . A s s i m , c u r i o s a m e n t e , hoje, dentro da s i n t a x e g e r a t i v a , os r e g i s t r o s mais r e c e n t e s sobre os clíticos a p r e s e n t a d o s p e l o s h i s p a n i s t a s estão b a s e a d o s na "T h e o r y of Government and Binding ".

C o n s i d e r a n d o de grande i m p o r t â n c i a os c l í t i c o s no espanhol, a c r e d i t a m o s ser c o e r e n t e pelo menos iniciar uma c o m p a r a ç ã o do uso destes p r o n o m e s com o p o r t u g u ê s . Deste m o d o , no c a p í t u l o 5 a p r e s e n t a r e m o s os c l í t i c o s do espanhol como e l e m e n t o s que estão em pleno uso, e n q u a n t o no p o r t u g u ê s não ocorre o m e s m o .

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A s s i m , a p r e s e n t a r e m o s n e s t e t r a b a l h o a l g u m a s n u a n c e s dos p r o n o m e s c l í t i c o s do e s p a n h o l . L e v a n d o em c o n t a a c o m p l e x i d a d e do tema, p r o c u r a m o s e s c l a r e c e r a l g u n s p r o b l e m a s a ele r e l a c i o n a d o s , mas sempre c o n s c i e n t e s que a i n d a há várias h i p ó t e s e s a s e r e m d i s c u t i d a s e que muitas o u t r a s a i n d a a p a r e c e r ã o .

O e s p a n h o l tem sido c o n s i d e r a d o uma língua q u e p e r m i t e a n á f o r a zero de s u j e i t o , mas não p e r m i t e a n á f o r a zero de o b j e t o . C o n s i d e r a m o s os p r o n o m e s c l í t i c o s um o b j e t o de estudo c o m p l e x o q u a n t o a sua p r e s e n ç a / a u s ê n c i a e das f o r m a s que essa p r e s e n ç a / a u s ê n c i a a s s u m e no contexto. A t r a v é s desse t r a b a l h o nos p r o p o m o s a f a z e r um r a s t r e a m e n t o sobre a s i t u a ç ã o dos c l í t i c o s desde a primeria g r a m á t i c a e s p a n h o l a até os estudos c o m t e m p o r â n e o s mais r e l e v a n t e s . Os i n t e r e s s a d o s na língua e s p a n h o l a , c e r t a m e n t e v e r ã o que este t r a b a l h o é algo d i f e r e n t e , pois não se tem um q u a d r o r a z o a v e l m e n t e claro sobre o que s e j a m os p r o n o m e s clíticos. N ã o e x i s t e para o p a r e n d i z b r a s i l e i r o , nem d e n t r o da t r a d i ç ã o f i l o l ó g i c a , nem com os l i n g ü i s t a s h i s p â n i c o s c o n t e m p o r â n e o s um t r a b a l h o que venha a e n f o c a r os p r o n o m e s c l í t i c o s ao p o n t o de e l u c i d a r os q u e s t i o n a m e n t o s e x i s t e n t e s sobre esses p r o n o m e s . O t r a b a l h o mais c o n s i s t e n t e que e x i s t e é a tese de d o u t o r a d o de N e i d e T. M a i a G o n z á l e z que tem um e n f o q u e d i f e r e n t e deste p r o p o s t o por nós, p o i s é v o l t a d o para a lingüística a p l i c a d a . A tese de G o n z á l e z a p r e s e n t a as d i f i c u l d a d e s que o f a l a n t e b r a s i l e i r o e n c o n t r a em a p r e n d e r os p r o n o m e s á t o n o s da língua espanhola c o m o s e g u n d a língua e não sendo um t r a b a l h o t e ó r i c o ou

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c o m p a r a t i v o . E s s e tipo de t r a b a l h o c o m p a r a t i v o a i n d a está por ser escrito. Por isso, e n t e n d e m o s que este tema não está e s g o t a d o e d e v e r á suscitar m u i t a s d i s c u s s õ e s f u t u r a s e nossa i n t e n ç ã o é q u e este t r a b a l h o sirva de c e n á r i o para f u t u r o s t r a b a l h o s que, c e r t a m e n t e , s u r g i r ã o .

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1. H I S T Ó R I C O

1 . 1 0 " E S T A D O DA A R T E "

Q u a n d o c o m e ç a m o s a c a m i n h a d a p a r a a r e a l i z a ç ã o d e s t e t r a b a l h o , f o m o s buscar em f o n t e s de p r i m e i r a g r a n d e z a , ou s e j a , g r a m á t i c a s e outros r e g i s t r o s c o n f i á v e i s , d a d o s que e s c l a r e c e s s e m d ú v i d a s a r e s p e i t o do a s s u n t o : os p r o n o m e s c l í t i c o s do E s p a n h o l . Um f a t o n o s c h a m o u a atenção é que na l í n g u a p o r t u g u e s a os c l í t i c o s são u s a d o s s o m e n t e na linguagem c u l t a , o que não ocorre no e s p a n h o l que f a z uso dos m e s m o s c o r r i q u e i r a m e n t e .

A Gramática Castellana ( 1 4 9 2 ) de E l i o A n t o n i o de N e b r i j a , foi a p r i m e i r a g r a m á t i c a e s p a n h o l a a ser r e g i s t r a d a o f i c i a l m e n t e . N e b r i j a foi o n ú m e r o um no n o r m a t i z a r o c a s t e l h a n o , a língua s t a n d a r t do n o v o país.

Com essa g r a m á t i c a , inicia-se a H i s t o r i o g r a f i a da L i n g u a E s p a n h o l a . Além disso, a i n t e n ç ã o desta gramática é servir c o m o um d e p ó s i t o o r g a n i z a d o de i n f o r m a ç õ e s sobre a t r a d i ç ã o f i l o l ó g i c a e s p a n h o l a e r e g i s t r a r d e v i d a m e n t e a língua española d e n t r o do c o n t e x t o u n i v e r s a l .

A t r a d i ç ã o f i l o l ó g i c a e s p a n h o l a é muito a n t i g a e v a r i a d a . P e r d e - s e na r e m o t a a n t i g ü i d a d e h i s p a n o - l a t i n a com c o n t r i b u i ç õ e s c o m o as de Lucio A n n e o S é n e c a (4 a.C.-65 d.C.) y M a r c o F á b i o Q u i n t i l i a n o (35-95 d.C.). Díaz y Díaz ( 1 9 8 2 ) e Cuenca ( 1 9 8 3 ) r e g i s t r a m a i m p o r t â n c i a de

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Etmologías de San I s i d o r o de Sevilla ( 5 6 0 - 6 3 6 ) na p r e s e r v a ç ã o da língua e s p a n h o l a . H o u v e m u d a n ç a s a c e n t u a d a s na t r a d i ç ã o h i s p a n a no século XII. O f a t o da t r a d i ç ã o f i l o l ó g i c a n a c i o n a l c o m e ç a r c o m N e b r i j a (1492) foi um t ó p i c o m u i t o d i s c u t i d o na l i t e r a t u r a h i s p â n i c a . N o s é c u l o XIII, a g r a m á t i c a m e d i e v a l p a r t i a do suposto que a r a z ã o i m p u n h a à linguagem d e t e r m i n a d o s m o d o s de e x p r e s s ã o que as d i v e r s a s l í n g u a s d e v e r i a m r e s p e i t a r a c i m a dos a s p e c t o s d i f e r e n c i a i s e p a r t i c u l a r e s . A s s i m , as p a r t e s do d i s c u r s o eram c o n s i d e r a d a s como m o d o s de s i g n i f i c a ç ã o que d e v e r i a m e x p r e s s a r os v á r i o s a s p e c t o s do ser e do p e n s a m e n t o . O r e s u l t a d o foi uma gramática da l i n g u a g e m e não da língua. P a r t i n d o da v i s ã o medieval e a d o t a n d o a t e r m i n o l o g i a da época, não p o d e r i a se f a l a r de duas t e n d ê n c i a s g r a m a t i c a i s t o t a l m e n t e opostas, p o r q u e o o b j e t o material de ambas era i d ê n t i c o : a língua latina. Por outro lado, se d i f e r e n c i a v a m quanto ao o b j e t o f o r m a l : a r e f l e x ã o sobre as p a r t e s do d i s c u r s o e a a p r e n d i z a g e m de r e g r a s com f i n a l i d a d e d i d á t i c a . As g r a m á t i c a s do tipo elementar se c a r a c t e r i z a v a m pela clareza e s i m p l i c i d a d e , q u a l i d a d e s n e c e s s á r i a s para iniciar os a l u n o s no e s t u d o de a u t o r e s latinos, (cf.

