• Nenhum resultado encontrado

27_LER_Relacoes Estados Unidos_Ira

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "27_LER_Relacoes Estados Unidos_Ira"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Relações Estados Unidos – Irã: Segurança Internacional, Transição

Democrática e Politização Religiosa no pós 11 de Setembro de 2001

Diego de Freitas Rodrigues

RESUMO

O presente paper procurou analisar a questão da segurança internacional pós 11/9 por meio da interface com a transição democrática e a politização religiosa conduzida na pauta de discursos de dois atores: Estados Unidos e Irã. No âmbito de prioridade da política externa dos Estados Unidos, relacionou-se o pressuposto de que a democracia é o recurso de poder essencial, na especificidade de sua “exportação”, para o desenvolvimento de uma sociedade internacional menos anárquica, mais segura para as democracias, enquanto a política externa iraniana pautou-se na confrontação à política externa norte americana, buscando, também, um cenário internacional mais “multipolar”. A Administração Bush, projetou sua política externa de maneira hegemônica para a construção de um cenário maior de segurança internacional e contextualizada dentro de prerrogativas político-religiosas, próxima de uma linguagem apocalíptica e essencialmente cristã, em contrapartida à projeção de poder do Estado iraniano, com sua política externa confrontacionista e também caracterizada por um discurso politicamente religioso, embora islâmico.

PALAVRA-CHAVE: Segurança Internacional; Transição Democrática; Política Externa Americana; Política Externa Iraniana.

INTRODUÇÃO

O presente paper objetivou analisar, nos últimos cinco anos, a incidência nas relações internacionais de dois prospectos que, aparentemente, tornaram-se instrumentos de poder correlatos no âmbito discursivo dos governos norte americano e iraniano na questão premente da segurança internacional, em especial após os eventos de 11 de Setembro de 2001: a democracia e a religião. Utilizadas como recursos discursivos de poder, tanto democracia

(2)

quanto religião, passaram a ser associadas a um modelo maniqueísta da sociedade internacional voltado a construção arquetípica ideal de segurança.

Assim, certa miopia acrítica instaurou-se no plano discursivo político internacional por parte dos dois antagonistas, Estados Unidos e Irã, gerando, portanto, daí, um recorrente deslocamento de sentido político. Deslocamento político caracterizado pela contínua inserção de elementos religiosos norteando o discurso e a condução política das relações entre atores internacionais no cenário desvelado após Setembro de 2001 em questões como a segurança internacional. Peter Demant (2005, p. 29) afirma: “Após o 11 de setembro, a administração Bush apontou o islamismo ou fundamentalismo muçulmano violento como o desafio central à segurança dos EUA e, progressivamente, à convivência internacional em geral.”

A reordenação de prioridades nas agendas dos atores internacionais para o âmbito de segurança desencadeou-se especialmente após o 11 de Setembro. Mas esse reordenamento foi especialmente vinculado à política externa dos Estados Unidos. Esse reordenamento trouxe, ou mesmo apresentou, uma doutrina de segurança internacional polarizada não mais no âmbito ideológico, como no período de Guerra Fria, mas agora pela apropriação, ou a falta dela, de um referencial democrático: a democracia torna-se, ao advento da Doutrina Bush, o recurso e mecanismo de projeção de poder essencial para os interesses dos Estados Unidos nas regiões geopolíticas mais tensas, em especial o Oriente Médio.

Assim, o rearranjo da questão da segurança incorporou na sua ressignificação o pressuposto de que para a existência segura dos Estados Unidos e dos outros estados democráticos, os outros atores internacionais (claramente os não-alinhados à Washintong, mas não necessariamente estados democráticos) deveriam se tornar democracias liberais (ou o mais próximo disso) por bem ou por mal. Também não é novidade que esse ideal exportador de democracia é claramente fundamentado nos pressupostos wilsonianos, fundamentados no contexto histórico do início do século XX, pós Primeira Guerra Mundial. 1

Retomando o contexto presente, essa dicotomia pode possivelmente inserir um Estado não necessariamente alinhado numa arena perigosa, por não possuir apoio yankee num cenário unimultipolar. E justamente por ser uni, pela inigualável diferença de poder (político, econômico e militar) entre os Estados Unidos e os outros atores internacionais, e multipolar, por representar esse cenário uma realidade internacional que embora tenha uma única superpotência, ainda depende de redes de apoio para a “corroboração” de suas decisões ou

1

MOREIRA, Adriano; BUGALLO, Alejandro; ALBUQUERQUE, Celso (Coords.) Legado Político do Ocidente: o homem e o Estado. Rio de Janeiro: DIFEL, 1978. p. 212-213.

(3)

mesmo para a distribuição de poder, entendida, claro, enquanto uma distribuição não eqüitativa, mas sim ancorada para a reordenação e construção de parcerias para a manutenção de status quo dos atores parceiros dos Estados Unidos.

