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Meio Ambiente e Qualidade de Vida

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Academic year: 2022

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Fundador e Presidente do Conselho de Administração:

Janguê Diniz Diretor-Presidente:

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Diretoria Executiva de Ensino:

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Diretoria de Ensino a Distância:

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Créditos Institucionais

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Meio Ambiente e Qualidade de

Vida

(2)

Olá. Meu nome é Tamara Zamadei. Sou doutora em Física Ambiental e mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), especialista em Direito Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Apesar da minha formação básica ser em Ciências Agrárias, pois sou bacharel em Engenharia Florestal pela UFMT, decidi seguir a carreira acadêmica. Durante o período de 2013 a 2019, atuei como pesquisadora na área ambiental, com foco na interação biosfera-atmosfera. Possuo experiência na educação à distância e presencial, tendo ocupado diferentes cargos em instituições de ensino públicas e privadas, como UFMT, UFMS, Unemat, Grupo Ser Educacional, Kroton, dentre outras. Sou apaixonada pelas Ciências Ambientais e acredito que todo conhecimento deve ser compartilhado. Por este motivo fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.

Estou muito feliz em poder trilhar este caminho junto com você!

A AUTORA

TAMARA ZAMADEI

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ICONOGRÁFICOS

Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam:

OBJETIVO Breve descrição do objetivo

de aprendizagem; +

OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa

sobre o que acaba de ser dito;

CITAÇÃO Parte retirada de um texto;

RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens;

TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do

conteúdo;

DEFINIÇÃO Definição de um

conceito;

IMPORTANTE O conteúdo em destaque

precisa ser priorizado;

ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo;

Um atalho para resolver DICA algo que foi introduzido no

conteúdo;

SAIBA MAIS Informações adicionais

sobre o conteúdo e temas afins;

+ +

+ EXPLICANDO

DIFERENTE Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado;

SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema

ou exercício;

EXEMPLO Explicação do conteúdo ou

conceito partindo de um caso prático;

CURIOSIDADE Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre

o tema em estudo;

PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra;

REFLITA O texto destacado deve

ser alvo de reflexão.

(4)

SUMÁRIO

Assimilando aspectos fundamentais acerca das Ciências

Sociais e Ambientais ...10

Ciências Sociais e Ambientais ... 10

Ciências Sociais ... 10

Ciências Ambientais ... 16

Compreendendo as formas históricas de organização da sociedade e suas consequências ao meio ambiente ...21

A organização da sociedade e seus efeitos sobre o meio ambiente ... 21

Refletindo sobre os modos de produção e seus efeitos na saúde ocupacional ...32

Os processos de trabalho e as consequências à saúde ... 32

Identificando os reflexos do capitalismo e globalização na qualidade de vida ...43

Qualidade de vida na sociedade globalizada... 43

(5)

UNIDADE

01

A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE E SUAS

CONSEQUÊNCIAS

(6)

Caro aluno, seja bem-vindo! Você já parou para pensar em como a organização da sociedade mudou ao longo dos séculos, e como isso influenciou no meio ambiente, na saúde e na qualidade de vida? Pois bem... A relação homem versus meio ambiente é marcada historicamente por um aumento na intensidade do uso dos recursos naturais, bem como na pressão ambiental exercida pelos modos de produção. Os processos produtivos também têm influência direta na saúde do trabalhador, sendo responsáveis por ocasionar doenças, acidentes e até mesmo mortes.

Juntamente com o capitalismo, a globalização foi responsável por transformar o modo como nos relacionamos, influenciando de forma profunda nos aspectos socioeconômicos, políticos e culturais; esses que, por sua vez, estão diretamente associados à qualidade de vida da população. Se prepare para mergulhar neste assunto ao longo das próximas páginas. Bons estudos!

INTRODUÇÃO

(7)

Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 1. Nesta unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento das seguintes competências profissionais:

OBJETIVOS

Assimilar aspectos fundamentais acerca das Ciências Sociais e Ambientais;

Compreender as formas históricas de organização da sociedade e suas consequências ao meio ambiente;

Refletir sobre os modos de produção e seus efeitos na saúde ocupacional;

Identificar os reflexos do capitalismo e da globalização na qualidade de vida.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!

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4 3

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Assimilando aspectos fundamentais acerca das Ciências Sociais e Ambientais

OBJETIVO

Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender aspectos teóricos e conceituais acerca das Ciências Sociais e Ambientais, necessários ao correto entendimento dos assuntos que lhe serão apresentados no decorrer desta e das próximas unidades. E então? Motivado para desenvolver esta competência?

Então vamos lá. Avante!

Ciências Sociais e Ambientais

De forma geral, as ciências sociais e ambientais podem ser descritas como áreas científicas que têm por objeto de estudo os fenômenos e as relações existentes na sociedade e no meio ambiente, respectivamente. Vejamos a seguir os principais fundamentos e conceitos básicos inerentes a essas ciências.

Ciências Sociais

As ciências sociais se dedicam à investigação das relações entre os indivíduos e destes com a sociedade. Vários estudiosos dedicaram os seus estudos às explicações do funcionamento e da organização da sociedade, dentre eles, podemos mencionar Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber e outros.

Antes de mergulharmos nas Ciências Sociais, devemos aprender sobre a contribuição dos filósofos sociais! Vamos juntos? Vamos!

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Karl Marx: É referenciado como uma das figuras historicamente mais influentes da humanidade. Defendia o marxismo, que é um método de análise socioeconômica sobre as relações de classe e de conflito social, que faz uso da interpretação materialista do desenvolvimento histórico e uma visão dialética de transformação social.

Criou a teoria de análise e crítica social, em que identifica a divisão de classes sociais e a exploração da classe burguesa, por possuir os meios de produção, sobre a classe trabalhadora, surgindo, assim, o materialismo histórico dialético, que compõe um método de análise histórica e social embasada na luta classes. Uma de suas principais ideias é o socialismo científico, que se revela como uma doutrina com orientações práticas para se instaurar uma revolução que visa o alcance de uma sociedade igualitária.

Foi Karl Marx que contribuiu sobremaneira para a difusão da sociologia e para o fortalecimento de um método sociológico consistente, porém o responsável pela elaboração do método sociológico foi Émile Durkheim.

Émile Durkheim: Foi o responsável pela elaboração do método sociológico, que estuda o fato social, composto das seguintes características: generalidade, que defende que os fatos sociais são gerais, atingindo todos os indivíduos da população estudada e exterioridade, que defende que os fatos sociais acontecem independentemente da existência dos indivíduos, por isso é externo a eles.

O fato social refere-se a um conceito sociológico em relação às maneiras de agir dos indivíduos de um determinado grupo ou da humanidade ao todo. Defendia Émile Durkheim que os fatos sociais moldam a maneira de agir das pessoas pela influência que eles exercem sobre elas.

Max Weber: Acreditava que cabia ao sociólogo a compreensão do que chamava “ações sociais”, para assim poder

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explicar suas lógicas causais. Dessa forma, suas contribuições foram em direção à análise multicausal dos fenômenos sociais.

Ele defendia, ainda, que as ideias, as crenças e os valores eram os principais incentivadores das mudanças sociais. Ele acreditava que os indivíduos dispunham de liberdade para agir e modificar a sua realidade, sendo assim, ação social seria qualquer ação que possuísse um sentido e uma finalidade determinados por seu autor.

Além destes, muitos pesquisadores também se debruçam sobre os inúmeros aspectos da sociedade moderna. De forma específica, nos interessa compreender os principais fundamentos e conceitos desta área no que concerne à compreensão da organização da sociedade e seus efeitos sobre o meio ambiente, a saúde ocupacional e a qualidade de vida.