Farrés, 1976). As g r a m á t i c a s u t i l i z a d a s em n í v e i s s u p e r i o r e s do ensino a p r e s e n t a v a m uma m a r c a de caráter e s p e c u l a t i v o . Em sua grande maioria levavam o nome de G r a m á t i c a s p e c u l a t i v a o De modis significando, como as de W i l l i a m de C o n c h e s , Petrus H e l i a e no s é c u l o XII e Roberte K i l w a r d y , M i c h e l M a r b a i s , Siger de C o u r t r a i no s é c u l o X I I I . ( c f . N e b r i j a 1492). As t e o r i a s da gramática e s p e c u l a t i v a n a s c e r a m de alguns

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p e n s a m e n t o s f i l o s ó f i c o s de base r e a l i s t a : a a d e q u a ç ã o e n t r e o mundo das idéias e o m u n d o real. N o século XV, a E s p a n h a f r a g m e n t a d a em v á r i o s reinos, b u s c o u sua u n i ã o n a c i o n a l g e r a d a d u r a n t e a l o n g a luta c o n t r a os árabes. R e c o n q u i s t a , e com isso, busca um n o v o s e n t i d o da língua com a visão da m a g n a e n t i d a d e n a c i o n a l . Em c o n s e q ü ê n c i a , o castelhano, por razões h i s t ó r i c o - c u l t u r a i s e p o l í t i c a s , a c a b o u por c o n v e r t e r - s e na língua n a c i o n a l e n q u a n t o o espanhol t o r n o u - s e d e n o m i n a ç ã o de c i d a d a n i a (Alonso, 1943). A p r e o c u p a ç ã o teórica e p r á t i c a por e l e v a r e d i g n i f i c a r a língua foi g e n e r a l i z a n d o - s e na mesma m e d i d a em que ia e s t a b e l e c e n d o de m a n e i r a clara o o b j e t i v o f i n a l : a e l e v a ç ã o do c a s t e l h a n o , c o n s i d e r a d o até então v u l g a r , à c a t e g o r i a de língua de c u l t u r a . M a s este p r o c e s s o h i s t ó r i c o de c o n s o l i d a ç ã o em que a f i l o l o g i a , com o intuito de p r e s e r v a ç ã o da l í n g u a , c u m p r i u um d e s t a c a d o p a p e l , e x i g i u , por um lado, lutar contra a s u p e r v a l o r i z a ç ã o do latim e, por outro l a d o , fixar um uso f o r ç a d o da língua r o m a n c e . Para a l c a n ç a r o p r i m e i r o , o e n s i n o teve que ser r e n o v a d o , a p r o f u n d a n d o - s e na estirpe g e n e a l ó g i c a do r o m a n c e , r e s s a l t a n d o suas s e m e l h a n ç a s com as línguas c l á s s i c a s e v a l o r i z a n d o suas p r ó p r i a s r a í z e s . Para c o n s o l i d a r o último, ou s e j a , o uso da língua r o m a n c e , foi n e c e s s á r i o t r i l h a r novos c a m i n h o s , c o m o foi o de e s c r e v e r a primeira g r a m á t i c a de uma língua r o m a n c e ( N e b r i j a , 1492), fixar sua o r t o g r a f i a ( 1 5 1 7 ) e d o t á - l a de uma p r e s t i g i o s a l i t e r a t u r a . A g r a m á t i c a de N e b r i j a , p u b l i c a d a em 1492, a qual tinha a f i n a l i d a d e de p r e s e r v a r os registros da língua e s p a n h o l a , não a p r e s e n t o u q u a l q u e r r e g i s t r o sobre dos

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p r o n o m e s c l í t i c o s . Isto nos leva a q u e s t i o n a r o uso dos r e f e r i d o s p r o n o m e s na é p o c a . L e m b r e m o s que 1492 é t a m b é m o ano do d e s c o b r i m e n t o da A m é r i c a por C r i s t ó v ã o C o l o m b o e que, s e g u r a m e n t e , não é pura c o i n c i d ê n c i a o a p a r e c i m e n t o da p r i m e i r a g r a m á t i c a do espanhol neste m e s m o ano. T a l v e z a i n c o r p o r a ç ã o e o uso dos m e s m o s f o s s e algo tão i n t r í n s e c o , n a t u r a l ( p o d e r í a m o s dizer até e n t r a n h a d o ) na língua e s p a n h o l a que, desde a q u e l e m o m e n t o e até h o j e , não se f e z necessário q u a l q u e r d i s c u s s ã o ou c o m e n t á r i o e s p e c í f i c o sobre o assunto.

S i m p l e s m e n t e não se t o m a v a c o n h e c i m e n t o sobre a i m p o r t â n c i a do assunto. D i a n t e disto, vemos que o uso dos c l í t i c o s era algo que num p r i m e i r o m o m e n t o não s u s c i t o u e s t u d o s nem r e g i s t r o s . Se a n a l i s a r m o s a i m p o r t â n c i a da g r a m á t i c a de N e b r i j a ( 1 4 9 2 ) e em que c i r c u n s t â n c i a s surgiu, t a l v e z a q u e s t ã o aqui a p r e s e n t a d a , ou seja, os p r o n o m e s clíticos, não f o s s e algo que m e r e c e s s e m e n ç ã o , ou a i n d a , algo que não havia sido tomado como i m p o r t a n t e . N o t a m o s , que ainda h o j e , esse a s s u n t o não está e s c l a r e c i d o e p o u c o s são os que ousam e s c r e v e r ou e s t u d a r sobre o mesmo. Esse f e n ô m e n o chama a t e n ç ã o do e s t u d i o s o b r a s i l e i r o porque entra em c h o q u e com a g r a m á t i c a do p o r t u g u ê s b r a s i l e i r o f a l a d o .

Em o u t r a s f o n t e s de " p r i m e i r a l i n h a " , j á do n o s s o século, (Seco (1968), Quilis ( 1 9 8 0 ) e Gili y Gaya ( 1 9 6 1 ) ) , porém, j á c o m e ç a m aparecer as m e n ç õ e s às f o r m a s c l í t i c a s , d a n d o - s e ê n f a s e aos p r o n o m e s , r e v e l á n d o - se assim uma p r e o c u p a ç ã o com estes e l e m e n t o s da l í n g u a . Em algumas gramáticas mais r e c e n t e s , os c l í t i c o s a p a r e c e m de m o d o e x p l í c i t o , as

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f o r m a s á t o n a s a p a r e c e m como c o m p l e m e n t o de o b j e t o d i r e t o e o b j e t o indireto. E n t r e t a n d o , f i c a muito claro que os h i s p a n i s t a s não se interessam nem pela s e m â n t i c a nem pela p r a g m á t i c a . O q u e importa é tão somente a n o r m a ou os " d e s v i o s da n o r m a " . Não há t r a b a l h o s v o l t a d o s à s e m â n t i c a e/ou à p r a g a m á t i c a dos c l í t i c o s . Por isso, n o s s o p r e s e n t e e s t u d o t o r n a - s e f a t a l m e n t e l i m i t a d o d e v i d o à f a l t a de d e s c r i ç õ e s " r e a i s " d a língua e s p a n h o l a . P o r e s t a s r a z õ e s , este t r a b a l h o r e p r e s e n t a um a p a n h a d o do que e x i s t e , m o s t r a o p a n o r a m a da s i t u a ç ã o d o s e s t u d o s sobre os clíticos da língua e s p a n h o l a e f a z uma a p r o x i m a ç ã o p a r a os t r a b a l h o s que virão.

