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HOLDING FAMILIAR: ASPECTOS SOCIETÁRIOS NO PROCESSO SUCESSÓRIO

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Recebido em 12/06/2017. Aceito em 25/07/2018. Publicado em 31/07/2018. RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan/Jun. 2018.

Tiago Erhardt1

Mara Cristine Kich2

Marcos Ricardo Kich3

Adriano Sérgio da Cunha4

RESUMO

As questões sucessórias nas organizações passaram a representar um grande obstáculo quanto à proteção do patrimônio institucional. Visando minimizar perdas e proteger o patrimônio, a proteção patrimonial através da criação de uma holding familiar passa a ser uma alternativa. Por este motivo, este artigo tem como objetivo apresentar o aspecto societário envolvido no processo sucessório da holding familiar quando comparado a um inventário. A sucessão nas empresas familiares acontece também por outras formas, as quais não serão abordadas neste artigo. Para o alcance dos objetivos, aplicou-se o processo de pesquisa exploratória através da utilização de livros, artigos e outras fontes de pesquisa. Concluiu-se a presente pesquisa enfatizando a necessidade da criação da holding familiar como forma de proteção do patrimônio familiar.

Palavras-Chave: Holding familiar, Planejamento sucessório, Proteção

do patrimônio.

ABSTRACT

Succession issues in organizations have become a major obstacle to the protection of institutional assets. In order to minimize losses and protect the equity, the patrimonial protection through the creation of a family holding company becomes an alternative. For this reason, this

1 Centro Municipal Universitário de São José

2 Faculdade Borges de Mendonça 3 Universidade do Vale do Rio dos Sinos

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018.

article aims to present the corporate aspect involved in the family holding succession process when compared to an inventory. Succession in family businesses also occurs in other ways; which will not be covered in this article. To reach the objectives, the exploratory research process was used through the use of books, articles and other sources of research. The present study was concluded emphasizing the necessity of the creation of the family holding as a way of protecting the family patrimony.

Keywords: Family holding, Succession planning, Protection of assets.

1. INTRODUÇÃO

As empresas familiares, conforme explicações de Salim e Freitas (2014), são responsáveis por constituir a base de diversos sistemas econômicos. Ao realizar uma pesquisa sobre empresas familiares, abrangendo 2.378 organizações de 40 países, a prestadora de serviços PricewaterhouseCoopers (PwC) identificou que esses

empreendimentos estão faturando entre 5 milhões e 1 bilhão de

dólares.

No Brasil, a PwC identificou 121 empresas familiares, chegando-se à conclusão que 79% delas cresceram em torno de 14% acima da média mundial. Pela representatividade das empresas familiares, tanto no Brasil como no mundo, uma questão que necessita ser analisada é o processo sucessório dessas instituições. Neste aspecto, conforme dados trazidos pela PwC (2014, p. 18), “11% das empresas brasileiras têm um processo de sucessão contra 16% da média global”. O processo sucessório em empresas familiares tem sido tema de diversos artigos e pesquisas pela sua relevância, pois é um assunto complexo e marcado por conflitos, uma vez que essas organizações são gerenciadas e controladas por integrantes de uma mesma família.

Neste sentido, ao tecerem seus comentários a respeito da incessante busca dos empresários pela proteção de seu patrimônio, Miranda e Fleischer (2014, p. 2) elucidam que a blindagem do patrimônio consiste em “inúmeras rotinas jurídicas, administrativas e tributárias”.

Nas palavras de Alves (2006, p. 9), “quando se fala em holding, tem-se a ideia de uma sociedade que está à frente de um grupo, controlando ou influindo na administração de outras sociedades”. Complementando essas ideias, Hungaro (2010, p. 2) acredita que a holding está “[...] sujeita a regras diferenciadas de tributação e capaz de proporcionar proteções principalmente diante de questões sucessórias”.

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018.

Tendo em vista este cenário, este artigo tem o intuito de apresentar o aspecto societário envolvido no aspecto sucessório da holding familiar comparado à realização de um inventário.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 EMPRESA FAMILIAR

Segundo Ramalho (2008) as empresas brasileiras familiares tiveram a sua origem nas capitanias hereditárias:

Os primeiros empreendimentos familiares são as capitanias hereditárias onde o território brasileiro foi dividido por linhas horizontais traçadas no mapa a partir da costa do oceano Atlântico. Decisão tomada pelo rei de Portugal visto que, se não ocupasse o Brasil, mais cedo ou mais tarde, franceses, holandeses e outros. (RAMALHO, 2008, p. 5)

Para Bernhoeft (2007), a maioria dos empreendedores brasileiros começou com pequenos negócios, pois isso era uma boa possibilidade de crescimento para os trabalhadores que sonhavam em melhorar a sua qualidade de vida.

Com o passar do tempo, esses empreendimentos começaram a crescer passando, assim, a exigir dos seus proprietários a gestão dessas organizações (Bernhoeft, 2007; Leite et al., 2016).

