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Incidência de aloimunização eritrocitária em pacientes com insuficiência renal: experiência de um hemocentro de Sergipe

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Academic year: 2021

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016. ISSN: 1807-2518

Incidência de aloimunização eritrocitária em pacientes com

insuficiência renal: experiência de um hemocentro de Sergipe

Alef Nascimento Menezes (alef.ero@hotmail.com) Camila Alves dos Santos (a_camila@yahoo.com.br Weber de Santana Teles (arteecura@hotmail.com) (orientador)

Ana Paula Barreto Prata da Silva (ana_prata@unit.br) Elisangela Lima da Silva (eli_lima8282@hotmail.com)

Universidade Tiradentes/Biomedicina/Aracaju, SE.

Área: 2.00.00.00-6 - Ciências Biológicas e da Saúde; Sub-Àrea:4.01.01.05-3 - Hematologia

Palavras - chave: Aloimunização, banco de sangue, Eritrócitos Resumo

Aloimunização é a formação de anticorpos quando há exposição de um indivíduo a antígenos não próprios, como ocorre na transfusão de sangue incompatível e em gestantes, quando os fetos expressam em suas células sanguíneas antígenos exclusivamente de origem paterna (BAPTISTA et al, 2010). Trata-se de uma análise retrospectiva de dados de 334 pacientes portadores de doenças renais que necessitaram de transfusão sanguínea atendidos no Hemose no período de janeiro de 2010 a março de 2015. Os dados foram analisados e tabulados em frequência absoluta. Os pacientes analisados apresenta faixa etária diversificados, sendo portadores de insuficiência renal atendidos pelo Hemocentro de Sergipe. Destes 181 são do gênero masculino (54,20%) e 153 do gênero feminino (45,80%). Dos indivíduos pesquisados, 31 (9,28%) apresentaram aloimunização eritrocitária. No presente estudo observou-se que os anticorpos encontrados foram os dos sistemas Rh, Kell, Duffy, MNS, Lewis e Diego. A maior ocorrência foi de aloanticorpos dos sistemas Rh e Kell com 32,27% e 9,68% respectivamente, perfazendo juntos, uma frequência de 41,95%. Os anticorpos mais frequentemente encontrados neste estudo foram os anti-E (16,13%), anti-K (9,68%) e anti-Lea (9,68%). Os resultados obtidos nesse trabalho são concordantes com os encontrados nas literaturas consultadas, no entanto observou-se uma dificuldade em comparar este estudo com pesquisas realizadas sobre sensibilização eritrocitária exclusivamente em pacientes portadores de doenças renais, visto que a literatura é bastante escassa nesse sentido. Espera-se que os resultados desta pesquisa contribuir para a segurança e qualidade da assistência nas instituições que realizam terapia transfusional.

Introdução

Existem atualmente 303 antígenos eritrocitários distribuídos em 29 sistemas de grupos sanguíneos, séries e coleções, de acordo com a Nomenclatura da Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT). Os sistemas Rh, MNS e Kell são os mais complexos, contendo 49, 46 e 30 antígenos respectivamente. O conhecimento dos antígenos eritrocitários é essencial na prática transfusional, uma vez que o desenvolvimento de anticorpos contra estes antígenos pode se tornar um

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grande problema na clínica, principalmente em casos onde os pacientes são portadores de hemoglobinopatias ou outras doenças que requerem transfusões sanguíneas periódicas (CASTILHO, 2007). Os anticorpos antieritrocitários classificam-se em regulares e irregulares. Os primeiros se desenvolvem naturalmente após o nascimento, como anti-A, anti-B e anti-AB, todos do sistema ABO. Os anticorpos irregulares (sistemas Rh, Kell, MNS, Lewis, Duffy, Kidd e outros) surgem como resposta do sistema imune humoral de um indivíduo exposto a antígenos não próprios do seu organismo, como ocorre, por exemplo, em gestações ou transfusões incompatíveis. (MARTINS et al., 2009; ABBAS e LICHTMAN, 2005). Estes aloanticorpos são assim denominados, pois sua ocorrência não é esperada e o seu processo de formação é chamado de aloimunização (GIRELLO e KUHN, 2007; BAIOCHI e NARDOZZA, 2009). Aloanticorpos eritrocitários clinicamente significantes se desenvolvem em mais de 30% dos pacientes que recebem múltiplas transfusões, o que pode representar graves problemas no caso de terapia transfusional de longa duração. Vários autores descobriram que a aloimunização eritrocitária ocorre principalmente após as primeiras transfusões (CRUZ et al, 2011).

