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INSTITUTO DE NATUREZA E CULTURA-INC CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ADRIANA MACIEL TAVERA

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Academic year: 2022

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ADRIANA MACIEL TAVERA

O CINEMA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES EDUCATIVAS

Benjamin Constant/AM 2021

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O CINEMA NA EDUCAÇAO DO CAMPO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES EDUCATIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de licenciado(a) no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pelo Instituto de Natureza e Cultura- INC/UFAM/BC.

Orientador: Prof. Me. Josenildo Santos de Souza

Benjamin Constant/AM 2021

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O CINEMA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES EDUCATIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciado(a) em Pedagogia pelo Instituto de Natureza e Cultura – INC/UFAM/BC.

Aprovado em 15 de novembro de 2021.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________

Prof. Me. Josenildo Santos de Souza - Presidente Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

____________________________________________________________

Prof. Ma. Maria Auxiliadora dos Santos Coelho – Membro Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

_____________________________________________________________

Prof. Me. Sebastião Melo Campos - Membro Instituto Natureza e Cultura/UFAM/BC

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Dedico este trabalho aos meus pais Raimundo dos Santos Tavera e Mª Lucinete de Araújo Maciel, por ser minha base e sempre me apoiar na caminhada acadêmica e me incentivar a seguir em frente na busca dos meus objetivos, depositando em mim toda confiança.

A meu querido e amado filho, Théo Bruno Tavera Silva, por ser minha grande motivação, foi por ele que a cada dia busquei dá o meu melhor em prol da conclusão de meu curso.

A meu Prof.ª Orientador Josenildo Santos de Souza, pelos momentos de incentivo e paciência nas orientações e pela grande confiança atribuída a mim.

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Agradeço primeiramente a Deus, por sempre ser meu sustento e auxílio nos momentos difíceis, me mantendo sempre com saúde e por não me fazer desanimar diante das dificuldades encontradas pelo caminho.

Ao meu orientador Josenildo Santos de Souza pela ótima orientação e pelo acompanhamento durante todo esse processo´.

A professora Maria Auxiliadora dos Santos Coelho por ter contribuído grandemente com sugestões relevantes ao meu trabalho, por ser um grande ser humano, uma pessoa iluminada que não mede esforços para ajudar seus alunos independentemente de qualquer situação.

A todos os docentes do curso de pedagogia que através de seus ensinamentos contribuíram positivamente para minha formação.

Aos meus familiares e amigos pelo grande apoio, cada um me ajudou no que pôde e sempre me dando força em prol de concluir este curso. Nuca esquecerei essa ajuda, pois nessa caminhada não segui sozinha, se hoje estou aqui foi com o apoio dessas pessoas que amo e sempre guardarei em meu coração.

A todos meus sinceros e fraternos agradecimentos!

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“O cinema não é só matéria para fruição é a inteligência para as emoções: ele é também matéria para a inteligência do conhecimento e para a educação, não como recurso para a explicitação demonstração e afirmação de ideias, ou negação destas, mas como produto de cultura que pode ser visto, interpretado em seus múltiplos significados”

Milton José Almeida

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O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) trata-se de uma produção de caráter científico que apresenta as compreensões acerca do Cinema na Educação do Campo: desafios e possibilidades educativas no município de Benjamin Constant/AM. O objetivo geral foi investigar os desafios e as possibilidades educativas do cinema em escolas do campo/ribeirinho.

Para alcance dos resultados realizamos estudos bibliográficos por meio de leituras com base em BRASIL (2014; 2015), DUARTE (2002), COELHO (2011), FRESQUET (2015; 2013), SOUZA (2015; 2017). A metodologia norteada em abordagem qualitativa, como observações direta, entrevistas que foram compondo o corpo do trabalho por meio da pesquisa exploratória, bibliográfica e de campo que se tornaram essenciais para o alcance dos objetivos. O resultado evidencia que um dos desafios a ser superado para uso do cinema na educação do campo/ribeirinho é a melhoria na infraestrutura física, recursos tecnológicos e pedagógicos das escolas, a necessidade de formação continuada aos professores. A despeito dos desafios a serem superados, identificamos que é possível o cinema na educação do campo em comunidades ribeirinhas por meio de projeto relacionando o cinema na educação nas comunidades de Santa Rita, São Miguel e em Novo Oriente. Desta forma, acreditamos que seja relevante a necessidade em ampliar os estudos para compreender o cinema e a educação em escolas da zona rural no processo de ensino/aprendizagem.

Palavras-chaves: Cinema e Educação. Escolas do Campo/Ribeirinho. Infraestrutura.

Benjamin Constant-Amazonas

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Este documento de finalización de curso (TCC) es una producción científica que presenta los entendimientos sobre el cine en la educación rural: desafios y possibilidades educativas em la ciudad de Benjamin Constant/AM. El objetivo general fue investigar los desafíos y las posibilidades educativas del cine en las escuelas rurales/ribereñas. Para lograr los resultados, se realizaron estudios bibliográficos a través de lecturas basadas em BRASIL (2014; 2015), DUARTE (2002), COELHO (2011), FRESQUET (2013; 2015), SOUZA (2015; 2017). La metodología estuvo guiada por un enfoque cualitativo, como observaciones directas, entrevistas que formaron parte del cuerpo de trabajo a través de la investigación exploratoria, bibliográfica y de campo, que se tornó fundamental para lograr los objetivos. El resultado muestra que uno de los desafíos a superar para el uso del cine en la educación rural/ribereña es el mejoramiento de la infraestructura física, los recursos tecnológicos y pedagógicos de las escuelas, la necesidad de educación continua para los docentes. A pesar de los desafíos a superar, identificamos que el cine en la educación rural en las comunidades ribereñas es posible a través de un proyecto que vincula el cine con la educación en la comunidad de Santa Rita, São Miguel y en Novo Oreinte. Así, creemos que es relevante la necessidad de ampliar los estudios para comprender el cine y la educación en las escuelas rurales en el proceso de enseñanza/aprendizaje.

Palabras-Clave: Cine y Educación. Escuelas de Campo/Ribereño. Infraestructura. Benjamin Constant-Amazonas

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Figura 01: Acadêmicos realizando apresentação de trabalho na disciplina de Tópicos

Especiais...20

Figura 02: Município de Benjamin Constant/AM...35

Figura 03: Localização das comunidades do campo de estudo...36

Figura 04: Professora Dr. Inês Assunção de Castro Teixeira/Palestrante...46

Figura 05: Alunos da Escola Santa Rita participando do Projeto Cine Club Itinerante...48

Figura 06: Transporte Fluvial dos professores da zona rural/ribeirinha...50

Figura 07: Escola Municipal Santa Rita...52

Figura 08: Espaço interno da escola de Santa Rita...53

Figura 09: Escola Municipal São Miguel 2018...54

Figura 10: Escola M. São Miguel 2021...54

Figura 11: Espaço interno das duas salas de aula da escola M. São Miguel atualmente...54

Figura 12: Professora ministrando aula/espaço interno da sala de aula...54

Figura 13: Escola Municipal Santa Tereza/Polo Novo Oriente em 2018...55

Figura 14: Escola Municipal Vereador Pedro Silva/Polo Novo Oriente...56

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AM – Amazonas

BNCC – Base Nacional Comum Curricular CME - Conselho Municipal de Educação CONIC - Congresso de Iniciação Científica

COSAMA – Companhia de Saneamento do Amazonas COVID-19

DCEC - Diretrizes Curriculares da Educação do Campo ED – Educação à Distância

INC – Instituto de Natureza e Cultura

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional PIBIC – Programa de Bolsas de Iniciação Científica PNE - Plano Nacional de Educação

