• Nenhum resultado encontrado

Área temática A GESTÃO INTEGRADA DA ORLA MARÍTIMA COMO ESTRATÉGIA DE PLANEJAMENTO: O CASO DE SANTA CATARINA (BRASIL)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Área temática A GESTÃO INTEGRADA DA ORLA MARÍTIMA COMO ESTRATÉGIA DE PLANEJAMENTO: O CASO DE SANTA CATARINA (BRASIL)"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

     

Área temática 3   

3.01. A GESTÃO INTEGRADA DA ORLA MARÍTIMA COMO ESTRATÉGIA DE PLANEJAMENTO: O CASO DE SANTA CATARINA (BRASIL)

N. L. R. Bitencourt1, I. O. Rocha2, J. Andrade3

© 2012 Los autores.

Prohibida su reproducción en cualquier medio sin mencionar su fuente o su utilización con objetivos comerciales sin la autorización previa por parte de sus autores.

Los responsables de la presente publicación agradecen la

desinteresada colaboración de los ponentes y de los asistentes al Congreso de Gestión Integrada de Áreas Litorales, GIAL 2012, celebrado en Cádiz (España) del 25 al 27 de enero de 2012.

Grupo de Investigación en Gestión Integrada de Áreas Litorales, Universidad de Cádiz, España: www.gestioncostera.es

También en el blog del Congreso, en www.gial2012.com

Cualquier sugerencia u observación, rogamos la hagan llegar al Grupo a través de cualquiera de ambos canales telemáticos.

 

(2)

3.01. A GESTÃO INTEGRADA DA ORLA MARÍTIMA COMO ESTRATÉGIA DE  PLANEJAMENTO: O CASO DE SANTA CATARINA (BRASIL) 

 

N. L. R. Bitencourt1, I. O. Rocha2, J. Andrade3   

Programa de Pós‐Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental, Universidade do  Estado  de  Santa  Catarina,  Av.  Madre  Benvenuta,  2007,  Florianópolis,  Santa  Catarina  (Brasil), 

1nb.gestaoambiental@gmail.com, 2isa@udesc.br, 3jaqueaandrade@gmail.com   

Palavras‐Chave: Planejamento territorial, Gestão, Participação   

RESUMO   

A linha costeira do Brasil compreende uma faixa de 8.698 km, distribuída entre 395 municípios,  que abrigam um diversificado mosaico ambiental. Assim como nos demais países litorâneos, a zona  costeira apresenta alta densidade populacional, concentrada principalmente em grandes cidades. A  Lei Federal nº 7.661/88 que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, dispõe regras de  uso e ocupação, sendo o principal instrumento de regulamentação da orla marítima. Entre os  instrumentos de gestão destaca‐se o projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima, o “Projeto Orla”,  que visa o fortalecimento da capacidade de atuação e a articulação dos atores sociais, bem como, o  desenvolvimento de mecanismos institucionais de mobilização social no processo de gestão da orla. 

Este trabalho tem como objetivos analisar a estratégia metodológica do referido projeto e, averiguar  a participação pública no planejamento para a gestão da orla marítima no Estado de Santa Catarina  (Brasil). Embora no Brasil seja incipiente o envolvimento da sociedade nos processos políticos  decisórios  de  planejamento  territorial,  verificou‐se que  a  forma de  estruturação das oficinas  metodológicas do Projeto Orla são convidativas e estimulam a participação da população. Constatou‐

se que a metodologia utilizada traz bons resultados quanto à participação popular. Recomenda‐se  que esta metodologia seja mais divulgada para contribuir na construção de outros processos de  planejamento territorial participativo. 

 

1. INTRODUÇÃO   

O Brasil possui extensa zona costeira e marinha, abrangendo desde a foz do rio Oiapoque  (04º52’45’’N) à foz do rio Chuí (33º45’10”S). Compreende a faixa terrestre que inclui os limites dos  municípios que estão na faixa costeira e no mar a extensão é até 200 milhas náuticas, incluindo o  Atol das Rocas; os arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo e das ilhas de  Trindade e Martin Vaz” (MMA, 2010, p.11). 

Dada  a  imensa  extensão  e  amplitude  climática,  apresenta  uma  enorme  diversidade  de  ecossistemas como: “dunas, praias, banhados, estuários, restingas, manguezais, costões rochosos,  lagunas e marismas” (MMA, 2010, p. 14). 

A dimensão territorial costeira corresponde a 324 mil km2 que pertencem aos 17 Estados  brasileiros  localizados  no  litoral,  incluindo  395  municípios.  Aproximadamente  42  milhões  de  habitantes vivem nos municípios litorâneos, o que corresponde a 25% da população do país,  chegando a uma densidade demográfica de 90 habitantes por quilometro quadrado. Isto representa  quase cinco vezes mais do que a média nacional, que é de 19 hab/km2. Em percentual, estima‐se que  80% da população brasileira residem em áreas de até 200 km do mar, alcançando 135 milhões de  habitantes (MMA, 2008, 2010, p. 12). 

Em relação às ações de gestão da costa brasileira foi criado o Plano Nacional de Gerenciamento  Costeiro (PNGC), constituído pela Lei Federal nº 7.661 de 16/05/88, regulamentada pelo Decreto nº. 

