1Discente do Centro Universitário UNIFTC 2021 | E-mails: brunnarodrigues1904@gmail.com;
cleidnaoliveira@yahoo.com.br; bitencourtdebora7@gmail.com; danivih@hotmail.com; geo.barrtt@hotmail.com;
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shey.linda@hotmail.com; taina_brito31@hotmail.com; vanusia.santos@ftc.edu.br; 2Docente orientadora da disciplina Gestão em Saúde no Centro Universitário UNIFTC 2021 (UNIFTC/21), e-mail: priscila.ferraz@ftc.edu.br
ADESÃO DOS PACIENTES DIABÉTICOS E HIPERTENSOS AO PROGRAMA HIPERDIA DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA JOSÉ
RENAN MOREIRA
Brunna Rodrigues Santos Assis1 Cleidna Oliveira Santos Silva1 Débora Caroline Gonçalves Bitencourt1 Danielle Vivas de Queiroz1 Geovanna Barretto dos Santos1 Ian Gustavo de Gois Lima1 Layla Gonçalves Oliveira Silva1 Patrícia Oliveira Dorea1 Raphaela Monte Oliveira1 Sheyllane Santos Gomes1 Tainá Raiza Brito Portela1 Vanusia Jesus dos Santos1 Priscila Correia da Silva Ferraz2.
Resumo
A presente pesquisa referente à temática de Gestão em Saúde, teve como objetivo quantificar e conhecer as características do público hipertenso/diabético que faz parte da área de cobertura da ESF José Renan Moreira, identificar as dificuldades no desenvolvimento do Programa HIPERDIA na visão dos profissionais de saúde, além da importância e impactos de caráter financeiro que este programa tem para a captação de recursos para a Atenção Primária do município de Itabuna, sul da Bahia. Trata-se de um estudo exploratório com abordagem quali-quantitativa. Os sujeitos dessa pesquisa foram seis Agentes Comunitários de Saúde e uma enfermeira da ESF José Renan Moreira do Município supracitado. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário online, aplicado individualmente via aplicativo Google Forms e enviado pelo WhatsApp.
As análises do questionário revelaram que na unidade de saúde pesquisada estão cadastrados cerca de 1026 pacientes hipertensos e 354 diabéticos. Sendo que o perfil de maior prevalência destas comorbidades está entre mulheres e pessoas adultas acima de 40 anos. Verificou-se que a baixa adesão dos pacientes diabéticos e hipertensos ao programa HIPERDIA se configura como uma problemática enfrentada pela equipe, a qual afeta de forma negativa na qualidade de vida dos pacientes, no controle dos agravos, no desempenho da equipe e na captação de recursos financeiros para o município.
Palavras-chaves: Gestão em Saúde. Atenção Primária a Saúde. Hipertensão. Diabetes Mellitus. Recursos Financeiros.
Abstract
This research, referring to the theme of Health Management, aimed to quantify and know the characteristics of the hypertensive/diabetic public that is part of the coverage area of the ESF José Renan Moreira, to identify the difficulties in the development of the HIPERDIA Program in the view of health professionals, in addition to the importance and impacts of financial character that this program has for raising funds for Primary Care in the municipality of Itabuna, southern Bahia. This is an exploratory study with a quali- quantitative approach. The subjects of this research were six Community Health Agents and a nurse from the ESF José Renan Moreira from the aforementioned municipality.
The data collection instrument used was the online questionnaire, applied individually via
the Google Forms application and sent via WhatsApp. The analysis of the questionnaire revealed that around 1026 hypertensive patients and 354 diabetics are registered at the researched health unit. The most prevalent profile of these comorbidities is among women and adults over 40 years of age. It was found that the low adherence of diabetic and hypertensive patients to the HIPERDIA program is a problem faced by the team, which negatively affects the quality of life of patients, disease control, team performance and the uptake of financial resources for the municipality.