Para que uma empresa seja considerada familiar, ela deve apresentar características fundamentais, conforme as ponderações de Leite, Araújo e Silva (2016, p. 2):

i) o controle da propriedade da empresa deve ser exercido por uma ou mais famílias que detêm o maior percentual do capital e;

ii) os membros da família atuam diretamente na gestão da empresa, com participação nos níveis mais elevados na hierarquia e é dado o prosseguimento nos negócios iniciados na família pela segunda geração.

A respeito do cenário econômico em que as empresas familiares se encontram, bem como sobre a sua expansão, a PwC (2014, p. 4) alerta em suas pesquisas que

Os resultados mostram um ambiente econômico difícil, no qual as empresas precisam operar em um cenário de competição mais intensa e também com velocidade de mudanças mais acelerada. Mas, mesmo diante de uma realidade tão desafiadora, as empresas familiares continuam se expandindo. No Brasil, 79% delas cresceram nos últimos meses – 14 pontos percentuais acima do resultado global. E

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10% esperam crescer de forma rápida e agressiva nos próximos cinco anos.

Com o cenário de desenvolvimento tecnológico, muitas empresas passaram a perceber a importância de aprimorarem os processos administrativos. Neste sentido, Oliveira e Papa (2009, p. 5) comentam que “[...] aliado ao processo da internacionalização dos mercados, muitas organizações iniciaram a busca por novos modelos de gestão no intuito de assegurarem sua perenidade”.

Ainda, tendo como referência o estudo da PwC (2014), 45% das empresas familiares demonstraram a sua preocupação em ter no seu quadro funcional profissionais qualificados.

Nas empresas pesquisadas pela PwC (2014), pôde-se observar, segundo o estudo, a necessidade de planejamento na sucessão, e da discussão desse planejamento, pois pode afetar os resultados presentes e futuros da organização. Nesse sentido, a PwC (2014, p. 8) esclarece que:

Análise deve levar em conta o fato de que 67% das empresas brasileiras e 70% das organizações globais que fazem parte da nossa amostra estão ainda nas primeira e segunda gerações de líderes. Nesse nível geracional, assegurar o sucesso e o crescimento do negócio costuma ter prioridade sobre os interesses da família. Só com o tempo, quando a empresa se mostra mais sólida e a família cresce, surgem novas necessidades e as prioridades mudam.

Com o passar dos anos, a administração da empresa normalmente é direcionada para algum familiar, e as prioridades mudam para que o empreendimento se adapte às novas realidades econômicas e às necessidades de mercado globalizado em constante mutação. Neste sentido, Luzia (2013, p. 30) entende que:

O sucesso da empresa depende do empreendedorismo e competência do empresário e geralmente advém de muitos anos de dedicação. É inevitável a identificação da sociedade com a pessoa e a filosofia de seu fundador. Entretanto, com a continuidade da empresa através de décadas, a sucessão de seus sócios e administradores se torna necessária.

Neste contexto, Juste (2004, p. 03) define que “A empresa familiar nada mais é que uma organização que visa o lucro através do capital empregado pelos proprietários, neste caso, os familiares (núcleo de pessoas formadas por pai, mãe, filhos, irmãos etc.)”.

Donadel (2011, p. 24), por sua vez, entende o seguinte: “A empresa familiar pode ser vista, inicialmente, como uma ideia empreendedora de um fundador que teve suas atividades consolidadas com o tempo e que pessoas pertencentes à família trabalhem nela e dela se favorecem”.

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Geralmente, essa é a característica mais comum no caso de empresas familiares nas quais patriarcas trabalham com um objetivo comum, ou seja, constroem uma empresa e os seus descendentes passam a auxiliar no desenvolvimento, beneficiando-se financeiramente. Ainda segundo Donadel (2011, p. 24),

As empresas familiares têm forte ligação com a economia do país, isso porque grande parte das empresas existentes no Brasil são familiares, que são as que são conduzidas por integrantes de mesma família. Além disso, geram empregos diretos e indiretos, sendo assim, fundamental quanto aos aspectos econômico e social.

Luzia (2013) pontua alguns problemas possíveis em empresas familiares, conforme sintetizado no Quadro 1.

Quadro 1 - Empresas familiares

As sociedades proporcionam a reunião de capital e trabalho importante para a formação de grandes empresas. Geralmente, ocorrem divisões entre os muitos sócios em subgrupos, causando disputas pelo controle societário.

A mudança no controle da empresa pode significar a perda de comando e o consequente término de suas atividades

O ambiente familiar é muitas vezes marcado por disputas entre alguns de seus membros, como por exemplo, entre irmãos.

No âmbito familiar, atualmente, não são socialmente admitidos privilégios ou favorecimento de algum de seus membros.

Com a sucessão na sociedade familiar, a propriedade seria transferida a todos os sucessores e o seu comando passaria a ser exercido por um deles ou por todos em conjunto. A administração conjunta pode ocasionar conflitos entre os gestores. Ao se tratar de sociedade familiar, os conflitos envolvem parentes, muitas vezes com fortes vínculos à sociedade.

As disputas familiares podem levar a uma administração formada por pessoas despreparadas somente para compor desejos individuais dos sócios.