5.300 de 7 de dezembro de 2004. Este é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e visa  orientar para a utilização racional dos recursos da zona costeira, bem como da sua preservação, 

(3)

conforme pode ser observado em seu Art. 2º: “o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro visará  especificamente a orientar a utilização adequada a nível nacional dos recursos na Zona Costeira, de  forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu patrimônio  natural, histórico, étnico e cultural”. Ainda, a gestão dessa zona é de responsabilidade dos governos  federal e estaduais. No âmbito municipal, cada  um deles  tem a incumbência de planejar e  regulamentar o uso do solo através de seus respectivos planos diretores observando as diretrizes do  Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (Brasil, 1988, 2004). 

Mesmo com a criação de normas e leis para a utilização adequada da zona costeira, o litoral  brasileiro vem apresentando um cenário de conflitos quanto ao uso e ocupação desta imensa costa. 

A ocupação da zona costeira, na maioria das vezes, têm sido feita de forma desordenada. Os usos  promovem degradação da qualidade ambiental, refletindo na vida de milhares de pessoas que  usufruem desses espaços, quer seja para convivência e lazer, principalmente nas praias, quer seja  para trabalho, incluindo a pesca, a maricultura e a hotelaria, entre outros. 

Ainda que o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro defina as praias como “(...) bens públicos  de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em  qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional  ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica” (Brasil, 1988), estas estão em processo de  privatização e especulação imobiliária. 

Na busca de estruturas que permitam uma gestão adequada de espaços litorâneos, foi criado o  projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima, o “Projeto Orla”. Este tem como função promover a  atuação de forma articulada dos atores sociais, ou seja, da sociedade civil e dos atores institucionais  para gestão da orla marítima. 

Neste contexto, o presente estudo visa analisar a estratégia metodológica do projeto de Gestão  Integrada da Orla Marítima, e avaliar a sua implementação no Estado de Santa Catarina (Brasil). O  foco deste trabalho está na metodologia, que preza pelo envolvimento da sociedade nos processos  de tomadas de decisões para a gestão da orla marítima brasileira. Mesmo que no planejamento  territorial ainda não tenha tido sucesso o envolvimento da  sociedade civil, é notório que a  metodologia empregada nas oficinas do Projeto Orla tem estimulado à participação popular de  diversos seguimentos sociais do município que dá início a implementação do projeto em sua orla  marítima. Com isso,  pretende‐se divulgar a  metodologia empregada de forma que seja uma  contribuição  na  construção  de  outros  processos  de  participação  popular  para  planejamento  territorial. 

 

2. METODOLOGIA   

O presente trabalho apresenta o delineamento da metodologia do Projeto Orla com base nas  publicações  do  Ministério  do  Meio  Ambiente  (2002a,  2002b,  2004,  2005)  e,  os  casos  de  implementação do Projeto no Estado de Santa Catarina (Brasil). Discute ainda, as estratégias de  planejamento participativo da orla marítima, considerando o Decreto Federal nº 5.300 de 2004 que,  expressa a possibilidade de uma gestão da orla marítima brasileira, atendendo às questões legais,  sociais e ambientais. 

 

3. O PROJETO DE GESTÃO INTEGRADA DA ORLA MARÍTIMA ‐ PROJETO ORLA   

O Projeto Orla foi criado para nortear as ações que requerem a gestão de forma integrada do uso  e ocupação da zona costeira. Trata‐se de um projeto federal, coordenado pelos Ministérios do Meio  Ambiente  (MMA)  e  do  Planejamento  (MP)  e,  supervisionado  pelo  Grupo  de  Integração  do  Gerenciamento Costeiro (GI‐GERCO) da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM),  (MMA, 2002a). 

O Projeto Orla visa o ordenamento dos espaços litorâneos, principalmente nas áreas sob domínio  da União, que são os terrenos e acrescidos de marinha, aproximando as políticas voltadas para as 

(4)

questões ambientais e patrimoniais, e de forma articulada entre os três níveis governamentais  (Federal, Estadual e Municipal) e a sociedade. 

Nesse sentido, observa‐se que existe a intenção da transferência das atribuições da gestão destes  espaços, que estão restritos à esfera do governo federal, para serem efetivadas em cada município. A  finalidade é também incluir as normas ambientais na política de regulamentação dos usos desses  espaços, buscando aumentar a dinâmica de mobilização social neste processo (MMA, 2002a). 

A  orla marítima brasileira  é regulamentada  pelo Decreto Federal  nº 5.300 de 2004, este  estabelece critérios de gestão destes espaços. Estabelece que os limites para a orla são: 

Art 3º A zona costeira brasileira, considerada patrimônio nacional pela Constituição de 1988, corresponde  ao espaço geográfico de interação do ar, do mar da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não,  abrangendo uma faixa marítima e uma faixa terrestre, com os seguintes limites: 

I  ‐ faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido partir das linhas de base,  compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial; 

II  ‐ faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios que sofrem influência direta dos  fenômenos ocorrentes na zona costeira (Brasil, 2004). 

Para o processo de gestão, o artigo 22 do referido Decreto, define a orla marítima como “a faixa contida na  zona costeira, de largura variável, compreendendo uma porção marítima outra terrestre (Figura 1),  caracterizada pela interface entre a terra e o mar” (Brasil, 2004). 