As condições necessárias à sobrevivência e a busca por recursos fizeram com que os seres humanos se organizassem e estabelecessem relações, dando então origem à sociedade. Vamos a seguir realizar algumas indagações acerca do seu significado.

Ouvimos e utilizamos tanto esta palavra durante o dia a dia, concorda? Afirmações como “a culpa é da sociedade” ou “é vítima da sociedade” se tornaram corriqueiras! Mas você sabe o que é sociedade? O que mudou no decorrer do tempo, desde a sociedade primitiva? Como a sociedade atual está organizada? É possível que, ao responder os questionamentos anteriores, você tenha relacionado a sociedade com a cultura ou até mesmo com a população. A seguir o conceito.

Sociedade: “É um sistema definido por um território geográfico, dentro do qual uma população compartilha de uma cultura e estilo de vida comuns, em condições de autonomia, independência e autossuficiência relativas” (JOHNSON, 1997, p. 213).

Dando sequência ao nosso estudo, iremos, a partir de agora, compreender o que significam as organizações sociais

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pela perspectiva histórica. Quando pensamos em organizações sociais relacionamos ao trabalho.

Então, as organizações sociais construídas historicamente têm como ponto em comum o trabalho. Nas formações sociais primitivas, todos desempenhavam papéis semelhantes e concentravam seus esforços na manutenção e perpetuação da espécie. A partir do momento em que as relações de trabalho foram tornando-se complexas, os indivíduos passaram a assumir diferentes posições dentro do sistema de produção, consequentemente, surgiu a hierarquização.

Quando abordo as relações de trabalho complexas, me refiro aos vários papéis que foram surgindo dentro dos diferentes níveis hierárquicos. Por exemplo, em uma fábrica existem funcionários exercendo diversas funções e há, também, distribuição diferenciada de poderes.

E já que as ciências sociais são responsáveis pelo estudo das relações humanas e da vida em sociedade, é óbvio que também se dediquem à análise das transformações nas relações trabalhistas e suas implicações. Há, inclusive, uma área dedicada somente a este objeto de estudo: a sociologia do trabalho.

Como foi dito, as formas de organização da sociedade mudaram ao longo da história, e por conseguinte, as relações no mundo do trabalho. Com o surgimento das classes sociais, houve a evolução dos processos de trabalho, ou seja, das maneiras como são desenvolvidas as atividades laborais.

“Classe social é uma distinção e uma divisão social que resultam da distribuição desigual de vantagens e recursos, tais como riqueza, poder e prestígio” (JOHNSON, 1997, p. 37).

A organização da sociedade refletiu no desenvolvimento dos povos, no crescimento populacional e na transformação dos sistemas econômicos, consequentemente, o meio ambiente foi drasticamente afetado. O desenvolvimento industrial foi o grande responsável pela devastação da natureza. Mas qual seria

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a relação da organização da sociedade com o meio ambiente?

Vejamos.

A pressão ambiental ocasionada pela superpopulação sugere que o meio não conseguirá se autossustentar caso não haja mudanças no modelo de consumo. Isso porque a economia de subsistência, característica da antiga sociedade, foi rapidamente substituída pela utilização e aquisição massiva de bens e serviços.

A evolução humana também foi acompanhada por um comportamento autodestrutivo, fruto da ganância e busca pelo poder (veja na Figura 1 uma sátira a respeito deste fato). O homem “sábio” tornou-se o aniquilador do meio ambiente, seu próprio suporte de vida.

Através de ações e atividades de degradação ambiental como desmatamento, poluição, erosão do solo, dentre tantas outras; o homem afetou o meio em que vive e prejuízos para a saúde e para a qualidade de vida são decorrentes deste comportamento.

Figura 1 – Sátira a respeito da evolução humana e o comportamento autodestrutivo do homem.

Fonte: Pixabay

Tardiamente, acompanhado do comportamento de autodepreciação e de degradação ambiental, surgiu o de preservação. Digo de forma tardia, pois algumas características e elementos da natureza jamais poderão ser recuperados, estando até mesmo extintos da face da Terra.

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REFLITA

Em poucos anos, o ser humano foi capaz de extinguir diversas espécies animais e vegetais. Recursos naturais também foram reduzidos a valores mínimos e hoje sofremos com a escassez.

Seria possível reverter o atual quadro de degradação ambiental em que o planeta Terra se encontra? Ou apenas minimizá-lo?

A investigação da relação ser humano-meio ambiente também fica a cargo das ciências sociais, recebendo, neste caso, uma denominação específica: Ciência Socioambiental. De acordo com Moran (2010), nos anos 2000, intensificaram-se as pesquisas sobre as dimensões humanas das mudanças ambientais globais devido ao aumento na perda de biodiversidade, desmatamento, crises hídricas, dentre outras consequências das atividades antrópicas.

Acredita-se que a superação dos problemas ambientais exige a ampliação da visão humana sobre seus próprios atos. A crise ambiental é decorrente de uma crise civilizatória, em que não há limites ao consumo e à degradação dos recursos naturais.

Esforços vêm sendo realizados no sentido de conscientizar a população, como ações de educação ambiental e mutirões (ex.:

limpeza de áreas públicas), mas que ainda têm sido insuficientes.

Isto porque o indivíduo, membro da sociedade, é regido por normas e valores, e para ser considerado ético e moral deve segui-los à risca, o que nem sempre ocorre.

Como dito anteriormente, o meio ambiente sofreu maior pressão devido ao desenvolvimento industrial, acelerado pelo processo da globalização.

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Portanto, com a modernidade, as ciências sociais ganharam um novo paradigma: a globalização.

Ianni (1994, p. 153) relata que “a globalização implica desafios empíricos, metodológicos, teóricos e, propriamente, epistemológicos”. Para o autor, as noções de espaço e tempo foram revolucionadas pelo desenvolvimento tecnológico e científico, e isso implica em novas dinâmicas da sociedade.

O processo de globalização mudou a forma de relacionamento dos indivíduos e fatores de diferentes ordens na sociedade. Pensar as questões ambientais no mundo globalizado é diferente do que as analisar nos primórdios da humanidade.

Podemos afirmar que o meio ambiente foi drasticamente transformado com a globalização. As discussões acerca destes temas serão aprofundadas nos capítulos que seguem.

Além das ciências sociais, as ambientais são essenciais ao entendimento da organização da sociedade e de seus efeitos no meio ambiente, e consequentemente, na qualidade de vida.

Vejamos, na sequência, alguns aspectos fundamentais acerca desta área científica.

Ciências Ambientais

Sob a crescente pressão das atividades antrópicas no meio ambiente, na década de 1970 as questões ambientais tornaram- se alvo da atenção da população mundial e, principalmente, dos estudiosos. Nesse contexto, as Ciências Ambientais surgem como a soma das Ciências Naturais e as Humano-sociais, com o objetivo de solucionar os problemas socioambientais (POTT;

ESTRELA, 2017) (ROCHA, 2004).

As ciências ambientais abrangem o estudo de questões relacionados ao meio ambiente sob a óptica de diversas áreas da ciência, de forma interdisciplinar. Mas antes de nos aprofundarmos no assunto, questiono a você: O que é meio ambiente? Qual a melhor forma de descrevê-lo?

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De forma genérica, podemos definir meio ambiente como o conjunto de componentes bióticos e abióticos existentes na Terra. Entende-se por componentes bióticos (bio=vida) todas as formas de vida, enquanto os demais fatores do sistema são abióticos.