S e g u n d o a Real A c a d e m i a E s p a n h o l a ( 1 9 9 5 ) , os clíticos são

" i n c r e m e n t o s p e s s o a i s " que ligados ao v e r b o têm a f u n ç ã o de o b j e t o direto ou i n d i r e t o , ou a m b o s de uma vez. A s s i m , c o m o as t e r m i n a ç õ e s verbais marcam a p e s s o a que f u n c i o n a como s u j e i t o g r a m a t i c a l e não se faz n e c e s s á r i o um s u j e i t o e x p l í c i t o , os c l í t i c o s a t u a m como u n i d a d e s lexicais que c u m p r e m as f u n ç õ e s de o b j e t o direto ou i n d i r e t o . Os clíticos indicam, ao u n i r - s e ao v e r b o , que este possui um o b j e t o direto ou indireto de de p r i m e i r a , s e g u n d a ou t e r c e i r a p e s s o a , o qual não se e s p e c i f i c a com outra p a l a v r a por sua r e f e r ê n c i a ser de c o n h e c i m e n t o dos i n t e r l o c u t o r e s . P o r é m , q u a n d o é de interesse c o m u n i c a t i v o , ou seja, há intenção de ê n f a s e e x p r e s s i v a , as c o n s t r u ç õ e s p o d e m e x p l i c i t a r , o o b j e t o direto ou i n d i r e t o , com um s u b s t a n t i v o .

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Quilis ( 1 9 8 0 ) a f i r m a que "L a s formas átonas del complemento directo e indirecto de la primeira y segunda persona son idénticas, mientras en la tercera difieren." ( Q u i l i s , 1980). O b s e r v e - s e que esse tipo de a f i r m a ç ã o a p r e s e n t a d a n u m a g r a m á t i c a r e s p e i t á v e l j á não diz q u a s e nada para os f a l a n t e s h i s p â n i c o s , i m a g i n e - s e e n t ã o , q u e i n f o r m a ç ã o ela f o r n e c e r i a p a r a um a p r e n d i z ou m e s m o p r o f e s s o r de e s p a n h o l como segunda língua!

T o d o s os g r a m á t i c o s c o i n c i d e m em que as f o r m a s á t o n a s se pospõem ao i n f i n i t i v o , g e r u n d i o e i m p e r a t i v o . N a s d e m a i s f o r m a s verbais, as f o r m a s á t o n a s p r e c e d e m ao v e r b o .

S e g u n d o a v i s ã o de Q u i l i s , para f a z e r uma d i s t i n ç ã o g e n é r i c a no c o m p l e m e n t o d i r e t o f a z - s e o uso da f o r m a la para o f e m i n i n o para distinguir entre:

(1) Le di un coche (a él).

(2) La di un coche (a ella).

Esta d i s t i n ç ã o é c o l o q u i a l e até dialetal, e não é n o r m a , a qual r e c e b e o nome de laísmo. P o d e - s e d i z e r , e n t ã o , que o l a í s m o , la x le, é o uso de c o m p l e m e n t o i n d i r e t o f e m i n i n o . T r a t a r i a - s e de um f e n ô m e n o c o n v e r s a c i o n a l , ou s e j a , do uso i n f o r m a l e não da n o r m a .

Ainda s e g u n d o Q u i l i s , ao c o n t r á r i o , le é usado c o m o c o m p l e m e n t o direto m a s c u l i n o para e s c l a r e c e r o e q u í v o c o com o n e u t r o lo. A esse

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f e n ô m e n o da l í n g u a e s p a n h o l a dá-se o n o m e de leísmo. Em o u t r a s palavras, le é u s a d o c o m o c o m p e l m e n t o d i r e t o m a s c u l i n o p a r a f a z e r uma d i f e r e n ç a entre o uso do a r t i g o n e u t r o lo que é u s a d o em a l g u n s c a s o s como, por e x e m p l o , a n t e s de a d j e t i v o s , a d v é r b i o s , p a r t i c i p i o , que ( q u a n d o i n t r o d u z o r a ç õ e s ) de ( q u a n d o se r e f e r e a algo que não se quer dizer ou e s p e c i f i c a r ) .

(4) Lo bonito que es mi país. ( a d j e t i v o ) (5) Lo mucho que te quiero, ( a d v é r b i o )

(6) Lo amado que era el maestro, ( p a r t i c i p i o ) (7) No sé lo que dices. ¡Repite! (que + s u b o r d i n a d a ) (8) Lo de Guillermo ni lo miremos todavía, (de)

Assim, o leísmo seria o uso de le x lo como c o m p l e m e n t o direto m a s c u l i n o .

(9) Le vi por la calle.

Uma o u t r a s i t u a ç ã o é o lo a n a f ó r i c o que às v e z e s r e p r o d u z o r a ç õ e s e c o n t e x t o s i n t e i r o s :

(10) No lo entiendo.

Neste e x e m p l o , lo p o d e r e f e r i r - s e a um c o n t e x t o a m p l o , i n t e i r o .

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Uma r e f e r ê n c i a c l á s s i c a d e n t r o do c o n t e x t o l i n g ü í s t i c o h i s p a n i s t a é o Curso superior de sintaxis española de Gili y Gaya ( 1 9 6 1 ) c i t a d o como r e f e r ê n c i a p r i m e i r a d e n t r o das g r a m á t i c a s e s p a n h o l a s por t o d o s os h i s p a n i s t a s . A s s i m , o b s e r v a n d o a t e n t a m e n t e sua visão c l á s s i c a sobre os p r o n o m e s c l í t i c o s , v e m o s que as f o r m a s á t o n a s a p r e s e n t a m u m a d e s c r i ç ã o seguida por o u t r o s a u t o r e s , como, por e x e m p l o , Q u i l i s ( 1 9 8 0 ) que é p o s t e r i o r . Isso q u e r d i z e r que os que se v i e r a m d e p o i s s e m p r e se a p o i a m nessa g r a m á t i c a . S e g u n d o Gili y Gaya, a s i g n i f i c a ç ã o que c o r r e s p o n d e aos p r o n o m e s á t o n o s de 3a p e s s o a é a s e g u i n t e : lo, la, los, las, c o m p l e m e n t o d i r e t o ( a c u s a t i v o ) ; le, les (se) c o m p l e m e n t o indireto (dativo). Este e s t a d o p a r e c e ser c o n s e r v a d o i n t e g r a m e n t e na A m é r i c a H i s p a n a , ou p e l o m e n o s em g r a n d e p a r t e dela (Gili y G a y a , 1961). Neste t r a b a l h o , não t r a t a r e m o s desta q u e s t ã o , por isso f a z e m o s aqui s o m e n t e um breve e s u c i n t o c o m e n t á r i o .

Outro g r a n d e g r a m á t i c o e s p a n h o l - de c u n h o e s t r u t u r a l i s t a - Seco (1968), no Manual de Gramática Española, m e n c i o n a a d i s t i n ç ã o q u a n d o se trata dos c a s o s :

De todas Ias formas que acabamos de ver, ofrecem um interés sintático excepcional las de dativo y acusativo me, te, nos, os, le, la, lo, les, los, las, se, llamadas formas átonas porque carecen de acento en la pronunciación y por ello se pronuncian apoyándose en las palabras adyacentes, con las que forman a veces un compuesto. (Seco, 1968, p. 155)

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Seu e s t u d o p r o p õ e d i s c u t i r que f r e n t e às f o r m a s de a c u s a t i v o me, te, lo, la, nos, os, los, las, se e n c o n t r a m , c o r r e l a t i v a s d e s t a s , r e f e r i n d o - s e aos m e s m o s c o n c e i t o s s u b s t a n t i v o s , as f o r m a s de d a t i v o me, te, le, nos, os, les. P a r a Seco ( 1 9 6 8 ) , os p r o n o m e s á t o n o s vêm r e f o r ç a r o s e n t i m e n t o do f a l a n t e , ou s e j a , dar ê n f a s e na c o n s t r u ç ã o d e s e j a d a . V e j a m o s a l g u n s e x e m p l o s p a r a e s c l a r e c e r o uso destas f o r m a s em a m b o s os c a s o s :

Acusativo

(11) E s e h o m b r e me (OD) busca, (a mí) (12) Tu p a d r e te (OD) ha visto, (a ti)

(13) Nos ( O D ) ha traído la tía. (a nosotros) (14) Os ( O D ) e n v i d i a la g e n t e . ( a vosotros) (15) A y e r lo ( O D ) vi en la calle . (a él) (16) No la ( O D ) c o n o z c o . (a ella)