As instabilidades no ambiente familiar não dispõem de uma forma específica de solução.

Quando as opiniões dos membros da família não se compatibilizam, as disputas entre os membros podem se intensificar.

As dissonâncias podem se originar também na escolha de um terceiro para ocupar algum cargo de destaque da sociedade familiar.

Fonte: Adaptado de Luzia (2013, p. 28-31)

Observando o quadro anterior, nota-se que quando o patriarca é vivo e está no comando da empresa, as decisões relativas aos problemas da empresa podem ser mais facilmente administradas.

Em situação inversa, não havendo por parte do patriarca a iniciativa de planejamento sucessório e preparo dos seus herdeiros para assumir a empresa, pode ser que os descendentes entrem em conflitos de ideias e interesses, causando sérios danos à sustentabilidade da empresa, além de, em casos mais graves, levar a empresa à falência ou à sua dissolução total (Luzia, 2013).

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Portanto, visando o sucesso de uma empresa familiar, além dos esforços para sua criação e desenvolvimento, é interessante que o patriarca faça um planejamento sucessório e que os herdeiros se capacitem para desenvolver as atividades pertinentes aos cargos que atuarem. Além disso, é aconselhável que trabalhem de forma conjunta, com as mesmas diretrizes e objetivos, deixando eventuais desentendimentos pessoais de lado em favor da sociedade.

2.1.2 Processos sucessórios de uma empresa familiar

O processo de mudança pelo qual as empresas familiares têm passado para alcançar o amadurecimento é, sem dúvida, o diferencial entre aquelas que triunfam perante o mercado (Leite et al., 2016). Neste sentido, Maia (2008) reconhece que o estágio mais crítico é o da sucessão, pois há uma interferência de forma direta e indireta nos dois subsistemas opostos: família e empresa.

O desenvolvimento da empresa familiar, conforme Petró e Castro (2016, p. 3), apresenta-se como “[...] um assunto de importância no país, dado que os herdeiros e futuros executivos que serão responsáveis por essas empresas, devem ser adequadamente treinados e capacitados para garantir o sucesso de sua gestão.”

O planejamento também deve ser feito nessa mesma dinâmica para que, quando o patriarca que comanda os negócios da família resolver parar de trabalhar, ou por algum motivo não possa mais estar à frente nas decisões cotidianas da empresa, esta continue se desenvolvendo e crescendo sem nenhum dano em virtude da ausência de seu fundador (Lodi e Lodi, 2011).

Tendo em vista a necessidade de um planejamento no processo sucessório em uma empresa familiar, bem como as possibilidades jurídicas que podem colaborar e dar sustentação e legitimidade a esse processo, é válido mencionar a possibilidade, respaldada pela Lei 6.404/76, de se instituir uma empresa para colaborar no êxito do processo sucessório.

Neste sentido, para o processo de sucessão pode ser criada uma holding, cujos conceitos serão explanados na sequência.

2.2 HOLDING

As holdings surgiram no Brasil em 1976 com a Lei n° 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas. Por definição, a palavra holding originou-se da expressão to hold, da língua inglesa, cujo significado é segurar, deter, sustentar, dominar.

Lodi e Lodi (2011, p. 4) elucidam o conceito Hold Company, o qual se traduz em uma companhia que tem por finalidade manter ações em outras companhias:

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018. Companhia holding é qualquer empresa que mantem ações de

outras companhias em quantidade suficiente para controla-las e emitir certificados próprios. Em sua forma mais pura a companhia holding não opera partes de sua propriedade, mas direta ou indiretamente controla as políticas operativas e habitualmente patrocina todo o financiamento. (Walter E. Lagerquist) Companhia holding é uma sociedade juridicamente independente que tem por finalidade adquirir e manter ações e doutras sociedades, juridicamente independentes, com o objetivo de controlá-las, sem com isso praticar atividade comercial ou industrial. (Oscar Hardy).

A expressão Holding Company, ou simplesmente holding, é utilizada para nomear sociedades de pessoas jurídicas que detenham bens e direitos, sejam eles móveis, imóveis, participações em sociedades, investimentos financeiros ou propriedades de patentes e marcas.

A Lei 6.404/76, conhecida como a Lei das Sociedades Anônimas (LSA), traz um importante conceito com embasamento jurídico para o tipo societário denominado Holding. Em seu artigo 2º, parágrafo terceiro, encontra-se a seguinte informação: “A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social ou para beneficiar-se de incentivos fiscais”.

Por sua vez, Eizirik (2003, p. 39) define as empresas Holding da seguinte maneira:

O § 3º admitiu expressamente a existência das holdings, isso é, companhias cujo objeto social consista na participação em outras sociedades. Tais sociedades são divididas usualmente em holdings puras, aquelas cuja participação em outras empresas constitui o único e exclusivo objetivo, e holdings mistas que, não obstante participam do capital de outras sociedades, também podem exercer, diretamente alguma atividade operacional. O objeto social pode ser realizado mediante a participação em outras sociedades; admite-se que a companhia realize o seu objeto social de forma indireta, por meio de participação em sociedades por ela controlada e que exerçam atividade complementar ao objeto social da controladora.