Todavia, na emergência desse cenário, atores estatais foram dimensionados claramente como inimigos, salutarmente exemplificados pelo “Eixo do Mal”, constituído por Coréia do Norte, Iraque e Irã. Na política externa da Administração Bush, retoma-se pressupostos de “intervenção benigna” do período Reagan, também caracterizado por um discurso pautado num maniqueísmo da Guerra Fria. Desta forma, o Irã insere-se como um ator antagonista, pautado em referenciais opostos de interesses, divergentes no uso projetivo de seus interesses de poder, enquanto um Estado-paria na sociedade internacional.

Em virtude de um cenário como este, o tema da segurança internacional revigorou-se e inseriu-se como alta prioridade na agenda internacional após os ataques terroristas aos Estados Unidos em 11 de Setembro de 2001 e a democracia, como projetada pela Administração Bush, foi um recurso de poder indispensável na projeção de sua política externa, em especial para o Oriente Médio, local de origem da Al-Qaeda, orquestradora dos atentados em solo norte americano.

Objetivou-se, portanto, no paper, discutir o modelo de “Doutrina” condutora da política externa americana pós 11 de Setembro e suas conseqüentes relações com a projeção da democracia em países não alinhados a Washintong, em especial o Iraque antes da Guerra e Ocupação em 2003, gerando essa projeção ou “exportação democrática” uma incerteza no alcance dos próprios interesses dos Estados Unidos neste processo. Por fim, a análise do cenário internacional pós 11 de Setembro no âmbito relacional de segurança internacional, no qual a transição democrática é encarada como instrumento essencial para a manutenção e mesmo projeção de poder hegemônico norte americano.

Assim, a proposta do paper se manifesta no desejo de analisar, para um melhor entendimento do presente cenário internacional, o âmbito discursivo no qual democracia e religião são apropriadas como instrumentos válidos de poder para legitimar o que Estados Unidos e Irã representam respectivamente, instaurando uma miopia acrítica na observância das ações políticas um do outro, gerando uma retórica cada vez mais ferina e cáustica nas relações entre os mesmos e no que ambos projetam no cenário internacional.

1. POLÍTICAS EXTERNAS DO BEM CONTRA O MAL: A RETÓRICA DE CONFLITO PÓS 11 DE SETEMBRO

(4)

Na Era Bush filho, um aspecto da Política Externa dos Estados Unidos em sua Administração tornou-se amplamente apreendido nas diversas mídias o em artigos de analistas políticos: a guerra de prevenção. Convencionada como Doutrina Bush, essa guerra de prevenção é visualizada como uma guerra cirúrgica, necessária para manter e até aumentar a segurança interna e externa dos Estados Unidos.

Embora já elaborada em suas diretrizes maiores desde o Governo de Bush pai, somente na posse de George W. Bush se fez valer. Os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 foram a prerrogativa necessária para a efetivação dessa Doutrina e as guerras e ocupações de Afeganistão e Iraque desdobraram-se como conseqüências da aplicação dessa diretriz governamental estadunidense. Como única superpotência em um mundo globalizado, os Estados Unidos, na Era Bush filho, não poupa, para a execução de sua Doutrina, instituições internacionais como a Organização das Nações Unidas, se a mesma não aprova ou restringe suas diretrizes de política externa, como no caso da guerra e ocupação do Iraque.

No cenário pós 11/9 os Estados Unidos guiaram seu discurso pela salvaguarda de um “mundo livre”, discurso esse que prezava a dicotomia entre “bem e mal”, 2 no exercício de visualizar um mundo ao qual a guerra que iria começar a travar não mais se enquadrava na tradicional guerra territorial, mas sim numa guerra cuja territorialidade é múltipla, diversa da soberania westifaliana.

E no maniqueísmo pobre que se seguiu ao 11/9, a democracia foi um recurso discursivo de poder promulgado pela Administração Bush. Nas palavras de Condoleeza Rice, Secretária de Estado da Administração Bush: “Desde o dia 11 de Setembro, todas as grandes potências mundiais se vêem do mesmo lado da grande linha divisória entre as forças do caos e a da ordem3.” [itálico nosso]

Ordem e Caos são trazidos à baila num cenário instável, dimensionados dentro da moral pós-11/9, configuradas para legitimar a ação da Ordem representada pelos Estados Unidos e aliados contra o Caos representado pelos terroristas islâmicos e Estados totalitários, dentro de uma aparente relação de extremos no qual a moral é essencial para não se visualizar de maneira míope o cenário internacional existente.

É nessa dicotomia Bem/Ordem e Mal/Caos que se legitima a autoridade moral, embora encarar a moral na política internacional seja ambivalente em excesso para não dizer perigosa, instável e inexistente, nas ações preventivas estadunidenses e por ela e, claro, pela segurança,

2

BARBOSA, Rubens Antônio. Os Estados Unidos pós 11 de setembro de 2001: implicações para a ordem mundial e para o Brasil, Revista Brasileira de Política Internacional. Ano 45 no

01, 2002, p. 76.

3

(5)

que se concebe uma nova soberania dos Estados. Não há Estado soberano se o mesmo protege terroristas. Eis o limite da soberania nesta nova configuração política mundial. A correlação soberania igual a território esvai-se conforme se aprofunda os discursos e as ações unilaterais policiais estadunidenses, salvaguardadas na legitimidade da nova “nova ordem mundial”.