Keywords:Health Management. Primary Health Care. Hypertension. Diabetes Mellitus.
Financial resources.
INTRODUÇÃO
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988 e sua implantação na década de 90, assegurou-se a população brasileira o acesso universal e gratuito aos serviços de saúde na atenção primária à saúde (APS), média e de alta complexidade. A APS é a principal porta de entrada dos usuários aos serviços de saúde, constituindo-se como o primeiro nível de atenção à saúde, que visa desde a promoção até redução de danos à saúde, e por isso, geralmente funciona em um local mais próximo da comunidade. (CUNHA; SILVA, 2010; BRASIL, 2021).
Com o intuito de reorganizar e melhorar o acesso dos programas em APS e trabalhando para manter os pilares que sustentam o SUS (universalidade, equidade e integralidade), o governo federal implantou a Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma estratégia organizativa de ampliação, qualificação e consolidação da APS que por meio de serviços de saúde multidisciplinares atende as mais variadas necessidades da comunidade. (CUNHA; SILVA, 2010).
A Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) conta com um conjunto de iniciativas como o Programa Previne Brasil, um novo modelo de financiamento para a APS, implantado em 2019, que condiciona o seu repasse aos critérios de capitação ponderada, pagamento por desempenho e incentivo para as ações estratégicas. Tais critérios, aumentam a responsabilidade dos gestores e profissionais no cuidado aos usuários que acompanham, ampliam o acesso da população aos serviços de saúde oferecidos pela APS, além de estreitar o vínculo entre usuário e equipe (BRASIL, 2021).
Visto que o advento da pandemia da COVID-19 trouxe consigo alguns fatores que influenciaram diretamente no funcionamento da ESF, observou-se a necessidade de explanar sobre o Programa HIPERDIA criado em 2002 pelo Ministério da Saúde e que visa estabelecer metas e diretrizes para ampliar ações de prevenção, diagnóstico,
tratamento e controle da Hipertensão Arterial (HAS) e Diabetes Mellitus (DM), que são condições crônicas de alta incidência no país e se apresentam como importantes fatores de riscos para doenças cardiovasculares, renais, amputações de membros, entre outras.
(BRASIL, 2001; BRASIL, 2006).
Diante disso, esse projeto almeja quantificar e conhecer as características do público hipertenso/diabético que faz parte da área de cobertura da ESF José Renan Moreira, identificar as dificuldades no desenvolvimento do Programa HIPERDIA na visão dos profissionais de saúde, além da importância e impactos de caráter financeiro que este programa tem para a captação de recursos para a Atenção Primária do município de Itabuna, sul da Bahia.
METODOLOGIA
Diante da temática Gestão em Saúde na Atenção Primária trabalhada na disciplina Gestão em Saúde da Rede UniFTC, surge o empenho em desenvolver um projeto interdisciplinar na ESF José Renan Moreira do município de Itabuna/BA. Esta unidade de saúde foi inaugurada no dia 28 de julho de 2019 e nela estão inseridas duas equipes de ESF formadas por dois médicos, duas enfermeiras, um odontólogo, uma auxiliar de consultório dentário, duas técnicas de enfermagem, uma atendente de farmácia, um recepcionista, um serviço geral, um administrador, uma digitadora e 14 Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sendo considerado um campo vasto propício para a realização deste estudo.
Classifica-se esse estudo como exploratório com abordagem quali-quantitativa. A apreciação deste trabalho foi realizada por uma enfermeira e seis ACS que fazem parte da equipe de ESF Renan Oliveira Moreira, por meio de um questionário online de treze questões, aplicado individualmente via aplicativo Google Forms no mês de outubro de 2021. Ressalta-se que, o envio do questionário foi pelo WhatsApp com data de aplicação previamente agendada, respeitando a disponibilidade de tempo dos participantes e visando não inferir na dinâmica de trabalho.