O uso da holding consiste em um meio de conservar o patrimônio e os negócios da família, segundo Lodi e Lodi (2011, p. 10), que ainda consideram o seguinte: “A holding objetiva solucionar problemas referentes à herança, substituindo em parte declarações testamentárias, podendo indicar especificamente os sucessores da sociedade, sem atrito ou litígios judiciais”.

Mamede e Mamede (2012, p. 58) salientam a finalidade da instituição de uma holding pelos patriarcas, ao dizerem:

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018.

A constituição de uma holding erige uma instância societária para acomodar, segundo as regras do direito empresarial, eventuais conflitos familiares, fazendo com que, ao final, a família vote unida nas deliberações que sejam tomadas nas sociedades de que participa ou que controla.

Corroborando, Lodi e Lodi (2011, p. 8) elencam prováveis motivos dos patriarcas na criação de uma holding:

A holding atende também a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo equacionar uma série de conveniências de seus criadores, tais como: casamentos, desquites, separação de bens, comunhão de bens, autorização do cônjuge para a venda de imóvel, procurações, disposições de última vontade.

Ao conceber o significado da palavra holding como conceito sob a ótica do embasamento jurídico na Lei 6.404/76; compreendeu-se, também, o societário denominado holding e sua função como objeto social. . Assim, na próxima seção, serão conhecidos os tipos de holding a fim de entender o mais adequado à sua constituição.

2.2.1 Tipos de holding

No início do processo de planejamento de uma holding é preciso definir e entender as necessidades do empresário, gestor ou do núcleo familiar, que o está elaborando. Neste aspecto, é necessária uma holding que traga benefícios principalmente aos âmbitos societário, tributário e sucessório, sendo fundamental conhecer suas modalidades.

Silva e Rossi (2015) afirmam que, de modo geral, há dois tipos de holding: a pura e a mista. Assim, os autores estabelecem as suas definições dizendo que:

Holding pura tem como objetivo social e exclusivo a participação no capital de outras sociedades, isto é, uma empresa que tem como atividade única manter cotas ou ações de outras companhias e a Holding mista no qual seu objetivo social compõe não somente a participação de outras empresas, mas também a prevê a exploração de alguma atividade empresarial diversa.

Neste mesmo contexto, Mamede e Mamede (2016, p.12) comentam a possibilidade de outras terminologias de holding além destas apresentadas, apesar do artigo 2º, §3º da Lei 6.404/76 não falar a respeito. Para tanto, os mesmos estudiosos citam as seguintes terminologias para holding:

Holding pura: sociedade constituída com o objetivo exclusivo de ser titular de quotas ou ações de outra ou outras

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018. sociedades. É também chamada de sociedade de participação.

Holding de controle: sociedade de participação constituída para deter o controle societário de outra ou de outras sociedades. Holding mista: sociedade cujo objeto social é a realização de determinada atividade produtiva, mas que detém participação societária relevante em outra ou outras sociedades. (MAMEDE; MAMEDE, 2016, p.12)

Silva e Rossi (2015, p. 21) admitem que a legislação cita outras espécies de holding, entre elas a holding familiar, objeto deste estudo. Os autores enfatizam que essa modalidade é caracterizada por sua finalidade, sendo apenas uma definição para fins didáticos sem efeito jurídico específico. Neste sentido, Silva e Rossi (2015, p. 21-22) reconhecem que:

É o caso, por exemplo, da chamada holding patrimonial. Não há previsão legal definindo os contornos jurídicos dessa espécie de holding. Trata-se, a bem da verdade, de uma sociedade que tem como objetivo deter os bens patrimoniais e exercer atividades imobiliárias. Semelhante é o caso da holding familiar, cujo nome advém do fato de ser uma sociedade administrada por uma família em particular, sendo constituída justamente com o objetivo de deter o patrimônio que lhe pertence.

É importante enfatizar que a Lei 6.404/76 não fala especificamente sobre um tipo de holding familiar, apenas estabelece a diretriz para um tipo de sociedade que pode ser criada com determinadas características e finalidades. Para tanto, adaptou-se um modelo que seria utilizado por famílias para organizar seu patrimônio, segundo essa lei.

Ao se compreender a Lei 6.404/76 em relação aos aspectos patrimonial e financeiros, principalmente no sentido de organização e uniformidade, observa-se que se tem a possibilidade de diminuir a carga tributária incidente sobre o patrimônio familiar com incentivos previstos em lei. Por fim, o trabalho dos patriarcas é de fundamental importância, pois são eles os responsáveis por organizar a sucessão da sua empresa e de seus bens.

Segundo Mamede e Mamede (2016) entendem que a holding familiar não é um tipo específico, mas uma contextualização específica. Ainda, os autores pontuam que ela pode ser pura ou mista, permitindo ser utilizada como ferramenta de organização patrimonial, administrativa ou de organização. Esse tipo de holding tem como principal finalidade atender aos anseios de um grupo familiar específico, trabalhando de forma preventiva e planejada nos quesitos de organização do patrimônio, administração de bens, planejamento tributário, sucessão familiar entre outros.