(17) P e d r o nos los (OD) ha b u s c a d o . {a ellos) (18) La casa las (OD) ha p a g a d o ya. (a ellas)

Dativo

(19) Ese h o m b r e me (OI) busca un disgusto(OD).(¿¡r mí/para mí)

(20) Tu p a d r e te (OI) ha visto las cartas(OD).(tf ti/para ti)

(21)

(21) Nos ( O I ) ha traído la tía u n o s l i b r o s ( O D ) . ( a nosotros/para

nosotros)

(22) Os ( O I ) e n v i d i a la gente v u e s t r a casa(OD).(<? vosotros/la casa)

(23) A y e r le (OI) vi la c i c a t r i z ( O D ) . (a él! de él)

(24) No le (OI) c o n o z c o el n u e v o v e s t i d o ( O D ) . ( a ella/ de ella)

(25) P e d r o no les ha b u s c a d o casa, (a ellos) (26) La casa les ha p a g a d o ya su s u e l d o . ( a ellas)

É i m p o r t a n t e s a l i e n t a r aqui o p o s i c i o n a m e n t o de Seco ( 1 9 6 8 ) sobre as f o r m a s á t o n a s de d a t i v o , as quais a d m i t e m uma m o d a l i d a d e em seu s i g n i f i c a d o que se c h a m a dativo de interesse, p e l o qual se expressa a p a r t i c i p a ç ã o s e n t i m e n t a l do s u j e i t o no e n u n c i a d o que se f a l a . Se d i z e m o s se me murió mi madre, não a c r e s c e n t a m o s n e n h u m a i n f o r m a ç ã o nova em relação ao i n d i c a d o pela oração se murió mi madre; com o me e x p r e s s a m o s a i n t e r v e n ç ã o a f e t i v a no f a t o , ou s e j a , o interesse s e n t i m e n t a l . Esse f e n ô m e n o ocorre f r e q ü e n t e m e n t e na língua e s p a n h o l a , o qual v e r e m o s mais a d i a n t e ao d i s c u t i r a f u n ç ã o p r a g m á t i c a .

Q u a n d o b u s c a m o s no Esbozo de una Nueva Gramática de la Lengua Española da Real Academia ( 1 9 7 5 ) os r e g i s t r o s sobre os p r o n o m e s clíticos, e n c o n t r a m o s a l g u m a s c o n s i d e r a ç õ e s i n t e r e s s a n t e s . Como o

(22)

próprio t í t u l o a n u n c i a , essa g r a m á t i c a é a a n t e c i p a ç ã o p r o v i s ó r i a d a q u e l a que viria a ser a n o v a e d i ç ã o de sua Gramática de la Lengua Española. A f i n a l i d a d e p r i m o r d i a l d e s s a p u b l i c a ç ã o é a de r e u n i r m a t e r i a i s que a c o m i s s ã o de G r a m á t i c a d e s s a A c a d e m i a p r e p a r o u c o m o b a s e da f u t u r a Gramática. D e s s a f o r m a , esse Esbozo tem toda v a l i d a d e n o r m a t i v a .

No que d i z r e s p e i t o à e q u i v a l ê n c i a a él =le; a mí = me, que são v a r i a n t e s de a c u s a t i v o ou d a t i v o , são feitas as s e g u i n t e s c o n s i d e r a ç õ e s : os dois m e m b r o s de cada uma destas i g u a l d a d e s q u a s e n u n c a f a z e m um i n t e r c â m b i o . N e m s e q u e r se p o d e r i a dizer, em t e r m o s g e r a i s , que a él, por e x e m p l o , é um r e f o r ç o de le, ou que sua p r e s e n ç a dá o r i g e m a certa espécie de p l e o n a s m o , p e l o f a t o de que quase s e m p r e a p a r e c e na m e s m a oração que le, o que, p o r outro lado, não ocorre com m u i t a f r e q ü ê n c i a . Me es fácil i m p l i c a no me es difícil, pero a mí me es fácil i m p l i c a a ti ou a otro no le sería tan fácil. Nessa e x p r e s s ã o , n o t a m o s que a p r e s e n ç a do p r o n o m e c l í t i c o serve para d e t e r m i n a r a i n t e n ç ã o do f a l a n t e , ou seja, r e f o r ç a r a f r a s e dita. Q u a n d o se diz, a mí me es fácil, o uso de a mí, age como e l e m e n t o e n f a t i z a d o r na inteção do f a l a n t e . Esse f e n ô m e n o f a z parte da língua e s p a n h o l a e está i n t i m a m e n t e ligado ao l o c u t o r . No espanhol a n t i g o e c l á s s i c o e n c o n t r a m o s o uso de a él, a mi, sem o p r e c e d i m e n t o de le, me. Os seguintes e x e m p l o s do Esbozo p o d e m c o m p r o v a r que se trata sempre do mesmo tipo de e n u n c i a d o e x c l u i n d o (a mí sí, pero a ti no) ou de c o n t r a s t e (a mí esto, a ti lo otro):

A mí dio rumiar salvad / él comió el pan más duz ( J u a n Ruiz, 1 18);

(23)

Véela e dexa a mí para siempre (Celestina, /);

Que yo os doy el parabién / [...] y a ella licencia doy / para que os dé mano y brazos ( L o p e de V e g a , La corona merecida, v. 9 4 8 ) .

Se t r o c a r m o s a mí por me, a ella por le, v e r e m o s que o sentido destas p a s s a g e n s f i c a r á d e f i c i e n t e , isto é, se p e r d e r á a ê n f a s e n e c e s s á r i a para a leitura. O uso d e s t e s p r o n o m e s no c o n t e x t o é p r o p o s i t a l p a r a r e f o r ç a r , e até m e s m o d e s t a c a r a i n t e n ç ã o do f a l a n t e .

S e g u n d o V i g a r a T a u s t e ( 1 9 8 7 ) , em r e l a ç ã o à l í n g u a e s p a n h o l a , a maioria dos a u t o r e s e s t ã o de a c o r d o em d i z e r que o que interessa r e a l m e n t e para o e s t u d o c o n c r e t o do c o l o q u i a l é a s i n t a x e , e que os e l e m e n t o s s i n t á t i c o s são a " e n t r a n h a da l i n g u a g e m c o l o q u i a l " .

Trata-se de uma sintaxe dinâmica, de difícil interpretação nos moldes da gramática tradicional, de escassa base real.

Normalmente as alterações sintáticas do diálogo se explicam em razão da expressividade. (Vigara Tauste, 1987:18)

Já na v e r s ã o da Gramática de la Lengua Española de la Real Academia ( 1 9 9 5 ) , os p r o n o m e s p e s s o a i s átonos são a p r e s e n t a d o s de duas m a n e i r a s : os s u b s t a n t i v o s p e s s o a i s , que têm dois c r i t é r i o s : de r e f e r i r - s e a e l e m e n t o s da s i t u a ç ã o em que se fala, e as p a r t í c u l a s á t o n a s que se unem ao v e r b o . A s s i m , s e g u n d o a Real A c a d e m i a , e x i s t e m dois motivos para reunir esses dois c r i t é r i o s : sua origem h i s t ó r i c a e sua p a r c i a l i d e n t i d a d e s e m â n t i c a , visto que os dois critérios c o n t ê m um c o m p o n e n t e c o m u m :

(24)

designar a u m a das três p e s s o a s g r a m a t i c a i s . A q u i e n c o n t r a m o s dois p r o b l e m a s : p r i m e i r o , a m i s t u r a de c r i t é r i o s e s e g u n d o , a f a l t a do e s t u d o da s e m â n t i c a . Os p r o n o m e s á t o n o s nunca a p a r e c e m i s o l a d o s , m a s f o r m a n d o um t o d o com o v e r b o , ainda que a m o r f o s s i n t a x e e a o r t o g r a f i a os a p r e s e n t e s e p a r a d o s em p r ó c l i s e ( c o m o em Se cuenta) ou u n i d o s em ênclise (como em Cuéntase). A t u a l m e n t e , p r e f e r e - s e o uso da p r ó c l i s e com as f o r m a s v e r b a i s flexionadas, e n q u a n t o com o i m p e r a t i v o e n o m i n a i s v e r b a i s u t i l i z a - s e a ê n c l i s e : Lo compré, La compraste, Me dará, Te darían, ao c o n t r á r i o de compradlo, Comprarla, Comprándome. Existe uma e x p l i c a ç ã o na Gramática de la Real Academia de que na língua escrita ( r e g i s t r o f o r m a l ) e em certas zonas d i a l e t a i s , p e r d u r a o e m p r e g o da ênclise q u a n d o a f o r m a verbal vem d e p o i s de uma p a u s a : Vanse Ias leyendas, Compráronme un vestido y hasta hoy. É f a t o que s e m p r e que se encontra uma e x p l i c a ç ã o para o uso desses p r o n o m e s n o t a m o s que os g r a m á t i c o s se b a s e i a m na n o r m a e p r o c u r a m os d e s v i o s .