Nos seus discursos imediatos após os ataques em 11/9, George W. Bush determinou/conceituou um “Eixo do Mal”, constituído por Iraque, Coréia do Norte e Irã, países não considerados democráticos e mesmo propensos ao terrorismo de Estado. “A guerra que nos espera é uma luta monumental entre o Bem e o Mal. [...] Deus está conosco. [...] Deus abençoe a América”. 4 Parece ser difícil desprender-se, numa análise política deste cenário, do maniqueísmo político-religioso.

Essa correlação entre política e religião na projeção do pensamento político de George W. Bush é analisada abaixo:

Bush ganhou na opinião pública internacional, o rótulo de presidente maniqueísta e simplista com sua imagem do mundo como uma luta cósmica entre forças do Bem e do Mal. A religiosidade de Bush, de fato, aproxima-se do fundamentalismo protestante, o que, junto à sua tendência a enxergar o mundo dilacerado entre luz e escuridão absolutas, retórica moralizadora de cunho cristão. (DEMANT, op. cit. p. 31)

As implicações discursivas e ativas circunstanciam-se no pressuposto de conflito cósmico e por isso, o último país citado como pertencente ao “Eixo do Mal”, a República Islâmica do Irã, torna-se peça indispensável em uma análise circunstancial como a preterida no paper que relacione política externa no âmbito da segurança internacional com a politização religiosa existente no plano discursivo dos dois atores analisados: EUA e Irã.

O Estado iraniano é um Estado “pária” na sociedade internacional, continuamente pária desde a Revolução Islâmica em 1979, perspectiva esta salientada ainda mais após a última eleição presidencial, no qual se fez eleger Mahmoud Ahmadinejad, filho político da Revolução Islâmica, cujos posicionamentos políticos fogem a um perfil moderado e se aproximam de um perfil demagógico e reacionário, tanto política quanto religiosamente, o

4

Trecho do discurso do Presidente George W. Bush à época do início da campanha da Guerra contra o Terror que se alastra por todo o período de seu primeiro e segundo mandato. Para conferir acessar The National Security

Strategy of the United States, 2002. Disponível em www.whitehouse.gov/nsc/nss.pdf. último acesso em 22 de Agosto de 2006.

(6)

que na política doméstica iraniana (e provavelmente também na política externa) sejam pouco dissociadas.

Desafeto norte americano desde a revolução que varreu seu país em 1978-1979, derrubando a monarquia linha dura do Xá Rheza Pahlevi pró-Estados Unidos e instaurando um regime teocrático com nuanças democráticas em seu lugar, o Irã construiu um regime de certa forma isolado na comunidade internacional. Sofrendo sanções norte americanas, o país buscou costurar alianças políticas e comerciais que lhe possibilitasse inserir-se no mundo globalizado de forma tênue.

Buscou condicionar seu “às na manga”, ver o petróleo, como arma não apenas econômica, mas também política. Membro fundador da OPEP, o Irã tem peso político nas negociações internacionais sobre a produção/exportação/cotação do petróleo, amargo aspecto que tão depende a economia estadunidense e fazendo valer esse peso, usufrui parcerias na área energética que vão além da produção do petróleo. É neste ponto que se atinge o momento delicado que está imersa a política internacional atual.

Em Abril de 2006, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que o Irã tinha desenvolvido a capacidade de enriquecimento de urânio, o primeiro passo para a produção de armas nucleares. Embora paute seu discurso no uso benigno da energia nuclear, os países ocidentais e, principalmente os Estados Unidos, reiteram que o Irã usará dessa tecnologia para fabricação de armas de destruição em massa. "Há um regime que desafia a comunidade internacional (...) Este é um regime que, com suas declarações, ameaças e ações, segue se isolando do resto do mundo", disse à imprensa o ex-porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.5

Pressionado pela ONU, por meio de sua Agência Internacional de Energia Atômica, o Irã, assinante do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), se vê às voltas com a pressão internacional pelo abandono de seu programa de enriquecimento de urânio. Todavia, as autoridades iranianas se mostram avessas ao abandono de seu programa de energia nuclear. Animados com a possibilidade, agora não mais distante, de se incluir no seleto clube de países com armas atômicas, o retrocesso da sua política nucelar distanciasse cada vez mais de um “abrandamento” de objetivos de poder no Oriente Médio, principalmente para com Israel.

As implicações da independência do Irã no âmbito de produção de energia nuclear afetam a segurança internacional não apenas da região médio oriental, um verdadeiro barril de pólvora, mas do mundo. É isto que afirmam as autoridades estadunidenses. Assim, a

5

Depoimento extraído da Folha On Line 26/04/2006 - 20h30Estados Unidos insistem em adoção de sanções contra o Irã.

(7)

Administração Bush busca solucionar, desta vez, aparentemente, junto à comunidade internacional, o “problema nuclear iraniano” por meio da diplomacia, mas não descarta a intervenção militar. Inicia-se um confronto de discursos por meio das autoridades iranianas e yankees.