PPC - Proposta Pedagógica Curricular

SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica SEMED - Secretaria Municipal de Educação TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação TV – Televisão

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Quadro 01: Demonstrativo do Quantitativo de Professores não indígenas das Comunidades Rurais/Ribeirinhas...40 Quadro 02: Demonstrativo de Formação dos Professores da área Rural não indígena (Contratados e efetivos) ...41 Gráfico 01: Demonstrativo de Escolas Indígenas e Rurais/Ribeirinhas...36

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INTRODUÇÃO...14

1. DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE CINEMA E EDUCAÇÃO...17

1.1 TRAJETÓRIA ACADÊMICA: DIÁLOGO COM O OBJETO DE ESTUDO NO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO...17

1.2 A EDUCAÇÃO E O CINEMA NO AMBIENTE ESCOLAR...20

1.3 O CINEMA NA ESCOLA DO CAMPO...23

1.4 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O USO DO CINEMA NA EDUCAÇÃO...26

1.5 A PRÁTICA EDUCATIVA DO PROFESSOR PARA O USO DO CINEMA NA ESCOLA DO CAMPO...29

2. CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA...32

2.1 O ENFOQUE DADO A PESQUISA...32

2.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA...33

2.3 DESCREVENDO O CAMPO DE ESTUDO...35

2.3.1 Comunidade São Miguel...37

2.3.2 Comunidade Santa Rita...37

2.3.3 Comunidade Novo Oriente...38

2.4 SUJEITOS DA PESQUISA: QUEM SÃO ELES?...39

3. ANALISANDO O CINEMA EM ESCOLAS DO CAMPO/RIBEIRINHO NO MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT/AM...40

3.1 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O USO DO CINEMA NA EDUCAÇÃO EM ESCOLAS DO CAMPO/RIBEIRINHO NO MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT/AM...40

3.2 AS EXPERIÊNCIAS CULTURAIS DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA COM O CINEMA...46

3.3 A REALIDADE DAS ESCOLAS DO CAMPO/RIBEIRINHO PARA A PRATICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR PARA GARANTIR A FRUIÇÃO E O ACESSO AO CINEMA NA ESCOLA...59

3.3.1 Escola Municipal Santa Rita...52

3.3.2 Escola Municipal São Miguel...53

3.3.3 Escola Municipal Santa Tereza...56

3.4 FILMES EM CONTEXTOS ESCOLARES RIBEIRINHOS...57

CONSIDERAÇÕES FINAIS...60

REFERÊNCIAS...62

APÊNDICES...65

ANEXOS...83

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INTRODUÇÃO

Esta monografia se configura como resultados de estudos realizados ao longo do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia do Instituto de Natureza e Cultura (INC), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), como exigência legal e essencial para a formação do futuro profissional da Educação Básica. Desta forma, buscamos apresentar a pesquisa realizada em escolas da zona rural/ribeirinha da rede pública de ensino básico do município de Benjamin Constant/AM.

A formação acadêmica orientada pelo Projeto Político Pedagógico (PPC) do Curso de Pedagogia nos possibilita obter conhecimentos por meio do ensino, da pesquisa e extensão, estes trazem consigo um papel de suma importância para a formação do acadêmico, sendo o tripé intelectual deste processo. Nesse sentindo, os caminhos trilhados por meio da pesquisa intitulada “O Cinema na educação do campo: desafios e possibilidades educativas”, contribuiu para a construção de saberes pedagógicos voltados para práticas educativas que dialogam com o uso de filmes em contexto escolares, como sendo uma proposta inovadora para o âmbito educacional em escolas da zona rural.

Para tanto, partimos das seguintes problemáticas: Os professores estão habilitados para integrar o cinema enquanto componente curricular na proposta pedagógica, para o uso de filmes e/ou documentários em sala de aula? A formação nos cursos de licenciaturas é adequada? Qual o contato que os professores do campo/ribeirinho têm com o cinema?

Com intuito de alcançar os resultados, partimos do objetivo geral em que nos propomos investigar a vivência dos professores que integram a rede pública de ensino com o cinema em escolas do campo/ribeirinho e as implicações da formação tanto inicial quanto continuada para articular o cinema na educação, e como objetivos específicos: Identificar a formação inicial e continuada do professor para o uso das novas tecnologias de informação e comunicação relacionada ao cinema na educação; Conhecer as experiências estéticas culturais dos professores da educação básica, incluída nela o cinema; Mapear os meios que os educadores dispõem para a prática educativa do trabalho pedagógico para garantir a fruição e o acesso do cinema na escola do campo/ribeirinho e; Descrever o uso de filmes educativos no ambiente escolar que venha ampliar o aprendizado dos alunos.

A opção pelo tema de pesquisa surgiu a partir da participação no projeto de extensão Cine Club Itinerante: Natureza e Cultura em Cena, coordenado pelo docente Josenildo Santos de Sousa. Esse projeto oportunizou o contato com filmes educativos, bem como teóricos que

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abordavam sobre o cinema na educação. Foi uma experiência bem especial, que despertou um olhar reflexivo acerca da linguagem audiovisual, assim acarretando no interesse de pesquisar uma temática envolvendo assuntos pedagógicos mediado pelo cinema.

A partir de então, buscamos aprofundar o assunto por meio dos projetos de pesquisa, nas disciplinas de práticas pedagógicas. As experiências foram tão satisfatórias que houve a participação no PIBIC (Programa Institucional de Iniciação Científica), trazendo um assunto relacionado ao cinema como objeto de pesquisa, essa possibilidade oportunizou trazer o cinema como forma de mediação com a educação. Neste contexto, buscamos diagnosticar a questão da formação inicial e continuada do professor para o uso de audiovisuais em escolas do campo/

ribeirinho.

A metodologia ajudou a trilhar os caminhos da investigação, para superar os obstáculos e alcançar os objetivos, tornando-se o momento de o pesquisador descrever o passo a passo dos caminhos pesquisados, uma vez que sem os métodos necessários o trabalho pode se tornar algo vazio. Sendo assim, a pesquisa teve enfoque fenomenológico-hermenêutico, que permitiu compreender os fenômenos em suas diversas manifestações capitados por meio das entrevistas e leituras bibliográficas. Fez-se o uso de abordagem qualitativa que permitiu conhecer o lócus da pesquisa e vivenciar as situações de ensino/aprendizado emergente no ambiente escolar.

Recorremos a pesquisa de campo e pesquisa documental que contribuíram para termos contato direto com o objeto de estudo e coletar dados informacionais essenciais para o presente trabalho.

Alguns dos autores que fundamentaram o presente estudo foram, Brasil (2014; 2015), Coelho (2011), Duarte (2002), Fresquet (2015; 2013), Souza (2015; 2017), Ramos; Braga e Teixeira (2010), dentre outros, bem como fundamentos legais, destacando principalmente a Lei n° 13.006/2014, que torna obrigatório o uso de filmes educativos em pelo menos duas horas mensais em instituições escolares.

Este trabalho se organiza em três capítulos. O primeiro traz informações a respeito da fundamentação teórica e legal sobre a importância do cinema na educação, trazendo contribuições significativas para fortalecer a pesquisa, este se subdivide nos seguintes subtemas: Trajetória Acadêmica: Diálogo com o objeto de estudo no ensino, pesquisa e extensão; A educação e o cinema no ambiente escolar; O cinema na escola do campo; A formação do professor para o uso do cinema na educação, e por fim; A prática educativa do professor para o uso do cinema na escola do campo.

