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Geoprocessamento Cap 2

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Academic year: 2021

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7 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

2.1. Definições

O que são Sistemas de Informações Geográficas (SIG)?

O termo Sistemas de Informações Geográficas (SIG) é aplicado para sistemas que utilizam tratamentos de dados geográficos. Possui várias aplicações nas áreas de agricultura, floresta, cartografia, cadastro urbano, redes de concessionárias (água, energia e telefonia), dentre outras. Classicamente, existem pelo menos três grandes maneiras de se utilizar um SIG:

 Ferramenta para produção de mapas;

 Suporte para análise espacial de fenômenos; e

 Banco de dados geográficos para armazenamento e recuperação de informações espaciais.

SIG, segundo Burrough (1986), é um poderoso conjunto de ferramentas capazes de colecionar, armazenar, recuperar, transformar e exibir dados espaciais referenciados ao mundo real. Silva (1998) resumiu os requisitos necessários para que um sistema seja considerado como SIG, são eles:

 Necessita de um ambiente digital (uso imprescindível da informática);  Necessita de uma base de dados integrada (esses dados devem estar

georreferenciados e com possibilidade de controle de erros); e

 Um SIG deve ser capaz de realizar análises de dados variando desde álgebra cumulativa (ex: operações de soma, subtração, multiplicação e divisão) até álgebra não-cumulativa (ex: operações lógicas).

O SIG é um tipo especial de sistema de informações utilizados para manipular, sintetizar, pesquisar, editar e visualizar informações, geralmente armazenadas em bases de dados computacionais. O SIG utiliza informações especiais sobre o que está/ou ocorre na superfície da Terra. Na realidade é um Sistema especializado na modificação e análise de informação geográfica (geo-espacial).

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8 Sistema de Informações Geográficas

O aspecto fundamental dos dados tratados em SIG é a natureza dual da informação, ou seja, um dado geográfico possui uma localização geográfica, geralmente expressa em coordenadas em um mapa e atributos descritivos que podem ser representados em um banco de dados convencional. Vale ressaltar que os dados geográficos não existem sozinhos no espaço, assim para cada um desses dados geográficos existe pelo menos uma característica associada. Na tabela abaixo são representados alguns exemplos de processos de análise espacial típicos de um SIG.

Exemplos de análise espacial

Análise Pergunta Geral Exemplo

Condição O que está...? Qual a população deste município? Localização Onde está...? Quais as áreas com declividade superior a

30%?

Tendência O que mudou...? O solo era produtivo a 10 anos atrás? Roteamento Por onde ir...? Qual o melhor caminho para chegar ao

centro da cidade?

Padrões Qual o padrão...? Qual a distribuição das repúblicas no município de Bambuí?

Modelos O que acontece se...?

Qual o impacto no clima se desmatarmos a Amazônia?

Um dos primeiros exemplos que ilustra o poder explicativo da análise espacial foi o mapa do doutor Snow. Em 1854, a cidade de Londres estava sofrendo uma grave epidemia de cólera, que na época não se conhecia a

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9 forma de contaminação da doença. Já haviam ocorrido mais de 500 mortes, quando Snow teve a ideia de colocar no mapa da cidade a localização dos doentes de cólera e dos poços de água que eram a principal fonte de água dos habitantes da cidade. Snow percebeu, com a espacialização dos dados, que a maioria dos casos concentravam-se em torno da “Broad Street”. Assim, solicitou a lacração desse posso, o que contribuiu muito para minimizar a epidemia. Esse caso forneceu evidência para a hipótese, depois confirmada, que o cólera é transmitido pela ingestão de água contaminada.

Existem dois significados distintos para SIG, um deles se refere a uma aplicação real de SIG, incluindo equipamentos, dados, programas computacionais, recursos humanos e métodos necessários para resolver um problema. Um outro significado de SIG se refere a um tipo de programa computacional (software)vendido ou então disponibilizado por um desenvolvedor de programas computacionais.

2.2. Evolução Histórica

A construção e a utilização de mapas é a solução mais antiga, e até hoje mais comum, de trabalhar e resolver problemas de análise de informações espaciais. Embora a técnica de produção de mapas em papel esteja bastante dominada, visto que a Cartografia é uma ciência muito antiga, o processo de produção e utilização de mapas é muito oneroso, principalmente considerando-se os aspectos de levantamento de dados em campo, armazenamento e atualização (Ferreira, 2006).

As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com características espaciais aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos 50 do século XX, com o objetivo principal de reduzir os custos de produção e manutenção de mapas. Dada a precariedade da informática na época, e a especificidade das aplicações desenvolvidas (pesquisa em botânica, na Inglaterra, e estudos de volume de tráfego, nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não puderam ser classificados como “sistemas de informação”.

Os primeiros SIGs surgiram no Canadá, na década de 1960, como parte de um esforço governamental para criar um inventário de recursos naturais que foram projetados para a recuperação e o desenvolvimento de áreas agrícolas no país. Estes sistemas eram de difícil utilização, pois não existiam monitores

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10 gráficos de alta resolução. Os computadores eram excessivamente onerosos, com capacidade de armazenamento e velocidade de processamento muito baixas. A mão de obra tinha que ser altamente especializada e por isso onerosa. Não existiam sistemas comerciais prontos para uso, e cada interessado precisava desenvolver seus próprios programas/rotinas, o que demandava muito tempo e, naturalmente, muitos recursos financeiros.