2. UMA NOVA PRIORIDADE NA AGENDA INTERNACIONAL PÓS 11 DE SETEMBRO: A INSERÇÃO DA DEMOCRACIA COMO RECURSO DE SEGURANÇA PARA OS ESTADOS UNIDOS

Não foram apenas as torres gêmeas do World Trade Center que desabaram na manhã de 11 de Setembro de 2001 em Nova York, Estados Unidos. Mas também “desabou” a compreensão que existia, ou ao menos aparentava existir de que com o fim da Guerra Fria e a extinção da União Soviética, o liberalismo, tanto político quanto econômico, se faria valer no mundo sem um antagonista, adversário por excelência, papel desempenhado outrora pelo socialismo real, representado pela União Soviética.

Essa percepção vencedora, dada a um fim, perdeu seu norte em Setembro de 2001, quando um evento digno da cinematografia hollywoodiana, apresentou ao mundo, até mesmo a esses círculos acadêmicos, que o liberalismo, na suas faces de abertura de mercado e democratização, encontrou uma barreira, um entreposto às projeções de interesses do Ocidente, e em especial dos Estados Unidos, entreposto esse radicado na cultura política não-Ocidental, especialmente islâmica, mas não necessariamente só a muçulmana. Diferença essa muitas das vezes imperceptível para quem observa nossa cultura política aparentemente tão afastada da cultura religiosa.

Entretanto, é indubitavelmente salutar ressaltar que o islamismo, variável ideológica do Islã, não fornece nos seus matizes um contraposto ao liberalismo político e econômico, existe a busca apenas de um modelo arquetípico oriundo do passado histórico islâmico necessário para restaurar uma sociedade justa, fundamentada nos valores do Profeta, ou seja, diferentemente da variável comparativa do período de Guerra Fria, hoje não existem ideologias e programas econômicos muitas das vezes ditando comportamentos e projeções dos atores internacionais.

Assim, o “choque de civilizações” seria no máximo uma disfunção de percepção, característica do olhar lançado sobre o outro, alteridade maximizada na política internacional nos modelos de segurança internacional, idealizados, algumas vezes especialmente, por meio de uma seleção maniqueísta, verdade seja dita, modelo maior hoje existente procedente da

(8)

Doutrina Bush, embora essa Doutrina não seja caracterizada pela aceitação de um “choque”, muito ao contrário, mas é preconizada pela crença no liberalismo democrático.

Na disfunção de percepção há o mal e o bem, tão separados como o joio e o trigo, já que tratamos de uma linguagem religiosa, e, dicotomizados dessa maneira, rotulados entre amigos e inimigos, dependendo do que se queira dizer ou até mesmo não fazer. Neste ponto é importante acrescentar a democracia. Visualiza-se na política externa Bush que ela, a democracia, é a chave para abrir países que possuem ditadores avessos aos interesses americanos, abertura essa tanto para os interesses políticos quanto econômicos (embora seja difícil separa-los) dos Estados Unidos.

Entretanto, esclarecer e buscar referência sobre a conceituação clássica sobre o Sistema Internacional e, consequentemente, da segurança dos atores internacionais é primordial para uma melhor percepção da (re) configuração das relações de poder hoje denotadas.

Se tomarmos a clássica referência realista sobre a atuação/interação dos Estados na realidade internacional, uma passagem clássica de Raymond Aron auxiliará no entendimento do quadro analisado:

Orgulhosas de sua independência e ciosas de sua capacidade de tomar sozinhas as grandes decisões, as unidades são rivais porque são autônomas [...] Qual é, portanto, o primeiro objetivo que podem ter, logicamente, essas unidades políticas? A resposta nos é dada por Hobbes, na sua análise do estado natural. Toda unidade política quer sobreviver. Governantes e súditos desejam manter sua coletividade por todos os séculos, de qualquer modo. (ARON, 1999: 129)

A segurança internacional passa, desta forma, a ser item de prioridade primeira na agenda internacional, especialmente da Administração Bush. Inimigos são facilmente elencados, para bem ou para mal dependendo de que lado esteja, e a assimetria internacional é ainda mais acentuada. Em um momento histórico de “superpotência solitária”, restava aos Estados Unidos a obrigatória resposta ao mundo, não apenas aquela referente aos ataques exemplarmente tipificada no Afeganistão talibã, mas uma resposta a sociedade internacional que solucionasse a dúvida, ainda que perene: superpotência sim, mas solitária?

De certa forma a resposta foi ambígua. Embora o desdobramento da Guerra ao Terror tenha culminado na guerra, invasão e ocupação do Iraque e, a priori, na “desmoralização” do

(9)

Conselho de Segurança das Nações Unidas, a “superpotência solitária” reconheceu, por meio de seus interlocutores, que embora pudesse agir sozinha no mundo, sua “cruzada” pela “liberdade” e “justiça infinita” não seria bem sucedida se não encontrasse também interlocutores, em todos os hemisférios, para o estabelecimento de um diálogo, ou ao menos um monólogo produtivo, e encampasse, por conseguinte, as diretrizes para um mundo mais seguro para essa “superpotência solitária”. Desta forma, entra a democracia no âmbito da segurança. Seria ela o meio considerado mais válido e seguro para a interlocução apropriada com Washintong, ainda que essa mesma salvaguarda incorresse em perigo para os interesses estadunidenses, até mesmo pelos pressupostos essenciais de um regime democrático. Risco aparentemente levado a sério pela Administração Bush.