Lodi e Lodi (2011) sustentam que existem 20 tipos de holdings, as quais serão apresentadas no quadro a seguir.

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018.

Quadro 2 - Tipos de Holding

Tipos de Holding Características

Holding de controle Uma forma de assegurar o controle societário das empresas, como também de não perder o controle do próprio negócio pela dificuldade de um consenso rápido nos condomínios, parcerias ou regimes de casamento.

Holding de

participação

Quando a participação é minoritária, mas há questões por interesses pessoais de se continuar em sociedade. Historicamente, foi usada para ter participação de 5% nos capitais de grandes empresas internacionais. No Brasil, no princípio do século XX, foi utilizada por alguns com o mesmo fim. É mais tranquilo deixar que profissionais altamente qualificados administrem e recebamos os lucros não tributados em nossa holding.

Holding principal Denominação antiga, quando a holding era vista como cabeça do grupo. Às vezes, como simples figura decorativa, onerosa. É também chamada de holding de gaveta, sempre perniciosa e desgastante ao grupo.

Holding

administrativa.

Visão atualizada para a função de administração profissionalizada das operadoras.

Holding setorial Agrupa as diversas empresas por seus objetivos, tais como industriais, comerciais, rurais, financeiros etc. É encabeçada por uma empresa especializada naquele setor.

Holding alfa ou Holding piloto

O primeiro passo no desenvolvimento do grupo. Norteia todo um planejamento empresarial. Estabelece os princípios básicos dos procedimentos entre os sócios, mediante acordo societário escrito e registrado.

Holding familiar Visa separar os grupos familiares, simplificando o topo administrativo das operadoras. Evita que conflitos naturais de um grupo interfiram nos demais e, principalmente, castiguem a operadora. Evita que um expressivo número de cotistas fique brigando e depredando a empresa.

Holding patrimonial A mais importante de todas. Visão de banco de investimentos, controle da sucessão. Amplia os negócios e economiza tributos sucessórios e imobiliários. É o ponto mais vulnerável das relações empresários versus empresas. É de longe a mais necessária atualmente.

Holding derivada (Holding ômega)

Surge pelo aproveitamento de uma empresa já existente transformada em holding. Situação financeiramente econômica e vantajosa quando a empresa aproveitada já é detentora de bens imóveis relevantes, muitas vezes é a empresa-mãe que deve ser a transformada.

Holding cindida Precipitadamente usada para dirimir separações passionais. Holding

incorporada

Outro fator de complicação. Aumenta a necessidade de controlar. Reúne culturas de cima a baixo díspares.

Holding fusionada Deveria ser mais usada e somente em parceria de negócios ou entrada de sócios externos.

Holding isolada Só entra em constelação do grupo por necessidade de negociações ou entrada de sócios externos.

Holding em cadeia No caso de menor investimento em decorrência de subscrições ou simplicidade no investimento.

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018. Holding em estrela Surge na medida em que o histórico familiar vai se

desenvolvendo ou da diversificação do grupo que vai acontecendo.

Holding em

pirâmide

Visa ao desenvolvimento empresarial ou familiar. Holding aberta

(S/As abertas)

Para captação de investimento de terceiros ou globalização, quando esta exige.

Holding fechada (S/As fechadas, Ltdas, etc.)

Mais usada porque regula o ingresso de sócios. A S/A fechada tende a desaparecer porque é semelhante à Ltda., que é mais simples de se lidar.

Holding nacional Domínio no Brasil. Holding

internacional

Domínio no exterior.

Fonte: Adaptado Lodi e Lodi (2011).

As classificações citadas no Quadro 2, segundo Lodi e Lodi (2011), demonstram que as holdings tiveram sua origem em periódicos econômicos comprometidos com a veracidade. Além disso, mostra a grande circulação nacional de editais no Diário Oficial os quais explanavam grande quantidade de tipos possíveis de holding.

2.3 PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO RELACIONADO À HOLDING

A escolha por se criar uma holding familiar advém dos objetivos do empresário e/ou patriarca em planejar o futuro dos negócios da família, sistematizando sua sucessão a fim de evitar problemas que possam depredar o patrimônio construído com o trabalho de uma vida.

Nesse sentido, o patriarca deve analisar a questão societária conhecendo todos os fatores que envolvam a constituição e manutenção de uma empresa denominada holding familiar. Afora isso, ele deve aliar o direito da família com os aspectos sucessórios, evitando assim discussões relacionadas à sucessão dos bens, aproveitando-se de possíveis vantagens relacionadas ao planejamento sucessório (Lodi e Lodi, 2011; Leite et al., 2016).

Os executivos das empresas devem avaliar e considerar as razões para a formação de uma holding. O resultado efetivo que ela pode apresentar tem sua dependência com base, fundamentalmente, na forma de atuação e decisão do administrador da empresa.

O planejamento sucessório pode ser considerado, de certa forma, como um dos mais importantes a serem feitos no processo de sucessão, pois auxilia na continuidade dos negócios. Nesse sentido, Donadel (2011, p. 9) expõe que “[...] pelo fato de oferecer a possibilidade de ser conduzido pelo fundador da empresa ainda em vida, distribuindo o patrimônio a quem e como for de sua vontade”.