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O segundo capítulo aborda os caminhos metodológicos da pesquisa, enfatizando o tipo de pesquisa, os instrumentos de coleta de dados, campo de pesquisa, métodos de análises e os locais onde se realizou o estudo. Em seguida temos o terceiro capítulo que é o centro deste trabalho, pois vem apresentando análises e discussões dos resultados, enfatizando os dados coletados durante toda a realização da pesquisa, fazendo um diálogo com o cinema em escolas do campo/ribeirinho, formação inicial e continuada de professores, experiências culturais dos educadores para com o uso do cinema em sala de aula, sobre a realidade das escolas do campo/ribeirinho para a prática pedagógica do professor em relação a fruição e acesso ao cinema nas escolas rurais ribeirinhas, e para finalizar o uso de filmes em contextos escolares ribeirinhos.

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1. DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE CINEMA E EDUCAÇÃO

Neste capítulo abordaremos sobre a importância do uso do cinema em escolas do campo/ribeirinho, trazendo assim, fundamentações teóricas relevantes para embasar o estudo.

Destacaremos a trajetória acadêmica em diálogo com o objeto de estudo. Um estudo sobre a educação e o cinema no ambiente escolar, especificamente na escola do campo, refletindo a formação do professor e a prática educativa para o uso do cinema em ambientes escolares rurais.

1.1 TRAJETÓRIA ACADÊMICA: DIÁLOGO COM O OBJETO DE ESTUDO NO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

Ao iniciar o curso de graduação em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas- UFAM, tinha uma visão diferente em relação à área de estudo e atuação do Pedagogo, já que pensava que na academia a formação se atribuía somente ao ensino. Contudo, a formação inicial nos remeteu à amplitude do contexto educacional por meio de disciplinas, participação em eventos, participação em pesquisas, vivências nas escolas e em outros espaços educativos.

Nesse sentido, no espaço acadêmico tivemos a oportunidade de compartilhar experiências de ensino, pesquisa e extensão, que foram e são importantes para a formação do futuro professor.

Das experiências vividas, destacamos em particular a participação em projetos de extensão, que permitiram definir o cinema como objeto de estudo em Práticas de Pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso. A extensão na universidade permite ao acadêmico desenvolver potencialidades e oportuniza vivenciar experiências únicas que somam para toda vida, tanto em aspectos pessoais como profissionais.

Durante a trajetória acadêmica, surgiu a possibilidade de participar de dois projetos de extensão no ano de 2017 e 2018, envolvendo o cinema, intitulados: Cine Club Itinerante:

Natureza e Cultura em Cena e Áudio Visual, ambos coordenados pelo docente Josenildo Santos de Sousa. Através destes, fazíamos leituras voltadas para a utilização de filmes e documentários em contextos educacionais, havia momentos de aprendizado relacionado ao manuseio de equipamentos (Data show, caixa amplificada, notebook) essenciais para o uso do cinema, sendo essa experiência fundamental para darmos início as apresentações de filmes e documentários no auditório do Instituto de Natureza e Cultura-INC.

Lembro-me que nos dias 27 e 28 de abril no ano de 2017, ocorreu o primeiro evento organizado pelo projeto “Diálogos Interdisciplinares: Ciclos de Palestras” em parceria com o

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projeto Cine Club Itinerante: Natureza e Cultura em Cena, desta forma, ocorreram palestras e mesas redondas envolvendo temas sobre filmes. Este evento contou com a presença da Professora Dr. Inês Assunção de Castro Teixeira, como uma das palestrantes, a mesma abordou a temática: “O cinema vai à escola do Campo”, ministrando também, uma oficina em que os alunos pudessem aprender a observar os pequenos detalhes de um filme, bem como vídeos de um minuto em câmera parada.

Um outro convidado ilustre neste evento foi o Professor Dr. Salomão Hage, que palestrou excelentemente sobre os temas: “Cinema, Educação e Violência no Campo”. Sua palestra ocorreu de forma bastante interessante, uma vez que tratou de assuntos que estão visíveis na sociedade, más que muitos fecham os olhos perante esses acontecimentos, como por exemplo, a violência no campo. Este evento se sucedeu demasiado proveitoso, recheado de saberes e informações fundamentais para a formação do acadêmico, me trouxe a oportunidade de ampliar o repertório de conhecimento, principalmente em relação ao cinema.

Através destes projetos de extensão passei a gostar e querer aprofundar minhas pesquisas a respeito do Cinema na educação, percebendo que esta ferramenta tem uma grande importância para o ensino, ao contribuir na formação de pessoas críticas. O gosto pelo cinema ocorreu de forma imediata, essas experiências serviram como motivação para futuramente trabalhar o audiovisual em sala de aula.

No que diz respeito ao ensino, dentre tantas disciplinas do currículo do curso, gostaria de destacar algumas que nos levaram a compreender e definir melhor o objeto de estudo, entre as quais estão “Práticas da pesquisa Pedagógica I, II, III, IV e V” que possibilitaram abordar assuntos referente ao cinema. Uma outra disciplina que também se encontra nessa linha é

“Tópicos especiais” que tratava do Cinema na Contemporaneidade.

Na Prática da Pesquisa Pedagógica I, ocorreu aquele momento de orientações para escolher uma problemática para então realizar uma determinada pesquisa, nesse sentido, foi definido o seguinte tema: “O Cinema na Educação”, a decisão desta temática se deu devido participação no projeto de extensão mencionado acima. Com a escolha da temática, partimos para elaboração do pré-projeto onde se realizou momentos de muitas leituras, como também de conhecimento a respeito de autores que abordam sobre o audiovisual. No período seguinte se sucedeu a Prática da Pesquisa Pedagógica II, onde se deu a continuidade da mesma temática, porém focada mais para algumas comunidades ribeirinhas, assim sendo, melhoramos o projeto de pesquisa como um todo para assim deixá-lo mais rico em informações e bases teóricas.

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Na Prática da Pesquisa Pedagógica III, basicamente seguiram-se as mesmas orientações, apenas foi melhorado a produção escrita e elaboração dos instrumentos de coleta de dados. Em Prática da Pesquisa Pedagógica IV, foi o momento de ir a campo, onde com o olhar de pesquisador tivemos que colher dados de acordo com nossos objetivos de trabalho.

Este momento em particular nos permitiu fazer uma associação entre teoria e prática, uma comparação indispensável para organizar o material coletado. Chegando na Prática da Pesquisa Pedagógica V, houve a conclusão do projeto, acarretando em uma intervenção nas escolas de acordo com a problemática identificada no período de observação e em seguida a construção do relatório.

Dessa maneira, essas cinco disciplinas de práticas de pesquisa foram de suma importância, contribuindo diretamente para minha formação acadêmica, me permitindo ter um posicionamento mais crítico ao falar sobre relações entre teoria e prática, além de proporcionar uma experiência única de conviver com uma diversidade de pessoas em sala de aula, que direta ou indiretamente contribuíram para a análise da realidade, sendo uma oportunidade gratificante, pois tais disciplinas proporcionam ao aluno conhecer outras realidades.

Por conseguinte, estudei a disciplina de Tópicos Especiais ofertada no curso de férias no período de 2019, esta disciplina tratava-se de assuntos referentes ao Cinema na Contemporaneidade. A mesma contribuiu para aprofundar conhecimentos sobre o assunto já pesquisado, me fazendo ter mais certeza ainda que esse era o objeto de estudo para realizar minhas pesquisas, sendo essencial para a formação de professora pesquisadora.

A disciplina foi ministrada pelo docente Josenildo Santos de Souza, que desenvolvia atividades que nos possibilitava compreender o mundo do audiovisual, ressaltando a importância da utilização do filme para trabalhar na sala de aula. Em uma das aulas, lembro- me que realizamos uma atividade que não requeria a utilização de data show e notebook, essa aula foi para nos mostrar que mesmo numa escola sem infraestrutura adequada, é possível trabalhar com o cinema. Assim, todos os acadêmicos presentes na aula tiveram que fazer um desenho, para em seguida criar uma história, este momento foi de descontração e aprendizado para todos os envolvidos.

