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Avaliação da implantação de sistemas de gestão da qualidade em construtoras : estudo de caso do estado do Piauí

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ALEXANDRE VASCONCELOS TAJRA MENDES

AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA

QUALIDADE EM CONSTRUTORAS: ESTUDO DE CASO DO

ESTADO DO PIAUÍ

Campinas/SP 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

ALEXANDRE VASCONCELOS TAJRA MENDES

AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA

QUALIDADE EM CONSTRUTORAS: ESTUDO DE CASO DO

ESTADO DO PIAUÍ

Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de Edificações.

ORIENTADOR: PROF. DR. FLÁVIO AUGUSTO PICCHI

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO

ALEXANDRE VASCONCELOS TAJRA MENDES, E ORIENTADA PLO PROF. DR. FLAVIO AUGUSTO PICCHI.

________________________________________________ PROF. DR. FLÁVIO AUGUTO PICCHI

Campinas/SP 2006

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Rose Meire da Silva – CRB 8/5974

M522a

Mendes, Alexandre Vasconcelos Tajra, 1980-

Avaliação da implantação de sistemas de gestão da qualidade em construtoras: estudo de caso do estado do Piauí / Alexandre Vasconcelos Tajra Mendes. – Campinas, SP: [s.n.], 2006.

Orientador: Flavio Augusto Picchi

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.

1. Gestão da qualidade. 2. Construção civi. 3. Construção Civil - Avaliação. I. Picchi, Flavio Augusto, 1957-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em inglês: Evaluation of quality management system implementation in construction

industry: case study in the state of Piauí

Palavras-chave em inglês:

Quality Management Construction

Construction, Evaluation

Área de concentração: Arquitetura e Construção Titulação: Mestre em Engenharia Civil

Banca examinadora:

Flavio Augusto Picchi [Orientador] Francisco Ferreira Cardoso

Ariovaldo Denis Granja

Data da defesa: 18-12-2006

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RESUMO

MENDES, A. V. T. Avaliação da implantação de sistemas de gestão da qualidade em construtoras:

estudo de caso do estado do Piauí. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura

e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

Desde os anos 80 se observa no país uma tendência de aplicação de ferramentas de Gestão da Qualidade em diversos setores. Observa-se um forte movimento das construtoras – através dos programas estaduais – voltado à implantação e certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade como a NBR ISO 9001:2000, o QUALIHAB, o SiQ-C do PBQP-H (atual SiAC), entre outros. O objetivo deste trabalho é realizar uma avaliação dos efeitos da implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade nas empresas Construtoras, do Estado do Piauí, seus resultados e impactos na cadeia produtiva (fornecedores, sub-contratados, funcionários e clientes). A pesquisa adotou como método de pesquisa predominante o estudo de caso, sendo realizados estudos em dois momentos: quando da obtenção do nível B e após a obtenção do nível A pelas construtoras do grupo pioneiro constituído no Estado. Estes estudos de caso foram precedidos pelas etapas de: revisão bibliográfica, buscando identificar avaliações de implantações de sistemas da qualidade, particularmente na construção civil brasileira; questionário com representantes estaduais, visando obter informações sobre avaliações de programas em outros estados, e estabelecimento de critérios para a avaliação, estabelecendo questionários para entrevistas semi-estruturadas para coleta de informações. Com a aplicação do instrumento de pesquisa, pôde-se obter resultados referentes à caracterização do PBQP-H no Piauí que não difere dos demais estados brasileiros nas motivações e nas dificuldades encontradas, além das mudanças que a qualificação nível “A” do SiQ-C trouxe para as construtoras e para todos os envolvidos na cadeia produtiva, como funcionários, fornecedores, prestadores de serviço e clientes. Como principais conclusões quanto à avaliação no Estado do Piauí, pode-se destacar: a grande dependência da exigência da CAIXA e o isolamento do SINDUSCON, sem participação dos principais contratantes públicos; a percepção de resultados em organização e aumento da produtividade nas construtoras que atingiram o nível A, bem como por parte de fornecedores de materiais e serviços; o elevado grau de construtoras que desistiram da implantação, apontando como principais causas a não aprovação financeira pela Caixa, bem como elevados custos.

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ABSTRACT

MENDES, A. V. T. Evaluation of Quality Management System Implementation in Construction

Industry: Case Study in the State of Piauí. Dissertation (Masters Degree) – Faculty of Civil

Engineering, Architecture and Urban Design, State University of Campinas, Campinas, 2006.

Since the 80’s it is observed in the country a tendency to apply Quality Management tools in several areas. In the construction companies, it is noticed – through state programs – a strong movement towards implementation and certification of Quality Management Systems such as: NBR ISO 9001:2000, QUALIHAB, SiQ-C of PBQP-H (known as SiAC nowadays), among others. The objective of this study was to evaluate the effects of Quality Management System implementation in construction companies of the State of Piauí, and its results and impacts on the productive chain (suppliers, contractors, employees and clients). The study case was the main research method adopted, as it was used in two different moments: when the pioneer group received its level “B” qualification and after the level “A” audition. The Study Cases were preceded by: literature research, to identify the results of Quality Management System implementation, especially in the Brazilian construction field; survey with the state representatives, to obtain information on other states evaluations; and therefore establish the criteria that based semi-structured forms used in interviews taken inside the companies. With the application of this research tool, it was possible to characterize the PBQP-H in the State of Piauí, and to notice that the results were not different from the other states’ regarding motivations and main difficulties, as well as the changes brought to the companies and its productive chain by the achievement of SiQ-C level “A”. As main conclusions of the State of Piauí evaluation, are presented: the great dependency of CAIXA exigency and the isolation of the SINDUSCON, no participation of main public contracting; the organization perception for the results and the productivity growth on the level “A” companies, followed by part of material suppliers and contractors improvement; the amount of companies that quitted the program pointing the financial aspect as the main cause for dropping the program.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA xiii

AGRADECIMENTOS xv

LISTA DE FIGURAS xvii

LISTA DE QUADROS E TABELAS xix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xxi

1 APRESENTAÇÃO 1

1.1 JUSTIFICATIVA 1

1.2 OBJETIVOS 3

1.3 ESTRUTURA 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

2.1 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE 5

2.1.1 Considerações gerais 7

2.1.2 A Construção Civil e a qualidade 11 2.1.3 Experiência francesa – O Qualibat 14

2.1.4 Qualihab 18

2.1.5 O SiAC do PBQP-H 20

2.2 AVALIAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO 27

2.2.1 Avaliação geral 27

2.2.2 Avaliação em empresas da Construção Civil do Brasil 37

3 MÉTODOS DE PESQUISA 45

3.1 ETAPAS DA PESQUISA 45

3.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 46

3.3 LEVANTAMENTO DE IMPLANTAÇÃO DOS PROGRAMAS ESTADUAIS 47

3.4 ESTUDOS DE CASO 1 48

3.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO 49

3.6 ESTUDO DE CASO 2 49

4 RESULTADOS 53

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DO PBQP-H NO PIAUÍ 53 4.2 LEVANTAMENTO DE IMPLANTAÇÃO DOS PROGRAMAS ESTADUAIS 55 4.3 ESTUDO DE CASO 1 – NÍVEL “B” DO SIQ-C 61 4.4 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO 64 4.5 ESTUDOS DE CASO 2 – NÍVEL “A” DO SIQ-C 65 4.5.1 Representante estadual do PBQP-H 65 4.5.2 Construtoras – SIQ-C Nível “A” 67