De acordo com Lima et al. (2016, p. 121), o meio ambiente é o “conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais suscetíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem”. Já a legislação (BRASIL, 1981) o define-o como o “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Na busca pelo entendimento dos processos físicos, químicos e biológicos e demais investigações do campo científico, nos deparamos com a interferência humana nos processos naturais.

Ações antrópicas como desmatamento e queimadas ocasionam o desequilíbrio ecológico através da supressão de elementos do ecossistema.

Ecossistema: “Unidade ambiental que engloba os seres vivos e os fatores abióticos, incluindo as interações entre eles e com o meio ambiente” (LIMA et al, 2016, p. 68).

Estes impactos ambientais não só “adoecem” o meio, como também o próprio ser humano. A qualidade de vida é reduzida e as consequências à saúde humana são devastadoras, principalmente nos países mais pobres.

Por este motivo, além do meio ambiente em si, este ramo da ciência também possui como objeto de estudo o papel do homem na sua transformação e preservação. Juntamente com as outras áreas da ciência, como física, química, biologia e ecologia, busca identificar os impactos ambientais e suas relações com o comportamento humano.

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Não podemos seguir no estudo sem antes nos ater a alguns termos ecológicos que são importantes para compreensão do nosso estudo. Vamos juntos? Vamos!

Espécie: É o conjunto de indivíduos semelhantes (estrutural, funcional e bioquimicamente) que se reproduzem naturalmente, originando descendentes férteis.

Indivíduo: Corresponde a cada ser vivo membro de determinada espécie.

População: Conjunto de indivíduos que vivem numa mesma área em um determinado período.

Comunidade: Conjunto de populações de inúmeras espécies que ocupam um habitat em uma mesma região num determinado período.

É fundamental que você compreenda o importante papel das ciências ambientais na busca por maneiras de solucionar os problemas já existentes e de prevenir novos danos à natureza.

Nesse cenário, auxilia na tomada de consciência ao apresentar dados científicos e propor mudanças.

É este conhecimento científico que serve de base para o movimento em prol da sustentabilidade. Essa prevê a ocupação do meio ambiente de forma que as futuras gerações tenham acesso à mesma quantidade e qualidade dos recursos naturais que dispomos hoje.

IMPORTANTE

De acordo com o artigo 225 da Constituição Federal de 1988:

“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

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Dessa ciência surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, que propõe mudanças nos objetivos dos modos de produção. O crescimento econômico baseado no uso irrestrito dos recursos naturais seria substituído pelo desenvolvimento aliado à preservação da natureza e à preocupação com a responsabilidade social. O desenvolvimento sustentável é baseado em três pilares:

economicamente viável, ambientalmente correto e socialmente justo.

Exige-se, principalmente das empresas, que atuem de forma sustentável para contribuir com a proteção ambiental.

As ações adotadas refletem até mesmo nos lucros, pois muitas pessoas hoje em dia preferem consumir produtos advindos de uma cadeia produtiva sustentável, não é verdade? Para você, é importante saber a origem do que consome?

Em 2019, duas instituições brasileiras ficaram entre as 15 primeiras posições do ranking mundial “The Global 100”

da Corporate Knights, que classifica as cem empresas mais sustentáveis. O Banco do Brasil S.A. ocupou o 8º lugar, enquanto a Natura Cosméticos S.A. alcançou o 15º, ótimas colocações, que refletem a preocupação com o futuro do meio ambiente.

Porém sabemos que os objetivos do desenvolvimento sustentável esbarram com o do sistema capitalista. Inclusive, vale ressaltar que este modo de produção é um dos grandes responsáveis pela degradação ambiental. Seria então possível obter lucros e ao mesmo tempo contribuir para a preservação do planeta? Este tipo de questionamento é polêmico, e o deixo para que você reflita acerca do assunto.

São vários os problemas decorrentes da interação homem versus meio ambiente que podem ser listados e que são passíveis de investigação. Adiante estudaremos as consequências da forma de organização da sociedade no meio, e seus reflexos na saúde e na qualidade de vida.

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Quer se atualizar no tema apresentado? Acesse o link a seguir e confira tudo a respeito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: https://bit.ly/3jiKrRl (Acesso em: 15 jan. 2020).

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Inicialmente, você deve ter compreendido quais são os objetos de estudo das Ciências Sociais e Ambientais:

os fenômenos e as relações existentes na sociedade e no meio ambiente, respectivamente. Porém também deve ter percebido que estas áreas se complementam e compartilham de pontos de investigação em comum. Partindo ao entendimento aprofundado de cada um destes campos da ciência, presume-se que você tenha aprendido a definição do termo sociedade e como se deu sua organização ao longo dos séculos. Ainda quanto às Ciências Sociais, foi de suma importância analisar criticamente a evolução humana e seu comportamento autodestrutivo, que impactou diretamente o meio ambiente e as outras formas de vida. Adentrando neste assunto, lhe apresentamos o conceito de meio ambiente, assim como o de ecossistema. É importante que você tenha compreendido que as Ciências Ambientais não tratam apenas do meio ambiente em si, mas também do papel do homem na sua transformação e preservação. Ademais, foram exploradas também as definições de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável, essenciais à compreensão dos conteúdos dos próximos capítulos.

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Compreendendo as formas históricas de organização da sociedade e suas consequências ao meio ambiente

OBJETIVO

Com o estudo deste capítulo, você será capaz de compreender como as mudanças na organização da sociedade ao longo da história afetaram negativamente o meio ambiente, comprometendo as condições de sobrevivência. Preparado para desenvolver mais esta competência? Vamos avançar no assunto!

A organização da sociedade e seus efeitos sobre o meio ambiente

Como visto no primeiro capítulo, historicamente a forma de organização social passou por mudanças, e consequentemente o papel desempenhado pelo meio ambiente em cada um destes tipos de sociedade foi diferente. O homem sempre necessitou do meio ambiente para sua sobrevivência, mas a forma como utiliza seus recursos muda bastante conforme o grau de desenvolvimento tecnológico.

Genericamente, as formas de organização da sociedade podem ser classificadas conforme o nível de industrialização.

Assim, três grandes categorias de sociedade podem ser identificadas: as pré-industriais, as industriais e as pós-industriais.

Inicialmente, nas sociedades existentes previamente à era industrial, os grupos eram pequenos e basicamente rurais. O meio ambiente desenvolvia papel importante ao fornecer todos os recursos necessários à sobrevivência.

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Na era pré-industrial, as sociedades passaram por diferentes momentos. O nomadismo é característica do homem caçador- coletor da era paleolítica, que utilizava os recursos existentes em uma área até que se tornassem escassos. Neste período, o meio ambiente ainda possuía capacidade de suporte e renovação ao consumo existente.

A domesticação de animais e a capacidade de cultivar plantas marcou as sociedades que surgiram nos períodos posteriores ao paleolítico, e significou uma grande transformação na relação homem-natureza. As comunidades passaram a ter moradia fixa para utilização da terra (KNAPIK, 2005).

Já com a Revolução Industrial (sociedade industrial), ocorrida na Europa no século XVIII, o modo de produção mudou e o trabalho manual foi substituído pelo das máquinas.

A partir deste evento, a pressão ambiental aumentou com o uso irrestrito dos recursos naturais a favor da industrialização e da lucratividade.

“A sociedade pós-industrial nasceu com a Segunda Guerra Mundial, a partir do aumento da comunicação entre os povos, com a difusão de novas tecnologias e com a mudança da base econômica” (LUCCI, s.d.). Nossa sociedade já não é mais baseada na economia produtora de bens, mas sim na de serviços.