Figura 01: Acadêmicos realizando apresentação de trabalho na disciplina de Tópicos Especiais

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Fonte: TAVERA, Adriana Maciel. Janeiro, 2019.

Cabe destacar que a disciplina de Tópicos Especiais consistiu em três eixos: Educação, Cinema e Temas Contemporâneos. Ressalto que sempre busquei participar ao máximo de atividades que pudessem me proporcionar algo de novo, que somassem como conhecimento, por este motivo participei do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), seguindo na mesma linha de pesquisa trabalhada nas disciplinas de práticas, esse programa me oportunizou participar do Congresso de Iniciação Científica (CONIC), com trabalho intitulado

“Diagnóstico de Uso do Cinema no Alto Solimões: Município de Benjamin Constant- Amazonas” ,essa oportunidade se tornou uma excelente experiência de aprendizagem para minha vida.

1.2 A EDUCAÇÃO E O CINEMA NO AMBIENTE ESCOLAR

A educação é crucial para nosso desenvolvimento pessoal e social como ser humanos, nos acompanhando desde os ensinamentos de nossos pais e por toda vida, ela “[...] tem um papel fundamental na construção e formação dos sujeitos, nas diversas formas e modalidades em que é praticada”. (COELHO, 2011, p. 17). A educação

[...] é o processo onde o ser humano busca seguir o caminho do completo desenvolvimento, e este processo não passageiro, se trata de uma dinâmica que deve ser buscada e vivida durante toda a existência. Sendo está, não somente uma atividade, mas a construção de um saber que ultrapassa o sentido escolar e se torna uma construção permanente na vida do indivíduo. (LIMA, 2017, p. 16)

Esse saber proporcionado pela educação apontado pelo autor, não se limita apenas em espaços escolares, é uma construção constante, diariamente vivenciamos experiências proporcionadas por momentos de aprendizagem. A educação está em tudo, em um sentido mais amplo, “[...] representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano e, no

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sentido estrito, representa a instrução e o desenvolvimento de competências e habilidades”.

(VIANNA, 2008, p. 10)

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, destacamos o art. 1° o qual diz que a “[...] educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

Nesse sentido, a educação se faz presente em todos os lugares, “[...] acontece de maneira formal e/ou informal. No espaço formal temos a instituição escolar. No espaço informal há educação nos diferentes convívios sociais”. (COELHO, 2011, p. 18). Desta forma, entendemos que o conhecimento pode ser proporcionado por variados meios, independentemente do local onde ocorra, por este motivo, acreditamos que o cinema se caracteriza como um desses meios.

Quando os educandos adentram na escola, já trazem consigo um conhecimento amplo do convívio social, através de uma relação de aprendizagem através de experiência com cinema em casa ou de outro local não formal, o professor pode buscar explorar essa informação e usá- la a seu favor para ampliar muito mais o conhecimento dos alunos em relação aos temas atuais que envolvem a sociedade, articulando filmes e documentários. Souza (2015, p. 79-80), afirma que.

Ninguém escapa da educação propiciada pelo cinema por meio de filmes e documentários. Seja em casa, na rua, na praça, na igreja, nas associações comunitários, rurais ou na escola, de um modo ou de muitos todos envolvem pedaços da vida com o cinema: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação pelo cinema e o cinema com a educação pela vida.

O autor aponta que variados lugares podem se tornar espaços para se vivenciar momentos de aprendizado por meio do cinema ou de documentários. O cinema por sua vez

“[...] é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da aprendizagem, proporcionando aos estudantes o processo de experimentação, descobertas e invenções”. (SILVA, 2019, p. 12).

Como em qualquer ambiente de ensino, seja na área urbana ou rural, as escolas podem e devem ser um desses espaços, uma vez que este local necessita de iniciativas em prol de inovação da prática de ensino adotada pelos docentes, pois “[...] a escola do campo pode ser um espaço de encontro das comunidades locais com o cinema de criação, expandindo-se aos grupos familiares das crianças e dos jovens e aos moradores das localidades e entornos”. (RAMOS;

BRAGA; TEIXEIRA, 2010, p. 43).

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Os autores defendem a importância das escolas do campo, e neste trabalho as escolas ribeirinhas, trazerem para os espaços de aprendizagem o cinema, que permite expandirem os conhecimentos e relacionando estes à realidade da comunidade, aos temas abordados nos filmes. Esse é o propósito da lei nº 13.006/2014, que propõem integrar o currículo da escola com o cinema como componente curricular.

A lei n. 13.006/2014, institui que todas as escolas deverão integrar o cinema no componente curricular, na proposta pedagógica, sendo a sua exibição obrigatória, pelo menos duas horas no mês. (BRASIL, 2014). Esta lei não diferencia a obrigatoriedade entre escolas urbanas e/ou situadas em áreas rurais do campo/ribeirinha, indígena, quilombola, por isso as instituições educativas devem proporcionar aos professores e educandos a fruição de filmes no componente curricular integrado como componente complementar no projeto pedagógico independente de sua localidade.

Barbosa (2018, p. 33-34) propõe que ao utilizar o cinema no contexto escolar, deve-se

“[...] considerar a possibilidade de educarmos e aprendermos para o uso e consumo consciente das imagens, das narrativas fílmicas, das novas tecnologias, da arte e até mesmo, do cinema no contexto geral”. O autor considera na relação de ensino e aprendizagem do educando, que amplia a visão de mundo, possibilita outras experiências formativas, pois o “cinema na escola é capaz de fazer com que a criança amplie sua visão de mundo a partir do filme, “[...]

experimente sensações sem precisar passar pela situação verdadeira, conheça outros locais sem sair da sala” (BARBOSA, 2018, p. 48).

A escola é o ambiente natural e o local onde supostamente estão reunidos os contextos formais para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, os professores, os artífices, a ponte para ampliar a visão de mundo e experiência dos alunos que dialogue com a realidade da comunidade onde estão inseridos.

Esse ambiente é um espaço adequado para experienciar aprendizagens significativas ao uso de filmes, onde os professores podem aguçar a curiosidade de seus alunos por meio do audiovisual, adequando aos conteúdos escolares, projetos de pesquisas, envolvendo os temas sociais relevantes para a sociedade e a comunidade na qual os alunos vivem, para torná-las pessoas críticas, em uma sociedade com tanta desigualdade social, cultural e econômica (SOUZA, 2015).

Além disso, o audiovisual (filmes e documentários) poderá fazer com que esses alunos experimentem esta arte que abre novos olhares para o mundo, como uma possibilidade de produzir novos conhecimentos na leitura de mundo. Em relação ao uso de filmes, “[...] a escola

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será para a maior parte, senão para todos eles, crianças e jovens brasileiros do campo e da cidade, um único lugar onde poderão conhecer e experienciar o cinema como arte e criação”.

(RAMOS, BRAGA, TEIXEIRA, 2010, p. 34-35)

Essa é a realidade dos educandos do município de Benjamin Constant/AM, onde não é possível encontrar salas ou casas de cinema para a exibição de filmes, sendo restrito aos espaços privados do ambiente familiar ou de algumas escolas na qual o professor por iniciativa própria desenvolve atividades com filmes, pois conforme os autores, esta ferramenta de ensino proporcionará aos alunos novos olhares em relação ao cinema, poderão compreender que este meio cultural é uma arte que cria e recria novas formas de pensamentos e de aprendizagens.