Comentando sobre o mesmo assunto, Silva e Rossi (2015, p. 81) falam respeito dessas vantagens, pontuando que:

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O planejamento sucessório é um dos pilares que envolvem a constituição de uma holding familiar por possibilitar a organização previa e cuidadosa da transferência do patrimônio aos herdeiros, e especialmente, proporcionar uma sucessão eficaz na condução dos negócios de eventual empresa que integre o conjunto de bens, reservando aos patriarcas a responsabilidade de determinar em vida o destino de seu patrimônio.

Portanto, o planejamento sucessório é à base da constituição de uma holding, porém deve ser utilizado por todas as famílias, tendo ou não uma empresa holding para gerir e organizar seu patrimônio. Em relação a esse planejamento, Silva e Rossi (2015, p. 82) afirmam:

Esse planejamento revela-se, ainda, fundamental na proteção dos bens da família para garantir sua perenidade, pois permite aos patriarcas meio de resguardar o patrimônio de eventos imprevistos, tais como divórcios e até mesmo passamento de herdeiros, que muitas vezes acabam por comprometer a entidade familiar em razão da disputa por bens.

Existe a possiblidade de não se fazer um planejamento sucessório familiar (o que acontece na maioria das vezes), como em casos onde não há existência sequer de um testamento (Costa, 2006). É possível também (e deveria ser mais comum) haver casos de planejamento sucessório que podem acontecer por testamento ou pela criação de uma holding familiar (Lodi e Lodi, 2011). Como benefícios de um planejamento sucessório bem estruturado com a constituição de uma holding familiar, Mamede e Mamede (2016, p. 93) assinalam que,

De outra face, o planejamento sucessório ainda permite aos pais proteger o patrimônio que será transferido aos filhos por meio de cláusulas de proteção (cláusulas restritivas). Assim, para evitar problemas com cônjuges, basta fazer a doação das quotas e/ ou ações com a clausula de incomunicabilidade e, assim, os títulos estarão excluídos da comunhão (artigo 1.668 do Código Civil), embora não se excluam os frutos percebidos durante o casamento (artigo 1.699); no caso de títulos societários (quotas ou ações), esses frutos são dividendos e juros sobre o capital próprio.

No caso de uma empresa familiar, o planejamento sucessório deveria funcionar de forma ampla, tendo os herdeiros mais capacitados, aptos, dinâmicos e em consonância com as diretrizes estratégicas da empresa para os cargos de controle (Lodi e Lodi, 2011).

Na maioria das vezes, não é isso que acontece no caso de sucessões familiares, sendo estas jurídicas ou físicas, como constatam Mamede e Mamede (2016, p. 91):

O costume entre as famílias, contudo é permitir a distribuição de partes iguais entre os herdeiros, sem preferir uns e preterir

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RASM, Alvorada, ano 8, n.1, p.21-43, Jan./Jun. 2018. outros. No entanto a existência de personalidades, perfis e

vocações diversas pode recomendar que essa distribuição se faça de uma maneira mais refinada, compreendendo as necessidades e potencialidades de cada herdeiro, bem como da própria empresa ou grupo empresarial, cujas existência e atuação repercutem em trabalhadores, fornecedores, consumidores e na comunidade em geral.

Nesse âmbito, Mamede e Mamede (2016) discutem a possibilidade de planejamento do futuro patrimonial familiar e da sucessão dos bens, utilizando o direito sucessório em conjunto com o direito societário, o que possibilita o alcance de resultados positivos e frutíferos.

Essa dinâmica de planejamento deve ser utilizada em todos os casos, mesmo quando há certeza de que não haverá brigas em torno do patrimônio pelos herdeiros, e quando há a certeza de uma gestão bem-sucedida por parte dos herdeiros, já que a morte em si traz muitos transtornos (Lodi e Lodi, 2011; Signolfi et al., 2016).

A morte de um ente querido causa contratempos. Aliando isso a um processo de inventário, por vezes extenso, penoso e custoso, normalmente pode haver desentendimentos ou reações inesperadas por parte dos herdeiros (Lodi e Lodi, 2011; Signolfi et al., 2016).

No caso do inventário, deve-se levar em conta os custos com os honorários dos advogados e os tributos relativos à transmissão dos bens que, na maioria das vezes, são inesperados por parte dos herdeiros. Como estes não estão programados, isso pode causar um prolongamento do processo por falta de capital, e também possíveis desentendimentos durante o inventário em razão da discordância com a divisão de bens (Lodi e Lodi, 2011).

Silva e Rossi (2015) assinalam como agravante a esses fatores a existência de uma empresa no processo de inventário, pois o gestor da organização pode ser o inventariante e não apresentar habilidades suficientes para gerir as atividades necessárias para o processo.