 

Estabelece critérios para definir os limites da orla marítima. De acordo com o artigo 23, estes  limites são: 

I  ‐ marítimo: isóbata de dez metros, profundidade na qual ação das ondas passa sofrer influência da  variabilidade topográfica do fundo marinho, promovendo o transporte de sedimentos; 

II  ‐ terrestre: cinqüenta metros em áreas urbanizadas ou duzentos metros em áreas não urbanizadas,  demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do limite final de ecossistemas, tais  como as caracterizadas por feições de praias, dunas, áreas de escarpas, falésias,  costões rochosos,  restingas, manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar, quando existentes, onde  estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos (Brasil, 2004). 

A figura 1 apresenta um esquema referente aos limites para a orla marítima brasileira: 

Figura 1. Limites genéricos para orla marítima propostos pela metodologia 

Fonte (MMA, 2002a)   

Ainda, no parágrafo II do referido artigo, estabelece que os limites para a orla marítima possam  ser alterados, se houver concentração de usos e de conflitos de usos relacionados aos recursos  ambientais existentes na orla marítima. 

Alem disso, de acordo com o artigo 4º do Decreto Federal nº 5.300 de 2004, neste está  estabelecido quais são os Municípios abrangidos pela faixa terrestre para extensa zona costeira  brasileira, conforme: 

‐ defrontantes com o mar, assim definidos em listagem estabelecida pela Fundação 

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ‐ IBGE; 

II ‐ não defrontantes com o mar, localizados nas regiões metropolitanas litorâneas; 

III ‐ não defrontantes com o mar, contíguos às capitais e às grandes cidades litorâneas, que apresentem  conurbação; 

IV  ‐  não defrontantes  com  mar,  distantes até  cinqüenta quilômetros da linha da  costa, que  contemplem, em seu território, atividades ou infra‐estruturas de grande impacto ambiental na zona  costeira ou ecossistemas costeiros de alta relevância; 

V ‐ estuarino‐lagunares, mesmo que não diretamente defrontantes com o mar; 

(5)

VI ‐ não defrontantes com o mar, mas que tenham todos os seus limites com Municípios referidos nos  incisos I a V; 

VII ‐ desmembrados daqueles já inseridos na zona costeira (Brasil, 2004). 

De acordo com o referido decreto, anualmente, o Ministério do Meio Ambiente dever publicar a  listagem atualizada dos Municípios abrangidos pela faixa terrestre da zona costeira. 

 

3.1. Roteiro Metodológico do Projeto Orla   

A seguir são apresentadas as funções exercidas pela esfera governamental, nos três níveis de  governo, referente à implementação do Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima, conforme os  Manuais do Projeto Orla do Ministério do Meio Ambiente (2002); (2002a); (2005); (2004). 

Na esfera federal, a coordenação nacional está a cargo do Ministério do Meio Ambiente, através  da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável e do Ministério do Planejamento,  e da Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Entre as funções dos referidos órgãos, no âmbito do  projeto, constam: fornecer as informações necessárias para promover a capacitação e assistência aos  municípios  que  querem  implementar  o  projeto e promover  a  articulação com as  ações  de  gerenciamento  costeiro de  cada  Estado  litorâneo, de  forma  a mobilizar  os órgãos estaduais  responsáveis pelo gerenciamento costeiro a apoiarem os municípios na implementação do projeto. 

Entre  as  ações  podem  ser  destacadas:  fundamentos  conceituais  e  normativos,  documentos  orientadores (manuais e roteiros para a aplicação da metodologia do projeto), criar base técnica e  operacional.  Além  disso,  a  Secretaria  do  Patrimônio  da  União  tem  a  função  de  definir  os  instrumentos e as normas de cessão de uso de bens da União para os municípios. 

Na esfera Estadual, a coordenação estadual fica a cargo dos órgãos Estaduais de Meio Ambiente  (OEMAs) e as Superintendências Federais do Patrimônio da União em cada Estado (SPU). Entre as  funções desta constam: criar um Comitê Técnico Estadual do Projeto Orla, selecionar e coordenar as  ações relativas aos municípios que almejam implementar o projeto para inserção dos mesmos,  estimulando‐os a participarem; avaliar tecnicamente as condições do município para a inserção no  projeto, disponibilizando informações; acompanhar a capacitação dos gestores municipais e auxiliar  tecnicamente às prefeituras e gestores locais na implementação do projeto; disponibilizar a lista dos  consultores formados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para realizarem as oficinas (Tabela  1) juntamente com a equipe técnica do município que irá implementar o projeto. 

Na esfera municipal, cada município costeiro interessado na implementação do Projeto Orla,  deve: providenciar a ficha de adesão ao projeto e elaborar um dossiê detalhado sobre a orla de seu  município, onde será implementado o projeto (acordo de cooperação técnica em que o município  coloca‐se como interessado e apresenta a ficha de adesão e o dossiê para a coordenação Estadual,  em que, o Comitê Técnico Estadual irá analisar); disponibilizar equipe técnica para formar os gestores  que serão capacitados para atuar no processo de implementação e gestão do projeto; nomear um  coordenador local; selecionar o público‐alvo das oficinas de capacitação para o projeto; providenciar  documentos e informações locais (mapeamento dos atores, conflitos, nivelamento das informações)  que serão apresentadas em seminários para todos os participantes e; orientar os participantes para  os cursos de capacitação que serão as oficinas l e ll do Projeto Orla (Figura 2). 