Independentemente do local ao qual as crianças e os jovens vivem, a escola se tornará um espaço privilegiado e de grande importância para que eles conhecerem e estabelecerem relações com o cinema que ensina e enriquece com novos aprendizados. Assim como Silva (2019, p. 20) pensamos que “[...] o cinema deve ser parte do cotidiano de professores, pais e alunos, pois costumeiramente já habita a intimidade das residências através da televisão e bem como no acesso à Internet”. Entretanto, diferentemente do ambiente familiar no qual o cinema é visto como lazer, entretenimento e passa tempo, no ambiente escolar é oportunidade de ensino e aprendizagem inovador.

1.3 O CINEMA NA ESCOLA DO CAMPO

Na realidade amazônica da tríplice fronteira e do alto Solimões, a educação do campo é sinônimo de educação ribeirinha e volta-se a educação das pessoas que vivem em áreas da zona rural de determinados municípios margeados pelos rios, igarapés, lagos, são pessoas que não tem a possibilidade de todos os dias frequentarem uma escola na área urbana da cidade.

Rodrigues e Bonfim (2017, p. 02) definem que:

A Educação do campo é uma modalidade de ensino que tem como objetivo a educação de crianças, jovens e adultos que vivem no campo. Portanto, trata-se de uma política pública que possibilita o acesso ao direito à educação de milhares de pessoas que vivem fora do meio urbano e que precisam ter esse direito garantido nas mesmas proporções em que é garantido para a população urbana.

Como vêm sendo apontado pelos autores, a educação do campo é um direito daqueles que vivem fora do meio urbano, sendo que tem que ser o mesmo direito da educação proporcionada a pessoas da zona urbana. Nas Diretrizes Curriculares da Educação do Campo (2006, p. 24) é respaldado ainda que:

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A concepção de campo tem o seu sentido cunhado pelos movimentos sociais no final do século XX, em referência à identidade e cultura dos povos do campo, valorizando- os como sujeitos que possuem laços culturais e valores relacionados à vida na terra.

Trata-se do campo como lugar de trabalho, de cultura, da produção de conhecimento na sua relação de existência e sobrevivência

Desta forma, é notável que o indivíduo pertencente ao campo, tem seus valores e costumes à vida na terra, são pessoas humildes que vivem daquilo que plantam, da “[...]

organização das atividades produtivas, mediante mão-de-obra dos membros da família, cultura e valores que enfatizam as relações familiares e de vizinhança, que valorizam as festas comunitárias e de celebração da colheita [...]” (DCEC, 2006 p. 24), são pessoas de uma cultura rica em conhecimentos. O campo vem retratando uma,

[...] diversidade sociocultural, que se dá a partir dos povos que nele habitam:

assalariados rurais temporários, posseiros, meeiros, arrendatários, acampados, assentados, reassentados atingidos por barragens, pequenos proprietários, vileiros rurais, povos das florestas, etnias indígenas, comunidades negras rurais, quilombos, pescadores, ribeirinhos e outros mais. (DCEC, 2006, p. 26-27)

Então, para o povo do campo, a educação precisa ser proporcionada em locais próximos a sua morada, por isso, estes locais possuem uma escola que é para os atender no que diz respeito ao direito a um ensino formal de qualidade. Mesmo havendo inúmeras dificuldades nestes locais em relação a infraestrutura, apoio pedagógico, materiais pedagógicos, etc.

acreditamos que estes espaços podem ser portas para introduzir ferramentas capazes de oferecer aprendizados para toda a vida.

Como os povos pertencentes ao campo também faz referência aos ribeirinhos, que é um dos lócus do referido trabalho, frisa-se que atualmente “a educação escolar em espaços ribeirinhos é o principal modo de transmissão de conhecimentos, espaço de socialização e meio de vida de muitas pessoas, além de criar novas perspectivas de futuro para as famílias ribeirinhas”. (SOUZA, 2017, p. 41). Frisa-se que também essa mesma educação “[...] é considerada uma modalidade de educação do campo” (SOUZA, 2017, p. 39).

Mesmo havendo tal realidade para o povo ribeirinho, estes ambientes de ensino deixam a desejar no que diz respeito a infraestrutura, como já foi mencionado. São escolas que necessitam de melhorias e prioridade. Souza (2015, p. 58) reforça que

[...] um dos grandes problemas educacionais na floresta é a precariedade da infraestrutura educacional, dissociação entre projeto político pedagógico, formação dos educadores, material didático e estratégia pedagógica totalmente desconectada e

(25)

descontextualizada da realidade dos educandos do ensino fundamental no processo de ensino aprendizagem em sala de aula.

Essa questão da infraestrutura como um todo, é um grande problema que continua impregnado em muitas escolas ribeirinhas, o autor nos mostra que esses problemas somam negativamente para os contextos educacionais no que diz respeito ao ensino aprendizado dos alunos, e neste caso inviabiliza aprendizagem com o uso do cinema, vídeo e documentário.

Seria algo inovador se escolas do campo/ribeirinho tivessem a oportunidade de disponibilizar aos educadores equipamentos que possibilitasse o uso de ferramentas de ensino diferenciadas por exemplo para o cinema, que é um instrumento que permite trabalhar diferentes tipos de abordagem temática interconectadas as diferentes disciplinas. Ramos, Braga e Teixeira, (2010, p. 34) dizem que,

[...] é dever da escola, de um lado, promover meios para que os educandos possam desenvolver as habilidades necessárias para compreensão lúcida e crítica desses objetos de difusão de valores, ideias e comportamentos e que, pelas suas características de sua linguagem ajudam não só a formar nos espectadores certo modo de consumir outros objetos da cultuara contemporânea, mas também influenciam na percepção que temos da realidade.

É essencial que o espaço escolar ofereça tais meios para oportunizar aos alunos novos conhecimentos, conhecimentos estes que contribuirá para aguçar o senso crítico desses discentes. “O cinema faz parte dos meios de comunicação de massa e interage no dia-a-dia dos educadores e educandos dentro e fora da escola”. (SOUZA, 2015, p. 21).

Sabemos ainda, que as escolas do campo/ribeirinho em sua maioria sofrem com a falta de materiais e recursos tecnológicos para os professores utilizarem em suas aulas, e as estruturas físicas não são de qualidade, dessa forma não possuem um lugar apropriado para a utilização de materiais tecnológicos, tornando-se mais difícil para os docentes fazerem a utilização do audiovisual. Ramos, Braga e Teixeira (2010, p. 42) afirmam que “[...] a questão dos equipamentos e das condições materiais de exibição de filmes, [...] poderá ser [...] mais difícil nas escolas do campo, em geral materialmente mais precárias do que as outras.”

Isso porque essas instituições de ensino não são devidamente equipadas. Algo que seria essencial para o aprendizado dos alunos, até mesmo para a comunidade em geral, pois os moradores poderiam ter o prazer de usufruir das coisas boas que o cinema pode proporcionar.

Para Ramos, Braga e Teixeira (2010, p. 43), “[...] a escola do campo pode ser um espaço de encontro das comunidades locais com o cinema de criação, expandindo-se aos grupos familiares das crianças e dos jovens e aos moradores das localidades e entornos”.

(26)

Portanto, a escola do campo/ribeirinho é um espaço essencial para ser trabalhado o cinema como ferramenta pedagógica de ensino, uma vez que possibilita tanto para os alunos como para a comunidade em geral a oportunidade de aprender com e sobre o mesmo.