O 11 de Setembro revelou processos já em curso. É claro que os ataques em sim não vieram trazendo no rastro de destruição que orquestraram um grande outdoor afirmando que um novo marco se inaugurava nas relações internacionais contemporâneas. Muito longe disso, é claro. Mas ler essas circunstâncias, já históricas, à luz dos processos internos da política estadunidense pode clarear um pouco e até mesmo facilitar o entendimento dos mecanismos e recursos de poder da política externa Bush na sua projeção hegemônica, mas ainda assim unimultipolar.

3. RETÓRICAS DE CONFRONTO NUM CENÁRIO PRIORITÁRIO DE SEGURANÇA: A DEMOCRACIA E A RELIGIÃO COMO RETÓRICAS DE PODER DE EUA E IRÃ NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONTEMPORÂNEAS

Nesta retórica de confronto, a democracia participa ativamente dos palavrórios de ambos os lados. Tanto a favor como de certa forma contra os respectivos envolvidos. A democracia é usada como extensão do Bem, numa hipotética guerra de valores entre o “Ocidente e o Oriente”. Ainda que nessa mesma circunstância a própria democracia seja apropriada por um país pertencente a esse Oriente e condicionada a suas própria singularidade, como é o exemplo do Irã. Usada para legitimar seus governos e suas ações políticas, os atores políticos envolvidos apontam falhas no adversário para melhor projetar a própria imagem política, tanto no discurso quanto na ação.

(10)

O presidente Mahmoud Ahmadinejad teria declarado: "não fizemos esta revolução para implantar a democracia”6. Pode aparecer estranho para um presidente eleito, em junho de 2005, dizer uma frase impactante como esta após ser eleito, mas num discurso é preciso apreender o que se desvela lentamente. A que democracia o presidente iraniano se referia? A moderna, reproduzida na maior parte do hemisfério ocidental, possivelmente. E o que existe no Irã é uma democracia? Indubitavelmente não, se usada a referência moderna ocidental. É importante observar e analisar esse aspecto político iraniano doméstico para melhor entender a sua projeção no cenário internacional zelado pela correlação segurança internacional-democracia. E por isso, ao estabelecer a relação segurança internacional – democracia, torna-se imprescídivel orientar essa reflexão por atenuantes teóricos oriundos da teoria democrática. Seria interessante buscar em um clássico contemporâneo da Ciência Política um apoio para a discussão proposta no paper, ainda mais quando o mesmo procura analisar o discurso de uma democracia ideal inserido no contexto projetivo da política externa norte americana, especialmente, e da inserção do Irã, enquanto teocracia semidemocrática e Estado antagonista aos Estados Unidos.

Em Poliarquia, Robert Dahl prefere o termo poliarquia à democracia. O motivo desta distinção faculta-se devido às democracias existentes serem meras aproximações do ideal democrático. Para Dahl a existência de “democracias” dever-se-ia quando aplicar, essencialmente, a um sistema político que fosse responsivo aos seus cidadãos. 7 Mas o próprio autor reconhece como a própria elucidação teórica é hipotética, o que, contudo, mesmo que hipotética, só auxilia no seu não reconhecimento de regimes democráticos existentes.

Dois elementos seriam essenciais para o reconhecimento de um regime poliárquico: participação e oposição pública. Sem as mesmas, princípios como liberdade de expressão, contestação pública ou igualdade política seriam meras construções semânticas na ação política. Percorrendo o raciocínio exposto de Dahl, a própria concepção de uma democracia de grau único, separada dicotomicamente de regimes hegemônicos,8 incorre em um maniqueísmo primário, alheio à produção intelectual do autor.

Longe de se enquadrar num quadro teórico como o de Robert Dahl para ilustrar regimes poliárquicos, no Irã não é possível encontrar liberdade para formar e aderir a organizações, a

6

Extraído de www.folhaonline.com.br 19/09/2006 - 12h01 Análise: Bush e Ahmadinejad fazem "duelo" no "faroeste diplomático" da ONU

7

DAHL, 2005, 26.

8

Outra diferenciação outorgada por Robert Dahl em sua produção científica. O autor prefere o termo hegemônico à totalitário, monocrático ou despótico, por perceber graus também diferenciados nos regimes hegemônicos, assim como em regimes denominados poliárquicos.

(11)

liberdade de expressão ou fontes alternativas de informação para a população. Mas mesmo que não possa ser visualizada como uma verdadeira democracia, no plano do discurso a democracia é utilizada como elemento de uma retórica tanto de defesa de legitimidade do Estado quanto mesmo de ataque a inimigos. E neste cenário instável pós 11 de Setembro, essa retórica democrática torna-se uma retórica voltada cada vez mais ao âmbito da Segurança.

Usada como ferramenta discursiva para apoiar sua política externa, a Administração Bush promete usar a democracia como instrumento de libertação de povos e, num paralelo possível, como recurso de salvação, elemento tão caro ao fundamentalismo protestante ao qual parte do corpo político do governo estadunidense é profuso. Contudo, aos olhos do governo de Teerã, não há legitimidade no governo Bush filho. Nem sua primeira eleição foi vitoriosa, apenas manobrada pela Suprema Corte dos Estados Unidos para legitimar a posse, um verdadeiro golpe de estado, segundo as autoridades iranianas.