Metodologia

A pesquisa foi realizada no laboratório de Imunohematologia do receptor do Hemose, no município de Aracaju/SE.

Trata-se de uma análise retrospectiva de dados de 334 pacientes portadores de doenças renais que necessitaram de transfusão sanguínea e foram atendidos pelo Hemose no período de janeiro de 2010 a março de 2015.

Foram analisados os históricos transfusionais disponíveis em arquivos do setor de imunohematologia do receptor do hemocentro. Por meio do programa Excel foi elaborado um banco de dados onde foram registradas informações como grupo sanguíneo, fenotipagem Rh, quantidade de transfusões recebidas, idade, sexo e anticorpo identificado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período compreendido entre janeiro de 2010 a março de 2015 foram analisados 334 pacientes, com faixa etária diversificada e portadores de insuficiência renal atendidos pelo Hemocentro de Sergipe, sendo 181 do gênero masculino (54,20%) e 153 do gênero feminino (45,80%). Dos pacientes estudados, 31 (9,28%) apresentaram aloimunização eritrocitária. Além do mais, o presente estudo observou-se que os anticorpos encontrados foram os dos sistemas Rh, Kell, Duffy, MNS, Lewis e Diego, que de acordo com Baptista et al (2010), são mais imunogênicos e os anticorpos que surgem com maior frequência. A maior ocorrência foi de aloanticorpos dos sistemas Rh e Kell com 32,27% e 9,68% respectivamente, perfazendo juntos, uma frequência de 41,95% conforme dados semelhantes a outros estudos (MARTINS et al, 2008; GARCIA-GALA et al, 1994; SCHONEWILLE et al, 2000; SCHONEWILLE et al, 2006). Os anticorpos mais frequentemente encontrados neste estudo foram os anti-E (16,13%), anti-K (9,68%) e anti-Lea (9,68%). Resultados semelhantes foram obtidos em estudo realizado com pacientes renais crônicos do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará, onde os anticorpos mais freqüentemente detectados pertenciam aos sistemas sanguíneos Rh (24,1%), Kell (13,8%), Lewis (3,5%) e Diego(3,5%) (SILVA et al, 2013). Em outro