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4.5.3 Funcionários 71

4.5.4 Fornecedor de materiais 74

4.5.5 Sub-contratados 78

4.5.6 Órgãos financiadores e clientes 81

4.5.7 Empresas desistentes 82

5 CONCLUSÃO 85

5.1 AVALIAÇÕES ANTERIORES DE IMPLANTAÇÕES 85 5.2 AVALIAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DE SGQ EM CONSTRUTORAS DO PIAUÍ 87

5.3 SUGESTÕES PARA NOVAS INVESTIGAÇÕES 90

REFERÊNCIAS 93 APÊNDICE A 103 APÊNDICE B 109 APÊNDICE C 113 APÊNDICE D 115 APÊNDICE E 119 APÊNDICE F 121 APÊNDICE G 123 APÊNDICE H 125 ANEXO A 129 ANEXO B 133 ANEXO C 135

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DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho aos meus pais, José Ricardo e Carmem Célia, autores e inspiradores da minha vida”.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Flávio Augusto Picchi pela excelente orientação, aprendizado e cobranças.

Ao Prof. Ariovaldo Denis Granja, um dos coordenadores do GTE, o nosso grupo de pesquisa. Ao Prof. Francisco Cardoso pelas excelentes colocações e sugestões no exame de qualificação. À Iamara Rossi Bulhões, Patrícia Stella Puscharelli Fontanini, Carlos Gallardo Samaniego e Tatiana da Cunha Borges, pelas horas de estudo, pelos trabalhos em grupo e pelos momentos de distração. E ao Marcelo Julião Seixas, que com sua iniciação científica, muito me ajudou na elaboração dos questionários.

Ao CNPq pelo apoio financeiro, através da bolsa de estudos.

À Coordenação Nacional do PBQP-H, na pessoa de Maria Salette Weber, Henrique Otto Coelho e Luís Augusto dos Santos pelo apoio à pesquisa e ajuda na coleta de dados.

Aos representantes estaduais do PBQP-H que, gentilmente, responderam os questionários enviados.

Ao Sr. Januário Pinheiro Ramos, presidente do SINDUSCON-PI. Às empresas que, gentilmente, cederam algumas horas do seu precioso tempo para a realização do Estudo de Caso, assim como aos funcionários que humildemente no forneceram informações valiosas à pesquisa.

Aos meus queridos pais José Ricardo e Carmem Célia, meus irmãos Daniel e Viviane, e meus avós Eldon e Nazira pelo incentivo, pela ajuda, compreensão e apoio em todos os momentos da minha vida.

A Patrícia, minha fiel companheira de ontem, de hoje e de sempre.

Aos meus amigos Bruno Santos, Janaína Antonino, Dirce Yano, Marcos Raeder, Maurício Souza e David Delgado, pelo incentivo e companheirismo durante os últimos anos.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – Círculo de controle (ISHIKAWA, 1993) 19 FIGURA 2.2 – Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo (ABNT, 2000b) 22

FIGURA 3.1 – Etapas da pesquisa 58

FIGURA 4.1 – Número de construtoras qualificadas nas datas renegociadas 67 FIGURA 4.2 – Fatores que incentivaram o início do PBQP-H nos Estados 67 FIGURA 4.3 – Meios de comunicação e divulgação do PBQP-H nos Estados 67 FIGURA 4.4 – Dificuldades encontradas pelos representantes 68 FIGURA 4.5 – Facilidades encontradas pelos representantes 69 FIGURA 4.6 – Motivos para desistência de empresas ao PBQP-H no Piauí 93

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

QUADRO 2.1 – Itens não contemplados na ISO 9000:194 e cobertos pela versão 2000 (CURKOVIC; HANDFIEL, 1996)

23

QUADRO 2.2 – Itens do Qualification Qualibat sintetizados por Filippi, 2003 28 QUADRO 2.3 – Capítulos do Certification Qualibat (CARDOSO, 1996) 29 QUADRO 2.4 – Níveis evolutivos do Certification Qualibat (adaptado de CARDOSO, 2003a) 30 QUADRO 2.5 – Níveis evolutivos do Qualihab (CARDOSO; PINTO, 1997) 32 QUADRO 2.6 – Programas setoriais da qualidade – PSQ (PBQP-H, 2006) 34

QUADRO 2.7 – Principais mudanças do SiAC – Geral 35

QUADRO 2.8 – Alteração no posicionamento de requisitos entre o SiQ-C e o SiAC – Execução de Obras

37

QUADRO 2.9 – Serviços controlados do SiAC – Execução de Obras – Edificações (PBQP-H, 2005a) 39 TABELA 2.10 – Evolução de certificação ISO 9001:2000 (ISSO, 2005b) 41 QUADRO 2.11– Motivações, dificuldades e benefícios da implantação da ISO 9000 em diversos

setores

50

QUADRO 2.12– Motivações, dificuldades e benefícios trazidos com a implantação de SGQ nas construtoras brasileiras

57

QUADRO 4.1– Mudanças sentidas pelo Representante Estadual no PBQP-H no Piauí 78 QUADRO 4.2 – Motivações e dificuldades na implantação de SGQ – Empresas 80 QUADRO 4.3 – Benefícios obtidos pelas empresas com a implantação de SGQ 82

QUADRO 4.4 – Funcionários entrevistados 83

QUADRO 4.5 – Motivações, dificuldades, benefícios e expectativas dos funcionários 85 QUADRO 4.6 – Mudanças sentidas pelos fornecedores de materiais por exigência do SGQ das

construtoras

88

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANICER – Associação Nacional da Indústria Cerâmica CG – Coordenação Geral do PBQP-H

CAIXA – Caixa Econômica Federal

CDHU – Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo CEPRO – Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí

COHAB – Companhia de Habitação CS – Controle de Serviço

CWQC – Company Wide Quality Control

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral ET – Especialidade Técnica

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ISO – International Organization for Standardization

IT – Instrução de Trabalho NBR – Norma Brasileira

OAC – Organismo de Acreditação de Conformidade OCC – Organismo de Certificação Credenciado

O.P.Q.C.B. - Organisme Professionnel de Qualification et de Classification du Bâtiment e des Activités Annexes PAR – Programa de Arrendamento Residencial

PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PDCA – Plan, Do, Check and Act

PSQ – Programa Setorial da Qualidade

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI – Serviço Nacional de Aprendizado Industrial

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SIAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviço e Obras da Construção Civil SICCPI – Sindicato da Indústria Cerâmica para Construção no Estado do Piauí

SIQ – Sistema de Qualificação Evolutivo de Empresas de Serviços e Obras

SIQ-C – Sistema de Qualificação Evolutivo de Empresas de Serviços e Obras - Construtoras SINDUSCON/PI – Sindicato da Indústria da Construção Civil de Teresina

SQMS –Scottish Quality Management System

SUDENE –Superintedência de Desenvolvimento do Nordeste TQC – Total Quality Control

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APRESENTAÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

“Artigo 233 - Se um construtor construir uma casa para outrem, e mesmo a casa não estando completa, as paredes estiveram em falso, o construtor deverá às suas próprias custas fazer as paredes da casa sólidas e resistentes.”.