                     

(6)

 

Figura 2. Arranjo institucional e esquema das atividades do Projeto Orla    

   

Fonte: (MMA, 2002a); (Santa Catarina, 2011; 2011a) 

 

Entre as atividades do Projeto Orla, a realização das oficinas nos municípios são momentos muito  importantes, pois envolve participação dos atores sociais no planejamento do espaço da orla  marítima. As fases da oficina I envolvem: diagnóstico paisagístico, ambiental e socioeconômico; 

definição  de  parâmetros  de qualidade  ambiental;  classificação  da  orla  conforme  Decreto  nº  5.300/04; definição de espaços de interesses para as intervenções na orla; desenvolvimento de  cenários atuais, tendência e desejado. Entre as ações realizadas pelos atores sociais que estão  participando do planejamento da orla marítima, o fato de almejarem as possibilidades de futuro,  oferece meios para que as ações no presente sejam realizadas de acordo com o almejado, são  atividades que podem resultar no desencadeamento de atitudes responsáveis localmente (Tabela 1). 

Antes de dar início à oficina II, serão realizadas mini oficinas (que são as reuniões de trabalho  realizadas no intervalo entre a oficina I e II). Este momento é muito importante, pois os atores sociais  do município podem discutir, debater e preparar o documento com delineamento inicial do Plano de  Gestão Integrada da Orla marítima do município. 

As atividades da oficina II referem‐se à realização do segundo momento de capacitação para o  Projeto Orla. Para tanto, requer a preparação das atividades no local, como, logística e informações,  que são as mesmas da Oficina I. Esta etapa consiste no Planejamento das ações de gestão integrada  para a orla do município. Será realizada a apresentação da proposta inicial para Plano de Gestão e a  aplicação do roteiro para o desenvolvimento do Plano (Tabela 1). 

 

Tabela 1. Atividades das oficinas do Projeto Orla 

Oficinas  Especificação das atividades 

Oficina I ‐ Diagnóstico  paisagístico, ambiental 

e socioeconômico 

Diagnóstico  paisagístico,  ambiental:  observação  dos  elementos  da  paisagem  em  campo  (erosão,  desmatamento, deposição de resíduos sólidos, esgoto sem tratamento, ocupações irregulares, etc); suporte  físico, drenagem demais corpos d’água, cobertura vegetal; mancha urbana (convencional, portuária  industrial); características  (formas de acesso,  estágios de  urbanização);  configuração  paisagística da  urbanização (orla rústica, orla bairro‐jardim e orla urbana comum). 

Diagnóstico socioeconômico da Zona Costeira: caracterização genérica do município (vida econômica, estrutura  político‐institucional, planos, projetos legislação); Diagnóstico socioeconômico de cada trecho da Orla: 

atividades praticadas neste espaço e no seu entorno. 

Oficina I‐ Definição de  parâmetros de  qualidade ambiental 

Ambientais: cobertura vegetal nativa, valores cênicos, integridade e fragilidade dos ecossistemas, presença de  unidades de conservação, condição de balneabilidade, degradação ambiental, presença de: efluentes (línguas  negras), resíduos sólidos (lixo) na orla construções irregulares; potencial para: aproveitamento mineral,  extração vegetal, pesca; aptidão para: aqüicultura e agrícola. 

Sociais: presença de comunidades tradicionais, concentração de domicílios de veraneio, infra‐estrutura de  lazer/turismo, cobertura urbana ou urbanização; domicílios servidos: por água, por coleta de lixo, por energia  elétrica e com serviço de esgoto. 

Econômicos: pressão imobiliária; uso para: agricultura, extração vegetal, pesca, aquicultura, tráfico portuário,  industrial, aproveitamento mineral; atividades petrolíferas e turísticas. 

Oficina I‐ Classificação  para orientar os Planos  de Gestão da Orla 

São estabelecidas três classes genéricas para a orla  ‐Classe A: apresenta ecossistemas primitivos com baixa  ocupação (indicando: ações preventivas); Classe B: apresenta ecossistemas parcialmente modificados com  situações de baixo e médio adensamento populacional (indicando: ações preventivas e corretivas); Classe C: 

apresenta ecossistemas já impactos com médio ou alto adensamento populacional (indicando: ações 

(7)

corretivas). 

Oficina I ‐ Delimitação e  definição de espaços de 

interesse para  intervenções na orla 

Os limites genéricos propostos para a orla marítima são: zona marinha a isóbata de 10 metros; e área terrestre, a distância de 50 metros em áreas urbanizadas e 200 metros em áreas não urbanizadas 

Os limites podem ser ampliados em orlas que apresentam erosão acentuada, ou diminuídos partir da  comprovação de tendências de alargamento da linha de costa. As categorias passíveis de ocupação, conforme  lei: a) terrenos de marinha, acrescidos de marinha dominiais (SPU Lei 9.636/98); b) terrenos alodiais,  públicos (municipais ou estaduais) e privados (orientações urbanísticas do Plano Diretor, do Código de Obras e  outros) e; c) Quando não localizadas em áreas especiais (APAS, zoneamentos, etc). 

