• Nenhum resultado encontrado

PORTCOM

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PORTCOM"

Copied!
372
0
0

Texto

(1)

COMUNICAÇÃO NA

AMÉRICA LATINA:

da metapesquisa aos

estudos mediáticos

Organizadores

Giovandro Marcus Ferreira

Cicilia M. Krohling Peruzzo

(2)
(3)

COMUNICAÇÃO NA

AMÉRICA LATINA:

da metapesquisa aos

estudos mediáticos

(4)

Diretora Editorial: Roseméri Laurindo Vice-diretor Editor Editorial: Iury Parente Aragão Presidente do Conselho Editorial: Muniz Sodré (UFRJ)

Conselho Editorial – Intercom Alex Primo (UFRGS) Alexandre Barbalho (UFCE) Ana Sílvia Davi Lopes Médola (UNESP)

Christa Berger (UNISINOS) Cicília Maria Krohling Peruzzo (UAM)

Erick Felinto (UERJ) Etienne Samain (UNICAMP)

Giovandro Ferreira (UFBA) José Manuel Rebelo (ISCTE, Portugal)

Jeronimo C. S. Braga (PUCRS) Juremir Machado da Silva (PUCRS) Luciano Arcella (Universidade d’Aquila, Itália)

Luiz Cláudio Martino (UnB) Marcio Guerra (UFJF) Margarida M. Krohling Kunsch (USP) Maria Teresa Quiroz (Universidade de Lima/Felafacs)

Marialva Barbosa (UFRJ) Mohammed Elhajii (UFRJ)

Muniz Sodré (UFRJ) Nélia R. Del Bianco (UnB)

Norval Baitelo (PUCSP) Olgária Chain Féres Matos (UNIFESP)

Osvando J. de Morais (UNESP) Pedro Russi Duarte (UnB)

Sandra Reimão (USP) Sérgio Augusto Soares Mattos (UFRB)

(5)

COMUNICAÇÃO NA

AMÉRICA LATINA:

da metapesquisa aos

estudos mediáticos

São Paulo

Intercom

2018

Organizadores

Giovandro Marcus Ferreira

Cicilia M. Krohling Peruzzo

(6)

COMUNICAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: da metapesquisa aos estudos mediáticos

Copyright © 2018 dos autores dos textos, cedidos para esta edição à

Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - Intercom Roseméri Laurindo

Direção Editorial:

Clauciane Pereira Projeto Gráfico e Diagramação, Capa e Revisão:

Todos os direitos dessa edição reservados à

Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - INTERCOM

Rua Joaquim Antunes, 705 - Pinheiros

CEP 05415-012 - São Paulo - SP - Brasil - Tel: (11) 2574-8477 / 3596-4747 / 3384-0303 / 3596-9494

http://www.intercom.org.br - email: intercom@usp.br

Ficha Catalográfica

COMUNICAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: da metapesquisa aos estudos mediáticos / Organizado por Giovandro Marcus Ferreira e Cicilia M. Krohling Peruzzo. -- São Paulo: Intercom, 2018. 75 MB; PDF.

Bibilografia

ISBN 978-85-8208-117-4

1. Comunicação. 2. América Latina. 3. Metapesquisa. 4. Estudos mediáticos. 5. Intercom. 6. Ebook. I. Ferreira, Giovandro Marcus. II. Peruzzo,

Cicilia M. Krohling. III. Título.

CCD 302.23 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)

(7)

017 011 037 047 079 089 131 119

sumário

Apresentação

Capítulo 1 – A PESQUISA EM COMUNICAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: ORIGENS E QUESTÕES TEÓRICAS

1. Mitos de la comunicología. La comunidad brasiliensis. |

Gustavo Cimadevilla a

2. A crítica une a pesquisa em comunicação na América Latina. |

Christa Berger a

3. Visões da pesquisa latino-americana em Comunicação: olhares ad-intra e ad-extra (...quem somos dentro e fora?) | Cicilia M. Krohling Peruzzo

a

4. Apontamentos para debate sobre a pesquisa em Comunicação

na América Latina. | Fernando Oliveira Paulino

a

5. Panorama da pesquisa latino-americana em comunicação por

meio das Revistas Chasqui e RBCC. | Maria Cristina Gobbi

a

6. Enseñar y aprender teorías de la comunicación. | Raúl Fuentes

Navarro a

7. Obstáculos epistemológicos na Teoria da Comunicação: um esboço a partir da prática. | Luís Mauro Sá Martino

(8)

147 175 181 231 211 197

Capítulo 2 – PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO, CENÁRIOS, RESISTÊNCIAS E PERSPECTIVAS

