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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMDMA/ASS/

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Academic year: 2022

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(1)Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMDMA/ASS/. I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL RECONHECIDA 1 NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. OMISSÕES NÃO DEMONSTRADAS (AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO LEGAL). Não merece ser provido agravo de instrumento que visa a liberar recurso de revista que não preenche os pressupostos contidos no art. 896 da CLT. Agravo de instrumento não provido. 2 - DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO CONTUMAZ DE NORMAS DE SEGURANÇA. NÃO FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA. ACIDENTE FATAL. VALOR ARBITRADO. MAJORAÇÃO. Demonstrada possível violação do art. 944 do Código Civil, impõe-se o provimento do agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido. II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA SOCIAL RECONHECIDA. DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO CONTUMAZ DE NORMAS DE SEGURANÇA. NÃO FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA. ACIDENTE FATAL. VALOR ARBITRADO. MAJORAÇÃO DEVIDA. A jurisprudência desta Corte admite a revisão do valor arbitrado a título de danos morais nos casos em que a indenização tenha sido fixada em valores excessivamente módicos ou nitidamente exorbitantes, exagerados. No caso dos autos, em face da condenação a dano moral coletivo decorrente do descumprimento contumaz de normas de segurança, notadamente pelo não fornecimento de EPCs, omissão Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053.

(2) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 diretamente ligada a óbito de empregado em canteiro de obra da reclamada, o Tribunal Regional majorou a condenação em danos morais coletivos para R$ 64.500,00. Desse modo, em face da gravidade dos danos potenciais e emergentes da conduta omissiva da reclamada, torna-se imperioso o aumento da indenização para R$ 250.000,00. Recurso de revista conhecido e provido.. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053, em que é Recorrente MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 15°REGIÃO e Recorridas LUCIANA GOMES DE OLIVEIRA EMPREITEIRA e NORPAL COMERCIAL E CONSTRUTORA LIMITADA. O Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo MPT. Inconformado, o parquet interpõe agravo de instrumento, sustentando que seu recurso de revista tinha condições de prosperar. Não foram apresentadas contrarrazões nem contraminuta. Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, consoante o art. 95, § 2.º, II, do RITST. É o relatório. V O T O I – AGRAVO DE INSTRUMENTO 1 – TRANSCENDÊNCIA Trata-se de agravo de instrumento interposto à decisão que negou seguimento ao recurso de revista, aviado contra acórdão publicado. já. na. vigência. da. Lei. 13.467/2017.. Referido. estatuto. Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. fls.2.

(3) fls.3. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 regulamentou, no art. 896-A e ss. da CLT, o instituto processual da transcendência. Nos termos dos arts. 247, § 1º, do Regimento Interno do TST e 896-A, § 1º, da CLT, deve o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinar previamente, e de ofício, se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. No caso, o recurso foi interposto pelo Ministério Público do Trabalho, pleiteando a nulidade do acórdão por negativa de prestação jurisdicional e a majoração da indenização por danos morais coletivos. Reconhece-se a transcendência social em pretensão do MPT que postula direito social assegurado constitucionalmente, nos termos o art. 896-A, § 1.º, III, da CLT. Havendo transcendência, segue-se a análise dos demais pressupostos de admissibilidade. 2 - CONHECIMENTO Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, CONHEÇO do agravo de instrumento. 3 - MÉRITO O recurso de revista da Parte teve seu seguimento denegado pelo Tribunal Regional, aos seguintes fundamentos: “PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Tempestivo o recurso (decisão publicada em 20/09/2019; recurso apresentado em 26/09/2019). Regular a representação processual (nos termos da Súmula 436, item I/TST). Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV). PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos Processuais / Nulidade / Negativa de Prestação Jurisdicional. Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(4) fls.4. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 Quanto à nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional, não há como receber o recurso, porque o Tribunal manifestou-se explicitamente a respeito da matéria suscitada, não se verificando violação aos arts. 93, inciso IX, da Constituição Federal, 832 da CLT e 489 do CPC/2015. Ressalte-se que o Magistrado não está obrigado a responder a todas as alegações das partes, nem a se ater aos fundamentos por elas indicados, quando não necessários para o deslinde da controvérsia ou quando já tenha encontrado fundamentos suficientes para proferir a decisão. Tampouco precisa consignar, a cada raciocínio exprimido, que a posição adotada não viola os dispositivos do ordenamento jurídico apontados ou não dissente do entendimento oriundo de Tribunais Superiores. Assinale-se que tal obrigatoriedade inexiste, bastando uma decisão fundamentada, como determina o texto constitucional. Responsabilidade Civil do Empregador / Indenização por Dano Moral / Valor Arbitrado. DO VALOR ARBITRADO O v. acórdão decidiu com amparo nos elementos fático-probatórios contidos nos autos. Conclusão diversa da adotada remeteria ao reexame de fatos e provas, procedimento vedado nesta fase processual, à luz da Súmula 126 do C. TST. Assim, na presente hipótese, a menção de violação a dispositivos do ordenamento jurídico e de divergência jurisprudencial não viabiliza o processamento do recurso. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao recurso de revista.” Nas razões do agravo de instrumento, o MPT pretende a reforma da decisão quanto aos temas. Ao analisar a pretensão relativa ao dano moral coletivo, o TRT registrou o seguinte: “Para melhor compreensão dos fatos, transcreve-se a r. sentença: ‘... Dano moral coletivo. Aduz o autor que houve um acidente no canteiro de obras das reclamadas que ocasionou o óbito do Sr. Juvêncio Antônio de Souza. Sustenta que o acidente foi causado por descumprimento pelas reclamadas das normas de Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(5) fls.5. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 segurança previstas a NR-18, os quais elenca: ‘Modo operatório inadequado a segurança / perigoso / improvisação; Trabalho habitual em altura sem proteção contra queda. Ausência de projeto. Realização de horas-extras; Falta de planejamento / de preparação do trabalho; Falta ou inadequação de análise de risco da tarefa; Procedimentos de trabalho inexistentes ou inadequados; Tolerância da empresa ao descumprimento de normas de segurança; Adiamento de neutralização/ eliminação de risco conhecido (risco assumido).’ (ID. b50867d - pág. 10 e 11). Elenca outros descumprimentos à normas de segurança que não possuem relação direta com o acidente narrado. Diz que acidente ocorreu em razão da ‘não amarração da seção de desforma, evitando-se a queda livre; não adoção de providências de sinalização e isolamento ao nível do terreno e não fechamento com tela de todo o perímetro da edificação’ (ID. b50867d - pág. 17). Afirma que foram lavrados diversos autos de infrações e que foi firmado TAC para a correção das irregularidades encontradas, contudo, não houve acordo quanto ao pagamento do dano moral coletivo e de indenização à família da vítima. Postula o pagamento de danos morais coletivos no importe de R$500.000,00. Em sua defesa a segunda reclamada argumenta que não há provas das alegações autorais uma vez que o inquérito civil juntado aos autos foi produzido unilateralmente e sem observância do contraditório e da ampla defesa, não podendo ser aceito. Afirma que sempre cumpriu com todas as normas de segurança e que o acidente relatado ocorreu no 2º subsolo que é uma área de circulação da obra e afastado do prédio em 12 metros ou mais. Alega que o acidente ocorreu em virtude ‘de uma forte rajada de vento durante a operação de desforma, a qual proporcionou o deslocamento da chapa de madeira que veio a atingir o trabalhador, consequência que, naquele momento, mostrou-se inevitável.’ (ID. b311993 - pág. 9). Sustenta que como o acidente se originou de caso fortuito e força maior não há como lhe imputar a responsabilidade pelo ocorrido. Argumenta que a peça que atingiu o de cujus se desprendeu antes do processo de desforma não incidindo, assim, o disposto na NR-18 no item 18.9.4. Argumenta, por fim, que a fiscalização do MTE desconsidera tanto que a responsabilidade pelo trabalho técnico de colocação das placas era da empreiteira, primeira reclamada, tanto a ação do vento bem como a distância em que a vítima estava quando alcançada pela placa de madeira. Pois bem. O inquérito civil do MP é procedimento investigatório de caráter inquisitório e tem o condão apenas de colher elementos para o ajuizamento de ação civil pública, como o fez o parquet, Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(6) fls.6. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 onde o interessado irá exercer o seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Assim, serão analisados todos os elementos trazidos aos autos, inclusive o inquérito civil, já que, nesta ação, as reclamadas tiveram a oportunidade de fazer prova em sentido contrário. Registro que os autos de infração lavrados, porque decorrentes do poder de polícia exercido pelo fiscal do trabalho, são atos administrativos que possuem presunção relativa de veracidade. Desta forma, cabem às reclamadas a produção de prova que os infirmem. Em audiência, a testemunha do MPT, auditor fiscal que realizou as autuações trazidas aos autos, confirmou a narrativa da inicial: ‘quando o depoente chegou, havia um acidente no local, e verificou que havia uma desforma na 14ª laje, e o andar de baixo não tinha as plataformas secundárias, que so podem ser tiradas quando ha fechamento; na desforma tem que ser presa e deve haver um isolamento diario onde estão acontecendo as desformas; que o depoente não viu as desformas presas; (...) que não havia equipamento de proteção coletiva; inclusive a empresa foi autuada por não utilizar equipamentos de proteção’. Já a testemunha da segunda reclamada, confirmou quase a totalidade dos fatos narrados na defesa, todavia disse que: ‘na opinião do depoente, infelizmente a placa estava na area de içamento, onde não ha bandeja; que entende que a placa tinha que estar nessa área; nenhum EPI evitaria a fatalidade de um choque desse tamanho, só um EPC;’ Constata-se de seu depoimento que na área onde estava localizada a placa que vitimou o trabalhador, não havia bandeja para impedir que os empregados fossem atingidos. Além disso, a testemunha disse que somente um EPC evitaria tal tipo de acidente evidenciando que, de fato, as reclamadas não providenciaram essa medida. No mais, é natural que o empregado da segunda ré vá depor no sentido de que as medidas necessárias e adequadas foram tomadas. Logo, o seu depoimento isolado, diante das demais provas dos autos, não é capaz de infirmar o relato do auditor fiscal, cujas informações possuem presunção de veracidade e foram confirmadas por ele novamente em audiência. Em reforço, verifica-se que há diversas outras autuações relacionadas diretamente com a segurança dos trabalhadores que, inclusive, estavam expostos a risco de queda: AI N° 200687816; AI N° 200687808; AI N° 200687794; AI N° 200687751; AI N° 200687778; AI N° 200687743 (ID. 9b2f963 pág. 4). Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(7) fls.7. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 Além disso, há situações que não se relacionam com a causa da morte do Sr. Juvêncio, o que evidencia que no canteiro de obras havia o descumprimento contumaz de normas de segurança. Desta forma, havia o risco de que outros acidentes ocorressem. Relembro que o caso se trata de ação civil pública na qual se discute o dano difuso a que estavam expostos os trabalhadores em virtude do não atendimento de normas protetivas do trabalho, e não a situação específica e individual de um ou outro empregado. O falecimento de um trabalhador revela a consequência mais grave gerada pela negligência das reclamadas, mas a responsabilidade delas não se limita a esse caso. É por essa razão, diga-se, que o MPT confere destaque na causa de pedir a esse evento particular. Contudo, extrai-se da petição inicial que o pedido formulado tem como fundamento todo o contexto em que se deu o acidente fatal. Diante do exposto, entendo que restou demonstrado nos autos que as reclamadas não cumpriram com normas de segurança do trabalho expondo seus funcionários a risco. Assim, considerando que o risco de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais não prejudica apenas os trabalhadores diretamente expostos ao perigo, mas também toda a coletividade conforme já dito em tópico anterior, entendo configurado o direito ao dano moral coletivo pleiteado. Quanto ao seu valor, tendo em vista que a segunda reclamada possui capital social subscrito e totalmente integralizado de R$ 430.000,00 (quatrocentos e trinta mil reais), conforme consta no seu estatuto social (ID. d24d2ee - pág. 2), fixo o dano moral coletivo em R$43.000,00, valor que entendo suficiente para o caso concreto tendo em vista o efeito pedagógico da indenização a ser revertido ao FAT nos termos da Lei 7.347/85. ...’