1.4 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA O USO DO CINEMA NA EDUCAÇÃO

A formação do professor constitui-se em um processo necessário, permanentemente contínuo, visando melhorar cada vez mais a forma pelas quais os mesmos ensinam, ligando novos olhares e possibilidades em relação a sua formação. No caso do uso do cinema na escola,

“[...] é preciso que ocorra uma formação do gosto estético, a fim de que a pessoa se aproprie da linguagem audiovisual, de forma consciente para poder aproveitá-la pedagogicamente no trabalho docente”. (SILVA, 2013, p. 113). Ferreira (2009, p. 15) diz que,

[...] as instituições educativas, conscientemente ou não, vêm se deparando com a mídia como parceira da atividade pedagógica, torna-se imprescindível que os educadores tenham contato com essa outra forma de linguagem individualmente e/ou em seu processo de formação, pois, na medida em que devem se imbuir da tarefa de educar na/para a linguagem audiovisual nas escolas de educação básica, também fica clara a necessidade de se receber uma educação na/para a linguagem audiovisual nas instituições que oferecem curso de formação de professores.

Vivemos em um mundo que as tecnologias da informação e comunicação ganham espaço diariamente, por este motivo é de extrema importância que o educador busque se aperfeiçoar em técnicas que lhes possibilite um bom manuseio dessas ferramentas dentro da sala de aula. Trabalhar com a linguagem audiovisual fornece inúmeros benefícios, porém há a necessidade de uma educação voltada para ela.

Maria Teresa de Assunção Freta (2014, p. 92), considera tanto a formação inicial quanto continuada necessária para viabilizar, constituir e concretizar a proposta pedagógica da exibição de filmes como componente curricular na escola, formulando os seguintes questionamentos:

Os professores estão preparados para o trabalho com o cinema na escola? Em sua formação inicial e continuada, como o cinema se faz presente? Que convivência tem com o cinema e especialmente com o cinema brasileiro? Que filmes interessam para serem exibidos na escola?

Nesse sentido, a formação dos professores para o trabalho com o cinema na escola ganha relevância, pois é um processo “que abrange todas as fases da formação – é um processo de aprender a ser professor -, tanto os que se preparam – formação inicial – como os que já

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estão atuando como professores”. (BENACHIO, 2011, p. 37). Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do art. 62, no §1° §2° e §3° sobre formação inicial e continuada é destacado que.

A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. § 2o A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. § 3o A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância. (p.

42)

Por meio destas formações, o profissional da educação tem a possibilidade de se aperfeiçoar cada vez mais no que diz respeito em se adquirir novos conhecimentos para melhorar a qualidade do ensino. Enfatizamos que o cinema tem sido apontado como importante meio de ensinar-e-aprender em contextos escolares na produção do conhecimento. Entretanto, é bem possível que em escolas da rede pública de ensino, em particular escolas rurais/ribeirinhas principalmente, os professores não façam uso de filmes e documentários no ambiente escolar. Sipolini (2008, p. 49), esclarece que.

Talvez tenhamos duas dificuldades a superar, para que o potencial pedagógico do cinema seja plenamente realizado: a primeira, a de inseri-lo nos cursos de formação de professores, a segunda, a de encará-lo como uma realidade, que não pode ser ignorada, mas com a qual a escola não precisa competir e sim abrir suas portas.

Nesse sentido, a formação de professores surge como uma possibilidade de contribuir com a educação diferenciada em escolas do campo, “[...] tendo em vista que muitos estudos já apontam para uma desconexão entre escola e comunidade”. (FERREIRA, COELHO, SOUZA, 2017, p. 76). Para reverter tal situação, o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, estabelece metas, estratégias, reforça a perspectiva de os sistemas de ensino para a formação tanto inicial quanto continuada dos professores, para neste caso trabalharem o cinema na escola, tendo em vista que o PNE aponta para a necessidade em:

1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as) profissionais da educação infantil, garantindo, progressivamente, o atendimento por profissionais com formação superior;

1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de formação para profissionais da educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e propostas pedagógicas que incorporem os avanços de pesquisas ligadas

(28)

ao processo de ensino-aprendizagem e às teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos; (BRASIL, 2014).

A formação inicial e continuada, ou reciclagem educativa permanente, visa preparar os professores para as mudanças que ocorrem no sistema educacional e consolida mudanças advindas das políticas públicas, que obrigam a organização no território escolar. Ao referir-se à formação continuada, Benachio (2011, p. 39),

[...] denomina toda atividade que o professor, em exercício, realiza com o objetivo de ter melhor desempenho em suas tarefas ou preparar-se para novas tarefas, seja esta atividade realizada individualmente ou em grupo, visando ao desenvolvimento pessoal e profissional.

O professor deve proporcionar mudanças na sua metodologia para ensinar/aprender e ensinar os conhecimentos necessários na formação dos alunos, neste caso articulando filmes, principalmente a indagar e fazer a relação do que estar na tela com a realidade vivida no cotidiano dos alunos, pois “[...] educar pelo cinema ou utilizar o cinema no processo escolar é ensinar a ver diferente”. (COELHO; VIANA, 2013. p. 02).

Assim, torna-se importante formar o professor para que seja capaz de lidar com as novas tecnologias e que seja pedagogicamente preparado para o uso dos filmes e documentários em sala de aula. De acordo com Ramos, Braga e Teixeira, (2010, p. 39):

Os professores não precisam temer o risco de trabalhar pedagogicamente com filmes que não são costumeiramente exibidos na TV ou divulgados com insistência por meio da propaganda. Pelo contrário, essa opção deve ser comemorada e encarada como uma chance para que os alunos conheçam belos filmes [...]. Obras que são preciosas não só porque ajudam a formar espectadores agudos, capazes de perceber detalhes de um filme, compreender suas mensagens, mas principalmente porque são capazes de emocionar o espectador.

No processo de formação os professores podem incorporar os meios de comunicação em suas práticas, dessa forma, disponibilizando e realizando o ensino através de filmes, se dispondo em trabalhar os mais diversificados assuntos. Linguagem essa, que se bem aproveitada possibilita ao espectador senso crítico e maior aprendizado, pois Silva (2013), nos remete a pensar que o cinema como uma pratica pedagógica é necessária ao educador. Silva (2013, p. 44) destaca ainda a importância e o papel da formação do educador, considerando que

[...] é preciso que, ao abordar a formação do professor, se tenha em mente a ideia de que ela não é fixa, mas se constitui em processos, de maneira dialética e contextualizada e que carece ser constantemente pensada na perspectiva da práxis, ou

(29)

seja, da relação com todos os condicionantes teóricos e práticos, em meio a contradições e compatibilidades.

O que podemos perceber, é que a formação do professor não é algo que se estabelece fixamente, ela precisa constantemente ser repensada e transformada, uma vez que a realidade educacional sempre vem enfrentando novos desafios seja para enfrentar os problemas sociais emergentes, seja para dar conta das políticas públicas institucionalizadas. Na “[...] formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.

(FREIRE, 1996, p. 21)

1.5 A PRÁTICA EDUCATIVA DO PROFESSOR PARA O USO DO CINEMA NA ESCOLA DO CAMPO

A prática de ensino do professor é um fator que diz muito sobre sua pessoa, de como ele está buscando melhorar o aprendizado para com seus alunos, pensando nisso, frisamos ainda mais o quão essencial é o trabalho com filmes por meio do cinema, uma vez que “[...]a linguagem cinematográfica merece ser contemplada na prática pedagógica dos docentes em processo de formação, de modo que estes lidam com estes meios a partir de postura crítica e transformadora”. (FERREIRA, 2009, p. 46).

A exibição de filmes em sala de aula é de grande importância na prática educativa, pois é no ambiente escolar que podemos apresentar novos olhares em relação a filmes e/ou documentários que por ventura podem aguçar a curiosidade dos alunos em relação aos problemas presentes na sociedade. Em relação ao filme, Ferreira (2009, p. 34) diz.

O filme é composto por uma série de elementos próprios que abrem ao emissor um enorme potencial de possibilidade comunicativas que não estão sujeitas a apenas um tipo de linguagem. [...]ele chega até ao espectador que é atingido por essas várias possibilidades comunicativas passadas pelas mensagens filmadas.