Considerando o crescimento da atividade industrial conforme o passar dos séculos, e o consequente aumento no consumo, principalmente devido às mudanças no sistema econômico, é possível afirmar que os danos ao meio ambiente cresceram exponencialmente.

Apesar de os tempos terem mudado, as consequências das primeiras formas de ocupação humana podem ser vistas e sentidas até os dias atuais. Alguns dos comportamentos continuaram a ser repetidos ao longo da história e a pressão ambiental foi aumentando cada vez mais.

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As primeiras civilizações tiveram origem em locais próximos às margens de grandes rios, isto porque ali se encontravam condições ideais à sobrevivência. O crescimento urbano desordenado próximo aos cursos d’água causou grandes impactos ao meio ambiente, como o assoreamento dos rios e a poluição hídrica.

Os problemas de ordenamento territorial não param por aí. Além da ocupação irregular de áreas de preservação permanente ao longo dos cursos d’água, também houve, e ainda há, a construção de moradias em encostas e morros, que trazem implicações aos ecossistemas.

De acordo com o Código Florestal brasileiro, Lei 12.651/12, áreas de preservação permanente são consideradas

“áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”. São estas: faixas marginais de cursos d’água naturais; entorno de lagos e lagoas naturais, reservatórios de água artificiais, nascentes e olhos d’água perenes; encostas;

restingas; manguezais; veredas; bordas de tabuleiros ou chapadas; topo de morros, montes, montanhas e serras; e áreas com altitude superior a 1.800m.

Os impactos ambientais iniciam com o desmatamento das áreas para posterior ocupação humana. Danos à paisagem, erosão, impermeabilização do solo e consequentes alterações no ciclo hidrológico agridem a natureza e provocam desastres naturais como deslizamentos e enchentes.

A ocupação urbana em áreas de preservação permanente acarreta prejuízos econômicos, sociais e ambientais. A população que reside nestas áreas está sujeita a desastres naturais como o deslizamento de terras. Veja na Figura 3 uma amostra das consequências.

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Porém não só a ocupação irregular ocasiona danos ao meio ambiente. Devido à urbanização, a impermeabilização por asfaltamento e calçamento impede a absorção da água pelo solo, tendo como consequência enxurradas e alagamentos em dias de grandes volumes de chuvas.

Somando-se este fato à destinação inadequada do lixo e à drenagem ineficiente, principalmente nos grandes centros, amplifica-se os danos ocasionados. Não só o meio ambiente sofre com isso, mas também a população, que fica suscetível a prejuízos como o caos no trânsito e as doenças.

O microclima nos grandes centros urbanos também é afetado pela ocupação humana. A elevação da temperatura é evidente nas cidades devido ao elevado grau de urbanização, com a diminuição de áreas verdes e grande concentração de construções, veículos e pavimentação.

A temperatura média dos centros urbanos é superior à das áreas rurais, e isto pode ser justificado por um fenômeno climático denominado “ilha de calor”. A elevação da temperatura se dá pela maior absorção e pelo maior armazenamento de calor pelos materiais constituintes dos ambientes urbanos.

Agora, paremos para analisar a relação industrialização versus meio ambiente. Com a Revolução Industrial, houve a modernização dos meios de produção e o consequente aumento no consumo de combustíveis fósseis e recursos naturais. Os combustíveis fósseis, como o carvão e os derivados do petróleo, são fontes de energia não renováveis, e sua queima ocasiona a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera.

Com a emissão destes gases, há o aumento do número de partículas em suspensão na atmosfera, os chamados aerossóis.

Não somente as atividades industriais são responsáveis pelo aumento na concentração de aerossóis atmosféricos, mas também outras atividades antrópicas como os desmatamentos e as queimadas. Este aumento na quantidade de aerossóis

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influencia na passagem da radiação solar e, consequentemente, altera o balanço de energia da Terra, influenciando no clima.

O desmatamento também está entre os principais impactos ambientais que ocasionam perda de biodiversidade. Essa atividade, além da supressão vegetal, provoca a eliminação de animais de forma direta e indireta, tanto pela morte quanto pela subtração de locais de refúgio e sobrevivência.

No Brasil, o desflorestamento atinge maiores índices em uma região denominada “arco do desmatamento”. Este está localizado na Amazônia Legal e sofre com a pressão ambiental da abertura de novas fronteiras agrícolas.

“A Amazônia Legal é uma área que corresponde a 59% do território brasileiro e engloba a totalidade de oito estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Estado do Maranhão (a oeste do meridiano de 44ºW), perfazendo 5,0 milhões de km². Este conceito foi instituído em 1953 e seus limites territoriais decorrem da necessidade de planejar o desenvolvimento econômico da região”

(IPEA, 2008).

De acordo com dados do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2019), no período de agosto de 2018 a julho de 2019 a taxa de desmatamento na Amazônia Legal aumentou cerca de 30%. As estimativas por Estado mostram que os maiores índices de corte raso ocorreram no Pará e no Mato Grosso.

Voltando à caracterização dos impactos ambientais ocasionados pelas transformações nas formas de organização da sociedade, podemos analisar as mudanças no consumo.

Da subsistência ao consumismo, o meio ambiente foi surpreendentemente afetado.

(24)

De forma inicial, é necessário caracterizar o consumo no mundo atual. Com a inovação tecnológica e a rapidez com que os bens se tornam obsoletos, os indivíduos são incentivados a consumir cada vez mais e com maior frequência.

O consumo exagerado, na maioria das vezes de bens supérfluos, é então denominado de consumismo. As pessoas mais envolvidas com a comunicação e a tecnologia passaram a ser, em sua grande maioria, consumistas, e a compulsão pela obtenção de novos bens e serviços caracteriza um novo tipo de sociedade: a sociedade de consumo.

A sociedade de consumo tem como características principais a “alta taxa de consumo e de descarte de mercadorias per capita, presença da moda, sociedade de mercado, sentimento permanente de insaciabilidade e o consumidor como um de seus principais personagens sociais” (BARBOSA, 2004, p. 8).

O consumo excessivo é resultado do ambiente em que estamos inseridos. Os níveis exagerados de publicidade nos meios de comunicação instigam os indivíduos a consumirem além do que necessitam. Como resultado, vemos o aumento da degradação ambiental e até mesmo, da degradação das próprias relações sociais. Veja a Figura 2 a respeito deste tema.

Figura 2 –O indivíduo é influenciado pela mídia e se torna prisioneiro dos seus próprios atos de consumo excessivo.

Fonte: Pixabay

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O aumento no consumo acarreta a elevação dos níveis de produção, logo, a potencialização das atividades industriais impacta o meio ambiente pela maior demanda por recursos naturais. Ademais, a degradação ambiental é ampliada pela poluição e pela contaminação por resíduos lançados pelas indústrias.

Um círculo vicioso é então formado pelo comportamento autodestrutivo do ser humano, já citado anteriormente. Quanto maior o consumo, maior a produção, a utilização dos recursos naturais, a degradação ambiental e assim por diante.

Seguindo esta linha de raciocínio, compreende-se a real importância dos estudos das Ciências Sociais e Ambientais quanto ao comportamento humano e à depreciação ambiental.

Faz-se necessário instigar o ser humano a visualizar os efeitos de suas ações e atividades, de forma a rever sua forma de viver.

Sendo assim, devemos destacar a poluição de forma geral, que consiste na degradação das características físicas ou químicas do ecossistema, por meio da remoção ou adição de substâncias. Sabemos que esse processo de degradação pode desencadear prejuízos a todos os seres vivos, à saúde humana, ao bem-estar e, também, à economia.