As possibilidades de agravantes em um planejamento sucessório bem-estruturado existem, sendo que a sucessão pode resultar em um condomínio de bens. Em relação a isso, Silva e Rossi (2015, p. 84) apontam que:

Em muitos casos, a sucessão pode ter como consequência o condomínio de bens, ou seja, duas ou mais pessoas passam a ser proprietárias em conjunto de um determinado bem, dificultando, por exemplo, a sua venda. Tanto pior se o bem em discussão for cotas ou ações de empresas, uma vez que, por serem indivisíveis, somente oferece um voto por cota, o que pode atravancar as deliberações societárias se os proprietários em condomínio não tiverem interesses convergentes.

Esse tipo de situação normalmente pode se tornar muito complicada, já que em todos os casos de sucessões em condomínio, os

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herdeiros, obrigatoriamente, devem pensar e agir de forma uniforme e semelhante para que seus interesses, em relação ao patrimônio, possam ser alcançados e resultados possam ser gerados (Lodi e Lodi, 2011).

Se os interesses dos herdeiros, nesse caso, não forem os mesmos, o patrimônio ficará parado, estagnado. Além dos entraves causados em uma sucessão por desentendimentos dos herdeiros quanto à forma que será feita a partilha do espólio, também se tem, como já mencionado anteriormente, os custos judiciais de um inventário e os custos tributários (Lodi e Lodi, 2011).

Nesse último, considera-se o Imposto de Transmissão Causa Mortis ou Doação (ITCMD) como o principal custo relativo a tributos pagos ao governo em consequência da transmissão dos bens, em relação ao inventário e ao ITCMD. Para tanto, Silva e Rossi (2015, p. 84) explicam:

Em se tratando de inventário e, justamente, em razão da necessidade do recolhimento do referido imposto, sob pena de suspensão e atraso do processo, em muitas oportunidades a família acaba por ter que se desfazer de um bem para fazer frente aos custos da ação, o que poderia ser evitado se houvesse um planejamento prévio. Com efeito, é possível programar o pagamento dos custos inerentes à constituição da holding de acordo com a conveniência dos patriarcas, podendo-se evitar a alienação de uma parte do patrimônio familiar.

Ao discutirem sobre o mesmo assunto, Silva e Rossi (2015) pontuam que, como alternativa de procedimento, a sucessão e transferência de um patrimônio deixado por causa mortis, além do inventário judicial, foram estabelecidas em 2007 pela Lei n. 11.441 que criou uma maneira de inventariar o espólio deixado pelo finado, denominando-o inventário administrativo.

Essa nova forma de se fazer o inventário foi pensada como um modo de facilitar e diminuir os custos de um processo de inventário judicial, já que o inventário administrativo é feito em um cartório de notas por escritura pública (Costa, 2006). Então, se os herdeiros entrarem em consenso quanto à divisão dos bens, optando por fazer um inventário administrativo, eles evitam os custos judiciais que são bem maiores do que os de cartório (Costa, 2006).

Para que esse tipo de inventário seja possível, além do consenso dos herdeiros quanto à divisão da herança, também é necessário que não haja testamento. Assim, se forem analisadas todas as possibilidades, a família e seus patriarcas reconhecerão a importância de um planejamento sucessório (Lodi e Lodi, 2011).

A melhor maneira de todos os envolvidos se beneficiarem com o resultado do planejamento é através de uma conversa e de um consenso documentados quanto ao que será feito com o patrimônio

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familiar. Nesse sentido, Silva e Rossi (2015, p. 85-86) comentam os benefícios de um bom planejamento sucessório, sugerindo que:

O planejamento sucessório nos parece ser fundamental. A partir dele, os patriarcas planejam o futuro do patrimônio da família e a continuidade dos negócios empresariais, tendo como vantagens: proteção do patrimônio contra a influência de terceiros; escolha do herdeiro mais capacitado para dar continuidade à administração da empresa familiar; ausência de conflitos no momento da sucessão, especialmente daquela que decorre da morte de um dos patriarcas, e dos custos decorrentes do processo de inventário; planejamento do pagamento dos tributos advindos da sucessão, e a não necessidade de realizar condomínio de bens e a alienação de um bem da família para pagamento de impostos e custas processuais.

2.3.1 Doações, antecipação da legítima e colação de bens

A doação, antecipação da legítima ou colação de bens fazem parte dos objetivos da criação de uma holding familiar, com o adiantamento da posse do patrimônio pelo patriarca aos herdeiros (Lodi e Lodi, 2011). A holding familiar, entre outros objetivos, pretende adiantar essa sucessão evitando que possíveis desavenças entre os herdeiros possam deteriorar o patrimônio, bem como um processo de inventário que, além de custoso, pode ser demorado (Costa, 2006).

Na Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002 do Código Civil, no seu art. 538, está disposto que “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra”.

No caso de doação, não existe nenhum tipo de pagamento ou troca. Caso isso ocorra, é considerado venda ou permuta.

A doação só pode ser feita até metade do patrimônio dos bens do doador, pois a outra metade é legítima, não cabendo a doação. Vale ressaltar que, caso não haja herdeiros legítimos, pode-se doar os bens em sua totalidade (Nader, 2011).