Como o autor vem destacando, o filme sempre trará consigo mensagens capazes de proporcionar comunicações relevantes, principalmente quando usado pedagogicamente.

Durante suas exibições, os audiovisuais nos trazem muitas informações, e é essa característica que os torna tão interessantes e fascinantes, possibilitando aos educandos perceber algo diferente e aprender algo de novo. Tendo em vista isso, Duarte (2002, p. 89) afirma que: “[...]

os filmes funcionam como porta de acesso a conhecimentos e informações que não se esgotam

(30)

neles, [...] podem despertar o interesse e estimular a curiosidade em torno de temas e problemas que muitas vezes, sequer seriam levados em conta”.

Ao trabalhar filmes dentro da sala de aula, o professor estará ajudando a enriquecer o conhecimento dos estudantes, principalmente no que diz respeito a filmes educativos, e ao gosto estético por diversificados estilos de filmes. Sem mencionar, que estará enriquecendo sua prática de ensino, estará aprendendo junto aos alunos. O educador precisa ensinar aos alunos que os audiovisuais não são somente pura diversão e entretenimento, e sim uma ótima fonte de conhecimento que muito beneficia na formação de um pensamento crítico/autônomo. Assim como Fresquet (2013, p. 101-102), acreditamos que,

[...] uma experiência de cinema com os pequenos, dentro ou fora da escola, pode constituir- ao menos na mais profunda intenção - um esconderijo para aprender a brincar com a imaginação como principal ferramenta, enriquecendo-a com o próprio cinema, projetando filmes de estéticas, épocas e gêneros diversos, fazendo um primeiro ensaio de diversificação do gosto e de emancipação do espectador televisual.

Diante disso, damos mais ênfase na questão de que o cinema não é só diversão, e sim aprendizado, já que vem possibilitar novos saberes, proporciona uma compreensão mais ampla da realidade e até mesmo do ser humano.

A utilização do audiovisual no âmbito escolar, em especial as escolas do campo, é uma forma de contribuir e enriquecer o aprendizado dos discentes destas instituições rurais, uma vez que são muitos os motivos que se pode ter para o uso dos audiovisuais em sala de aula, como

“[...] conteúdo das matérias, para introduzir novas linguagens à experiência escolar, para motivar os alunos para certo tipo de aprendizagem, para o desempenho de determinada função, para entretenimento”. (COUTINHO, 2009, p. 72).

Inúmeros filmes retratam a realidade do povo do campo, sendo assim possível encontrar neles, meios de apresentar aos alunos questões referentes a eles, questões que por ventura pode se tornar um grande ensinamento. O filme pode se torna uma ferramenta de ensino capaz de promover mudanças positivas na vida do educando em relação a formar opiniões críticas- reflexivas, ter posicionamentos sobre firmes referentes a determinadas situações do meio social, em fim inúmeras possibilidades.

As comunidades ribeirinhas em especial, são espaços que merecem ser comtemplados com exibição fílmicas nas escolas, para assim apresentar aos alunos uma forma inovadora de se adquirir conhecimento. Bem se sabe que nestes locais ribeirinhos há inúmeras dificuldades perpassando nas instituições escolares, já que a falta de materiais pedagógicos tecnológicos e má infraestrutura se fazem presente.

(31)

Esse fator vem ser um grande desafio para com as práticas dos educadores, no entanto há possibilidade de realização de projetos visando o cinema para os alunos, um projeto seria de grande valência no contexto escolar ribeirinho, uma vez que poderia visar a comunidade em geral, sendo assim uma oportunidade do professor levar a cultura fílmica para o povo ribeirinho.

(32)

2. CAMINHOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Este capítulo trata-se da metodologia adotada no presente trabalho, neste apresentaremos o enfoque da pesquisa, os instrumentos e procedimentos de coleta de dados, a descrição do campo de estudo, e os sujeitos da pesquisa.

A metodologia vem mostrar os caminhos que são percorridos durante a pesquisa, com a finalidade de alcançar os objetivos desejados, utilizando para isso “as ferramentas”

necessárias. De acordo com Pedro Demo (1987, p. 19):

Metodologia é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer ciência.

Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e praticamente. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos.

O autor aponta que a metodologia trabalha com meios que visem atingir a fins específicos, tratando a realidade teórica e prática. Sendo assim, a metodologia é o instrumento que ilumina os passos da pesquisa, guiando o pesquisador no decorrer da investigação.

2.1 O ENFOQUE DADO A PESQUISA

A pesquisa adotou o enfoque fenomenológico-hermenêutico, que consistiu na compreensão dos fenômenos em suas diversas manifestações, capitadas por meio de entrevistas, vivências, técnicas bibliográficas, histórias de vida, estudos teóricos, análise de documentos e textos e na capacidade de reflexão do pesquisador na qual compreende o cotidiano e orienta a tomar a devida atenção para práticas alternativas e inovadoras (TEIXEIRA, 2012). Sendo assim, esse enfoque contribuiu no momento da realização das entrevistas com os professores e na análise de documentos, bem como leituras bibliográficas de autores renomados que abordam sobre o cinema

A abordagem utilizada no trabalho foi do tipo qualitativo, que nos ajudou a ter um contato mais preciso com os sujeitos da pesquisa, pois envolve a explicação que emerge da realidade permitindo uma melhor compreensão do objeto de estudo, considerando assim o contexto em que este está inserido, uma vez que que foi necessário ir nas comunidades ribeirinhas para conhecer a realidade das escolas. Para Chizzotti (2005, p. 79) a abordagem qualitativa “parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito,

(33)

uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito”.

2.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA

O tipo de pesquisa utilizado foi a pesquisa documental e pesquisa de campo. A pesquisa documental contribuiu para coletar dados informacionais, buscando-se assim os marcos legais nas Políticas Educacionais para a formação de professores, bem como Projeto Político Pedagógico do curso de licenciatura, Plano de Gestão e Pedagógico, Resoluções do Conselho Municipal de Educação (CME), e outros documentos que ajudaram a esclarecer e responder quanto alguns dos objetivos.

Sabe-se que muitos documentos não são produzidos para se tornarem objetos de pesquisa. Entretanto, tem servido de dados de análise de pesquisas em abordagens qualitativa como uma estratégia no contexto da pesquisa de campo. Conforme Flick (2003) “os documentos podem ser usados para analise em duas dimensões: documentos utilizados para pesquisa, ou documentos não solicitados, produzido por pessoas ou instituições”.

A pesquisa de campo permitiu um contato direto ao objeto que foi pesquisado, como os sujeitos participantes e o ambiente de seu convívio cotidiano, que foram a base para compreender em que aspecto se pode trabalhar com os indivíduos, de maneira a promover as melhorias necessárias naquela determinada localidade. Desta forma, assim se sucedeu, no ano de 2018 segui a campo acompanhando os professores que lecionam em algumas comunidades ribeirinhas, no caso na comunidade de Santa Rita, Novo Oriente e São Miguel.

A ida a campo foi essencial para conhecer a realidade das escolas ribeirinhas, bem como sua infraestrutura e o trabalho docente. Em 2020 ocorreu uma entrevista com um professor que se disponibilizou a relatar sua experiência com o uso do cinema na escola. Em 2021 mais uma vez fui a campo para analisar se houve melhorias na infraestrutura das escolas das referidas comunidades.

No caso da pesquisa de campo, a força esteve “em poder multiplicar os pontos de vista, fazer convergir resultados de pesquisa sobre o mesmo local ou a propósito de um mesmo objeto, pode associar as informações obtidas em entrevistas ou por observação”. (BEAUD; WEBER, 2014, p. 164).