Obedecendo a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), anteriormente ao questionário, todos os participantes da pesquisa responderam o Consentimento Livre Esclarecido (CLE). Os dados obtidos nesta pesquisa foram analisados e organizados em forma de textos narrativos utilizando as falas dos pesquisados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nas respostas dos seis ACSs e uma Enfermeira, verificou-se que na ESF José Renan Moreira, estão cadastrados cerca de 1026 pacientes hipertensos e 354 diabéticos. Sendo que o perfil de maior prevalência destas comorbidades está entre mulheres e pessoas adultas acima de 40 anos.
A ESF dispõe de uma equipe multidisciplinar com atuação integrada na abordagem da HAS e DM (BRASIL, 2001). Isto ficou constatado quando Enfermeiras e ACSs durante a pesquisa foram questionados sobre quais profissionais de saúde da equipe participam do HIPERDIA. A este respeito destacamos a fala de uma Enfermeira e um ACS:
“Enfermeira, Médico, Técnica de Enfermagem, Odontólogo, ACS, digitadora, Recepcionista...todos da equipe.” (Enfermeira).
“Toda a equipe é importante no acompanhamento destes pacientes, mas que acompanha mais de perto é ACS, enfermeiro e médico.” (ACS 1).
Visto que o acompanhamento integral dos pacientes com HAS e DM é uma atribuição essencial dentro do processo de trabalho da ESF, perguntamos como é feita a divulgação e o cadastro dos usuários ao programa HIPERDIA e se todos esses pacientes cadastrados frequentam o HIPERDIA da unidade de saúde e todos afirmaram que tanto o cadastro como a divulgação do HIPERDIA é realizado pelos ACS durante as visitas domiciliares, no entanto, devido ao labor, alguns terem plano de saúde ou querer ir a unidade apenas para trocar a receita vencida e ainda por resistência em aderir ao tratamento, a maior parte destes pacientes não participam das atividades do HIPERDIA.
Isto evidencia que a baixa adesão ao tratamento tem sido um problema enfrentado por esta equipe. Abaixo destacamos a fala da Enfermeira relatando algumas das dificuldades enfrentadas pelos profissionais no HIPERDIA:
“Adesão ao tratamento... Pacientes veem o HIPERDIA como troca de receita não tendo a visão do programa como realmente é.” (Enfermeira).
É importante que os profissionais de saúde estejam atentos a esta preocupante e desafiadora realidade da falta de adesão dos pacientes hipertensos (HA) e diabéticos (DIA) ao HIPERDIA, pois a HAS e a DM representam os principais fatores de riscos que levam as pessoas a invalidez parcial ou total, gerando graves consequências não só ao
paciente, mas a família e sociedade (BRASIL, 2001). Além disso, a baixa adesão ao HIPERDIA prejudica o desempenho da equipe e consequentemente a captação de recursos financeiros para o município. Isto fica evidente na fala da enfermeira:
“Com a nova política instituída o incentivo está voltado para alguns indicadores sendo um deles pacientes diabéticos com Hemoglobina glicada solicitado e ou avaliado e hipertensos com aferição de Pressão Arterial informado em pelo menos duas vezes anual” (Enfermeira).
O Programa Previne Brasil, destaca a importância do desempenho das equipes na assistência as pessoas que fazem parte do grupo de vulneráveis como os HA e DIA, através de uma organização na rotina da prestação dos serviços que garantam o acesso integral destes grupos aos serviços da APS e o vínculo entre eles e equipe. No pagamento por desempenho as equipes são monitoradas quadrimestralmente, a partir dos resultados de um conjunto de indicadores referentes a ações estratégicas de pré- natal, Saúde da Mulher, Saúde da Criança e Doenças Crônicas (BRASIL, 2021).
Nesta perspectiva, perguntamos aos pesquisados em qual intervalo de tempo esses pacientes são acompanhados e quais estratégias são utilizadas pela equipe quando o paciente falta as consultas e atividades de acompanhamento do HIPERDIA.