É i m p o r t a n t e m e n c i o n a r aqui que a Gramática de la Real Academia traz os s u b s t a n t i v o s p e s s o a i s r e f e r i n d o - s e a p a r t i c i p a n t e s da s i t u a ç ã o em que se fala, e os " i n c r e m e n t o s " p e s s o a i s fazem a l u s ã o (por a n á f o r a ou por c a t á f o r a ) a o u t r a s u n i d a d e s c o n t i d a s no c o n t e x t o l i n g ü í s t i c o . Estas unidades p e s s o a i s á t o n a s são: me, te, le, lo, la, nos, os, les, los, las e se.

Do m e s m o m o d o que as f l e x õ e s verbais m a r c a m a p e s s o a que f u n c i o n a como s u j e i t o g r a m a t i c a l e não faz falta um s u j e i t o e x p l í c i t o se a situação não é a m b i g u a , os e l e m e n t o s a d i c i o n a i s p e s s o a i s p e r m i t e m evitar

(25)

as u n i d a d e s l e x i c a i s que c u m p r i r i a m as f u n ç õ e s de o b j e t o d i r e t o ou indireto. Os e l e m e n t o s a d i c i o n a i s i n d i c a m , ao u n i r - s e ao v e r b o , que este possui um o b j e t o d i r e t o ou indireto de p r i m e i r a , s e g u n d a ou t e r c e i r a p e s s o a , o qual não se e s p e c i f i c a com outra p a l a v r a por ser sua r e f e r ê n c i a c o n h e c i d a dos i n t e r l o c u t o r e s (RAE, 1995, p. 199).

Os e l e m e n t o s a d i c i o n a i s p e s s o a i s p o d e m variar q u a n t o ao n ú m e r o , que d e p e n d e da u n i d a d e a que se r e f e r e m . No s i n g u l a r : p r i m e i r a p e s s o a me, s e g u n d a p e s s o a te, t e r c e i r a pessoa le, lo, la; no p l u r a l : nos de primeira p e s s o a , os de s e g u n d a pessoa e les, los, las de t e r c e i r a p e s s o a . A u n i d a d e se, t a m b é m de t e r c e i r a p e s s o a , vale tanto p a r a o s i n g u l a r como para o p l u r a l . Essa u n i d a d e também se usa com me, te, nos, os p o r q u e todos estes d e s e m p e n h a m as f u n ç õ e s de o b j e t o d i r e t o e i n d i r e t o sem d i s t i n ç ã o .

(27) Se me los compro Juan.

(28) Se te los llevó Maria.

(29) Se nos há invitado a cenar.

(30) Se os buscó por toda la casa.

O b s e r v e - s e que, n e s s e s casos, se apenas é c o m p a t í v e l com v e r b o s c u j o s u j e i t o g r a m a t i c a l s e j a de t e r c e i r a pessoa {se lava, se lavan). A s s i m , a esta noção de uso do c l í t i c o , dá-se o nome de reflexivo, a qual c o n s i s t e em indicar que a p e s s o a d e n o t a d a pelo s u j e i t o g r a m a t i c a l e a pessoa d e s i g n a d a pelo o b j e t o direto ou indireto c o i n c i d e m em uma mesma r e f e r ê n c i a .

(26)

E m b o r a não seja o a s s u n t o aqui e n f a t i z a d o , cabe m e n c i o n a r que, no que diz r e s p e i t o ao r e f l e x i v o se, a Real A c a d e m i a r e g i s t r a que n e c e s s i t a de v a r i a ç ã o de g ê n e r o e n ú m e r o e que seu s i g n i f i c a n t e c o i n c i d e com o que substitui aos e l e m e n t o s de t e r c e i r a p e s s o a em f u n ç ã o de o b j e t o d i r e t o q u a n d o se j u n t a com o u t r o . P o r outro lado, se se a l i n h a com me, te, nos, os p o r q u e t o d o s eles d e s e m p e n h a m as duas f u n ç õ e s de o b j e t o d i r e t o e indireto sem d i s t i n g u i - l a s .

Da m e s m a f o r m a como j á vimos em Seco ( 1 9 6 8 ) , a Real Academia (1995) r e g i s t r a o g ê n e r o r e f l e t i n d o em a p e n a s a l g u n s e l e m e n t o s a d i c i o n a i s de t e r c e i r a p e s s o a , como é o caso de lo e los p a r a o m a s c u l i n o , la e las para o f e m i n i n o . Além disso, o clítico lo s e r v e p a r a s e g m e n t o s não m a r c a d o s p e l o g ê n e r o (os c h a m a d o s n e u t r o s e u n i d a d e s c o m p l e x a s s u b s t a n t i v a d a s ) :

(31) Cuando te quieras dormir, me lo dices.

(32) No queda outro remedio que vender, liquidarlo todo.

(33) Y todo ello se lo come el camello.

As u n i d a d e s le, les e se são i n d i f e r e n t e s às d i s t i n ç õ e s de g ê n e r o .

(34) Estaba buscándole por la calle.

(35) Intenté hablarles mientras comíamos.

(36) Se fue cuando llegamos.

(27)

Em r e s u m o , q u a n t o ao uso de laísmo e l e í s m o , a Gramática de la Real Academia r e c o m e n d a m a n t e r o uso t r a d i c i o n a l , a q u i j á m e n c i o n a d o , apenas com a l g u m a s c o n c e s s õ e s ao leísmo, isto é, lo c o m o r e f e r e n t e de m a s c u l i n o s i n g u l a r em f u n ç ã o de o b j e t o d i r e t o ( e m b o r a se a c e i t e le neste caso q u a n d o se r e f e r e à p e s s o a ) , la para f e m i n i n o s i n g u l a r na m e s m a f u n ç ã o ; los p a r a p l u r a l m a s c u l i n o e las para f e m i n i n o c o m o o b j e t o direto;

le e les para os o b j e t o i n d i r e t o , s i n g u l a r , p l u r a l r e s p e c t i v a m e n t e , sem distinção de g ê n e r o ; lo c o m o r e f e r e n t e i n v a r i á v e l de v a l o r e s n e u t r o s nos papéis de o b j e t o d i r e t o e de a t r i b u t o . O fato da Gramática de la Real Academia r e c o m e n d a r que se m a n t e n h a o uso t r a d i c i o n a l do uso dos clíticos, vem c o n f i r m a r nossa a f i r m a ç ã o no que diz r e s p e i t o à p r e s c i t i v i d a d e que é um c o m p o n e n t e p r e s e n t e em t o d a s as g r a m á t i c a s de espanhol por mais que a l g u m a s delas p r e t e n d a m ser d e s c r i t i v a s , como a de Quilis, por e x e m p l o .

Existe ainda o r e g i s t r o na Gramática de la Real Academia ( 1 9 9 5 ) sobre a p o s s i b i l i d a d e dos p r o n o m e s átonos o c o r r e r e m j u n t o ao verbo como um e l e m e n t o a d i c i o n a l de o b j e t o direto e o u t r o de o b j e t o indireto, ambos proclíticos ou enclíticos. G e r a l m e n t e t r a t a - s e da c o m b i n a ç ã o de um r e f e r e n t e de q u a l q u e r pessoa com outro de t e r c e i r a : o p r i m e i r o r e f e r e - se ao o b j e t o i n d i r e t o e o s e g u n d o ao direto. P o d e m o s c o m p r o v a r isso em:

(37) Déjamelo.

(28)

( 3 8 ) Te lo regalo.

( 3 9 ) Nos la quitó.

(40) Os la mandé.