A técnica de coleta de dados foi a observação direta, valendo-se de entrevista. A observação é uma das dimensões metodológicas de pesquisa qualitativa na busca de obtenção

(34)

de um dado conhecimento, de um determinado ambiente ou campo de pesquisa, para reunir diferentes fontes de dados em locais públicos ou restritos, que combina análise e de documento, a entrevista e a observação direta (FLICK, 2003), importantes na coleta de dados.

A observação ocorreu de forma centrada em aspectos essenciais para responderem as questões da pesquisa, para a coleta de dados, entendida como um processo. Foi observada a prática de ensino do professor dentro da sala de aula, bem como as ferramentas educacionais utilizadas pelos mesmo para o processo de ensino/aprendizado dos alunos, como também a parte interna e externa das escolas.

Segundo Viana (2007, p. 48) é “aplicação estruturada e sistemática de um conjunto de procedimentos para realizá-la ou coletar dados geralmente de uma única abordagem ou de combinação de abordagens (sistemática, etológica, ecológica, etnográfica)”, para a tomada de decisões quanto da sistematização do trabalho de campo obtida por meio de contato direto do pesquisador com o fenômeno observado.

Quanto a entrevista, consistiu em um elemento relevante no processo, por meio desta foi possível coletar dados valiosos com relação ao problema da pesquisa, que incorporou questões direcionadas para estimular as narrativas, por meio de um roteiro previamente elaborado. A entrevista, porém, ocorreu apenas com um docente que atua numa escola ribeirinha e uma funcionária da Secretária Municipal de Educação de Benjamin Constant/AM, ademais não foi possível realizar a entrevista com outros educadores pois encontramos dificuldades principalmente com relação ao surto da COVID- 19 que impossibilitou ir novamente nas escolas do campo/ribeirinho para realizar mais entrevistas. A entrevista forneceu elementos importantes para o trabalho.

Ao realizar a entrevista, o pesquisador precisou persuadir o pesquisado, que estava realizando um trabalho social aprofundado e importante para a educação do município. Beaud;

Weber (2014, p. 164), indica que “[...] certas questões são hipóteses de pesquisa; outras, pequenos testes que você colocará para funcionar durante a pesquisa, isto é, pequenos raciocínios experimentais” apoiados nos objetivos e marco conceitual.

Por fim, utilizou-se como instrumentos de coleta de dados: máquina fotográfica, a qual serviu para fotografar as escolas, gravador de voz e caderno de campo, estes serviram para fazer a entrevista, e para fazer anotações, foram de grande valia no momento de recolher dados e obter informações importantes.

A pesquisa fez uso de dados visuais como as fotografias, como sendo também instrumento de coleta de dado. Flick (2009, p. 219) ao se referir aos dados visuais diz que as

(35)

“[...] fotografias, os filmes e as filmagens são cada vez mais utilizados como formas genuínas e como fontes de dados [...]”.

Para registro fotográfico, audiovisual, gravador e entrevistas, foi solicitado autorização ao entrevistado ou a instituição, que desejaram participar livremente, sendo entregue um termo de consentimento livre e esclarecido aos mesmos. Para preservar a identidade dos sujeitos e a dimensão ética da pesquisa cientifica, os dados sistematizados e categorizados, foram atribuídos, número, sigla ou nome fictício.

2.3 DESCREVENDO O CAMPO DE ESTUDO

Benjamin Constant é um município brasileiro do interior do estado do Amazonas localizada na região Norte do Brasil, fazendo limite com os municípios de Tabatinga, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Ipixuna, Jutaí e Peru.

Figura 02: Município de Benjamin Constant.

Fonte: DIAS, Daniel dos Santos. Novembro, 2017. Portal do Amazonas. Google.com.br

O referido munícipio possui um total de 62 (sessenta e duas) escolas rurais/ribeirinhas, onde há algumas localizadas em áreas indígenas como é apontado no gráfico 01. Os dados foram coletados juntos a Secretaria Municipal de Educação- SEMED, no entanto foram organizados em um gráfico demonstrativo, como é apresentado abaixo.

Gráfico 01: Demonstrativo de Escolas Indígenas e Rurais/Ribeirinhas

(36)

Fonte: SEMED. Pesquisa de Campo. Benjamin Constant, janeiro de 2020.

Percebemos que há um percentual pequeno de escolas ribeirinhas em relação às escolas indígenas, más que mesmo assim, fazem muita diferença na vida das crianças moradoras dessas localidades, uma vez que podem ter a oportunidade de frequentar um ambiente de ensino pois o ensino escolar é um direito de toda criança e adolescente, independentemente do local onde vivam. Essas escolas estão organizadas em polos educacionais, onde há um único coordenador, que administra as demais escolas das comunidades próximas do polo.

É importante trazer estas informações para podermos entender o quantitativo de escolas situadas em áreas ribeirinhas, que por ventura possam servir de futuros objetos de pesquisa, como foi o caso deste trabalho. Dessas comunidades não pertencentes as áreas indígenas, delimitamos três, que serviram como campo de pesquisa para o presente estudo, frisamos que elas estão situadas em áreas geográficas distintas onde se localiza na ilha do Aramaçá e em áreas ribeirinhas de terras da várzea, desta forma as instituições de ensino foram a Escola Municipal São Miguel, Escola Municipal Vereador Pedro Silva e Escola Municipal Santa Rita.

Figura 03.: Localização das comunidades do campo de estudo

62%

38%

Escolas Indígenas e Não Indígenas do Município de Benjamin Constant-AM

Escolas Indígenas Escolas

Ribeirinhas

(37)

Fonte: GOOGLE MAPA, 2021.

No mapa acima vemos a localização das comunidades ribeirinhas onde estão situadas as escolas do objeto de estudo deste referido trabalho. São comunidades bem próximas, ligadas pelo rio Solimões. O rio atua como instrumento de transição desse povo, é o itinerário cotidiano do ir e vir para suas atividades diárias, para o trabalho, para o lazer e brincadeiras. (COELHO, 2011, p. 23). Nestes campos de pesquisas é possível trabalhar o uso do cinema por meio de projetos visando não somente alunos, más também a comunidade em geral.

2.3.1 Comunidade São Miguel

A comunidade de São Miguel fica situada a margem esquerda do Rio Solimões no município de Benjamin Constant- Amazonas. A comunidade fica localizada na Ilha do Aramaçá, que sofre as influências da subida e descida do rio. Ou seja, são afetados pelas mudanças ocasionadas no deslocamento das margens do rio, no período da seca, os moradores da comunidade enfrentam dificuldades para a coleta de água para uso doméstico, ao tempo em que facilita o plantio e o cultivo da agricultura familiar de verduras e hortaliças, criação de animais (porcos e galinhas).

Na comunidade é possível encontrar plantio de árvores frutíferas, especialmente de goiaba, bem como o cultivo de cana-de-açúcar, mamão, abacate, a mandioca para a produção de farinha. O excedente da agricultura familiar é vendido na feira municipal de Benjamin Constant/AM. Os moradores também realizam o extrativismo animal por meio da pesca artesanal.

2.3.2 Comunidade Santa Rita

A comunidade rural de Santa Rita situa-se à margem direita do Rio Solimões, no Município de Benjamin Constant/ Amazonas. A comunidade foi criada oficialmente em 22 de maio de 1987, com denominação de Santa Rita em homenagem a Santa Rita de Cássia, padroeira da comunidade, comemorada anualmente com novenários e festas.

O nome da comunidade teve influências dos Padres Franciscanos que começaram celebrando missas nas comunidades rurais do município de Benjamin Constant. Em Santa Rita constam 39 (trinta e nove) famílias, totalizando 168 habitantes de acordo com dados

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