Após os ataques aos EUA ocorridos em 11 de Setembro de 2001 e seus lamentáveis desdobramentos como as guerras e invasões ao Afeganistão (2001) e Iraque (2003) e os ataques terroristas à Madrid, em 11 de Março de 2004 e a Londres, em 18 de Julho de 2005, tornou-se paradigma discursivo e, de certa maneira prático, das potências ocidentais a democratização imediata de regimes islâmicos não-aliados aos ocidentais. Talvez soando a circunstância como uma retomada dos princípios wilsonianos no presente cenário de instabilidade internacional.

A democracia seria a única manifestação regimental de Estados soberanos a ser reconhecida pelas potências ocidentais, ou seja, a própria idéia de Soberania westifaliana é descartada nesse novo discurso cujo objetivo é a segurança dos próprios Estados ocidentais. É claro que esse cerceamento ingerente é determinado pela configuração geoestratégica de interesses da única superpotência mundial existente: os EUA.

Dentro de um pressuposto no qual somente democracias liberais poderiam conviver pacificamente, as intervenções unilaterais de EUA e aliados pós-11/9 passaram a se respaldar numa legitimidade pressionante aos países não-alinhados, principalmente aqueles que mantinham regimes autoritários não-aliados. Na Guerra ao Terror promovida pela Administração Bush, uma idéia tornou-se clara e exata na nova política externa de preservação estadunidense e aliada: regimes autoritários são, a priori, potenciais inimigos dos Estados livres.

Um pressuposto da teoria liberal cosmopolita. O pressuposto discursivo de que apenas uma ordem liberal democrática seja o único meio, além de o mais legítimo, de se preservar a ordem pacífica na sociedade internacional é um dos pensamentos correntes na teoria liberal

(12)

das Relações Internacionais. Essa mesma fundamentação concatena à idéia de ordem liberal democrática um outro pressuposto: a soberania dos Estados não deve ser obstáculo para a promoção da democratização, mesmo que esse processo de democratização incorra na necessidade de intervenção exterior.

“Novas” configurações políticas porque a aplicabilidade de uma segurança preventiva apregoada pela Administração Bush, por exemplo, não é novidade, é um ardil já preconizado por governos anteriores como na Era Reagan, outro presidente estadunidense de mote republicano.

Países que abrigam terroristas perdem “automaticamente” sua soberania na nova ordem pós 11/9. Desta forma, no discurso de preservação do “Mundo Livre”, a soberania é limitada. Não basta haver a construção clássica de Poder, Território, Povo e Soberania na dimensão política doméstica e mesmo na política internacional. Não há hoje um limite claramente visível para a efetivação do mecanismo de autoregulamentação do Estado frente a seu território e seu povo e, mais ainda, para com a interferência de um outro Estado nos seus assuntos internos. A soberania é limitada pela ingerência externa e dentro desse cenário o âmbito de segurança preventiva combate o pressuposto de uma soberania clássica, oriunda do Pacto de Westfália.

Essa fundamentação é constituinte dos valores liberais que devem ser exportados para países com tradições não-liberais para a salvaguarda dos próprios Estados liberais, pois Estados que não possuem os valores tanto morais quanto políticos liberais são mais propensos a causar instabilidade na ordem internacional.

A lógica, portanto, do pensamento liberal, acentuando-se que de origem liberal cosmopolita, é também, semelhante ao Realismo, o de preservação. Mas as semelhanças vão ficando por aí. No Realismo, não existirá uma Paz duradoura, nem por meio de organizações internacionais e muito menos pelo Direito Internacional, diferentemente dos pressupostos liberais. Retornando ao pressuposto liberal cosmopolita, se necessário for, para a preservação dos Estados liberais, recorrer a exportação democrática por meios coercitivos, a validade ainda assim é existente para a preservação dos mesmos.

Ainda dentro desse pressuposto liberal cosmopolita, a intervenção de Estados liberais democráticos na reforma de regimes domésticos cuja existência e manutenção no poder são instabilizadores internacionais geraria a pacificidade na ordem internacional, a democratização fortaleceria muito mais a ordem internacional do que necessariamente enfraquecê-la-ia, mesmo que para a efetivação da pacificação, houvesse inferido uma intervenção em um Estado soberano. Regimes democráticos possuiriam em seus pressupostos

(13)

uma tendência ao repúdio de conflitos e aproximar-se-iam, também, da aposta no diálogo como recurso para a resolução de conflitos, o que não seria necessariamente condizente com regimes autoritários.

A convergência de religião, especificamente o Islã xiita duodécimo, e a política, especialmente a democracia, resultou, após a Revolução Iraniana, num Estado teocrático com prerrogativas democráticas. Concebido sob uma leitura islâmica do Estado ocidental e de seu modelo democrático, a República Islâmica do Irã é a manifestação dessa modernidade incompleta tanto nas esferas políticas quanto sociais. Ou então, a leitura independente dos pressupostos ocidentais aplicados na conjuntura específica iraniana. O revés dessa última leitura é que teodemocracias não contemplam, por exemplo, pressupostos básicos de regimes democráticos como a liberdade de imprensa ou a livre associação de pessoas para fins políticos.