. Ao exame: Classicamente, define-se o ato ilícito como sendo a ação ou omissão, voluntária, culposa ou dolosa, que viola direito alheio ou causa prejuízo a outrem. E aqui, trata-se de lesões aos valores extrapatrimoniais de uma coletividade ou grupo de trabalhadores. Temos como exemplo clássico a violação de normas de segurança e de medicina do trabalho por determinada empresa, ou ainda a prática de atos discriminatórios de quaisquer espécies. Assim, diferem os danos morais individuais e coletivos, pois os primeiros afetam um trabalhador apenas, individualmente, ao passo que os Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(8) fls.8. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 danos morais coletivos afetam os interesses ou direitos difusos, interesses ou direitos coletivos, interesses ou direitos individuais homogêneos, como acima mencionado. Dizem respeito, portanto, à projeção coletiva da dignidade das pessoas, vela dizer, não atinge apenas a pessoa individual do trabalhador, mas a coletividade de trabalhadores, de uma determinada categoria, por exemplo, ou de uma empresa. A indenização por danos morais é devida nos termos dos artigos186,187 e 927 do Código Civil. Como ensina o Ministro Alexandre Agra Belmonte, na obra ‘CURSO DE RESPONSABILIDADE TRABALHISTA’, Ed.LTR, pagina 96: ‘O dano moral coletivo - que atinge uma classe de trabalhadores - é merecedor de tutela, cabendo na Justiça do Trabalho, ao Ministério Público, por meio da Ação Civil Pública, na tutela dos interesses sociais ou difusos, individuais, de incapazes e homogêneos, a titularidade da ação visando ao provimento inibitório e a compensação do prejuízo moral. Também o Sindicato pode promover a Ação Civil Pública na defesa dos interesses coletivos da categoria, assim como associações profissionais(formalizadas) de trabalhadores nas empresas. (...) No caso dano moral coletivo, a indenização deve ser revertida em benefício da comunidade atingida, por exemplo, ao Fundo de Amparo ao Trabalhador e o provimento inibitório deve ser proferido mediante o pagamento de astreintes. ...’. AQUI, conforme acima transcrito, o juízo a quo, tendo por suporte o fato de que a segunda reclamada possui capital social subscrito e totalmente integralizado de R$ 430.000,00, fixou o dano moral coletivo em R$ 43.000,00. De fato, conforme argumentado pelo Parquet, com base nos critérios acima repassados (em especial a constatação de ausência de EPC´s e a morte de um trabalhador), bem como com o que se observa na jurisprudência em casos análogos, sem descurar das judiciosas ponderações consignadas na sentença, deve ser dado provimento parcial ao apelo Ministério Público do Trabalho, para majorar o valor da indenização por danos morais coletivos de R$ 43.000,00 para R$ 64.500,00, correspondente a 15% do capital social da segunda reclamada, a ser revertido ao FAT, nos termos da Lei 7.347/85. Assim, dá-se parcial provimento ao apelo, nestes termos.” Da referida decisão, extrai-se que a reclamada foi condenada por danos morais coletivos em decorrência do descumprimento Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(9) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 contumaz de normas de segurança por parte da reclamada, sobretudo no que se refere à disponibilização de equipamentos de proteção coletiva, o que levou a empresa a ser autuada em diversas ocasiões pela Fiscalização do Trabalho e implicou a ocorrência de acidente fatal envolvendo um empregado da reclamada. A presente Ação Civil Pública tem como objeto central dano de natureza difusa decorrente do contexto em que se constatou o referido acidente. Relativamente à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, verifica-se que a parte não logrou apontar especificamente os pontos do acórdão que reputa omissos, limitando-se a