Oficina I ‐ Formulação  de cenários: projeção  do uso e ocupação atual 

sob o ponto de vista  ambiental, econômico e 

social 

O levantamento, análise e sistematização das informações durante as atividades de capacitação permitem que  sejam construídos cenários que apresentam três tipos de situações: 

‐ atual: constatar os usos praticados; 

‐ tendência: o que poderá ocorrer sem uma gestão adequada; 

‐ desejada/futura: para cada situação indesejável de uso dos espaços, formular uma situação desejada a ser 

alcançada. 

Oficina II ‐ Elaboração  do Plano de Gestão 

Integrada da Orla: 

identificação de  conflitos 

Os conflitos relacionados às questões de ordenamento ambiental e territorial, sendo que, para cada conflito de  uso ou de ocupação (fundiários) identificado no trecho da orla, levantam‐se: a) As atividades geradoras do  conflito e prioriza‐se de acordo com a vida econômica local; b) Os segmentos sociais envolvidos no conflito  devem ser localizados, qualificados e quantificados; c) Legislação incidente, indicando às infrações cometidas  e/ou as leis desobedecidas; e) Atores institucionais envolvidos no conflito (por ação ou omissão), detalhando a  atuação específica de cada um. 

Oficina II ‐ Elaboração  do Plano de Gestão 

Integrada da Orla: 

detalhamento das ações 

No Plano de Gestão serão detalhadas ações para cada um dos conflitos identificados: 

a) Finalidade específica da ação, salientando os aspectos objeto de intervenção definindo os resultados  esperados; b) Duração regularidade das atividades instituídas, especificando cronogramas rotinas de  atuação; c) Agente executivo responsável pela ação, com deliberação clara de atribuições e competências e  definição de supervisão; d) Meios disponíveis e necessários para implementar a ação proposta, listando infra‐

estrutura e pessoal requerido, assinalando sua existência ou não. 

Oficina II ‐ Elaboração  do Plano de Gestão  Integrada: programa de 

monitoramento  (acompanhamento, 

avaliação e revisão  das metas propostas) 

O acompanhamento do Plano deverá contemplar os seguintes pontos:

a) Definição de programa específico de monitoramento para cada trecho da orla, sem prejuízo de uma  avaliação geral da evolução de suas condições;b) Forma de obtenção de dados sua rotina temporal,  especificando: freqüência, locais de coleta ou fontes de geração, periodicidade, responsabilidade pela  amostragem;c) Especificação dos relatórios informes serem confeccionados, com definição de sua  periodicidade de publicação. 

Fonte: conforme MMA (2002a,b) 

A  administração municipal deve elaborar  o  Plano  de Gestão  Integrada  da  Orla  Marítima,  elencando todas as ações e instrumentos necessários para o processo de gestão. Deve ainda indicar,  por meio de audiência pública, fórum colegiado para legitimar o Plano de Gestão. Entre as etapas de  encaminhamento do Plano de Gestão, podem ser elencadas: análise pela Coordenação Estadual,  análise pela Coordenação Nacional, audiência pública para a legitimação do Plano de Gestão e  composição do Comitê Gestor da Orla e a elaboração da agenda imediata contendo a priorização das  ações, o cronograma e a previsão de recursos financeiros. (MMA, 2002a). 

Em relação ao Comitê Gestor do Projeto Orla no município, preliminarmente pode ser formado  durante as oficinas de capacitação (oficinas I e II conforme o tabela 1), após as audiências públicas  sobre o Plano de Gestão, este deverá ser institucionalizado. Pra tanto, o Comitê Gestor deve ser  criado de forma paritária entre sociedade civil e governo, com atribuição de promover articulação e  deliberação do Projeto em nível local, especialmente junto aos diferentes atores e à sociedade, no  sentido de promover a divulgação, a discussão e articulação do Projeto. O Comitê deve ainda, fazer o  acompanhamento, fiscalizando e avaliando as ações relativas ao projeto. 

O município que Implementar o Projeto Orla, deve obter: o Plano de Gestão Integrada da Orla  Marítima aprovado; o Comitê Gestor da Orla instalado e atuando; a Agenda de implementação e  monitoramento do Plano de Gestão Integrada; a celebração de convênios de Cooperação Técnica  definidos e encaminhados; a legitimação e aprovação de projetos e das ações e o estabelecimento de  sistemáticas de acompanhamento, avaliação e revisão do Plano (MMA, 2002a). 

Além disso, os municípios que implementam o Projeto Orla alcançam algumas vantagens, como: 

estabelecimento de convênio de cooperação técnica com os órgãos federais (MMA, SPU) e estaduais  (OEMA e SPU), com a finalidade de promover o desenvolvimento de ações conjuntas destinadas à  implementação do Plano de Gestão Integrada. São os convênios: contratos de cessão de áreas da  União (urbanização e ordenamento da orla, regularização fundiária para assentamento de famílias  carentes e/ ou tradicionais, moradia social). Ainda, o cadastramento e recadastramento dos imóveis 

(8)

da União levanta a possibilidade de um compartilhamento de receita entre o órgão federal, no caso a  Secretaria do Patrimônio da União ‐ SPU e o município (MMA, 2002a). 