O texto acima foi retirado do código de Hamurabi, escrito por volta de 1170 a.C. e escolhemos introduzir o trabalho com este trecho, pois talvez seja a primeira referência escrita da preocupação das antigas civilizações com a Qualidade na Construção.

Os conceitos e os enfoques da qualidade passaram por profundas mudanças durante os tempos. As mudanças foram aceleradas após a revolução industrial, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial. O Japão teve papel fundamental neste processo, assim como os autores clássicos da qualidade: Deming, Feigenbaum, Ishikawa, Juran e Crosby.

Os conceitos destes autores foram fundamentais para a elaboração dos Sistemas de Gestão da Qualidade, que se tornaram mais populares após a publicação da família de normas ISO 9000. No Brasil tais normas foram publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, sob a nomenclatura NBR ISO 9000 e passaram a ser base para os Sistemas de Gestão da Qualidade implantados em todos os tipos de indústria, inclusive o da Construção Civil.

Desde 1990 e mais intensamente, a partir de 1995, a Construção Civil mudou como reflexo da estabilização da economia, determinada pelo Plano Real; da abertura do Mercosul; da criação do Código de Defesa do Consumidor e do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H); do crescimento do grau de exigência dos clientes (SCARDOELLI, 1995; CARDOSO, 1996; SOUZA, 1997). Para se enquadrar na nova realidade, as empresas construtoras buscaram melhorar seus processos visando o aumento da produtividade, a diminuição de custos e a garantia da satisfação do novo tipo de cliente. Isto fez com que as construtoras desenvolvessem Sistemas de Gestão da Qualidade baseados na NBR ISO 9001:2000.

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Com a criação do PBQP-H, as empresas construtoras de todo o país passaram a se qualificar por meio do Sistema de Qualificação Evolutiva de Empresas de Serviços e Obras – Construtoras (SiQ-C). No dia 24 de fevereiro de 2005, foram aprovadas as revisões e alterações do regimento do SiQ-C, que passou a se chamar Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviço e Obras da Construção Civil (SiAC) (BRASIL, 1998; PBQP-H, 2002; PBQP-H, 2005a). Esses sistemas firmaram-se como um dos principais métodos de controle e gestão das empresas construtoras, melhorando a eficácia dos processos internos e o produto final (CARDOSO, 2003b; HERNANDES; JUNGLES, 2003).

Inspirados no programa nacional, vários estados brasileiros criaram seus programas estaduais próprios: o Qualihab de São Paulo, o ParaObras do Pará e o Qualiop da Bahia estão entre eles. Desde 2003 a Coordenação Geral do PBQP-H iniciou uma mobilização nacional para harmonização dos programas estaduais dentro dos itens e requisitos do programa nacional. Desta mobilização surgiu o debate para a revisão do SiQ-C e elaboração do SiAC, fazendo com que os programas estaduais passem a certificar suas empresas construtoras de forma equivalente em todo território nacional.

Poucos são os estudos que têm avaliado os resultados deste esforço, seja do ponto de vista das construtoras, seja dos demais agentes. Muitas pesquisas focam diretamente o processo de implantação, mas não dão continuidade a uma fase de coleta de resultados objetivos após a certificação das construtoras e nos agentes envolvidos como empregados, fornecedores e das empresas sub-contratadas.

Favorecido pelas mudanças ocorridas no Brasil a partir de 1990, o estado do Piauí sofreu um processo de expansão vertical, que mudou completamente a paisagem urbanística principalmente da capital estadual, com a construção de modernos edifícios habitacionais, conferindo a Teresina intenso desenvolvimento (CEPRO, 2003). Deste desenvolvimento habitacional surgiu a necessidade de se melhorar os processos construtivos e a racionalização das técnicas construtivas. As 40 primeiras construtoras do Piauí começaram seus trabalhos de elaboração de Sistemas de Gestão da Qualidade, baseado no SiQ-C, em 2001, seguindo uma tendência nacional. O grande estimulador para as primeiras quarenta empresas foi a adesão da Caixa Econômica Federal - CAIXA ao PBQP-H. As construtoras do Piauí estavam interessadas nas obras do Programa de Arrendamento Residencial - PAR, pois em Teresina, ainda havia grandes áreas urbanas não

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edificadas e os grandes terrenos ainda tinham preço baixo em comparação com os outros estados, fazendo com que as obras deste tipo ainda fossem muito rentáveis.

Este trabalho focou a avaliação da implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade – SGQ - em construtoras do estado do Piauí por possibilitar, no período da pesquisa, o acompanhamento da evolução ao longo do tempo dos níveis “B” e “A” das empresas, além de permitir identificar, junto a alguns agentes, as mudanças sofridas por eles por exigência dos Sistemas de Gestão da Qualidade das construtoras.

1.2 OBJETIVOS

“Quais são os efeitos da implantação de sistema de gestão da qualidade em construtoras do Piauí?”

Apoiada por esta questão, na qual se encontra uma lacuna do conhecimento na área de gestão, a pesquisa tem por objetivo geral

 Realizar uma avaliação dos efeitos da implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade em construtoras do estado do Piauí, em termos de resultados nas mesmas, bem como impactos nos agentes da cadeia produtiva envolvidos. Também são considerados neste trabalho os seguintes objetivos específicos:

 Efetuar um levantamento bibliográfico de avaliações de resultados obtidos com a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade já realizadas em outros Países e/ou Estados;

 Realizar um levantamento da avaliação dos Programas Estaduais do PBQP-H de acordo com opiniões e dados fornecidos pelos representantes estaduais e da sua Coordenação Geral;

 Propor critérios para avaliação destes resultados, e aplicá-los para o caso das empresas no Estado do Piauí.

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1.3 ESTRUTURA

Os capítulos desta dissertação estão estruturados da seguinte forma:

Capitulo 1 – Capítulo introdutório que apresenta as justificativas da

pesquisa. É apresentado também neste capítulo, além desta estruturação, os objetivos da pesquisa.

Capítulo 2 – Capítulo de Revisão Bibliográfica. Está divido em três grandes

assuntos: conceitos gerais da qualidade, evolução dos sistemas de gestão da qualidade e avaliação de implantação de sistemas de gestão da qualidade os quais servem de base para o estabelecimento de critérios de avaliação das empresas do estado do Piauí.

Capítulo 3 – Apresenta o método da pesquisa. Todas as etapas da pesquisa

estão sucintamente detalhadas.

Capítulo 4 – São apresentados os resultados de todas as etapas da pesquisa,

tanto das etapas iniciais de investigação, quanto do estudo de caso realizado com as construtoras que atingiram o nível “A” do SiQ-C e os representantes da cadeia produtiva local.

Capítulo 5 – É o capítulo que apresenta as conclusões e considerações

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2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE

A palavra Qualidade vem sendo definida nas últimas décadas de diferentes maneiras. Essas diferenças se dão, pois os autores levam em consideração diferentes experiências, percepções e enfoques. A partir da relevância desses aspectos é que alguns autores ficaram conhecidos como os “gurus” da qualidade no século XX. Seus trabalhos foram elaborados em uma época de mudanças na indústria mundial, causada, principalmente pela modernização da indústria japonesa (PICCHI, 1993, SOUZA, 1997).