Existem vários tipos de poluição, classificados de acordo com os poluentes introduzidos no meio ambiente. Vamos juntos estudar os diferentes tipos de poluição? Vamos!

Poluição do ar: Corresponde à contaminação do ar por gases, líquidos e partículas sólidas em suspensão, material biológico e até mesmo energia. Estudos revelam que esse tipo de poluição pode afetar todos os órgãos do corpo humano. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar é responsável por mais de sete milhões de mortes por ano no mundo - matando mais que do a AIDS e a malária.

Poluição da água: Corresponde à contaminação dos corpos d’água por elementos físicos, químicos e biológicos que

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podem ser nocivos ou prejudiciais aos organismos, às plantas e à atividade humana. É considerado um problema crítico. Um fator preocupante desse tipo de poluição é que os lençóis freáticos, os lagos, os rios, os mares e os oceanos são o destino de todo poluente solúvel em água que tenha sido lançado no ar ou no solo. Há ainda os poluentes físicos, como o lixo plástico, que são arrastados pelas águas e vão se dissolvendo aos poucos, virando microplásticos, que contaminam toda a cadeia alimentar.

Poluição do solo: Corresponde à introdução de químicos ou à alteração do ambiente do solo pela ação do homem. Essas substâncias químicas levam à poluição do solo e, consequentemente, à poluição da água e do ar. Entre esses químicos, os mais comuns são os hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados, pesticidas e solventes.

Poluição radioativa: Corresponde ao tipo mais perigoso de poluição devido a seus grandes efeitos negativos e duradouros (o plutônio, por exemplo, apresenta como tempo de meia vida cerca de 24.300 anos). Decorre da radiação, efeito químico derivado de ondas de energia, seja de calor ou de luz. A radiação existe naturalmente, porém em decorrência da ação humana, vem sendo liberada em excesso e pode causar mutações nas células e originar doenças, a exemplo do câncer.

Pela impossibilidade de limpeza dos poluentes, um lugar uma vez contaminado não pode ser descontaminado.

Poluição térmica: Ocorre quando a temperatura de um meio de suporte de algum ecossistema sofre alterações, causando um impacto direto na população desse ecossistema. Não é uma espécie de poluição facilmente observável, sendo assim, é pouco conhecida. Também pode ocorrer a poluição térmica do ar, embora menos comum, e pode acarretar danos ambientais.

Poluição visual: Corresponde ao excesso de elementos visuais criado pelo homem e promove desconforto visual e espacial. Facilmente encontrada em grandes centros urbanos pelas grandes quantidades de anúncios publicitários e sua falta

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de harmonia com o ambiente, desviando exageradamente a atenção dos habitantes.

Poluição luminosa: Corresponde ao excesso de luz artificial emitida pelos grandes centros urbanos. Podendo existir de diversas formas, por exemplo: luzes externas, anúncios publicitários e iluminação pública. A poluição luminosa afeta nossa saúde e os ecossistemas, causando prejuízo para todos.

Poluição sonora: Corresponde à alteração do som, saindo de sua condição normal de audição em determinado ambiente. Também é um enorme problema ambiental. Diferente a outros tipos de poluição, esta não se acumula no meio ambiente, porém causa danos ao corpo e à qualidade de vida das pessoas, sendo considerada um problema de saúde pública mundial.

Sabemos que chamamos a busca incessante pela diminuição de danos ao ecossistema e consequentemente aos seres vivos de movimento ambiental, que começou séculos atrás e que hoje é um fenômeno global que decorre da responsabilidade de proteger a saúde e o bem-estar desse ecossistema e gerou uma consciência coletiva no mundo.

A preocupação universal sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos continuou a crescer. No ano de 1972, a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia).

A conferência de Estocolmo foi um marco histórico na busca de redução de danos ao ecossistema. Em sua declaração final, há 19 princípios que representam um manifesto ambiental para nosso tempo, que estabeleceu bases para a agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas.

Outra conferência de marco histórico na luta pelo meio ambiente foi realizada no Rio de Janeiro, no ano de 1992, a

“Cúpula da Terra”, como ficou conhecida, adotou um diagrama para a proteção do nosso planeta e para o seu desenvolvimento

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sustentável. Essa conferência foi a culminação de duas décadas de trabalho, que se iniciou em Estocolmo em 1972.

O diagrama para a proteção do nosso planeta e para o seu desenvolvimento sustentável foi chamado de “Agenda 21”

e era composto por um programa detalhado para a ação para afastar o mundo do atual modelo insustentável de crescimento econômico, direcionando as pessoas para atividades que protejam e renovem os recursos ambientais, no qual o crescimento e o desenvolvimento dependem. Buscava proteger a atmosfera;

combater o desmatamento, a perda de solo e a desertificação;

prevenir a poluição da água e do ar; deter a destruição das populações de peixes e promover uma gestão segura dos resíduos tóxicos.

Houve várias reuniões e conferências a fim de proteger o ecossistema, destacando-se também a Rio+10, que ocorreu no ano de 2002 em Joanesburgo, na África do Sul e em 2012, novamente no Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Acesse: https://bit.ly/3cLbToz

A industrialização e a globalização hoje fazem parte da vida do ser humano, ditando sua forma de se relacionar, entre si e com o meio. Porém é possível praticar o desenvolvimento sustentável e evitar que a natureza seja ainda mais afetada negativamente pelas atividades antrópicas. Para que isto ocorra você pode começar mudando as suas atitudes... vamos dar o primeiro passo? Conto com você!

Leia a cartilha elaborada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e a SPC Brasil sobre “Consumo Consciente”

e conheça o perfil do consumidor brasileiro. Aprofunde seus conhecimentos sobre os assuntos apresentados no decorrer deste capítulo! Acesse o link: https://bit.ly/36kt0fC (Acesso em: 15 jan. 2020).

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RESUMINDO

Com o final de mais um capítulo, espero que tenha compreendido todos os assuntos que foram abordados no decorrer da leitura.

Você deve ter aprendido que a maneira como o homem se relaciona com o meio ambiente mudou conforme o grau de desenvolvimento tecnológico. Nas sociedades primitivas, o ser humano já fazia uso dos recursos naturais, mas em uma proporção bem menor do que o ritmo de renovação da natureza.

Com as transformações nos modos de produção, a pressão ambiental aumentou e os danos ambientais cresceram de forma exponencial. A urbanização e o crescimento desordenado das cidades contribuem para a degradação ambiental, ao passo em que modificam o ciclo hidrológico e o microclima. Atividades antrópicas como queimadas e desmatamento ocasionam perda de biodiversidade e aumento de poluição. Com as transformações nas formas de organização da sociedade, houve mudanças nos padrões de consumo, que superaram a capacidade de renovação dos recursos naturais. O consumo exagerado é incentivado pela rápida evolução tecnológica e pela publicidade constante nos meios de comunicação. Com o aumento do consumo, a demanda por recursos naturais é maior, mais elevados os índices de degradação ambiental e assim por diante. Um círculo vicioso é formado e a natureza é quem sofre com o comportamento humano.

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Refletindo sobre os modos de produção e seus efeitos na saúde ocupacional

OBJETIVO

Neste capítulo, serão apresentados a você subsídios à reflexão dos efeitos dos modos de produção na saúde ocupacional.

Ao final, você será capaz de identificar os principais males ocasionados pelos processos de trabalho adotados no sistema capitalista. Bons estudos!