Ao longo dos anos 70 do século XX, foram desenvolvidos novos e mais acessíveis recursos computacionais, tornando viável o desenvolvimento de sistemas comerciais. Surge então o termo Sistema de Informações Geográficas com avanços significativos nas áreas de processamento de imagens digitais e sensoriamento remoto. Nessa época foi lançado o primeiro satélite da série Landsat. Foi também nesta época que começaram a surgir os primeiros sistemas comerciais de desenhos assistidos por computador (CAD - Computer Aided Design) que melhoraram em muito as condições para a produção de desenhos e plantas para engenharia. No entanto, devido aos custos e ao fato destes sistemas ainda utilizarem exclusivamente computadores de grande porte, apenas grandes organizações tinham acesso à tecnologia.

No decorrer dos anos 80 do século XX, com a grande popularização e barateamento das estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos computadores pessoais, ocorreu uma grande difusão do uso de SIG. Nessa época surgem os primeiros SIGs comerciais, como por exemplo Arc/Info, SPANS e MGE (vetoriais) e GRASS (raster) de domínio público. Ocorre o lançamento do satélite francês da série SPOT e entra em operação o sistema de posicionamento global (GPS). No INPE, ocorre a evolução dos SIGs (SITIM, SGI e finalmente o SPRING).

No final da década de 80 e início da década de 90 do século XX, os Sistemas de Informações Geográficas eram orientados a pequenos projetos, considerando-se pequenas áreas geográficas com poucos detalhamentos, ainda eram precários os dispositivos de armazenamento, acesso e processamento de dados. Desta forma, realizava-se o mapeamento de uma pequena área, inseria-se este mapeamento em computadores, realizavam-se algumas análises e elaboravam-se mapas e relatórios impressos com as informações geográficas desejadas.

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11 Em meados da década de 90, com a popularização da Internet, e a consequente popularização das redes de computadores, os Sistemas de Informações Geográficas puderam ser orientados às empresas e/ou instituições. Nesta época também, os programas computacionais de SIG incorporaram as funções de processamento de imagens digitais. No final da década de 90 e início do século XXI, os Sistemas de Informações Geográficas começam a se tornarem corporativos e orientados à sociedade, com a utilização da Internet, de bancos de dados geográficos distribuídos e com os esforços realizados em relação a interoperabilidade dos sistemas.

2.3. Caracterização dos Sistemas de Informações Geográficas

Os SIGs se caracterizam por permitir ao usuário, a realização de operações complexas de análises sobre dados espaciais. Um sistema de informação geográfica pode manipular dados gráficos e não gráficos, permitindo a integração de informações para análise e consulta de informações geográficas. Atualmente o desenvolvimento de SIG é feito de forma integrada e seus dados podem ser armazenados em Sistemas Gerenciadores de Banco de Dados que possuem funções e comandos para manipulação dos dados espaciais.

Um SIG deve ser capaz de lidar eficientemente com grandes bases de dados espaciais heterogêneas, consultar as bases de dados acerca da existência, localização e características de uma grande variedade de objetos. Deve operar eficientemente, de modo que o usuário possa trabalhar interativamente tanto com as informações quanto com os modelos de análise necessários. Deve ainda, se ajustar facilmente a uma grande variedade de aplicações, bem como a diferentes perfis de usuários e gerar produtos facilmente interpretáveis para o usuário menos versado.

O verdadeiro poder dos SIG’s advêm do fato de que a localização das feições do mundo real está conectada a informações sobre essas feições, que estão armazenadas em um banco de dados relacional. Os planos de informação armazenados em um SIG nada mais são que modelos da realidade. Portanto, para o sucesso dos sistemas de informações geográficas, a organização é fundamental.

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12 Em um SIG, a informação geográfica é organizada em camadas ou níveis de informação (layers), consistindo cada uma num conjunto selecionado de objetos associados e respectivos atributos.

Planos de informação de um SIG

O SIG, segundo Lamparelliet al. (2001), integra diversos outros sistemas, tais como:

 Processamento de imagens digitais (PDI);  Desenhos assistidos por computador (CAD);  Geoprocessamento;

 Sensoriamento remoto;

 Análise estatística ou geoestatística.

Os sistemas que compõem um SIG podem ser divididos em:

 Sistemas de entrada de dados: PDI, sistemas de posicionamento global (GPS), planilhas eletrônicas e dados estatísticos;

 Sistemas de armazenamento de dados: banco de dados espaciais e banco de dados de atributos;

 Sistemas de análises de dados: sistema de análise geográfica (operações algébricas), sistema de análise estatística e sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD);

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13  Sistemas de saída de dados: sistema de exibição cartográfica (saída de

mapas para tela, impressora e arquivos digitais).

2.4. Aplicações dos SIGs

São várias as áreas onde são aplicados os sistemas de informações geográficas. Dentre elas podemos destacar:

 Cadastramento urbano: prestação de serviços, otimização de rotas (coleta de lixo, ônibus, redes de distribuição de água, de energia elétrica), localização ideal de hospitais, de corpos de bombeiros, de torres de telefonia, zoneamento escolar;

 Gerenciamento de recursos naturais: mapeamento de áreas de riscos, aptidão de uso do solo, delimitação de áreas de preservação permanente, identificação de eco regiões, delimitação de bacias hidrográficas, avaliação de impactos ambientais, modelos de dispersão (poluição, incêndios florestais), manejo de paisagens, exploração florestal;

 Monitoramento global: modelagem em macro escala apoiada por sensoriamento remoto;

 Cartografia: criação e disseminação de bases cartográficas digitais, atualização mais frequente e menos onerosa de mapas, uso de GPS, estação total e restituição digital para atualização, mudanças de projeção em tempo real, servidores de mapas para a internet;

 Agricultura de precisão: aumento da produtividade e redução dos impactos ambientais (otimização do uso de fertilizantes e de defensivos agrícolas).

Referências

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