A partir do final da II Guerra Mundial, o Japão encontrava-se devastado e os produtos made in Japan representavam bens não confiáveis e de qualidade inferior. Na tentativa de reverter esta situação, a indústria japonesa focou com o principal objetivo a produção em massa, para que o padrão de vida e a infra-estrutura comercial pudessem ser restabelecidos. Nesta época, a qualidade na indústria japonesa era vista como adequação ao padrão, ou seja, se o produto atendia ou não às especificações de projeto (SHIBA et al., 1997; ANHOLON, 2003). As contribuições dos “gurus” podem ser resumidas assim:

William Edward Deming  Divulgação de sua versão do Ciclo de Shewart que ficou conhecida como Ciclo do PDCA (do inglês plan, do, check e act) ou Ciclo de Deming, e a sua proposta de 14 pontos que devem ser implantados pela utilização do Ciclo do PDCA no cotidiano das empresas (DEMING, 1990);

Armand V. Feigenbaum  Mudança do enfoque corretivo para o enfoque preventivo. Esta importante mudança de enfoque ficou conhecida como a base do Controle Total da Qualidade (do inglês Total Quality Control – TQC) (FEIGENBAUM, 1994);

Karou Ishikawa  Seus conceitos baseiam-se principalmente nos ideais de rápida percepção e satisfação do mercado, adequação ao uso dos produtos e baixa variabilidade. Seu diferencial está no profundo conhecimento e entendimento da cultura japonesa, na preocupação com o coletivo e na atuação da alta

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administração. Fatores essenciais na adaptação do TQC para o modelo japonês de Company Wide Quality Control - CWQC entre 1954 e 1967. Ishikawa desmembrou as atividades originais do PDCA e deu uma nova formatação ao Ciclo de Deming (ISHIKAWA, 1993).

Figura 2.1 – Círculo de Controle (ISHIKAWA, 1993).

Joseph M. Juran  Foi o autor da famosa Trilogia de Juran. A trilogia se refere a três processos que se inter-relacionam: planejamento, controle e a melhoria da Qualidade (JURAN, 1992);

Philip B. Crosby  É reconhecido pela divulgação dos conceitos de zero defeito e por definir Qualidade como sendo conformidade aos requisitos (CROSBY, 1988).

A definição de qualidade, adotada nesta dissertação foi elaborada levando-se em consideração as 6 (seis) definições que seguem.

 “Qualidade é tudo aquilo que melhora do ponto de vista do cliente” (DEMING, 1990).

 “Qualidade é a conformidade aos requisitos” (CROSBY, 1988).  “Qualidade é a adequação ao uso” (JURAN, 1992).

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 “Qualidade é desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que é mais econômico, mais útil, e sempre satisfatório para o consumidor” (ISHIKAWA, 1993).

 “Qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário” (FEIGENBAUM, 1994).

 “Qualidade é o grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos, ou seja, a necessidades ou expectativas que são expressas, geralmente de forma implícita ou obrigatória” (ABNT, 2000a).

Assim, qualidade é a equiparação ou superação das expectativas, requisitadas implícita ou explicitamente pelo cliente, incorporadas durante a fabricação de determinado produto ou prestação de serviço.

2.1.1 Considerações Gerais

Segundo Giovannini (2002), os Sistemas de Gestão da Qualidade são sistemas compostos por pessoas, equipamentos, instalações e regras específicas que interagem continuamente. Entre os seus objetivos, está o de estimular e coordenar esta interação entre as porções da organização que estão sob sua responsabilidade ou que estão ligados a eles. Tem o potencial de estimular a adaptação de suas partes e de suas regras de interação como forma de garantir a evolução do sistema, além de buscar no ambiente externo os recursos necessários para sua atividade – recursos financeiros, humanos, conhecimento – e se desfazem da desordem que eventualmente surge – materiais defeituosos, funcionários não colaborativos, equipamentos não confiáveis e procedimentos inadequados.

A série NBR ISO 9000 é um conjunto de requisitos internacionais para um sistema de gestão da qualidade desenvolvido pela International Organization for Standardization (ISO), com sede em Genebra, Suíça. Teve sua publicação original em 1987, e conseguiu, desde então, ser considerada uma base global para adoção e criação de sistemas de gestão da qualidade visando

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uniformizar conceitos, padronizar modelos para garantia da qualidade e fornecer diretrizes para implantação da gestão da qualidade nas organizações (SOUZA, 1997; CURKOVIC E PAGELL, 1999).

As versões de 1994 das ISO 9001, 9002 e 9003 foram consideradas um enorme sucesso como base para certificações independentes de sistemas de gestão, conseguindo certificar aproximadamente 400.000 organizações em todo o mundo. Em 2000, aconteceu a publicação da nova família de normas ISO 9000, publicadas no Brasil pela ABNT sob a nomenclatura de NBR ISO 9000:2000. A nova norma está assim dividida (ABNT, 2000a, 2000b, 2000c):

NBR ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e

Vocabulários:

Descreve os fundamentos de Sistemas de Gestão da Qualidade e estabelece a terminologia pra estes sistemas.

NBR ISO 9001:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos:

Especifica os requisitos para um sistema de gestão da qualidade, onde uma organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que atendam os requisitos do cliente e os requisitos regulamentares aplicáveis, e objetiva aumentar a satisfação do cliente.

NBR ISO 9004:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Diretrizes para

melhorias de desempenho:

Fornecem diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de gestão da qualidade. O objetivo desta norma é melhorar o desempenho da organização e a satisfação dos clientes e das outras partes interessadas.

As principais mudanças nesta nova publicação são: a ênfase dada ao comprometimento da alta direção, ênfase na abordagem dos processos na organização (FIGURA 2.2), melhoria contínua ligada à satisfação do cliente. A versão 2000 buscou avançar em alguns aspectos, apontados por diversos agentes como, por exemplo, Curkovic e Handfiel (1996). Além disso, algumas outras

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mudanças positivas podem ser destacadas com relação a esta nova versão (LORDELLO E MELHADO, 2003):

 Maior ênfase na monitoração da satisfação do cliente;

 Linguagem mais clara, de fácil compreensão e utilização pelo usuário;

 Maior integração a todos os tipos de organização, independentemente do campo de atuação e tamanho;

 Melhor adequação ao setor de serviços; e

 Maior compatibilidade com outros sistemas de gestão, como os de gestão ambiental, descritos pelas normas da série ISO 14000.

Esta última versão foi desenvolvida buscando apoiar organizações de todos os tipos e tamanhos, de modo a tornar a certificação da qualidade mais simples e facilmente adaptável a todos os setores da economia, eliminando o caráter voltado à “fabricação em série”. (LORDÊLLO E MELHADO, 2003; ISO, 2005a; PAULA, 2004).

CLIENTE Realização do produto Produto Gestão de recursos Medição análise e melhoria Responsabilidade da administração Melhoria contínua do sistema

de gestão da qualidade

CLIENTE

Entrada Saída

Legenda:

Atividades que agregam valor Fluxo de informação R e q u isi to s S a ti sf a çã o

Figura 2.2 – Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo (ABNT, 2000b) Quadro 2.1 – Itens não contemplados na ISO 9000:1994 e cobertos pela versão 2000 (CURKOVIC;

(32)

Benckmarks e comparações competitivas  Análise e uso de dados da empresa

 Qualidade estratégica e Processo de planejamento de desempenho da empresa  Plano de qualidade e desempenho

 Envolvimento dos empregados  Satisfação dos empregados

 Análise de qualidade de produtos e serviços  Resultados operacionais

 Resultado de manutenção e do processo de venda  Gerenciamento de relação com o cliente

 Compromisso com os clientes

 Determinação, resultados e comparação sobre satisfação dos clientes  Melhoria contínua

As NBR ISO 9001:2000 e 9004:2000 são baseadas em oito princípios que refletem as melhores práticas gerenciais:

 Foco no cliente

 Liderança

 Envolvimento das pessoas

 Abordagem de processos

 Abordagem de sistema de gestão

 Melhoria contínua,

 Tomada de decisão

 Relação benéfica com fornecedores.