Os processos de trabalho e as consequências à saúde

Como visto nos capítulos anteriores, o trabalho sempre foi o ponto central de estruturação das organizações sociais. Nas sociedades primitivas, o homem era movido pelos instintos de sobrevivência e reprodução, e sua força laboral era direcionada a estes objetivos.

A Revolução Industrial é considerada um marco na história.

As formas de produção introduzidas revolucionaram o modo de vida da sociedade, ocasionando diversas transformações nos aspectos socioeconômicos e ambientais. Com a Revolução Industrial, o trabalhador, antes artesão, passou a vender sua mão-de-obra e assumiu diferentes papéis conforme o modelo produtivo adotado na indústria. Veja na Figura 3 uma foto do século XIX dos operários de uma fábrica têxtil localizada na Espanha.

No final deste mesmo século, Frederick Taylor criou um sistema de organização industrial e administrativo denominado

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taylorismo, ou administração científica. Seu propósito era maximizar a produtividade nas fábricas através da divisão de tarefas e especialização dos trabalhadores.

Figura 3 – Parte dos 340 operários da fábrica têxtil Brunet y Cía, construída em 1845 em Guipúscoa, Espanha (GOVERNO BASCO, s.d.).

Fonte: Wikimedia

Os meios de produção adotados no sistema taylorista visavam conter os custos operacionais e melhorar o aproveitamento do tempo na execução do trabalho (TEIXEIRA; SOUZA, 1985).

Seguindo a mesma ideia, Henry Ford desenvolveu em 1914 um sistema de produção em massa, denominado Fordismo, no qual o trabalhador era considerado apenas mais um componente da maquinaria, necessário ao correto andamento das atividades dentro da indústria.

A produção em massa era baseada na ideia de sistematização das partes do todo através das linhas de produção. “As mudanças implantadas permitiram reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido” (WOOD JUNIOR, 1992, p. 9).

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Ainda atualmente podemos observar características fundamentadas nestes moldes produtivos sendo reproduzidas.

As redes de fast food são exemplos de empresas que se utilizam do sistema de linha de montagem e produção.

Outro padrão de produção industrial a ser discutido é o toyotismo. Desenvolvido nos anos 1950 no Japão, também foi inicialmente aplicado na indústria automobilística, mais especificamente na fábrica da Toyota, com aspectos que se contrapõem ao taylorismo-fordismo.

Antunes (2001, p. 181-182) cita algumas das principais características do toyotismo:

1) Sua produção muito vinculada à demanda.

2) Ela é variada e bastante heterogênea.

3) Fundamenta-se no trabalho operário em equipe, com multivariedade de funções.

4) Tem como princípio o just in time, o melhor aproveitamento possível do tempo de produção e funciona segundo o sistema de kanban, placas ou senhas de comando para reposição de peças e de estoque que, no toyotismo, devem ser mínimos.

Enquanto na fábrica fordista cerca de 75% era produzido no seu interior, na fábrica toyotista somente cerca de 25% é produzido no seu interior.

Ela horizontaliza o processo produtivo e transfere a “terceiros” grande parte do que anteriormente era produzido dentro dela.

Por sua vez, o volvismo foi um modelo introduzido pelo grupo sueco Volvo na década de 1990 em suas linhas de produção. Suas principais características eram: substituição das linhas de montagem tradicionais por módulos de montagem paralelos, formação de equipes para construção dos chassis,

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ciclos de trabalho de 2 a 4 horas e equipes com autonomia para distribuição das tarefas e ritmo de trabalho (LUCAKS, 2005).

Os modelos de produção citados até agora foram praticados durante o período industrial. Ainda restam resquícios de características nos processos adotados por algumas empresas, porém, foram majoritariamente substituídos por outros modos de produzir.

Nesse contexto, o filme Tempos Modernos (veja a Figura 4) protagonizado por Charlie Chaplin, traz uma crítica aos modelos de produção industrial adotados durante a Revolução Industrial. As atividades laborais exaustivas e repetitivas na linha de produção são características dos modelos taylorismo e fordismo, estudados neste capítulo.

Figura 4 – Cena do filme Tempos Modernos.

Fonte: Wikimedia

O filme Tempos Modernos, protagonizado por Charlie Chaplin, é um clássico e retrata a desumanização dos trabalhadores dentro das fábricas durante a Revolução Industrial.

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Em uma das cenas mais clássicas, Carlitos é puxado por uma das máquinas e entra até as engrenagens, retratando a desumanização dos trabalhadores. O longa completo está disponível neste link:

https://bit.ly/36hliD6.

Os modelos de produção trazem consequências à saúde ocupacional. Inclusive a medicina do trabalho surgiu durante o período da Revolução Industrial, na Inglaterra, para intervir no processo acelerado e desumano de fabricação (MENDES;

DIAS, 1991).

Mas, antes de adentrarmos neste assunto, você sabe do que se trata a “saúde ocupacional”? Esse termo é utilizado para designar a área responsável pela saúde laboral, ou seja, a saúde do trabalhador. Para que a saúde do trabalhador seja promovida e preservada, é necessário que as condições laborais propiciem isto.

As empresas são responsáveis por tomar todas as medidas necessárias à prevenção de riscos e danos à saúde física e mental de seus servidores. Para tal, devem adequar-se às normas e regras estabelecidas por órgãos fiscalizadores.

“Entre os determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de risco ocupacionais” (BRASIL, 2001a, p. 17).

As doenças ocupacionais variam conforme a atividade laboral e enquadram-se em diferentes grupos, como transtornos mentais e do comportamento, doenças do olho, ouvido, dentre outros.

Anteriormente à Revolução Industrial, os artesãos dedicavam-se a tarefas manuais em pequenas jornadas de trabalho. Com a produção em larga escala nas indústrias e a ambição da maximização de lucros, os atuais trabalhadores assalariados viam-se obrigados a trabalhar horas a fio sem descanso.

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Logicamente, a rotina de até 16 horas diárias de trabalho levava ao esgotamento físico e ao adoecimento:

Tais condições de vida e de trabalho, com pouca e péssima comida, trancafiados em lugares insalubres, seja no trabalho ou em suas habitações, só podia levar a doenças devastadoras, como a tuberculose e o tifo. [...]

Devido à sua indigesta e parca alimentação, diversas doenças dos órgãos digestivos eram muito comuns, como as escrófulas e o raquitismo (SILVA, 2015, p. 224-5).

Algumas fábricas funcionavam 24 horas por dia para obter maiores lucros, com dois grupos de trabalhadores que trabalhavam 12 horas seguidas cada. Superexcitação nervosa, esgotamento do corpo e enfraquecimento físico eram algumas das consequências das atividades laborais. Doenças na coluna também eram comuns, devido ao longo período em pé e as más posições adotadas durante as atividades (ENGELS, 2010).

Na modernidade, com os direitos dos trabalhadores garantidos, as jornadas incessantes foram substituídas por atividades com intervalos e prazos máximos estabelecidos. No entanto, o trabalhador continua a adoecer, e agora por motivos principais diferentes do que antigamente.

Vale ressaltar que mesmo com as regras estabelecidas pela legislação, ainda há casos de trabalho análogo ao escravo. Nessas situações, o trabalhador é submetido a condições semelhantes às da época da Revolução Industrial, como jornadas exaustivas em ambientes de trabalho degradantes.

Na sociedade pós-industrial, ou pós-moderna, a informação e a tecnologia dominaram o mercado de trabalho e transformaram

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completamente seus processos produtivos. A necessidade das empresas passou a ser por trabalhadores criativos, que não necessitam de locais fixos para desenvolverem suas habilidades, ao invés de simples operadores de máquinas.