No processo participativo de implementação do Projeto Orla, devem fazer parte: a coordenação  federal, a Comissão Estadual do Projeto Orla, a Superintendência Federal do Patrimônio da União ‐  GRPU nos Estados e os agentes locais (coordenação local: executivo e legislativo municipais e a  sociedade civil, refere‐se a equipe de Gestores Locais). Ainda representantes do IBAMA; da Capitania  dos Portos, da Sociedade Civil Organizada, ONGs, entre outros. 

Nesse sentido, pode ser dito que as etapas necessárias a implementação do Projeto Orla,  visivelmente são consolidadas por meio de um processo participativo. Tanto as oficinas, como as  audiências públicas, necessitam da participação para o desenvolvimento das etapas do processo de  planejamento para a Gestão Integrada da Orla Marítima, ou seja, do envolvimento dos atores sociais,  conforme já materializadas pelo Decreto nº 5.300/04. 

 

3.2. A Implementação do Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima em Santa Catarina   

Em Santa Catarina, a Lei nº 13.553/2005, institui o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro e, é  regulamentada pelo Decreto Estadual n° 5.010/2006. Em seu Art. 8º apresenta os instrumentos: I. 

Zoneamento Ecológico‐Econômico Costeiro (ZEEC); II. Plano de Gestão da Zona Costeira (PGZC); III. 

Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro (SIGERCO); IV. Sistema de Monitoramento  Ambiental  (SMA/ZC);  V. Relatórios  de  Qualidade  Ambiental (RQA/ZC);  VI.  Projeto  de  Gestão  Integrada da Orla Marítima (Projeto Orla); Estão em execução os instrumentos l, II e VI. Os outros  instrumentos ainda não foram iniciados (Santa Catarina, 2005; 2006). 

De acordo com o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, a faixa terrestre da zona costeira de  Santa Catarina (Figura 3), é composta por 36 municípios, que estão subdivididos em cinco Setores: 

Setor 1 ‐ Litoral Norte: Araquari, Balneário Barra do Sul, Garuva, Itapoá, Joinville, São Francisco do Sul  e Barra Velha; Setor 2  ‐ Litoral Centro‐Norte: Balneário Camboriú, Bombinhas, Camboriú, Itajaí,  Itapema, Navegantes, Piçarras, Penha e Porto Belo; Setor 3 ‐ Litoral Central: Baguaçu, Florianópolis,  Governador Celso Ramos, Palhoça, São José e Tijucas; Setor 4 ‐ Litoral Centro‐Sul: Garopaba, Imaruí,  Imbituba, Jaguaruna, Laguna e Paulo Lopes e; Setor V  ‐ Litoral Sul: Araranguá, Balneário Arroio do  Silva, Balneário Gaivota, Içara, Passo de Torres, Santa Rosa do Sul, São João do Sul e Sombrio (Santa  Catarina, 2005; 2006). 

 

Figura 3. Zona Costeira de Santa Catarina 

Fonte: (Santa Catarina, 2011)   

(9)

De acordo com o Decreto nº 3.077/2005, a Comissão Estadual para o Desenvolvimento do Projeto  Orla em Santa Catarina é constituída por representantes indicados dos seguintes órgãos: Governo  Federal: “a) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ‐ IBAMA; b)  Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul ‐ CEPSUL; c) Instituto de  Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ‐ IPHAN; d) Procuradoria Geral da República; e) Capitania  dos Portos; f) Advocacia Geral da União; g) Gerência Regional do Patrimônio da União em Santa  Catarina”. Em nível estadual: Coordenação Secretaria de Planejamento (na maioria dos outros  Estados brasileiros a comissão está na Secretaria de Meio Ambiente), “a) Empresa de Pesquisa  Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina ‐ EPAGRI; b) Fundação do Meio Ambiente ‐ FATMA; 

c) Companhia de Polícia de Polícia de Proteção Ambiental  ‐ CPPA/SC; d) Corpo de Bombeiros  Militar/SC;  e)  Secretaria  de  Estado  da  Cultura,  Turismo  e  Esporte”.  As  Universidades:  “a)  Universidade Federal de Santa Catarina  ‐ UFSC; b) Universidade do Vale do Itajaí  ‐ UNIVALLE; c)  Universidade da Região de Joinville ‐ UNIVILLE; d) Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL” 

(Santa Catarina, 2005). 

Por outro lado, mesmo que a Comissão Estadual para o Desenvolvimento do Projeto Orla tenha  um número representativo de órgãos, ela pode não estar sendo realmente representada. Ocorre  que, o representante do órgão que o representa, em alguns casos pode emitir opiniões próprias, sem  antes consultar o órgão pelo qual está representando. Outra questão que pode ocorrer, refere‐se a  não participação do representante nomeado pelo órgão, mas apenas a participação do seu suplente. 

Em relação às ações de implementação do Projeto Orla em Santa Catarina, esta tem acontecido  de forma ainda incipiente. Dos 36 municípios, apenas oito implementaram o projeto, sendo que  desses, quatro implementaram o projeto apenas em um trecho da orla (Tabela 2). 