Ao mesmo tempo em que a NBR ISO 9001:2000 está focada em promover a um sistema de gestão da qualidade eficiente, a NBR ISO 9004:2000 foca a eficiência da organização como um todo.

A estimulação para as empresas buscarem a implantação de um SGQ e a certificação dos mesmos são enormes e vem desde a versão 1994 (HUTCHINGS, 1997; MEYER, 1998). A versão 2000 complementou essas vantagens e algumas são apresentadas a seguir (LIAO, ENKE E WIEBE, 2004):

(33)

Acesso aos novos mercados: a certificação permite que uma empresa mantenha ou ainda ganhe novos clientes e mercados onde a certificação é requerida;

Satisfação dos clientes: a pressão para se obter a certificação pode vir de clientes e ou fornecedores, uma vez que os mesmos podem exigir que a empresa possua ISO 9000;

Melhoria do sistema de gestão da empresa: os requisitos e padrões da ISO 9000 são as bases para a elaboração de sistemas de gestão da qualidade eficientes devido a sua ênfase em melhoria contínua;

 Outras vantagens citadas são: autodisciplina, reconhecimento mundial, aumento da competitividade, credibilidade no mercado, modelo mundial de qualidade, e criação de um sistema de qualidade uniforme.

2.1.2 A Construção Civil e a qualidade

O setor de Construção Civil possui características diferenciadas dos outros setores industriais, como o produto único, a ausência de desenvolvimento integrado, o grande número de intervenientes no processo, o uso de técnicas simples e mão-de-obra de baixa qualificação, a organização complexa, a ausência de relações horizontais entre os intervenientes nos contratos, a dificuldade de satisfazer, simultaneamente os intervenientes e os clientes e, principalmente, a sua forma efêmera, modificando-se de acordo com as fases do processo. Além disso, a Construção Civil é caracterizada pela diversidade de mercado e de modelos organizacionais para suas empresas, um desempenho irregular, com empresas modernas e outras em estado gerencial precário (ALVES, 2001).

Desde a última década estão sendo realizados grandes esforços no sentido de introduzir no setor da construção os programas da qualidade que já predominam em outros setores. Acreditava-se no passado que a construção possuía características próprias que dificultavam a utilização na prática das teorias modernas da qualidade como sua característica nômade e da produção de um produto único. Em outras palavras, a construção requereria uma adaptação específica de tais teorias, devido à complexidade do seu processo de produção, no qual intervêm muitos fatores

(34)

(MESEGUER, 1991; SOUZA et al, 1995). Além desses aspectos, é importante ressaltar que a cadeia produtiva que forma o setor da construção civil é bastante complexa e heterogênea, contando com uma grande diversidade de agentes intervenientes e de produtos parciais gerados ao longo do processo de produção, produtos estes que incorporam diferentes níveis de qualidade e que, acreditava-se, afetariam a qualidade do produto final obtido (HELENE E SOUZA, 1988). Uma das primeiras propostas de estrutura para um Sistema de Gestão da Qualidade para empresas construtoras foi apresentada por Picchi (1993). O mesmo autor destacava a crescente atenção dada na época à questão da Qualidade na Construção de edifícios. Esta atenção é percebida até os dias atuais, principalmente por meio dos inúmeros trabalhos em eventos técnicos e publicações, e sendo, também, objeto de iniciativas de programas de melhoria de empresas. Picchi (1993) relatava também que os conceitos gerais da Qualidade, apesar de terem sido desenvolvidos em setores industriais com realidades diferentes da Construção de edifícios, teriam se demonstrado como universais podendo ser adaptados às particularidades de determinados setores, como o da Construção Civil, para maior eficiência.

Segundo Souza (1997), no setor da Construção Civil no Brasil, os primeiros movimentos para a qualidade surgem de forma mais organizadas no início dos anos 90, a partir de grandes empresas líderes do mercado imobiliário e da construção pesada. Nesta época, segundo Cardoso (1996), alguns condicionantes influenciaram a mudança de paradigma no setor de construção habitacional: tendência generalizada à baixa dos preços, manifestação de novas exigências por parte dos clientes, abertura dos mercados à concorrência internacional, o aumento do conteúdo técnico das obras e da complexidade e variabilidade das operações, a necessidade de gestão da mão-de-obra, mudanças no perfil dos empregados do setor, a falta generalizada de recursos financeiros para o setor, além da criação do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), entre outros.

Scardoelli (1995) relatou que essas mudanças de mercado e níveis de exigência dos consumidores foram detectadas por algumas empresas de Construção, as quais começaram a estruturar-se para responder às exigências do novo contexto, adotando medidas para elevar os níveis de Produtividade e Qualidade, reduzindo custos e prazos de execução.

As mudanças aconteceram induzidas por transformações que aconteceram em três diferentes campos: econômico, legal e institucional.

(35)

No campo econômico, a sociedade estava aprendendo a viver com uma nova realidade: realidade da economia estabilizada. Assim, a organização e gestão de produção passaram a ter importância fundamental no controle de custos, dos desperdícios e do retrabalho dentro das empresas. Souza (1997) mostrou que, assim, o lucro passou a ser resultante diferencial entre o preço praticado pelo mercado e os custos diretos e indiretos incorridos na geração do produto. A lucratividade tornou-se decorrência da capacidade da empresa em racionalizar tornou-seus processos de produção, reduzir seus custos, aumentar sua produtividade e satisfazer as exigências dos clientes.

No campo legal, entrou em vigência o Código de Defesa do Consumidor, que estabeleceu uma série de regras para as relações entre produtores e consumidores (BRASIL, 1990). No caso da Construção Civil, a empresa construtora é a produtora, e o comprador o cliente. Assim, as empresas começaram a se preocupar com a Qualidade do empreendimento, suas especificações e garantias, tudo para evitar problemas futuros com o comprador. Ficaram mais atento à satisfação do cliente que se tornava cada vez mais conhecedor de seus direitos e exigente com o passar dos anos.

No campo institucional, foi criado o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (BRASIL, 1998), que tem como objetivo, até hoje, apoiar o esforço brasileiro de modernidade pela promoção da Qualidade e Produtividade do setor da Construção habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele produzidos, estimulando projetos que melhorem a qualidade do setor.

Segundo Hernandes e Jungles (2003) uma das iniciativas para contribuir em muito para a melhoria do desempenho no setor da Construção na busca do alcance da eficácia de seus processos internos e do produto final, tanto das empresas construtoras como dos fornecedores de materiais, tem sido a implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade em micro, pequenas, médias e grandes empresas do setor em diferentes cidades como Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Fortaleza, Salvador, Recife, Brasília, Porto Velho e Manaus. Entre elas, podemos incluir, também, Teresina, cidade objeto de nosso estudo.