alegar de forma genérica que o TRT não se manifestara sobre elementos relevantes ao deslinde da controvérsia. Em face da assertiva genérica do MPT e da minudência da análise levada a efeito pela Corte de origem, não se vislumbram as violações apontadas à luz da Súmula 459 do TST. No que se refere à indenização por danos morais coletivos, a Corte a quo majorou a condenação fixada em sentença para R$ 64.500,00, considerando, entre outros aspectos, o porte econômico da reclamada. A jurisprudência desta Corte admite rever o valor fixado nas instâncias ordinárias a título de indenização por danos morais. Contudo, a majoração ou redução do quantum indenizatório só é possível nas hipóteses em que o montante fixado na origem se mostra fora dos padrões da proporcionalidade e da razoabilidade, visando a reprimir apenas as quantificações estratosféricas ou excessivamente módicas, sendo exatamente esta a hipótese dos autos. Não obstante a ponderação da Corte de piso com relação à capacidade econômica da reclamada, o valor daí resultante não pode dispensar o atendimento das finalidades punitiva e pedagógica da condenação. Desse modo, em face da gravidade dos danos potenciais e emergentes da conduta omissiva da reclamada, torna-se imperioso o aumento da indenização para R$ 250.000,00. A. esse. respeito,. colaciona-se. os. seguintes. precedentes: Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. fls.9.

(10) fls.10. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 . 1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRELIMINAR DE VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO. OFENSA REFLEXA AO TEXTO CONSTITUCIONAL. ART. 896, "C", DA CF/88. 2. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. VIOLAÇÃO DE NORMAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO. ACIDENTES DE TRABALHO. MORTE DE TRABALHADORES TERCEIRIZADOS. DANO MORAL COLETIVO. INDENIZAÇÃO. VALOR ARBITRADO. Trata-se de ação civil pública em que se pretende a defesa de direitos coletivos com o pagamento de indenização por danos morais coletivos, tendo em vista a afronta perpetrada à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho (1°, III e IV, CF). No caso concreto , o TRT de origem, após análise do contexto fático-probatório dos autos (Súmula 126/TST), concluiu que, " os danos morais são revelados pelo descumprimento, de forma reiterada, das normas de segurança do trabalho, sobretudo da NR-18, que acabou causando duas mortes de empregados de empresas terceirizadas, em espaço de tempo inferior a dois anos, demonstrando descaso, em relação à saúde e segurança dos trabalhadores, que prestam serviços em suas obras ". Com efeito, ficou comprovado nos autos que a Reclamada foi reiteradamente negligente no cumprimento de diversas normas de segurança do trabalho e expôs os empregados, que lhe prestavam serviços como terceirizados, a condições de risco à vida no ambiente laboral, frustrando o gozo de direitos básicos desde o ano de 2008. Há informações, por exemplo, sobre a falta de fornecimento de equipamentos básicos de proteção, existência de instalações precárias no ambiente de trabalho e a falta de treinamento do pessoal que manipula maquinário, abertura de pisos que favoreciam o risco de queda dos trabalhadores, barreiras de proteção de 1,80m sem tela ou com tela solta. Resultam patentes a lesividade e a gravidade da conduta da empresa Ré, mediante tais omissões e negligências, uma vez que não provocaram apenas risco em potencial, mas ensejaram, sim, graves consequências em concreto, haja vista o reconhecimento pelo TRT de que houve duas mortes de empregados terceirizados em decorrência de acidentes de trabalho . Tal conduta repercutiu de forma negativa em toda a classe de trabalhadores, Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(11) fls.11. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 transcendendo o caráter meramente individual e atingindo o patrimônio moral da coletividade. Nesse contexto, é imperiosa a manutenção da condenação da Reclamada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos. Quanto ao valor arbitrado a título de indenização por danos morais coletivos, não merece reparo a decisão do TRT. Saliente-se que não há na legislação pátria delineamento do valor a ser fixado a tal título. Caberá ao Juiz fixá-lo, equitativamente, sem se afastar da máxima cautela e sopesando todo o conjunto probatório constante dos autos. A lacuna legislativa na seara laboral quanto aos critérios para fixação leva o Julgador a lançar mão do princípio da razoabilidade, cujo corolário é o princípio da proporcionalidade, pelo qual se estabelece a relação de equivalência entre a gravidade da lesão e o valor monetário da indenização imposta, de modo que possa propiciar a certeza de que o ato ofensor não fique impune e servir de desestímulo a práticas inadequadas aos parâmetros da lei. Devem ser consideradas, na hipótese, as condutas lesivas da empresa em relação aos seus trabalhadores, condutas que contrariaram os princípios basilares da Constituição, mormente aqueles que dizem respeito à proteção da dignidade humana e da valorização do trabalho humano (art. 1º, III e IV, da CR/88). Além disso, o caráter pedagógico da indenização fixada, que terá a virtude de influenciar positivamente toda a rede empresarial envolvida. É oportuno registrar que a jurisprudência desta Corte Superior vem se direcionando no sentido de rever o valor fixado nas instâncias ordinárias a título de indenização apenas para reprimir valores estratosféricos ou excessivamente módicos, o que não é o caso dos autos, em que foi fixado o valor de R$ 800.000,00, considerando-se o porte da empresa (capital social e faturamento), a conduta grave e culposa da Reclamada (" descumprimento, de forma reiterada, das normas de segurança do trabalho, sobretudo da NR-18, que acabou causando duas mortes de empregados de empresas terceirizadas, em espaço de tempo inferior a dois anos ") e o significativo dano coletivo e intolerável à vida e à segurança dos trabalhadores, em uma intensidade suficiente a provocar intranquilidade social e prejuízo moral coletivo. 3. MULTA COMINATÓRIA. FUNDAMENTOS. EXIGÊNCIA DE TRANSCRIÇÃO EM QUE SE IDENTIFICA. DOS O. PREQUESTIONAMENTO DA MATÉRIA OBJETO DE RECURSO DE REVISTA. ÓBICE ESTRITAMENTE PROCESSUAL. Nos termos do art. Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(12) fls.12. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 896, § 1º-A, I, da CLT, incluído pela Lei n. 13.015/14, a transcrição dos fundamentos em que se identifica o prequestionamento da matéria impugnada constitui exigência formal à admissibilidade do recurso de revista. Havendo expressa exigência legal de indicação do trecho do julgado que demonstre o enfrentamento da matéria pelo Tribunal Regional, evidenciando o prequestionamento, a ausência desse pressuposto intrínseco torna insuscetível de veiculação o recurso de revista. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-115900-13.2011.5.17.0013, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 12/05/2017). "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 22ª REGIÃO. RECURSO DE REVISTA REGIDO PELO CPC/2015 E PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/2016 DO TST E INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. DANO MORAL COLETIVO. CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE TRABALHADORES POR MEIO DE EMPRESA INTERPOSTA. PRETERIÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO. INDENIZAÇÃO ARBITRADA EM R$ 150.000,00 (CENTO E CINQUENTA MIL REAIS). A jurisprudência desta Corte firma-se no sentido de que não se admite a majoração ou a diminuição do valor da indenização por danos morais nesta instância extraordinária, admitindo-a, no entanto, apenas nos casos em que a indenização for fixada em valores excessivamente módicos ou estratosféricos, o que não é o caso dos autos. A SbDI-1 desta Corte já decidiu, no julgamento do Processo n° E-RR-39900-08.2007.5.06.0016, de relatoria do Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, publicado no DEJT 9/1/2012, que, quando o valor atribuído não for teratológico, deve a instância extraordinária abster-se de arbitrar novo valor à indenização. No caso, a Corte regional consignou, na decisão recorrida, que a "houve prejuízo geral causado a toda a coletividade em razão da contratação irregular de trabalhadores por meio de terceirização ilícita, ferindo os princípios da isonomia e da moralidade na contratação de potenciais servidores, que foram preteridos no acesso aos empregos públicos pela via impessoal do prévio certame público" . Contudo, considerando "o capital social da empresa que, no ano de 2014, estava no patamar de R$ 850.000,00" , bem como "não só a função punitivo-pedagógica, mas também Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(13) fls.13. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 a proporcionalidade e a razoabilidade" , a Corte regional entendeu que "não se revela crível a condenação em R$ 292.682,00, valor elevado para o capital social da reclamada" . Dessa forma, o Regional deu provimento parcial ao recurso ordinário interposto pela empresa ré para reduzir o montante indenizatório a título de dano moral coletivo, para o importe de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). No contexto registrado no acórdão regional, considerando a extensão dos danos causados, a condição econômica do reclamado e o caráter punitivo-pedagógico da condenação, revela-se razoável e proporcional o valor fixado pela instância ordinária, de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), que compensa adequadamente o dano moral coletivo indicado pelo Regional. Portanto, não se trata de valor reduzido e, muito menos, teratológico, única hipótese em que seria cabível a redução pretendida pelo réu, nos termos da jurisprudência desta Corte, não havendo falar em violação do artigo 944 do Código Civil. Agravo de instrumento desprovido . AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA BELAZARTE - SERVIÇOS DE CONSULTORIA LTDA. RECURSO DE REVISTA REGIDO PELO CPC/2015 E PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/2016 DO TST E INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. ACÓRDÃO PROFERIDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONDENAÇÃO EM PECÚNIA. DANOS MORAIS COLETIVOS. ARTIGO 899 DA CLT E INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 27/2005. EXIGIBILIDADE DE DEPÓSITO RECURSAL. DESERÇÃO. Na hipótese, o Ministério Público do Trabalho da 22ª Região ajuizou ação civil pública em face da ora agravante, em razão da realização intermediação de mão de obra, por meio de terceirização ilícita, para a Defensoria Pública do Estado do Piauí, tendo a reclamada sido condenada ao cumprimento de obrigação de não fazer, além do pagamento de indenização por danos morais coletivos. Desse modo, era necessário o depósito recursal, na medida em que houve condenação em pecúnia, nos termos previstos nos artigos 899 da CLT e 2º, parágrafo único, da Instrução Normativa nº 27/2005, in verbis : "Parágrafo único. O depósito recursal a que se refere o art. 899 da CLT é sempre exigível como requisito extrínseco do recurso, quando houver condenação em pecúnia". Por outro lado, a referida instrução normativa não afasta a necessidade do depósito recursal para a interposição de recurso contra acordão proferido em ação Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(14) fls.14. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 civil pública, como defende a agravante. A inexigibilidade de depósito recursal decorre da inexistência de condenação em pecúnia, que não é a hipótese sub judice . Portanto, não procede a tese recursal da inexigibilidade de depósito recursal em ação civil pública, com condenação em pecúnia. Observa-se, ainda, que a empresa ré não efetuou o depósito recursal por ocasião da interposição do agravo de instrumento ora em análise, na forma exigida pelo § 7º do artigo 899 da CLT. Agravo de instrumento não conhecido" (AIRR-2933-38.2016.5.22.0004, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 22/11/2019). "AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL COLETIVO. CARACTERIZAÇÃO. Demonstrada aparente divergência jurisprudencial no tocante à caracterização do dano moral coletivo. Agravo de instrumento provido . RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL COLETIVO. CARACTERIZAÇÃO. Os direitos ao repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos, e à remuneração do serviço extraordinário possuem estatura constitucional, artigo 7º, incisos XV e XVI. Na hipótese dos autos, a violação de tais direitos não ocorreu de forma isolada uma vez que o e. TRT registrou em relação ao labor em domingos e feriados que (...) a maioria das testemunhas ouvidas no procedimento investigatório confirmaram a existência de labor em domingos e feriados e que a prova produzida em audiência restou dividida, entendo que o réu não se desincumbiu a contento do seu ônus probatório no sentido de comprovar que respeitava as regras trabalhistas que permitem apenas como excepcional o labor em domingos e feriados (fl. 217) e no tocante ao pagamento de horas extras por fora que a prova oral produzida em Juízo corrobora eficazmente os depoimentos