Foi afirmado que o acompanhamento é mensal, no entanto, se o paciente estiver descompensado, o intervalo pode ser menor, de acordo avaliação da equipe. Quando o paciente falta ao atendimento do programa é realizada uma busca ativa pelos ACS, os quais vão até a residência deste usuário saber o motivo da falta, orientar sobre a importância do HIPERDIA e remarcar o atendimento.
Para finalizar esta discussão, perguntamos aos ACS e enfermeiras quais estratégias e ações estão sendo desenvolvidas pela equipe na perspectiva de agregar os pacientes com HAS e DM ao programa HIPERDIA, reorganizar a atenção a este público e alcançar os indicadores pactuados pelo Previne Brasil. Os profissionais afirmaram que estão realizando reuniões de equipe semanalmente, ampliação e atualização dos cadastros, acompanhamento nominal dos usuários com HAS e DM, verificação da frequência de acompanhamento, um fluxo de acolhimento com constante monitoramento da Pressão Arterial (PA), agendamento das consultas de acompanhamento tanto para os médico quanto para o enfermeiro, além de orientações sobre a importância das consultas de acompanhamento, verificação da PA no serviço, dos exames laboratoriais e de levar os resultados no retorno.
As afirmações evidenciam o empenho da equipe em aumentar e facilitar o acesso dos pacientes HA e DIA aos serviços da APS, sensibilizá-los da importância do programa
HIPERDIA, e em planejar e aprimorar o processo de trabalho voltado para melhorar o desempenho dos seus indicadores.
Diante dos dados apresentados pode-se afirmar que a baixa adesão dos pacientes DIA e HA ao programa HIPERDIA se configura como uma problemática enfrentada pela equipe de ESF José Renan Moreira, a qual afeta de forma negativa na qualidade de vida dos pacientes, no controle dos agravos, no desempenho da equipe e na captação de recursos financeiros para o município. Visto que isto é expresso nas respostas dos ACS e Enfermeiras apresentadas pelo questionário.
CONCLUSÃO
Após quantificar e conhecer as características do público HA e DIA que faz parte da área de cobertura da ESF José Renan Moreira identificou-se as dificuldades no desenvolvimento do Programa HIPERDIA na visão dos profissionais de saúde, a importância e os impactos de caráter financeiro que este programa tem para a captação de recursos da Atenção Primária de Saúde do município.
Podemos concluir que a baixa adesão dos pacientes DIA e HA ao programa HIPERDIA se configura como uma problemática enfrentada pela equipe de ESF José Renan Moreira, a qual afeta de forma negativa a qualidade de vida dos pacientes, o controle dos agravos, o desempenho da equipe e a captação de recursos financeiros para o município.
Diante dos fatos expostos considerando os pontos abordados sugerimos uma maior divulgação do programa através dos agentes comunitários, bem como um trabalho contínuo de acompanhamento e educação em saúde para aumentar adesão dos pacientes DIA e HA ao programa HIPERDIA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica - nº 7: Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus- Protocolo. Brasilia, 2001. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hipertensao_arterial_sistemica_cab7.pdf>
. Acesso em 15 de out. 2021.
_______, Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica - nº 15: Hipertensão Arterial Sistêmica. Brasília, 2006. 51p. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica15.pdf>. Acesso em: 15 out. 2021.
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Previne Brasil:
Manual Instrutivo do Financiamento da Atenção Primária á Saúde. Brasilia, 2021.
Disponível em: <https://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento>. Acesso em: 19 de set.
2021.
CUNHA, Alcione BrasileiroOliveira; SILVA,Ligia Maria Vieira-da. Acessibilidade aos serviços de saúde em um município do Estado da Bahia, Brasil, em gestão plena do sistema, Cad. Saúde Pública 26 de Abril 2010. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010000400015>. Acesso em: 14 out. 2021.