As empresas de Construção Civil, que vem buscando uma modernização por meio da implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade, têm apresentado um desempenho diferenciado, destacando-se no mercado (ALVES, 2001). Ao investir em qualidade as empresas buscam uma

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diferenciação no mercado a fim de se tornarem competitivas, porém sua estratégia competitiva deve ser revista e atualizada constantemente. Neste sentido, como exemplo da necessidade de atualização, a certificação ISO 9000 é fator de diferenciação na construção civil atualmente, mas poderá deixar de sê-lo no instante em que um grande grupo de empresas obtiver o certificado (PESSOA; BARROS NETO, 2003).

A implantação não se restringe às empresas construtoras. Fabricantes de materiais e componentes se organizaram e também estão buscando melhorias em seus processos produtivos para atender aos clientes mais exigentes (internamente e externamente). Dentro dos programas de qualidade, o Qualihab (item 2.1.4) e o PBQP-H (item 2.1.5), os fabricantes aderiram aos Programas Setoriais da Qualidade (PSQ) visando o desenvolvimento de produtos com níveis de qualidade mínimos para atendimento do setor. Já as empresas construtoras, ganharam os programas evolutivos de certificação de seus sistemas de gestão da qualidade como o Qualihab da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU e o SiAC (antigo SiQ-C) do PBQP-H, que foram inspirados no programa Qualibat francês.

2.1.3 Experiência francesa – O Qualibat

Embora criada em 1992, “Qualibat resta ainda a mais importante certificação ‘setorial’ francesa para empresas que atuam na produção de obras de edifícios”. Criado após a Segunda Guerra Mundial, quando a França buscava se reconstruir, o Organisme Qualibat1 é uma associação sem fins lucrativos, gerida por representantes dos sindicatos patronais que representam empresas atuantes em obras, os arquitetos, os promotores imobiliários e outros agentes como as empresas de controle tecnológico (CARDOSO, 2003a).

São responsabilidades do Organisme Qualibat dois sistemas distintos de avaliação de empresas que trabalhavam em obras. O Qualification Qualibat é o primeiro deles e diz respeito à qualificação da competência técnica das empresas de Construção Civil, seus requisitos são apresentados no Quadro 2.2. Já o Certification Qualibat, visa à certificação de sistemas de gestão implantados pelas empresas (CARDOSO, 1996, 2003a).

1 Nomenclatura até setembro de 1993: O.P.Q.C.B – Organisme Professionnel de Qualification et de Classification du Bâtiment e des Activités Annexes.

(37)

Quadro 2.2 – Itens do Qualification Qualibat sintetizados por Filippi (2003).

Itens do Dossiê Descrição

Info rma çõ es Admi nis tra tiv a s e F ina nceira s Dados de regularização da empresa (A1)

Contrato social, registros nas associações e órgãos específicos, atestados fiscais, tributários, seguros, etc.

Currículo do responsável legal (A2)

Identificação, função, diplomas profissionais, atividades realizadas, empresas onde trabalhou, etc.

Descrição da estrutura

da empresa (A3) Grupo a qual pertence, filiais, organograma da empresa, etc.

Faturamento, efetivo e massa salarial (A4)

Faturamento, número de funcionários, horas trabalhadas e salários nos três últimos anos (incluindo sub-contratados).

Distribuição dos efetivos (A5)

Distribuição dos funcionários por função, setor, nível técnico e atividade.

Distribuição do faturamento (A6)

Distribuição do faturamento da empresa por função, setor, nível técnico e atividade.

Recursos disponíveis (A7)

Equipamentos e instalações disponíveis (no escritório, de uso do corpo técnico e nas áreas de produção)

Info rma çõ es T éc nica s Currículo do responsável técnico (B1)

Identificação, função, diplomas profissionais, atividades realizadas, empresas onde trabalhou, etc.

Efetivo Técnico (B2) Número de funcionários do corpo técnico, por função e nível nos últimos três anos.

Faturamento e massa salarial do pessoal

técnico (B3)

Faturamento nos últimos três anos (incluindo montantes pagos a subempreiteiros) distribuídos por especialidade

técnica em que se pretende a qualificação.

Lista de referência de obras realizadas (B4)

Relação de obras realizadas nos 5 últimos anos que envolvem trabalhos na especialidade técnica pretendida para qualificação (com dados sobre a obra, cliente, arquiteto,

valor, etc.)

Análise Crítica de Desempenho (B5)

Análise detalhada do desempenho da empresa em três obras da lista acima, realizada pelo cliente, arquiteto ou empresa de

gerenciamento (qualidade dos serviços, prazos, postura da empresa, etc.)

A Certification Qualibat, criada em 1992, se alinhou à versão 1994 da ISO 9002. A sua primeira versão foi adaptada à realidade do setor da Construção Civil, tornando-a definitivamente uma certificação ‘setorial’. Sua estrutura possuía uma forma de certificação evolutiva, permitindo que as empresas fossem recebendo suas certificações de acordo com o nível de implantação de seus

(38)

sistemas de gestão. Esta estrutura teve validade até o ano de 2001. (CARDOSO, 1996, 2003a, 2003b). Esse processo evolutivo serviu de base para o Qualihab e o SiQ-Construtoras (primeira versão). Apresentava uma adaptação dos 20 itens da ISO 9002:1994 à Construção Civil, divididos em 15 (quinze) pontos mais um complementar sobre Política da Qualidade.

Esses capítulos são apresentados, a seguir, no Quadro 2.3.

Quadro 2.3– Capítulos do Certification Qualibat (CARDOSO, 1996)

Capítulos Prioritário

Política da qualidade -

Animador qualidade SIM

Avaliação permanente do sistema da qualidade -

Análise crítica de contratos -

Controle de documentos relativos à garantia da qualidade -

Concepção técnica -

Compras e serviços subempreitados SIM

Qualidade e controle na execução SIM

Controle de não conformidades SIM

Transporte e estocagem -

Proteção dos serviços executados antes da entrega -

Procedimentos pela entrega dos serviços -

Registros da qualidade -

Auditorias internas do sistema da qualidade -

Treinamento e reciclagem SIM

Assistência técnica -

A estrutura evolutiva de implantação era dividida em quatro níveis de certificação:

(39)

 Nível B: Comprometimento com a Garantia da Qualidade;

 Nível C: Desenvolvimento da Garantia da Qualidade;

 Nível D: Garantia da Qualidade após Auditoria.

Cardoso (2003a) explica cada um dos níveis evolutivos da seguinte maneira

Quadro 2.4 – Níveis evolutivos do Certification Qualibat (adaptado de CARDOSO, 2003a).

Níveis Evolutivos Descrição

Nível A Era atribuído automaticamente, em função da empresa ter a Qualification Qualibat, que era portanto obrigatória

Nível B Exigia que a empresa tivesse efetivamente se engajado numa política de qualidade, e que para tanto tivesse feito um diagnóstico de sua situação inicial frente aos requisitos da qualidade. Era necessário que ela tivesse desenvolvido e posto em prática ao menos três dos cinco requisitos prioritários, além do requisito 1 – Política da qualidade.

Nível C Exigia que a empresa tivesse desenvolvido e posto em prática ao menos nove dos quinze requisitos, sendo os cinco requisitos prioritários obrigatórios, assim como o requisito 1 – Política da qualidade.

Nível D A empresa deveria ter desenvolvido e posto em prática todos os requisitos do Sistema. Além disso, e pela primeira vez, ela recebia a visita de auditor, que verificava o funcionamento do sistema in loco.