 

Tabela 2. Situação do Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima em Santa Catarina   

Município(s)  Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima  Ano(s) 

Comitê  Gestor  Sim  Não 

Balneário Comburiu   Em toda a orla  2002    X

Bombinhas   Em um trecho (Costeira de Zimbros)  2002    X

Itajaí   Em toda a orla (está em revisão)   2002/2011 

Itapema   Em um trecho (Canto da Praia, os outros trechos estão em revisão)   2002/2007    X Itapoá  Possui Plano de Gestão Integrada (em análise coordenação estadual)   2011   Florianópolis   Em um trecho (Santo Antônio de Lisboa que está em revisão)  2001/2011     X

Navegantes   Em toda a orla   2002    X

Porto Belo   Em toda a orla (está em Revisão)   2002/2011  

Fonte: Santa Catarina, 2011a 

As capacitações para a implementação do Projeto Orla que estão sendo realizadas em municípios  catarinenses, mostram pontos positivos quanto a participação da sociedade de forma geral. Tanto  nas oficinas de capacitação, quanto nas audiências públicas, a participação popular tem sido  significativa. 

Embora, a metodologia do Projeto Orla tenha dado ênfase no processo participativo, quando o  projeto atinge a fase do Plano de Gestão, ou seja, após serem realizadas as capacitações nos  municípios e, estes acontecerem de forma realmente participativa, atendendo a regulamentação do  Decreto Federal nº 5.300/2004, há um ponto que requer revisão e ajuste no projeto. Esta etapa  refere‐se ao momento de ser consolidado o plano de gestão para a orla marítima, pois em muitos  casos este apresenta estagnação, perdendo força justamente nesta fase. 

Os municípios catarinenses que receberam a capacitação do Projeto Orla atenderam com sucesso  o processo de capacitação que, se refere a realização das oficinas. Contudo, quanto às ações que  foram acrescentadas no Plano de Gestão da orla do município para serem executadas, não houve  continuidade para vários municípios. O que tem ocorrido é uma participação representativa nas 

(10)

oficinas de capacitação, porém as ações criadas para o Plano de Gestão acabam sem execução, ou  seja, ficando apenas a criação do Plano. A dificuldade também foi percebida quando da formação e  da continuação do Comitê Gestor Municipal do Projeto Orla. No Estado, apenas três dos oito  municípios que implementaram o Projeto tem seu Comitê estabelecido (Tabela 2). 

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS   

A  extensa  zona  costeira  brasileira  conta  com  bons  instrumentos  que  regulamentam  o  ordenamento do uso e ocupação destes espaços. O Decreto Federal nº 5.300/2004 estabelece ao  Poder Público Municipal, atendendo as normas federais e estaduais e em articulação com as mesmas  e com a sociedade, executar as atividades de planejamento e gestão da orla marítima. 

Ainda, pode‐se dizer que no referido decreto, o planejamento participativo está entre as  estratégias do projeto orla como sendo a principal ferramenta que estabelece a participação pública  nas etapas do planejamento para a gestão da orla marítima. Este determina que, o Poder Público  Municipal, atendendo as normas federais e estaduais e em articulação com as mesmas e com a  sociedade civil, executará suas atividades de gestão da zona costeira. 

Assim, o Projeto Orla, desde o momento de sua implementação no município, é um instrumento  que dá condições para que haja uma gestão da orla marítima de forma participativa. Isto porque,  deve ser realizado por meio de uma gestão personalizada dos conflitos existentes nestas áreas tão  cobiçadas e tão valorizadas, pois requer a participação da sociedade civil.  

Ainda,  pode‐se  dizer  que,  o  referido  Decreto,  atende  o  que  rege  o  Plano  Nacional  de  Gerenciamento Costeiro, pois permite dar condições de administrar a orla marítima, por meio de  uma gestão integrada e participativa. Assim, os detalhamentos das ações para a gestão, terão  delineamentos e atuações de acordo com as necessidades da população destes locais. Nesse sentido,  a participação ativa se consolida na medida em que viabiliza a capacidade dos grupos de interesse  para influenciar direta ou indiretamente a formulação e a gestão de políticas públicas. 

O Projeto Orla, diante da participação em sua implementação municipal, oferece uma referência  de ser uma proposta integradora da ação comunitária, tão imprescindível à legitimação de qualquer  processo de planejamento urbano ambiental. 

Assim, a comunidade, por menos que conheça nas oficinas de capacitação do Projeto Orla, têm  possibilidade de vir a conhecer e de interessar‐se, pois se trata de seu cotidiano. Na verdade, este  projeto subsidia e orienta os municípios com o objetivo de disciplinar o uso e a ocupação da orla  marítima preservando suas funções naturais e permitindo o uso dos recursos ambientais de forma  consciente. 

Neste sentido, o plano de gestão da orla é participativo, pois inclui o colegiado municipal, órgãos  governamentais,  instituições  e  organizações  da  sociedade  e,  ainda  atores  sociais  que  são  interessados na participação. O projeto, ainda estimular a gestão compartilhada da zona costeira, a  descentralização de decisões e a resolução de conflitos incidentes na orla marítima. 

Neste contexto, está absolutamente valorizado o processo de planejamento para a ação pública,  um  planejamento que deve contar permanentemente com a participação da sociedade. Este  planejamento tem a vocação de ser integrado e integrador, pois tem como referência básica sempre  o processo participativo, porém não mais como um produto acabado, pronto para ser consumido,  mas sim como um processo contínuo de ação, revisão, de escolha ética e cidadã. 