Ocorrem duas possibilidades de inserção democrática a serem modeladas, a priori, no Oriente Médio: a primeira seria por meio de intervenção e teria por objetivo construir a democracia na região por meio de um “Estado-satélite” democrático pró-ocidental que contagiaria os países ao seu redor, enquanto a segunda se enquadraria no contágio democrático também, contudo, a partir de um Estado teocrático com prerrogativas democráticas contra-ocidental que inflacionaria na região regimes semelhantes.

O receio da exportação democrática, principalmente de cunho intervencionista, para países com tradição não-democrática é a infertilidade do solo que essa democracia poderá encontrar para fincar suas raízes. Entretanto, para a construção de democracias no Oriente Médio essa característica deve ser levada completamente em consideração? Se sim, a exportação de democracia por parte das potências ocidentais será nula na obtenção de seus objetivos. Se não, a necessidade de reflexão de novos parâmetros compreensivos da relação convergente entre Democracia e Islã é imprescindível para o devido entendimento da realidade internacional que se desvela em nosso presente.

A condicionalidade democrática no Oriente Médio requer alguns atenuantes para sua existência: a transmissão democrática como instrumento de políticas externas de países não pertencentes ao Oriente Médio pode gerar instabilidade na ordem internacional e por isso deve ser devidamente medida por parte dos Estados envolvidos; inferência clara e necessária do respeito à Soberania de cada Estado médio-oriental por parte de atores externos, em principal, as potências ocidentais; ingerência na construção de modelos de democracia que

(14)

respeitem as características específicas de cada Estado-nação para uma bem-sucedida e sustentável democracia.

E assim constrói-se continuamente uma retórica de confronto entre Estados Unidos e Irã. Dualidade ferina no plano do discurso, exercida plenamente tanto por Irã quanto pelos Estados Unidos, agentes autoproclamados de uma ordem justa, livre e benfazeja. Longe de afastar o aspecto moral do plano político internacional, os dois atores estatais trazem com mais profundidade a implicação dicotômica entre bem e mal para a sociedade internacional. Dentro desse quadro, aliados e inimigos são reconhecidos e imediatamente recolhidos ao seio de suas respectivas “alianças políticas”, mesmo que as mesmas possam se limitar a ser contra ou a favor de discursos e ações dos respectivos atores aliados.

Do discurso dualista há espaços de resposta que são preenchidos por ações que procuram escapar deste engessamento no seio de uma suposta opinião pública mundial. Arranha-se aí, ou ao menos se inicia, o liberalismo e a democracia como pressupostos sagrados para um hipotético interesse de aplicação dos mesmos nos outros hemisférios extra-ocidentais.

Essa postura cobra, a posteriori, um campo claramente posicionável, em principal quando se trata de ser a favor de uma ordem liberal e democrática ou não. Até mesmo esse “não” é identificado, pelos Estados Unidos, como o pressuposto de regimes tirânicos e, portanto, potenciais perigos para a segurança internacional.

Contudo, algumas indefinições acerca da própria democracia e de sua aplicabilidade à total sociedade internacional poderiam impedir a incorporação de seus valores a Estados não-democráticos: os tipos de democracia a serem possivelmente manifestados e uma possível operacionalidade democrática restringida na ingerência do próprio Estado por parte de outros atores estatais. Neste ponto as questões relativas ao âmbito da segurança internacional são pouco dissociáveis da inserção da democracia em regiões de tensão, como o Oriente Médio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de democratização no Oriente Médio pode não encontrar raízes fortes o suficiente em países que não houvesse condicionalidade democrática, especificamente por suas próprias dimensões históricas e culturais. Residiria nesse entreposto a falha na proposta liberal cosmopolita: não abrir espaço suficiente em sua análise para as dimensões histórico-culturais de cada país.

Por não abrir esse espaço, é possível visualizar certo antagonismo entre a teoria liberal e a inserção, para um melhor entendimento, do multiculturalismo como mecanismo de

(15)

compreensão das relações entre a democracia e as forças sócio-culturais específicas de países com tradição não-liberal e democrática.

Assim, a democratização desses Estados autoritários seria a “única” maneira de impedir que regimes autoritários permitissem o fomento de grupos terroristas no seu próprio solo ou mesmo os alimentasse de forma indireta, por exemplo, por meio de repasses de percentuais valorosos oriundos dos petrodólares.

O Oriente Médio é encarado na ordem internacional como um “barril de pólvora” pronto a explodir. As tradições democráticas ocidentais herdeiras dos pressupostos iluministas não possuem raízes em países de tradição islâmica. Até mesmo a configuração de Estado-nação é estranha ao mundo muçulmano, conceito oriundo do Pacto de Westfália, sendo a cultura muçulmana muito mais próxima de uma imagem de comunidade de fiéis supranacional do que nacional.