Nas g r a m á t i c a s mais r e c e n t e s , como por e x e m p l o a Gramática de Español ( G o n z á l e z & S á n c h e z , 1996), os p r o n o m e s c l í t i c o s são a b o r d a d o s - de n o v o - c o m o os p r o n o m e s c o m p l e m e n t o d i r e t o e i n d i r e t o . Esta gramática f a z uma a b o r d a g e m simples, sem um a p r o f u n d a m e n t o m a i o r , r e s S a l t a n d o a c o m p l e x i d a d e da t e r c e i r a p e s s o a dos p r o n o m e s c l í t i c o s . ( c f . p.52). C u r i o s a m e n t e , m e s m o sendo esta g r a m á t i c a e l a b o r a d a para o ensino do e s p a n h o l c o m o língua e s t r a n g e i r a , não se detém em d e t a l h e s para e x p l i c a r os c l í t i c o s de m a n e i r a mais c o n s i s t e n t e q u a n t o a seu uso.

Porém, d e s t a c a m o s aqui que, nesta g r a m á t i c a , o c o r r e o r e g i s t r o do e m p r e g o r e d u n d a n d e dos p r o n o m e s c o m p l e m e n t o d i r e t o e c o m p l e m e n t o indireto ( c f . p . 5 4 ) :

(41) A S u s a n a la i n v i t a r e m o s a la f i e s t a , ( c o m p l . d i r e t o )

(42) A tu hija c o n v i e n e que le p r e s t e s más a t e n c i ó n , ( c o m p l . i n d i r e t o )

A s s i m , a p e s a r de Ter r e g i s t r a d o esse uso, a g r a m á t i c a não se detém nele, não f a z a m í n i m a tentativa de d e s c r e v e r e e x p l i c á - l a m e s m o sendo esta g r a m á t i c a um a p o i o para pessoas i n t e r e s s a d a s na a p r e n d i z a g e m do espanhol, não dá um s u p o r t e consistente no s e n t i d o de e s c l a r e c e r o uso

(29)

do p r o n o m e c l í t i c o nas c o n s t r u ç õ e s do tipo de 41 e 42. A a s s i m i l a ç ã o da n e c e s s i d a d e do " r e f o r ç o " dos p r o n o m e s c l í t i c o s no d i s c u r s o do f a l a n t e de espanhol, c o m o s e g u n d a l í n g u a , f i c a r á sob r e s p o n s a b i l i d a d e do p r ó p r i o a p r e n d i z .

A Gramática Básica del Español ( S a r m i e n t o & S á n c h e z , 1996) traz r e g i s t r o s dos p r o n o m e s c l í t i c o s no que diz r e s p e i t o a sua n o r m a e uso. O que nos c h a m a a a t e n ç ã o é o f a t o de trazer uma nota e x p l i c a n d o a p o s i ç ã o da Real A c a d e m i a E s p a ñ o l a q u a n t o aos f e n ô m e n o s de l a í s m o , leísmo e loísmo, ou s e j a , n o v a m e n t e , em p r i m e i r o lugar está a q u e s t ã o da norma e dos " d e s v i o s " .

Los fenómenos de laísmo, leísmo y loísmo han sido condenados por la Real Academis, com diferente intensidad y en distintos momentos históricos. En general, cada uno de ellos es próprio de determinadas regiones peninsulares. El uso culto no admite el loísmo ni el laísmo, pero sí el leísmo de modo casi generalizado, siempre que le sustituya a lo en función de complemento directo masculino. Gramática Básica

del Español ( S a r m i e n t e & Sánchez, 1996, p. 104)

M u i t o s são os d e t a l h e s que e n v o l v e m os p r o n o m e s c l í t i c o s e m u i t o s e que c e r t a m e n t e s u s c i t a r ã o a p e s q u i s a de p o n t o s que não t e n h a m ainda sido a b o r d a d o s . C o m o v e r e m o s no d e c o r r e r do t r a b a l h o , os p r o n o m e s clíticos ainda a p r e s e n t a m muitos p r o b l e m a s a serem r e s o l v i d o s . H o j e , as g r a m á t i c a s e s p a n h o l a s têm a p r e s e n t a d o os p r o n o m e s c l í t i c o s como sendo

(30)

algo i n t i m a m e n t e l i g a d o ao f u n c i o n a m e n t o da l í n g u a e não há r e f e r ê n c i a de que e s t e j a m d e s a p a r e c e n d o . O que n o t a m o s é que seu uso tem sido a b u n d a n t e t a n t o na l í n g u a c o l o q u i a l como t a m b é m na l í n g u a p a d r ã o e faltam as d e s c r i ç õ e s do uso. Os g r a m á t i c o s , c o m o Gili y G a y a , Seco, pecam pela p r e s c r i t i v i d a d e e o u t r o s como S a r m i e n t o & S á n c h e z que fazem uma a b o r d a g e m g r a m a t i c a l de n o r m a e uso, não c h e g a m a e s c l a r e c e r , e l u c i d a r esse f e n ô m e n o .

(31)

2. OS P R O N O M E S Á T O N O S NA T E O R I A G R A M A T I C A L

Em e s p a n h o l , e em t o d a s as l í n g u a s r o m á n i c a s , c o n t a m o s c o m duas séries p a r a l e l a s de p r o n o m e s . Os m e m b r o s de uma d e l a s se c o l o c a m s i s t e m a t i c a m e n t e a d j u n t o s ao v e r b o , (lo veo) e n q u a n t o q u e os da outra aparecem em p o s i ç ã o c a n ó n i c a de o b j e t o , em a l t e r n â n c i a com os s i n t a g m a s n o m i n a i s p l e n o s (le di el libro a él / a Juan).

No Manual de gramática histórica española de M e n é n d e z Pidal (1987, p . 2 5 0 ) p o d e m o s 1er: "L a flexión del pronombre muestra otra riqueza, distinguiendo en el caso régimen dos formas: una acentuada y otra inacentuada, distinción cómoda en que aventaja el romance al latín clásico" ( P i d a l , 1987, p . 2 5 0 ) .

Na c i t a ç ã o a c i m a , o g r a m á t i c o a p r e s e n t a sua p o s i ç ã o em r e l a ç ã o às duas séries de p r o n o m e s que r e p r e s e n t a m uma " c o m o d i d a d e " ou uma

" v a n t a g e m " . C e r t a m e n t e , não r e p r e s e n t a m uma c o m o d i d a d e para o lingüista p o r q u e , para f a z e r este tipo de análise, é p r e c i s o a d e n t r a r às vezes no c a m p o da f o n o l o g í a , da m o r f o l o g í a , da s i n t a x e , da s e m â n t i c a e até da p r a g m á t i c a . Mas, além de tudo isto, o f e n ô m e n o da c l i t i c i z a ç ã o não se e n t e n d e r á c a b a l m e n t e sem se a p r o f u n d a r no c o n h e c i m e n t o das redes t e m á t i c a s dos v e r b o s , da c a r a c t e r i z a ç ã o dos n ú c l e o s de f r a s e e dos f e n ô m e n o s com eles r e l a c i o n a d o s , as p r o p r i e d a d e s das c a t e g o r i a s

(32)

f u n c i o n a i s , as r e s t r i ç õ e s sobre o m o v i m e n t o , das r e l a ç õ e s de ( c o ) r e f e r ê n c i a . T a l v e z s e j a este o m o t i v o pelo q u a l t e n h a se dado r e l a t i v a m e n t e p o u c a a t e n ç ã o aos p r o n o m e s c l í t i c o s n a s g r a m á t i c a s e s p a n h o l a s t r a d i c i o n a i s . P o r o u t r o lado, os g r a m á t i c o s não têm um p o n t o comum em r e l a ç ã o aos p r o n o m e s clíticos, f a t o r este q u e tem d e s p e r t a d o grande i n t e r e s s e dos l i n g ü i s t a s t e ó r i c o s . Mas d e s d e os a n o s s e t e n t a , f u n d a m e n t a l m e n t e com os t r a b a l h o s de P e r l m u t t e r ( 1 9 7 0 ) e K a y n e (1975), os p r o n o m e s á t o n o s têm s u s c i t a d o um i n t e r e s s e c r e s c e n t e entre os s i n t a t i c i s t a s . A p a r t i r d e s t a data, vários t r a b a l h o s têm s u r g i d o na i n t e n ç ã o de explicar este s i s t e m á t i c o f e n ô m e n o da c l i t i c i z a ç ã o .