Após ser entendida a doação, há a necessidade de se compreender a antecipação da legítima, que é a doação do patriarca, ainda em vida, do patrimônio que cabe aos herdeiros. Esse assunto está previsto no Código Civil, no art. 544 e nele se estabelece que “a doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança”.

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Gil (2002, p. 1) descreve pesquisa “como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. O autor ainda afirma que para isso o pesquisador necessita de conhecimentos teóricos e práticos, habilidade técnica de análise, uso de métodos e procedimentos correspondentes ao estudo que está sendo realizado, com o propósito de conseguir as respostas desejadas.

Em relação à abordagem do problema, caracteriza-se como qualitativa, pois não utiliza métodos matemáticos e estatísticos para desenvolver o estudo.

Quanto à pesquisa qualitativa, ela está relacionada a uma etapa exploratória da pesquisa, é adequada para uma análise formativa, visando à efetividade de um projeto (Roesch, 2007). Dessa forma, para o estudo realizado, a análise qualitativa foi feita por meio de referencial teórico e da coleta, classificação e interpretação dos dados que embasam a ideia de propor uma análise e interpretação das holdings familiares.

Segundo Appolinário (2011), os dados da pesquisa qualitativa são coletados nas interações sociais e analisados subjetivamente pelo pesquisador, pois nesta modalidade a preocupação é com o fenômeno. Quanto ao tipo de pesquisa, define-se como descritiva, uma vez que se tem a intenção de responder aos objetivos traçados no estudo. Gil (2002, p. 42) afirma que “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. O presente estudo classifica-se quanto aos seus objetivos como descritivo, pois visa a descrever holdings familiares.

Referente aos procedimentos, este artigo utilizou-se de pesquisa bibliográfica, a qual foi realizada pela coleta de informações, principalmente por meio de livros e artigos.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O Planejamento sucessório é uma alternativa para continuidade das empresas familiares. Neste aspecto, tem como vantagem a implementação da holding familiar (Oliveira, 2003 p.28).

Fator relevante aos aspectos societários é o planejamento antecipado à transmissão de herança. Com a distribuição de cotas ou ações os herdeiros não terão como questionar sua parte na herança. A partir disso, ao pensar de que forma será feita a doação do seu patrimônio aos herdeiros, o patriarca elabora um contrato social para evitar problemas futuros, elaborando acordo de quotistas, criando ferramentas de gestão, preparando os responsáveis que irão sucedê-lo e evitando que desentendimentos causem prejuízos financeiros a empresa (Mamede e Mamede, 2016).

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Neste sentido, apresenta-se, em relação a holding, os benefícios oriundos da morte do patriarca e da sucessão dos bens e direitos, conforme colocado por Teixeira (2007) no quadro abaixo.

Quadro 3 - Vantagens da holding familiar em relação ao inventário

EVENTOS HOLDING

FAMILIAR INVENTÁRIO

Tributação da herança e doação. 4% 4% Tempo para criação ou tempo do

inventário. 30 dias em média

5 anos em média

Tributação dos rendimentos. 12% 27%

Tributação da venda de bens imóveis. 5,80% 27,50% Sucessão conforme novo código civil

para casamentos com comunhão parcial de bens.

Cônjuge não é herdeiro

Cônjuge é herdeiro Fonte: adaptado de Teixeira (2007)

A tributação, conforme quadro 3, sobre a herança atualmente apresenta uma alíquota fixada pelo Senado Federal a qual varia entre 1% e 8% para pessoa física. O tempo colocado por Teixeira (2007) para se abrir um processo de inventario é estimado, assim como o processo de doação causa mortis em uma empresa holding.

Vale observar no quadro 3 que na constituição holding familiar existe uma redução no tempo de inventário de 30 dias em média em comparação à média de 5 anos. Outro fator relevante é redução dos tributos e bens como um todo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto, as questões decorrentes em relação à instituição de uma empresa familiar denominada holding podem ser muitas, não podendo nenhuma ser deixada em segundo plano. Para a criação desse tipo de sociedade, é importante que a iniciativa seja dos patriarcas e que os herdeiros e beneficiários participem de todo o processo entrando em consenso com a tomada de decisões, colocando como prioridade para instituição da holding familiar o que for mais benéfico para o conjunto; deixando interesses pessoais e rivalidades com os envolvidos de lado.

A premissa básica para o estudo de viabilidade de uma holding familiar é a proteção do patrimônio familiar. Além do aspecto da proteção desse patrimônio, observou-se também como vantagem a redução de tempo no inventário e uma taxação menor no que se refere aos tributos recolhidos se comparados aos tributos e taxas de um inventário.

Passa a ser fundamental que o patriarca prepare seus herdeiros para assumir os negócios familiares, sob o risco de, mesmo havendo

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assunção sem preparação, enfrentar problemas na gestão e no processo de tomada de decisões.

Ressalta-se a importância do planejamento, buscando antever situações adversas que possam ser resolvidas ou contornadas e preparando-se para eventuais oportunidades.

Por se tratar de um tema bastante abrangente, encontram-se a possibilidade de realização de pesquisas e várias abordagens diferentes.

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