Um dos fatores que alimentaram e ainda alimentam a instabilidade no mundo muçulmano, e especialmente o Oriente Médio, é a incompleta modernização tanto institucional quanto social promovida por líderes muçulmanos moderados na primeira metade do século XX. Essa incompleta modernização (no contexto atual de uma globalização não apenas financeira, mas também cultural) é auxiliadora na promoção de um descompasso de existência de valores de um lado modernos e democráticos e, do outro, aparentemente retrógrados e antidemocráticos.

Assim a democratização por contágio, percebida por atores externos ao Oriente Médio como único meio de se alcançar uma ordem internacional estável é inviável se não encarada a partir das nuanças culturais existentes na região. As relações internacionais pautadas na questão da segurança e preservação devem ser geridas a partir de uma clara e concisa relação entre política doméstica e política externa, havendo essa necessidade por se considerar que na região não há distinção devidamente clara entre as conseqüências políticas internas de decisões externas ou vice e versa. Portanto, havendo uma democratização por contágio, ocorre a possibilidade de o Irã ser uma referência aproximada na construção de uma democracia com fundo islâmico, o que contraria os interesses ocidentais na região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALI, Tariq. (2002) Confronto de Fundamentalismos. Rio de Janeiro, Record.

AMORIM

, Paulo J. “

A Revisão da Política Externa Norte Americana no Pós 11 de Setembro de 2001: O Século Americano”. Disponível pelo CIARI – Centro de Investigação e

(16)

Análise em Relações Internacionais em www.ciari.org Último acesso em: 07 de Agosto de 2006.

ARMSTRONG, Karen. (2001) Em nome de Deus – O fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo. São Paulo: Companhia das Letras.

BARBOSA, Rubens Antônio. (2002) Os Estados Unidos pós 11 de setembro de 2001: implicações para a ordem mundial e para o Brasil, Revista Brasileira de Política Internacional. Ano 45 no 01, p. 76.

CASTELLS, Manuel. (1999) O poder da identidade: a era da informação: economia, sociedade e cultura; v.2. São Paulo: Paz e Terra.

DAHL, Robert. (2005) Poliarquia. São Paulo, Edusp, 2005.

DEMANT, Peter. (2004) O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto.

________. (2004b) Desafios Islamistas e Respostas Ocidentais: o Debate sobre o Islã e o Oriente Médio nos EUA desde o 11 de setembro de 2001. VII Congresso Nacional da Associação Latino-Americana de Estudos Afro-Asiáticos do Brasil (ALADAAB): Brasil, África, Ásia: Dimensões de uma nova aproximação, 24-26 de novembro, Universidade de Brasília.

________. (2005) Exportação da democracia: hegemonia do modelo neoconservador na política estadunidense para o Oriente Médio? Cena Internacional. Revista de Análise em Política Internacional Ano 7. Número 2.

DUROSELLE, Jean-Baptiste. (2000) Todo império perecerá. Brasília: Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado.

ELLSWORTH, Robert. “American National Security in the Early 21st Century”. In: STUART, Douglas T. (Org). U.S. National Security: Beyond the Cold War (A Four Part Series), The Clarke Center at Dickinson College, CIAO. Disponível em:

www.ciaonet.org/pub Acesso em: 07 de Agosto de 2006.

FONSECA Jr., Gelson. (1998) A legitimidade e outras questões internacionais. Poder e ética entre as nações. São Paulo: Paz e Terra.

HOBSBAWN, Eric. (1995) Era dos extremos: o breve século XX: 1914 - 1991. São Paulo: Companhia das Letras.

HOURANI, Albert. (1994) Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras. HUNTINGTON, Samuel P. (2000) O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Objetiva.

(17)

KINZER, Stephen. (2004) Todos os homens do Xá: o golpe norte-americano no Irã e as raízes do terror no Oriente Médio. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

PECEQUILO, Cristina S. (2003), A política externa dos EUA: continuidade ou mudança? Porto Alegre: Ed. UFRGS.

RICE, Condoleeza. (2002/2003), “Consciência de vulnerabilidade inspirou doutrina”, Política Externa, v.11, p.62-69.

SANTOS, Lyndon de A e PEREIRA, Mabel Salgado (org) (2004). Religião e violência em tempo de globalização. São Paulo: Paulinas.

MOREIRA, Adriano; BUGALLO, Alejandro; ALBUQUERQUE, Celso (Coords.) (1978) Legado Político do Ocidente: o homem e o Estado. Rio de Janeiro: DIFEL, p. 212-213.

VIDIGAL, Carlos E. (2006) “A Nova Ordem Mundial” in OLIVEIRA, Henrique A. e LESSA, Antonio C. (orgs), Política Internacional Contemporânea: mundo em transformação. São Paulo, Saraiva.

The National Security Strategy of the United States, 2002. Disponível em

Referências

Documentos relacionados

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

São eles, Alexandrino Garcia (futuro empreendedor do Grupo Algar – nome dado em sua homenagem) com sete anos, Palmira com cinco anos, Georgina com três e José Maria com três meses.

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

A Escala de Práticas Docentes para a Criatividade na Educação Superior foi originalmente construído por Alencar e Fleith (2004a), em três versões: uma a ser

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..