prestados perante o membro do MPT no procedimento investigatório, estando cabalmente comprovada a prática de pagamento extrafolha da totalidade ou de parte das horas extras prestadas pelos empregados da ré, bem como da contraprestação do labor realizado em domingos e feriados por alguns funcionários (fl. 224). Nesse contexto, verifica-se que a conduta da empresa de descumprir reiteradamente a legislação trabalhista em relação a vários empregados é ilícita e caracteriza o dano moral coletivo porque ignora direitos mínimos dos trabalhadores a seu serviço ofendendo, em consequência, a coletividade ao frustrar sua legítima Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(15) fls.15. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 aspiração de ver cumprida a Constituição e as normas infraconstitucionais que regulam as relações de trabalho. É dizer, ao exigir trabalho aos domingos de seus empregados em desacordo com a lei (arts. 7º, XV, da CF, 67, 68 e 70 da CLT e 8º da Lei 605/49), a empresa obstou ilegalmente o usufruto do descanso dos empregados com seus familiares e ao pagar irregularmente as horas extras evitou que estas repercutissem no cálculo de outras parcelas devidas aos empregados causando o seu enriquecimento ilícito. Em atenção à capacidade econômica da empresa ofensora (capital social de R$ 130.000,00 - cento e trinta mil reais - fl. 40), as lesões perpetradas (ofensa ao direito ao descanso e incorreto pagamento de horas extras), deve ser arbitrada indenização por dano moral coletivo no montante de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). Recurso de revista conhecido por divergência jurisprudencial e provido" (RR-117500-82.2009.5.09.0653, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 29/11/2013). Por essas razões, considerando que o valor arbitrado pelo Tribunal Regional não se revela razoável diante da extensão efetiva e potencial do dano, afigura-se possível a tese de violação do art. 944 do Código Civil. Assim, DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista. II - RECURSO DE REVISTA 1 – CONHECIMENTO Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passa-se ao exame dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista. 1.1 - DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO CONTUMAZ DE NORMAS DE SEGURANÇA. NÃO FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA. ACIDENTE FATAL. VALOR ARBITRADO. Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho.

(16) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho. PROCESSO Nº TST-RR-11218-28.2017.5.15.0053 Consoante os fundamentos lançados quando do exame do agravo de instrumento e aqui reiterados, CONHEÇO do recurso de revista por violação do art. 944 do Código Civil. 2 – MÉRITO 2.1 - DANO MORAL COLETIVO. DESCUMPRIMENTO CONTUMAZ DE NORMAS DE SEGURANÇA. NÃO FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA. ACIDENTE FATAL. VALOR ARBITRADO. 15% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA. MAJORAÇÃO DEVIDA Como consequência do conhecimento do recurso de revista por violação do art. 944 do Código Civil, DOU-LHE PROVIMENTO para majorar a condenação por dano moral coletivo para R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). Custas inalteradas. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, I) por unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento quanto ao tema “Dano Moral Coletivo. Descumprimento Contumaz De Normas De Segurança. Não Fornecimento De Equipamento De Proteção Coletiva. Acidente Fatal. Valor Arbitrado. Majoração”, por possível violação do art. 944 do Código Civil, determinando o processamento do recurso de revista, a reautuação dos autos e a intimação das partes e dos interessados para seu julgamento, nos termos dos arts. 935 do CPC e 122 do RITST; II) por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violação do art. 944 do Código Civil, e, no mérito, dar-lhe provimento para majorar a condenação por dano moral coletivo para R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). Custas inalteradas. Brasília, 30 de setembro de 2020. Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001). DELAÍDE MIRANDA ARANTES Ministra Relatora Firmado por assinatura digital em 02/10/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.. Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003DFCCA1DE73BB82.. fls.16.

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