Mesmo que haja alguns entraves para dar continuidade nos processos de gestão do Projeto Orla,  no caso do desenvolvimento e atendimento do que foi planejado e delineado para o plano de gestão  da orla marítima, como tem ocorrido em Santa Catarina em que, alguns municípios não têm ainda o  seu plano de gestão consolidado. Entretanto, verifica‐se que, se trata de uma política pública que  preza pela ação integradora mediante a participação das pessoas nos processos decisórios de  planejamento. 

Contudo, o fato de já ter sido dado encaminhamento dentro de um processo participativo, em  que a comunidade, atores sociais e gestores reunidos decidem o que é melhor para os espaços de  seu município, mostra que esta é uma política pública que instiga a participação, sendo esta tão 

(11)

importante para a formação da cidadania. Pode‐se concluir que, o Projeto tem sido um dos  instrumentos que promove o processo participativo no planejamento da orla marítima. 

Assim, conclui‐se que, o arranjo institucional participativo ampliado, ou seja, a participação ativa  se consolida na medida em que viabiliza a capacidade dos grupos de interesse para influenciar direta  ou indiretamente a formulação e a gestão de políticas públicas. O Projeto Orla fica perante o  exposto,  referenciado  como  proposta  integradora  da  ação  comunitária,  tão  imprescindível  à  legitimação de qualquer processo de planejamento urbano ambiental.  

 

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS   

BRASIL, (2004), Decreto‐Lei nº. 5.300, de 7 de dezembro de 2004. Diário Oficial [da União]. Brasília, DF. 

BRASIL, 1988, Lei nº 7.661, de 16 de maio de 1988 ‐ Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e  dá outras providências. Brasília: Presidência da República, Subchefia para Assuntos Jurídicos. 

MMA, 2010, Ministério do Meio Ambiente, Gerência de Biodiversidade Aquática Recursos Pesqueiros. 

Panorama da conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos no Brasil. Brasília: MMA/SBF/GBA, 148 p. 

MMA, 2008, Ministério do Meio Ambiente; Secretaria de Mudanças Climáticas Qualidade Ambiental. 

Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. Brasília: MMA, 242 p. 

MMA,  2005,  Ministério  do  Meio  Ambiente;  Secretaria  de  Qualidade  Ambiental;  Ministério  do  Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria do Patrimônio da União. Projeto orla: Guia de implementação. 

Brasília: MMA e MPO, 36p. 

MMA,  2004,  Ministério  do  Meio  Ambiente;  Secretaria  de  Qualidade  Ambiental;  Ministério  do  Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria do Patrimônio da União. Projeto orla: Subsídios para um projeto  de gestão. Brasília: MMA e MPO, 104 p. 

MMA,  2002a,  Ministério  do  Meio  Ambiente;  Secretaria  de  Qualidade  Ambiental;  Ministério  do  Planejamento, Orçamento Gestão, Secretaria do Patrimônio da União. Projeto orla: Fundamentos para  Gestão Integrada. Brasília: MMA/SQA; MP/SPU, 78p. 

MMA,  2002b,  Ministério  do  Meio  Ambiente;  Secretaria  de  Qualidade  Ambiental;  Ministério  do  Planejamento, Orçamento Gestão, Secretaria do Patrimônio da União. Projeto orla: Manual de Gestão. 

Brasília: MMA/SQA; MP/SPU, 96p. 

SANTA CATARINA, 2011, Secretaria de Planejamento; Superintendência do Patrimônio da União em SC,  Coordenadoria de Projetos Especiais. III Reunião do Comitê Técnico Estadual do Projeto Orla. Florianópolis. 

SANTA CATARINA, 2011a, Secretaria de Planejamento; Superintendência do Patrimônio da União em SC,  Coordenadoria de Projetos Especiais. II Reunião do Comitê Técnico Estadual do Projeto Orla. Florianópolis. 

SANTA CATARINA, 2005, Lei nº  13.553  de  16 de  novembro de 2005:  Institui  Plano Estadual de  Gerenciamento Costeiro. Palácio Barriga Verde. Florianópolis, SC.  

SANTA CATARINA, 2006, Decreto nº 5.010, de 22 de dezembro de 2006. Regulamenta a Lei no 13.553, de 16  de novembro de 2005. Florianópolis, 22 de dezembro de. 

 

Referências

Documentos relacionados

Nesse contexto de reformas e a busca por uma gestão focada no resultado, gerencial, o estudo se propõe a analisar a centralização do processo de aquisições de bens

No Brasil, mesmo que seu pior local de irradiação solar tenha melhor índices que o local de maior irradiação da Alemanha, ainda assim a fonte mais utilizada

Ensinar sobre gênero em um currículo que atende às especificações das atuais reformas na Base Comum Curricular, em diversos Planos Municipais de Educação que retiraram

A iniciativa parti- cular veiu em auxílio do govêrno e surgiram, no Estado, vá- rios estabelecimentos, alguns por ventura falseados em seus fins pelos defeitos de organização,

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

A importância da espécie decorre do aproveitamento da madeira para serraria, lenha, produção de carvão vegetal, fabricação de aglomerados e compensados, além da possibilidade

1.1 O objecto do presente contrato consiste na realização, pelo 1º OUTORGANTE, das operações de 1.1 O objecto do presente contrato consiste na realização, pelo 1º OUTORGANTE,

Daniel Advogados, Rio de Janeiro Fragoso Advogados, Rio de Janeiro Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello Advogados, Rio de Janeiro Ouro Preto Advogados, Rio de