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estudo realizado por Martins et al, (2008), sobre a frequência de anticorpos irregulares em politransfundidos no Hemocentro Regional de Uberaba-MG, os anticorpos de maior frequência foram: anti-D (24,28%), anti-E (18,50%), anti-K (13,87%) e anti-M (10,41%), ratificando com os achados no nosso estudo. É importante frisar que a maioria dos anticorpos descritos é clinicamente significante e pode causar reações transfusionais agudas ou tardias. Verificou-se também, duas associações (6,45%) de anticorpos direcionados a antígenos do sistema Rh (anti-E/anti-Lua e anti-E/outro não identificado). Em estudo realizado por Tormey e Stack (2009), os mesmos destacam a ocorrência de duas associações de anticorpos direcionados contra os antígenos do sistema Rh (anti-D/-C e anti-E/-c), sendo frequente a ocorrência desses tipos de associação. De acordo com Batista et al, (2010), o surgimento de anticorpos associados dificulta a realização dos testes de compatibilidade e causa um atraso no atendimento ao paciente pela necessidade de testes adicionais. Apenas dois pacientes apresentaram o anticorpo irregular Anti-Dia, sendo um de cada gênero. De acordo com Mota et al, (2009) o antígeno Dia é um antígeno de baixa incidência encontrado predominantemente em povos indígenas e asiáticos. O anti-Dia tem sido implicado em graves reações transfusionais imediatas ou tardias; entretanto, o encontro de sangue compatível nos casos de presença desse anticorpo não é um problema. Em relação ao gênero, observou-se uma maior prevalência de aloimunização entre as mulheres (61,3%) do que nos homens (38,7%).Tal fato assemelha-se a estudos realizados por outros autores (SCHONEWILLE et al, 2006; MARTINS et al, 2008). Winters et al, (2011) relata que isto pode ser explicado pelas gestações, que constituem um importante risco de sensibilização para as mulheres. Verificou-se que um paciente do gênero masculino, 15 anos de idade, sangue B negativo desenvolveu anticorpos contra o antígeno D. Uma explicação seria o fato de que possivelmente o paciente tenha recebido alguma transfusão incompatível quanto ao sistema Rh (D), fazendo com que ocorresse a produção desses anticorpos. Porém, analisando o histórico transfusional, não se obteve informações quanto a antecedentes transfusionais desse paciente. Ademais, não foi possível identificar os anticorpos irregulares presentes em 08 pacientes (25,80%), sendo respectivamente 04 do gênero masculino e 04 do gênero feminino. Com relação à faixa etária, verificou-se que 04 pacientes (12,90%) com menos de 30 anos apresentaram aloimunização, enquanto 26 (83,87%) tinham mais de 30 anos e 01 (3,23%) não teve a idade informada. Dados similares foram encontrados por outros estudos (ALMEIDA et al, 2006; SCHONEWILLE et al, 2000; SCHONEWILLE et al, 2006). Tais resultados podem ser explicados por estarem esses indivíduos mais propensos a doenças, para os quais o tratamento hemoterápico se faz necessário. Como consequência, eles tenderiam a se tornar mais expostos à sensibilização eritrocitária, quando comparados aos mais jovens.

Conclusões

Os resultados desse trabalho são concordantes com os encontrados nas literaturas consultadas, porém observou-se uma dificuldade em comparar este estudo com pesquisas sobre sensibilização eritrocitária exclusivamente em portadores de doenças renais, visto que a literatura é bastante escassa nesse sentido. Além disso, por meio do estudo realizado, foi possível evidenciar a importância da realização da fenotipagem eritrocitária pré-transfusional, devido que o fato de ter somente o conhecimento sobre o sistema ABO e o sistema Rh não é o

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suficiente, pois os pacientes que necessitam de múltiplas transfusões poderão apresentar aloimunização decorrente da presença de anticorpos irregulares. Espera-se que os resultados desta pesquisa possam subsidiar o deEspera-senvolvimento de novos estudos, assim como contribuir para a segurança e qualidade da assistência nas instituições que realizam terapia transfusional e agregar novos conhecimentos aos profissionais de saúde que atuam nessa área.

Referências

ALMEIDA, N. C.; MENDONÇA, M. C.; BRAGA, M. C.; et al. Aplicação do método gel LISS/COOMBS na rotina de pesquisa e identificação de anticorpos irregulares de pacientes. Serviços de Hemoterapia 9 de Julho, São Paulo – SP, 2006.

BAIOCHI, E. NARDOZZA, L. M. M. Aloimunização. Revista Brasileira de

Ginecologia e Obstetrícia. 31(6): 311-319, 2009.

BAPTISTA, M. W. G; NARDIN, J. M.; STINGHEN, S. T. Aloimunização eritrocitária em pacientes de um hospital infantil atendido pelo Instituto Paranaense de Hemoterapia e Hematologia, de 2007 a 2010. Cadernos da Escola de Saúde, Curitiba, 6 131-142 vol.2. [2010?].

CASTILHO, L. Aplicações da biologia molecular em imuno hematologia

eritrocitária, 2007. Disponível em:

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specificity and antigen potency in Olmsted County, Minnesota. Transfusion.

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