O p r i m e i r o f r u t o d e s s a s t e n t a t i v a s foi o r e c o n h e c i m e n t o da variedade de f e n ô m e n o s i m p l i c a d o s na c l i t i c i z a ç ã o . O e s t u d o dos p r o n o m e s á t o n o s têm sido f e i t o desde as mais d i s t i n t a s p e r s p e c t i v a s e muitos dos t r a b a l h o s se atêm aos (sub) f e n ô m e n o s e s p e c í f i c o s , a b o r d a n d o parcelas c o n c r e t a s , c o m o a " r e d u p l i c a ç ã o " ou o tipo de c a t e g o r i a vazia que l e g i t i m a m . N e s t e c a p í t u l o d e l i m i t a r e m o s a l g u m a s das q u e s t õ e s r e l a c i o n a d a s com p r o n o m e s á t o n o s e e x p o r e m o s as h i p ó t e s e s r e l a t i v a s a sua n a t u r e z a e c o m p o r t a m e n t o .

2.1 N A T U R E Z A D O S C L Í T I C O S : O S I S T E M A P R O N O M I N A L DO E S P A N H O L

C o n f o r m e as c o n s i d e r a ç õ e s feitas por S o r i a n o ( 1 9 9 3 ) , as línguas r o m á n i c a s a n t i g a s a p r e s e n t a m a l t e r n â n c i a s de f o r m a s e n c l í t i c a s e

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p r o c l í t i c a s . No e n t a n t o , a a l t e r n â n c i a está, p e l o que p a r e c e , r e g u l a d a por p r i n c í p i o s que h o j e lhes são a l h e i o s . Se o v e r b o o c u p a a p r i m e i r a p o s i ç ã o na o r a ç ã o , o c l í t i c o há de s e g u i - l o . Em o u t r a s p a l a v r a s , seu e f e i t o é a não aparição de p r ó c l i s e em p o s i ç ã o inicial. E s t a lei s i m p l e s m e n t e e s t i p u l a que " c e r t o s " e l e m e n t o s d e v e m o c u p a r a s e g u n d a p o s i ç ã o na o r a ç ã o .

Z w i c k y ( 1 9 7 7 ) e l a b o r o u u m a c l a s s i f i c a ç ã o que d i s t i n g u e c l í t i c o s simples, c l í t i c o s especiais, e palavras ligadas a c l í t i c o s . Os c l í t i c o s simples se c a r a c t e r i z a m por se r e l a c i o n a r e m com uma f o r m a plena f a c i l m e n t e r e c u p e r á v e l , com a que a l t e r n a m s e g u n d o c r i t é r i o s r e g i d o s por p r i n c í p i o s f o n o l ó g i c o s e em c i r c u n s t â n c i a s que têm r e l a ç ã o com m u i t o s casos de r e g i s t r o s l i n g ü í s t i c o s , n í v e i s de d i s c u r s o e g r a u s de f o r m a l i d a d e . Um e x e m p l o do p r ó p r i o autor são as f o r m a s r e d u z i d a s dos p r o n o m e s objeto do inglês:

(1) Bring them some tea>bring'em some tea (2)Tráeles té.

As palavras ligadas, ao c o n t r á r i o , p r e c i s a m de um c o r r e l a t o imediato não r e d u z i d o , mas precisam se apoiar em a l g u m e l e m e n t o da oração ( g e r a l m e n t e por q u e s t õ e s r e l a c i o n a d a s a e n t o n a ç ã o ) , de modo que às vezes sua a p a r i ç ã o está r e s t r i t a a uma p o s i ç ã o d e t e r m i n a d a na o r a ç ã o .

Por ú l t i m o , os c l í t i c o s especiais são a l o m o r f o s s e p a r a d o s de uma f o r m a plena e sempre se a d j u n t a m a uma c a t e g o r i a d e t e r m i n a d a . Os

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clíticos r o m á n i c o s a t u a i s , em p a r t i c u l a r no e s p a n h o l , p a r e c e m a j u s t a r - s e melhor a esse tipo de d i v i s ã o .

No e s p a n h o l a n t i g o , como o b s e r v a R i v e r o ( 1 9 8 6 ) , os c l í t i c o s a p r e s e n t a v a m p r o p r i e d a d e s que os a s s e m e l h a v a m mais aos c l í t i c o s simples: não p o d i a m ser i n i c i a i s e se a d j u n t a v a m a v á r i o s s i n t a g m a s .

São m u i t a s as h i p ó t e s e s l e v a n t a d a s para e x p l i c a r essa t r o c a ( c l í t i c o s simples por e s p e c i a i s ) . H o f m a n n e Szantyr ( 1 9 6 5 ) a a t r i b u e m a r a z õ e s rítmicas, e n q u a n t o G e i s l e r ( 1 9 8 2 ) a q u e s t õ e s de d i s t r i b u i ç ã o da i n f o r m a ç ã o ( t e m a / r e m a ) . O u t r o s a u t o r e s ainda a t r i b u e m essa troca a f a t o r e s e s t r i t a m e n t e s i n t á t i c o s , como a n e c e s s i d a d e de uma p o s i ç ã o fixa na oração ( B e n a n c h i o & R e n z i , 1987 e W a n n e r , 1987).

Tendo em vista a d i s c u s s ã o a n t e r i o r , nos d e p a r a m o s com o problema de e s t a b e l e c e r o e s t a t u t o dos c l í t i c o s d e n t r o da g r a m á t i c a : trata-se r e a l m e n t e uma e s p é c i e de e l e m e n t o s s i n t á t i c o s i n d e p e n d e n t e s ou seriam na r e a l i d a d e a f i x o s que f o r m a m parte do v e r b o ?

Para S o r i a n o ( 1 9 9 3 ) , os p r o n o m e s átonos a p r e s e n t a m , com e f e i t o , algumas p r o p r i e d a d e s que os d i s t i n g u e m s i g n i f i c a t i v a m e n t e das p a l a v r a s i n d e p e n d e n t e s , das quais a autora ressalta duas:

Em p r i m e i r o lugar, os c l í t i c o s não são p o r t a d o r e s de acento.

Neste s e n t i d o , são f o n o l ó g i c a m e n t e d e p e n d e n t e s do verbo com os quais a p a r e c e m ; não podem o c o r r e r i s o l a d o s , nem sequer como resposta a uma p e r g u n t a , em c o n t r a s t e ,

(35)

n a t u r a l m e n t e , com as p a l a v r a s i n d e p e n d e n t e s , e de m o d o a n á l o g o ao que o c o r r e com os m o r f e m a s l i g a d o s :

(1) a- ¿Quieres carne o pescado? - carne.

b. ¿Lo quieres o la quieres? - *lo.

c. ¿Vamos o vais? - *mos.

Além disso, a n a l o g a m e n t e ao que ocorre com os m o r f e m a s f l e x i v o s , os c l í t i c o s não p o d e m f o r m a r parte de uma c o o r d e n a ç ã o nem serem s u p r i m i d o s por i d e n t i d a d e , c f . : ( B o s q u e 1987).

(2) a. Juan trajo el coche y la moto.

b. *Juan lo y la trajo.

c. *vamos e -is.

(3) a. Juan trajo y llevó el coche.

b. Juan lo trajo e llevó.

c. ^Trajimos y lleva- el coche.

Estas p r o p r i e d a d e s a s s i n a l a d a s por B o s q u e ( 1 9 8 7 ) , na visão de Soriano ( 1 9 9 3 ) , não são d e c i s i v a s para m o s t r a r que se trata, e f e t i v a m e n t e , de m o r f e m a s ligados. A m b a s p o d e m d e r i v a r - s e de sua natureza átona. N e s t e s e n t i d o , não se d i s t i n g u e m do a r t i g o ou dos

(36)

p o s s e s s i v o s a n t e p o s t o s . Na r e a l i d a d e , estas p r o p r i e d a d e s são c o m u n s aos clíticos simples e as palavras ligadas m e n c i o n a d a s por Z w i c k y (1977).