Ainda segundo Cardoso (2003a), o Certification Qualibat mudou em 2002 se adaptando aos itens e requisitos da ISO 9001:2000, perdendo a sua característica especial de adaptação ao setor.

(40)

2.1.4 Qualihab

O programa Qualihab, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), foi pioneiro ao tratar de implantação e qualificação das empresas de forma evolutiva. Tem como objetivos a otimização da qualidade das habitações de interesse social do estado de São Paulo e do dispêndio de recursos humanos, materiais e energéticos nessas construções, envolvendo ações ligadas aos setores de materiais e componentes de construção, de projetos e de obras.

Dentro de seus instrumentos podemos citar o Sistema de Certificação Qualihab que foi desenvolvido usando-se como inspiração o Qualibat francês. (CARDOSO et al, 1998; CHDU, 2005).

Os sistemas Qualibat e Qualihab incorporam um aspecto particular, que é o de certificação evolutiva, por meio do estabelecimento de níveis. O Qualihab é um programa inovador, segundo Cardoso e Pinto (1997), pois:

 Através dele o Estado exerce seu poder de compra enquanto cliente;

 Ele parte da adaptação da série de normas ISO 9000 às características do setor de edificações, incorporando o conceito de “níveis de certificação”;

 Ele foi concebido a partir de acordos setoriais feitos com os representantes sindicais das empresas construtoras, levando em conta a real capacidade das mesmas em atender, nos prazos acordados, aos critérios fixados.

(41)

Quadro 2.5 – Níveis evolutivos do Qualihab (CARDOSO; PINTO, 1997)

Níveis Evolutivos Descrição

Adesão

Exige-se apenas o engajamento da empresa. Nível “D”

As empresas já se obrigam a pensar e a delinear o sistema que implantarão internamente, sendo obrigadas a realizar um diagnóstico.

Nível “C” Os canteiros são envolvidos, pela implantação efetiva dos primeiros procedimentos de inspeção e ensaios de materiais e de inspeção de serviços, representando uma verdadeira revolução cultural para as empresas.

Nível “B” Caracteriza-se não somente pela evolução no número exigidos de procedimentos de inspeção e ensaios de materiais e de inspeção de serviços, como pelas novas exigências afeitas tanto a certas áreas internas da empresa (projeto, contratos, controle de documentos), quanto, e principalmente, aos canteiros (procedimentos de compras, avaliação de fornecedores, manuseio e armazenamento de materiais, proteção de serviços executados) ; outra importante novidade é a exigência de ações voltadas ao treinamento do pessoal que executa atividades que influem na qualidade.

Nível “A” O sistema interno da empresa se consolida, pela exigência de redação dos Planos da Qualidade das Obras e do Manual da Qualidade, se aproximando do que era exigido para uma certificação ISO 9002.

O modelo do Qualihab, aplicado ao estado de São Paulo, foi o modelo utilizado para a criação de outros programas estaduais Pará Obras2 e o Qualiop3., e também pela Secretaria do Planejamento do Governo Federal, no desenvolvimento do PBQP-H - Programas Brasileiros de Qualidade e Produtividade – Habitat e a Caixa Econômica Federal, inspirada no programa, decidiu exigir, nos

2Pará Obras – Qualidade e Produtividade em Obras Públicas (mais informações na página http://www.paraobras.pa.gov.br).

3Qualiop – Programa de Qualidade das Obras Públicas da Bahia (mais informações na página http://www.sucab.ba.gov.br/qualiop.asp).

(42)

financiamentos habitacionais, certificação da qualidade às empresas construtoras, medida que entrou em vigor em julho de 2001.(CDHU, 2005).

No item 2.3 serão apresentados os resultados relativos à implantação de sistemas de gestão da qualidade em empresas paulistas certificadas no Qualihab, para comparação com os resultados de implantação de com empresas de outros estados e outros países.

2.1.5 O PBQP-H

O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat visa organizar o setor da Construção Civil em duas vertentes: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. A viabilização deste objetivo envolve um conjunto de ações destacando-se as seguintes: qualificação de construtoras e de projetistas (ainda em desenvolvimento), melhoria da qualidade de materiais, formação e requalificação de mão-de-obra, normalização técnica, capacitação de laboratórios, aprovação técnica de tecnologias inovadoras, informação ao consumidor e promoção da comunicação entre os setores envolvidos. Dentre as ações apresentadas acima, a melhoria da qualidade de materiais e componentes (por meio dos Programas Setoriais da Qualidade - PSQ) e a qualificação de construtoras (por meio do SiAC, antigo SiQ-C) são os grandes pilares do programa.

A melhoria da qualidade de materiais fica a cargo dos Programas Setoriais de Qualidade de Materiais e Componentes e teve como meta elevar e manter em 90% o percentual de conformidade com as normas técnicas dos produtos que compõem a cesta de materiais da construção do PBQP-H. Atualmente, os PSQs existentes são apresentados no Quadro 2.6, e têm como destaque índices de conformidades de 98,66% (Cimento Portland) e 98.5% (Barras e Fios de Aço para Armaduras de Concreto).

(43)

Quadro 2.6 – Programas setoriais da qualidade – PSQ (PBQP-H, 2006)

Cimento Portland Argamassa Industrializada para

Construção Civil Cal Hidratada para Construção Civil Barras e Fios de Aço para

Armaduras de Concreto

Tubos e Conexões de PVC para Sistemas Prediais Hidráulicos

Metais Sanitários e Aparelhos Economizadores de Água Louças Sanitárias para Sistemas

Prediais

Reservatório de Água em Poliolefinas e Torneiras de Bóias

para Sistemas Prediais

Janelas e Portas de PVC

Placas Cerâmicas para Revestimento Lajes Pré-fabricadas Blocos de Concreto Estururais, de Vedação e de Pavimentação Caixilhos de Aço – Janelas e Portas

de Aço

Tubos de Aço e Conexões de Ferro

Maleável Telhas de Aço

Perfis de PVC para Forros Fechaduras Esquadrias de Alumínio Tubos de PVC para Infra-Estruturas Argamassa Colante Tintas Imobiliárias

Caixas de Descarga Não-acopladas Gesso Acartonado Blocos Cerâmicos Tubulação de PRFV para

Infra-estrutura Reservatório de PRFV

O segundo pilar é a certificação dos Sistemas de Gestão da Qualidade das empresas construtoras. Neste item é apresentado o Sistema de Avaliação de Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC (PBQP-H, 2005a) que em 2005 substituiu o antigo Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras – SiQ (PBQP-H, 2002). O SiAC é baseado na NBR ISO 9001:2000 e tem como objetivo avaliar a conformidade de Sistemas de Gestão da Qualidade em níveis adequados às características específicas das empresas do setor de serviços e obras atuantes na Construção Civil, visando a contribuir para a evolução da qualidade no setor. As principais diferenças entre o antigo SiQ e o novo SiAC são apresentadas no Quadro 2.7.

A documentação do SiAC é dividida em 4 (quatro) partes.

 Regimento geral;

 Regimentos específicos das especialidades técnicas que são cinco: execução de obras, serviços especializados em execução de obras, gerenciamento de obras e empreendimentos, elaboração de projetos, e outros;

 Referenciais normativos4 para cada especialidade técnica, que contém os itens e requisitos do SiAC, baseados na NBR ISO 9001:2000, a serem atingidos em cada um dos níveis de certificação;

4 Publicados apenas os Referenciais Normativos para a especialidade técnica de Execução de Obras até a data de 15/09/2005.