REFLITA

Vamos parar para refletir como a organização no trabalho mudou da Revolução Industrial até os dias atuais... Consideremos os trabalhadores que não exercem força física, mas sim intelectual.

Atualmente laptops, tablets e smartphones fazem parte dos materiais utilizados nas atividades laborais. Escritórios em grandes edifícios, salas divididas entre vários colaboradores...

Quais são os riscos destas condições?

De acordo com dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2019a), os cânceres, os transtornos mentais, as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) são as doenças ocupacionais que mais atingem os brasileiros.

“LER/Dort são danos decorrentes da utilização excessiva, imposta ao sistema musculoesquelético, e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas [...] tais como dor, parestesia, fadiga” (BRASIL, 2012, p. 10).

Estas siglas representam um grupo de lesões relacionadas às más condições no ambiente de trabalho e nas atividades laborais em si, como movimentos repetitivos e postura inadequada.

De grandes a pequenas máquinas, os processos de trabalho foram amplamente modificados desde a Revolução Industrial, porém a necessidade por movimentos repetitivos

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ainda permanece (Figura 5). A falta de ergonomia colabora para o adoecimento dos funcionários: má postura, levantamento de peso excessivo, monotonia, ritmo excessivo de trabalho, dentre outros agravantes.

“Ergonomia (ou Fatores Humanos) é a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas” (International Ergonomics Association, 2000).

Figura 5 –Digitar por várias horas em posturas inadequadas pode levar ao aparecimento de lesões.

Fonte: Pixabay

Até mesmo novas enfermidades têm surgido devido ao modo de vida moderno. As síndromes tecnológicas, como a síndrome do pescoço de texto ou pescoço tecnológico, são recentes e ocasionadas pelo uso incorreto (má postura) de aparelhos como smartphones.

São várias as doenças que podem afetar a saúde do trabalhador, e, como visto nos dados apresentados, não são

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somente de origem física. Os ambientes de trabalho atuais, com altas taxas de cobrança por desempenho e alcance de metas, trazem danos à saúde mental, podendo gerar até mesmo afastamentos frequentes.

O estresse a que somos submetidos diariamente devido ao ritmo de vida frenético e a necessidade de nos mantermos sempre atualizados é agravado pela competitividade no ambiente de trabalho. Além disso, não é raro encontrar profissionais que fazem dupla jornada ou mesmo que “levam trabalho para casa”.

A geração atual é pressionada constantemente a ser produtiva, apresentar resultados, e isto não é só no ambiente de trabalho. A depressão, considerada o “mal do século”, possui gatilhos nos diversos ambientes em que o ser humano convive.

Além das doenças, o trabalhador também está sujeito a acidentes no trabalho. De acordo com o art. 19 da Lei Complementar nº 150/2015:

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados [...], provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Dentre as lesões mais frequentes estão os cortes, fraturas, contusões e distensões. Conforme dados do Ministério Público do Trabalho (BRASIL, 2019b), de 2012 a 2018 os setores econômicos com mais comunicações de acidente no país foram:

atividades de atendimento hospitalar (378.305); comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados (142.909); administração pública em geral (119.273); construção de edifícios (104.646) e transporte rodoviário de carga (100.344).

Um ponto que cabe ser destacado é a importância da utilização correta de Equipamentos de Proteção Individual –

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EPIs no ambiente de trabalho. Os EPIs são itens de segurança fundamentais que oferecem proteção ao trabalhador, reduzindo os riscos de acidente.

“Considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL, 2001b).

As transformações nos diversos aspectos da vida em sociedade influenciam não só na saúde laboral, mas também na qualidade de vida. Veja no próximo capítulo considerações acerca deste tema.

Quer se aprofundar neste tema? Acesse o link a seguir e assista a entrevista do médico Dr. Carlos Alencar sobre a promoção da saúde do trabalhador. https://bit.ly/3jhZcUL (Acesso em: 15 jan. 2020).

RESUMINDO

Encerramos mais esta etapa, agora chegou a hora de verificar se você aprendeu mesmo tudo o que lhe foi apresentado. Ao longo deste capítulo, você estudou sobre os efeitos dos processos de trabalho na saúde ocupacional. Inicialmente, aprendeu sobre as formas de produção exercidas durante a Revolução Industrial:

taylorismo, fordismo, toyotismo e volvismo. Viu também a definição do termo saúde ocupacional e a importância da sua promoção dentro do ambiente laboral. Após compreender que a saúde ocupacional se trata da saúde do trabalhador, foram apresentadas a você as principais enfermidades resultantes das jornadas incessantes e das más condições de trabalho dentro das fábricas. Na sociedade pós-industrial, o trabalhador continua a adoecer, mas desta vez por causas diferenciadas. Cânceres, transtornos mentais, LER e Dort são as doenças ocupacionais

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que mais atingem os brasileiros na atualidade, ocasionadas por fatores como a falta de ergonomia e os altos índices de estresse nos ambientes de trabalho. Ademais, o uso excessivo de aparelhos eletrônicos como o celular e o tablet deu origem a novas síndromes tecnológicas, como o “pescoço de texto”, contribuindo às alterações negativas na saúde acarretadas pelo trabalho.

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Identificando os reflexos do capitalismo e globalização na qualidade de vida

OBJETIVO

Neste capítulo abordaremos os efeitos da globalização na qualidade de vida dos cidadãos. Como as transformações nos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais interferiram no bem-estar da população? Animado para finalizar a primeira unidade? Bons estudos!

Qualidade de vida na sociedade globalizada

Como vimos no decorrer da unidade, a sociedade evoluiu muito através dos séculos. No início, as civilizações dependiam da caça e da coleta para sobrevivência, migrando para diferentes localidades conforme os recursos iam se esgotando.

Posteriormente, passaram a ter moradia fixa e sobreviver do cultivo e da criação de animais.

Com a crise do sistema feudal e o surgimento do capitalismo, a organização social passou por profundas transformações que refletiram na vida da população. “Ao absorver o capitalismo como sistema de relações de produção e de troca, a sociedade desenvolve uma ordem social típica, que organiza institucionalmente o padrão de equilíbrio dinâmico”

(FERNANDES, 2006, p. 179).

O advento da Revolução Industrial trouxe novo significado ao trabalho e por conseguinte à relação sociedade versus meio.

Como discutido até o momento, seus reflexos puderam ser

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observados no meio ambiente e na saúde laboral, sendo que ambos afetam a qualidade de vida da população.

Já na sociedade pós-industrial, a globalização dita o ritmo de vida e influencia diretamente nos fatores socioeconômicos, políticos e culturais. Como afirma Lourenço (2014, p.2):

A globalização, enquanto processo, na dimensão em que hoje a entendemos, representa algo de novo e com uma capacidade estruturadora da sociedade por vezes perturbante, simultaneamente desencadeadora de ameaças e proporcionadora de oportunidades à escala mundial, regional e local.

Quando falamos em globalização, nos referimos à integração, de forma mundial, de aspectos nas diversas ordens que compõe a vida em sociedade. Integração essa promovida pela proximidade que a tecnologia, informação e comunicação permitem na atualidade.

O processo de globalização iniciado no século XV, período das grandes navegações, pode ser dividido em seu contexto histórico de três a quatro fases. Silva e Engler (2008) o distinguem em três: a primeira fase da globalização corresponde à expansão mercantilista da economia-mundo europeia (1450 a 1850); a segunda fase é caracterizada pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista (1850 a 1950) e a última fase, também denominada de globalização propriamente dita ou globalização recente, corresponde ao período pós-colapso da URSS e queda do muro de Berlim (a partir de 1989).