Como v i m o s e s a l i e n t a m o s em n o s s a p e s q u i s a , s e m p r e que se f a z uma a f i r m a ç ã o ao uso dos p r o n o m e s c l í t i c o s , esta é f e i t a com base p r e s c r i t i v a das g r a m á t i c a s e s p a n h o l a s t r a d i c i o n a i s . Por isso, há g r a n d e d i f i c u l d a d e em e n c o n t r a r s o l u ç õ e s para os p r o b l e m a s l e v a n t a d o s d e n t r o do c o n t e x t o da s e m â n t i c a e/ou p r a g a m á t i c a .

2.1.1 A o r d e n a ç ã o dos c l í t i c o s

Os c l í t i c o s d e v e m a p a r e c e r o b r i g a t o r i a m e n t e a d j u n t o s aos v e r b o s . E s t a é a p r o p r i e d a d e f u n d a m e n t a l que os f a z " e s p e c i a i s " na c a r a c t e r i z a ç ã o de Z w i c k y ( l 9 7 7 ) . N e n h u m e l e m e n t o ( e x c e t o o u t r o c l í t i c o ) pode intervir entre a m b o s .

(4)*Lo no quiero.

C u r i o s a m e n t e esse tipo de c o n s t r u ç ã o era p o s s í v e l no e s p a n h o l medieval (cf. Lo non dexe ( A l a t o r r e , 1993: 56). Para uma a n á l i s e mais p r o f u n d a sobre esse a s s u n t o , t e r í a m o s que p e r c o r r e r o c a m p o da lingüistica h i s t ó r i c a e c o m o esse não é nosso o b j e t i v o , não f a r e m o s aqui um c o m e n t á r i o e x a u s t i v o sobre o assunto.

Por outro lado, q u a s e todos os g r a m á t i c o s que se d e d i c a r a m aos p r o n o m e s á t o n o s c o n c o r d a r a m em o b s e r v a r que estes se a j u s t a m a uma ordem muito rígida de pessoa p r o n o m i n a l em r e l a ç ã o ao v e r b o ( B e l l o ,

(37)

1981; R a m í r e z , 1986), e que esta p r o p r i e d a d e os a s s e m e l h a aos e l e m e n t o s a f i x a d o s .

P e r l m u t t e r ( 1 9 7 0 ) t r a t a dos c r i t é r i o s que regem esta o r d e n a ç ã o ao r e c o n h e c e r que os c l í t i c o s devem se a j u s t a r ao e s q u e m a de F i l t r o sobre a E s t r u t u r a S u p e r f i c i a l n o s m o l d e s da teoria de C h o m s k y ( 1 9 6 5 ) , como se vê nos e x e m p l o s :

(5) a. Se {me/te/le} cae / se lo compro.

b. Te {me/nos} fuiste / te lo(s) compraste.

c. {Me/te} lo dieron.

S e g u n d o este a u t o r , (5) c o n s t i t u i um F i l t r o s o b r e a E s t r u t u r a S u p e r f i c i a l , que se a p l i c a à saída do c o m p o n e n t e t r a n s f o r m a c i o n a l , de modo que toda s e q ü ê n c i a que não se a j u s t e a ele será r e j e i t a d a . Por outro lado, temos de i n t e r p r e t a r (5) como uma s u c e s s ã o " e s t r i t a m e n t e m o n ó t o n a c r e s c e n t e " , no sentido de que não pode se r e p e t i r n e n h u m e l e m e n t o , e deve e s p e c i f i c a r - s e t a m b é m que as s e q ü ê n c i a s de mais de três clíticos estão p r o i b i d a s .

Em c o n c r e t o , p a r e c e que é impossível obter s e q ü ê n c i a s f o r m a d a s por um a c u s a t i v o de p r i m e i r a ou s e g u n d a pessoa e um d a t i v o de t e r c e i r a :

(6) a. *Te me escapé X te me escapaste.

b. *Me le acerqué X me lo acerqué.

(38)

Essas r e s t r i ç õ e s , p a r e c e que, na r e a l i d a d e , r e p r e s e n t a m um f i l t r o adicional que não se e s t a b e l e c e em t e r m o s de p e s s o a , mas e s t a b e l e c e Caso.

A a u t o r a a f i r m a que (6a. e 6b. )o i m p l i c a um n o t á v e l e n r i q u e c i m e n t o do p o d e r da g r a m á t i c a , e s u p õ e a c r i a ç ã o de um m e c a n i s m o a d i c i o n a l , s o m e n t e para dar conta de um f e n ô m e n o c o n c r e t o . N a t u r a l m e n t e , s u s c i t o u n u m e r o s a s c r í t i c a s e s u r g i r a m v á r i o s t e n t a t i v a s de r e f o r m u l a ç ã o em t e r m o s de m e c a n i s m o s t r a n s f o r m a c i o n a i s ou de r e g r a s da base.

Segundo a a u t o r a , as t e n t a t i v a s de dar conta da o r d e m dos c l í t i c o s a partir de m e c a n i s m o s s i n t á t i c o s tem r e s o l v i d o a l g u m a s d i f i c u l d a d e s . Parece que a p r o p r i e d a d e , c a r a c t e r í s t i c a dos c l í t i c o s , de f o r m a r grupos que se a j u s t a m a uma o r d e n a ç ã o e s p e c í f i c a é mais p r ó p r i a dos a f i x o s do que das p a l a v r a s p l e n a s . E s t a idéia é f a v o r e c i d a pela a s s i m e t r i a que se dá em uma m e s m a língua na o r d e n a ç ã o das p a l a v r a s ( q u e , no e s p a n h o l , é bastante livre) e dos c l í t i c o s ( S p e n c e r , 1991).

N e n h u m m e c a n i s m o s i n t á t i c o c o n h e c i d o p a r e c e e x p l i c a r a restrição de p e s s o a . Na r e a l i d a d e , v á r i o s t r a b a l h o s têm sido f e i t o s em relação aos clíticos, com i n t e n ç ã o de dar conta dos clíticos.

2.1.2 Os c l í t i c o s e o s i s t e m a p r o n o m i n a l do e s p a n h o l

(39)

Para S o r i a n o ( 1 9 9 3 ) , q u a n d o se trata de a n a l i s a r o c o m p o r t a m e n t o dos p r o n o m e s t ô n i c o s das l í n g u a s como o e s p a n h o l , c h e g a - s e ao p o n t o comum em a f i r m a r que estes têm um e s t a t u t o e s p e c i a l , ou seja, são q u a l i f i c a d o s de " r e d u n d a n t e s " , " e n f á t i c o s " . N o t a - s e a s s i m m e s m o , de modo geral, que a p r o p r i e d a d e de ser r e d u n d a n t e é c o m p a r t i l h a d a pelos p r o n o m e s que se r e l a c i o n a m com a f l e x ã o v e r b a l , isto é, os p r o n o m e s s u j e i t o s de o r a ç õ e s f i n i t a s e os que c o a p a r e c e m com os c l í t i c o s . Gili y Gaya (1961: 127) m o s t r a , n e s t e sentido, que

" n o s p r o n o m e s c o m p l e m e n t a r e s e n c o n t r a m o s c a s o s a n á l o g o s [aos de p r o n o m e s de s u j e i t o ] , como por e x e m p l o , a mí me parece". ( S e c o , 1988)

Seco ( 1 9 8 8 ) a f i r m a que "este p r o n o m e p e s s o a l s u j e i t o [...]

supõe e x a t a m e n t e a m e s m a ê n f a s e que e n c e r r a m as f o r m a s p r o n o m i n a i s c o m p l e m e n t a r e s t ô n i c a s q u a n d o se a g r e g a m às á t o n a s . Entre me parece e a mí me parece há a mesma d i f e r e n ç a entre creo e yo creo" ( S E C O , 1988).

Para o f a l a n t e h i s p â n i c o , fica b a s t a n t e clara a d i s t i n ç ã o e x i s t e n t e entre me parece e a mí me parece. Q u a n d o se f a z uso da f r a s e a mí me parece, t o m a - s e para si m e s m o a r e s p o n s a b i l i d a d e . A mí r e f o r ç a a o p i n i ã o

d e s e j a d a e dá ê n f a s e na f r a s e . O mesmo ocorre com creo e yo creo, ou seja, o uso do p r o n o m e vem r e f o r ç a r o que o f a l a n t e p r e t e n d e dizer.

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