(44)

 Requisitos complementares5 para os subsetores e escopos, que definem, por exemplo, os materiais e serviços que devem ser controlados nestes subsetores e escopos.

Quadro 2.7 – Principais mudanças do SiAC - Geral

Mudança SiQ SiAC

Nova estruturação da documentação

A estrutura de documentação era dividida em: Regimento, Requisitos SiQ, Requisitos Complementares e Atestados de Qualificação.

A estrutura de documentação está dividida em: Regimento Geral, Regimentos Específicos das especialidades técnicas, Referenciais Normativos para os subsetores das especialidades técnicas, além dos Requisitos Complementares dos subsetores e escopos.

Definição das especialidades técnicas

Existia basicamente o SiQ – Construtoras.

Foram aprovadas 4 (quatro) especialidades técnicas: Execução de Obras, Serviços Especializados em execução de obras, Gerenciamento de Obras e

Empreendimentos e Elaboração de Projetos. Além disso, as Especialidades Técnicas e os Escopos devem ser iguais em todo o Brasil (programas estaduais). Participação efetiva do

INMETRO

Os OCC6 realizavam as auditorias sem uma fiscalização mais rígida do INMETRO de suas atuações.

O INMETRO ficará responsável pelo credenciamento dos OAC7, para auditar e emitir certificados conforme os

Referenciais Normativos, dando maior padronização às atividades dos OAC e criando mecanismos de controle como as auditorias testemunhas, as auditorias de supervisão, sendo um canal de recebimento de reclamação dos clientes.

5 Publicados apenas os Requisitos Complementares dos subsetores da especialidade técnica Execução de Obras (Edificações, Saneamento Básico e Obras Viárias e de Arte Especial), com seus respectivos escopos.

6 OCC - Organismo Certificador Credenciado, que em 2005 passou a se chamar OAC. 7 OAC - Organismo de Avaliação da Conformidade

(45)

Quadro 2.7 – Principais mudanças do SiAC - Geral (Continuação)

Mudança SiQ SiAC

Declaração da conformidade pelo fornecedor

Todos os níveis, inclusive o nível “D”, deveriam ser auditados pelos OCC.

Não são mais necessários que os OAC auditem todos os níveis evolutivos de certificação, uma vez que cabe a própria empresa uma autodeclaração de

conformidade aos Referenciais Normativos com o envio de documentos para o

recebimento da certificação. Tempos associados ao processo

de certificação

Foram estabelecidos os tempos do ciclo de certificação (auditorias de certificação e de manutenção) em 36 meses; a validade dos certificados devem se de no máximo 12 meses, renováveis 2 vezes no ciclo e uma empresa certificada em determinado nível e escopo pode a qualquer momento pedir mudança ou ampliação de escopo.

Qualificação de auditores e especialistas

A equipe de auditores não necessitava de formação específica na área de engenharia civil.

Dispõe sobre e equipe de auditores que precisam ser formados em Engenharia Civil, com experiência no setor, em sistemas de gestão da qualidade e em auditorias.

Uma das mudanças que tende a aumentar o número de empresas aderindo ao Programa, uma vez que diminuirá custos, é a autodeclaração de conformidade com os Referenciais Normativos para alguns níveis. Na Especialidade Técnica Execução de Obras, as empresas interessadas necessitam apenas de uma autodeclaração e de certos documentos (ex. Manual da Qualidade) para que a Coordenação Geral do PBQP-H publique a validação da declaração, concedendo o nível à empresa, e a declaração explicitará a Especialidade Técnica (ET) e não o subsetor. Terá validade de 6 (seis) meses, sendo prorrogáveis por mais 6 (seis). O aproveitamento das auditorias para certificação conjunta no nível “A” do SiAC e NBR ISO 9001:2000, também auxilia as empresas na diminuição dos custos de certificação e no crescimento de interesse pelo PBQP-H. Quando se refere diretamente à implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade, deve-se também apresentar as mudanças do antigo SiQ-C para o SiAC – Execução de Obras.

(46)

O Referencial Normativo para a ET Execução de Obras define os requisitos aplicáveis a cada um dos 4 (quatro) níveis de certificação. Os requisitos para cada nível de certificação estão no Quadro no ANEXO A.

A especialidade técnica Execução de Obras foi dividida em 3 (três) subsetores com Requisitos Complementares próprios, que devem atender ao Referencial Normativo de Execução de Obras:

 Obras de Edificações;

 Obras de Saneamento Básico; e

 Obras Viárias e de Arte Especial, essa última possuindo dois escopos.

As mudanças mais significativas nestes requisitos, em relação ao antigo SiQ-C, estão no adiantamento de alguns itens a serem atendidos, como exemplo, podemos citar o item 7.1.1 – Plano de Qualidade da Obra, que no SiQ-C era atendido nos níveis “B” e “A”, e no novo SiAC, pede-se o seu atendimento também a partir do nível “C”. Os requisitos do SiQ-C equivalem aos do SiAC, especialidade técnica Execução de Obra e subsetor Edificações, com pequenas diferenças de itens a serem exigidos para cada nível, que são resumidos no Quadro 2.8.

Quadro 2.8 – Alteração no posicionamento de requisitos entre o SiQ-C e o SiAC – Execução de Obras. Seção Requisitos D C B A 4 – Sistema de Gestão da Qualidade 4.2 – Requisitos de documentação 4.2.4 - Controle de registros A X X X 5 – Responsabilidade da direção da empresa 5.2 – Foco no Cliente A A X X 5.6.1 – Generalidades R X X X 5.6.2 – Entrada para análise

crítica

A A X

5.6.3 – Saídas da análise crítica A A X

6 – Gestão de recursos 6.3 – Infra-estrutura A X

7 – Execução da Obra 7.1.1 – Plano de Qualidade da Obra

A X X

Legenda: (A) – Exigência ao requisito adicionada ao nível (R) – Exigência ao requisito retirada do nível

(47)

Quadro 2.8 – Alteração no posicionamento de requisitos entre o SiQ-C e o SiAC – Execução de Obras (Continuação). Seção Requisitos D C B A 7.1.2 – Planejamento da execução da obra A X 7.2.1 – Identificação de requisitos relacionados a obra

A A X X 7.2.3 – Comunicação com o cliente A X 7.3.7 – Controle de alterações de projeto A X 7.3.8 – Análise crítica de projetos fornecidos pelo cliente

A X 7.5.4 – Propriedade do cliente A X 7.6 – Controle de dispositivos de medição e monitoramento A X X 8 – Medição, análise e melhoria 8.2.1 – Satisfação do cliente A A X 8.2.2 – Auditoria Interna A A X 8.3 – Controle de materiais e serviços de execução controlados e da obra não conformes

A X X 8.4 – Análise Crítica de dados A A X 8.5.1 – Melhoria contínua A A X 8.5.2 – Ação corretiva A X X

Legenda: (A) – Exigência ao requisito adicionada ao nível (R) – Exigência ao requisito retirada do nível

Os requisitos complementares do SiQ-C, materiais e serviços controlados, são iguais aos do SiAC, especialidade técnica Execução de Obras, subsetor Edificações e escopo Execução de Obras de Edificações.

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