Com a globalização, os processos e fluxos tornaram-se mais rápidos e intensos; o mundo está conectado. Benefícios e malefícios foram desencadeados em diferentes esferas, e aqui nos interessa discutir as transformações causadas em vários aspectos da vida em sociedade que intervém na qualidade de vida.

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Você sabe o que significa qualidade de vida? Este termo é definido pela Organização Mundial da Saúde – OMS como “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (OMS, 1995, p. 1405).

Almeida et al. (2012) afirmam que esta área se encontra em fase de construção de identidade, estando relacionada a melhorias na saúde, na moradia, no lazer, nos hábitos de atividade física e na alimentação. Já incorporado à linguagem popular, o termo em questão é utilizado para resumir o padrão de bem-estar na vida das pessoas. Pode ser abordado sob diferentes ópticas e avaliado por diferentes índices.

De forma a qualificar e quantificar as condições de vida da população brasileira, e consequentemente sua qualidade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adota indicadores sociais baseados na família, na demografia, na educação, no trabalho, na distribuição de renda e nos domicílios.

Sintetizando informações objetivas e subjetivas, tais indicadores auxiliam na análise da atual situação social do país.

Instrumentos desenvolvidos pela OMS são corriqueiramente utilizados na área da saúde para o estudo da qualidade de vida de grupos específicos da população.

Dentre estes está o WHOQOL-bref, uma versão abreviada do instrumento de avaliação WHOQOL-100.

O WHOQOL-100 é um questionário que tem por objetivo avaliar a qualidade de vida do indivíduo. Desenvolvido inicialmente com 100 questões, sua versão abreviada, o WHOQOL-bref, conta com apenas 26 questões divididas entre os quatro domínios que compõem o instrumento original: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (FLECK et al., 2000).

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Voltando à análise da relação globalização versus qualidade de vida, podemos dizer que houve profundas melhorias nos fatores que regem a existência dos indivíduos e da sociedade.

Com a aproximação entre as pessoas e os mercados, surgiu uma grande preocupação quanto às questões mundiais, visto que o planeta passou a ser um local único, interligado.

Diversas organizações globais surgiram no período pós-guerra, que coincide com a segunda ou a terceira fase da globalização, conforme a classificação adotada. Dentre elas, podemos destacar a criação da Organização das Nações Unidas em 1945 e da Organização Mundial da Saúde em 1948.

O surgimento destas instituições foi um marco na história mundial. A Organização Mundial da Saúde foi criada com o objetivo de garantir o mais alto nível de saúde a todos os povos.

Hoje, a OMS tem papel dominante e é referência em todas as questões relacionadas à saúde.

Aumento na expectativa de vida e redução nas taxas de mortalidade são reflexos da evolução da sociedade e da tecnologia. A ampliação dos serviços de saneamento básico associada à vacinação foram grandes conquistas do mundo moderno que possibilitaram melhorias na qualidade de vida. A vacinação mudou os rumos da humanidade ao oferecer proteção contra doenças potencialmente letais (veja a Figura 6).

Figura 6 –Seguir corretamente o calendário vacinal, principalmente na infância, garante imunização a doenças graves.

Fonte: Pixabay

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Além de relacionadas às reduções nas taxas de mortalidade, as vacinas podem ser vinculadas a dados positivos de aumento na expectativa de vida. “No Brasil, entre 1940 e 1998, a expectativa de vida ao nascer apresentou ganhos de cerca de 30 anos como resultado, principalmente, da redução de óbitos por doenças infecciosas preveníveis por vacinas” (BALLALAI, 2017, p.

741).

A saúde está intimamente relacionada à qualidade de vida.

As condições de bem-estar físico e psíquico são dependentes do ambiente ao qual o sujeito está exposto. Lembra-se do que foi comentado no capítulo anterior? O ambiente de trabalho afeta a saúde do trabalhador e isso interfere diretamente na sua qualidade de vida.

Tratados internacionais, pactos mundiais... A luta dos países em busca do bem comum passou a fazer parte da vida da sociedade globalizada. A Organização das Nações Unidas, fundada com os objetivos de trabalhar pela paz e desenvolvimento mundiais, também assumiu posição importantíssima frente ao futuro do planeta.

Dos acordos internacionais, pode-se citar aqueles em prol da preservação do meio ambiente. A industrialização ampliou o consumo dos recursos naturais e a pressão ambiental, mas a globalização também foi responsável pelo resgate da consciência pela preservação da natureza.

Sobre a ONU e o meio ambiente, podemos abordar o Protocolo de Kyoto, acordo internacional firmado em 1997 entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas com vistas a reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Como os resultados não foram os esperados, a vigência do Protocolo foi prorrogada de 2013 a 2020.

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ACESSE

Após o insucesso e abandono por parte de países como a Rússia, a vigência do Protocolo de Kyoto foi prorrogada até 2020.

Acesse o link a seguir e saiba mais: https://bit.ly/30lTh9F.

Não só melhorias são advindas do processo de globalização. Pensar na paz nos leva a refletir também sobre a violência e a segurança nos novos moldes de configuração da sociedade globalizada. Ambas são grandes preocupações no mundo moderno, visto que tiveram seus índices afetados com a crescente urbanização.

Para Lourenço (2013, p. 14),

o crime refere-se sempre a um determinado espaço social, a um determinado quadro normativo e, naturalmente, a uma ordem económica específica.

A noção de crime é, assim, [...] intrínseca do processo de globalização.

A evolução da sociedade resultou na criação do sistema jurídico, que disciplina os atos tomados pelos cidadãos. Apesar do grande avanço, a impunidade ainda faz parte da realidade de alguns países, como o Brasil; este fato deve-se à ineficácia das leis somada à lentidão na justiça.

Os cidadãos, principalmente dos países subdesenvolvidos, convivem com situações corriqueiras de violência e de falta de segurança. Consequentemente, a qualidade de vida é reduzida, acarretando uma série de desordens nas mais diversas áreas, dentre elas a psicológica.

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A globalização do narcotráfico universalizou o problema das drogas e contribuiu para o aumento da criminalidade ao redor do mundo. Além disso, o uso destas substâncias reduz direta e significativamente a qualidade de vida de seus usuários.

O uso de drogas lícitas e ilícitas é responsável por comprometer os aspectos relacionados à qualidade de vida citados anteriormente: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. As populações usuárias encontram-se vulneráveis socialmente e sujeitas ao cometimento de crimes, contribuindo para a elevação dos níveis de violência e falta de segurança.

É possível observar que um fator leva a outro. A globalização também é responsável por aumentar a disparidade entre as classes sociais:

No seio da sociedade global, dominada pelo capitalismo, reproduzem-se constantemente as contradições de classe, os antagonismos, as hierarquias e as diversidades sociais. De fato, o desenvolvimento do capitalismo pode ser caracterizado como desigual, combinado e contraditório. A globalização não é equilibrada nem harmônica e, ao invés de atenuar as disparidades de renda, amplifica-as. Ela privilegia os interesses específicos da classe social dominante e dos países hegemônicos, em detrimento dos mais desfavorecidos, acentuando assim os já graves problemas estruturais e conjunturais do mundo atual (SANTOS, 2001, p. 184).

É claro o fato de que o bem-estar da sociedade só será promovido caso o ambiente em que ela esteja inserida seja facilitador e passível de desenvolvimento. Isso porque os fatores socioeconômicos estão diretamente ligados à qualidade de vida.

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