1. Primeira década do Ciespal: fundação e indicações de investigação. | Iury Parente Aragão

a

2. Investigar la comunicación en contextos de pesimismo político,

incertidumbre tecnológica y voluntad democrática. | Gabriel

Kaplún a

3. Nuevos escenarios, otros mapas, distintos métodos. |

Washington Uranga a

4. Bufo Vs. Lacrónica: Derivas actuales de la producción del

conocimiento. | Gustavo Cimadevilla

a

5. Comunicação, cultura e resistência na América Latina: Uma retomada das perspectivas teóricas para estudo da mídia e dos

movimentos sociais na contemporaneidade. | Karina Janz

Woitowicz a

6. Receção da Pesquisa Latino-Americana em Comunicação em Portugal. | Paulo Serra

(9)

Capítulo 3 – MEDIATIZAÇÃO, NOVOS CENÁRIOS, DEMOCRACIA E PODER

1. O périplo discursivo de um “corpo significante”: Capturas de

Sérgio Moro pelos discursos midiáticos. | Antônio Fausto Neto

a

2. Mediatização e jornalismo: apontamentos sobre as condições de

produção na contemporaneidade. | Giovandro Marcus Ferreira e

Claudiane Carvalho a

3. Compressão espaço-tempo como chave-analítica para pensar o

novo cenário mediático. | Juliano M. Domingues da Silva

a

4. Condicionantes da Mídia na América Latina. | Othon Jambeiro

a

5. A construção da história da Televisão no Brasil. | Sérgio Mattos

6. Ciudadanía y digitalización | Delia Crovi Druetta

SOBRE OS AUTORES 363 347 249 299 315 337 279

(10)
(11)

Apresentação

É com imensa satisfação que disponibilizamos para acesso público o livro Comunicação na América Latina: da metapesquisa aos estudos

mediáticos. Ele representa o registro da memória de duas edições do

Colóquio Latino-Americano de Ciências da Comunicação na América Latina, promovidos pela Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação), realizados em 2016 e em 2017. Os

Colóquios de pesquisa aconteceram como pré-congressos do evento anual da Intercom com o objetivo geral de provocar a sistematização e o debate sobre do estado da pesquisa em Comunicação na América Latina, além de congregar pesquisadores e colocá-los em diálogo entre si e entre as associações científicas e universidades da região. Desse modo, esta coletânea representa também a materialização de um esforço científico -acadêmico importante em prol da integração do campo da Comunicação na América Latina e de sistematização de abordagens que refletem sobre o estado da questão da investigação comunicacional, registram visões históricas e apontam para os desafios e as perspectivas da pesquisa na América Latina. Contudo, sabe-se que o livro tem limites, tanto porque nem todos os expositores enviaram os textos completos de suas exposições verbais, quanto pelas dimensões da América Latina e pela diversidade característica do estado da pesquisa em cada país do continente, impossíveis de serem retratados especificamente nos colóquios e neste livro.

O I Colóquio Latino-Americano de Ciências da Comunicação na

América Latina foi realizado de nos dias 3 e 4 de setembro de 2016 no

bojo do 39º Congresso Brasileiro de Ciências da Intercom, chamado de

Cicilia M. Krohling Peruzzo

Giovandro Marcus Ferreira

(12)

Congresso Intercom, que aconteceu do Campus da Universidade de São Paulo, em São Paulo, capital. Neste primeiro Colóquio o debate se deu a partir tema central “Metodologias de pesquisa em Comunicação na América Latina”, na tentativa de resgatar as metodologias que dão suporte à pesquisa no continente, na perspectiva diacrônica e sincrônica. Nesse sentido, alguns aspectos se destacaram na construção das mesas redondas: o que e porque investigar, como investigar, modos de conhecer, modos de dizer as narrativas da investigação, e os elementos comparativos do que se investigou ao longo do tempo.

O II Colóquio Latino-Americano de Ciências da Comunicação na

América Latina aconteceu na cidade de Curitiba, Paraná, de 4 a 5 de

setembro de 2017, por ocasião do 40º Congresso Intercom. Neste Colóquio foi enfatizado o tema “Novos cenários mediáticos: olhares (críticos) da pesquisa latino-americana em Comunicação”. As mesas de trabalho inspiradas por este tema versaram sobre os desafios da construção da cidadania e da consolidação da democracia na América Latina nos estudos de mídia, os novos cenários do ensino das teorias da comunicação, o (re)pensar as metodologias de pesquisa para o novo cenário mediático, e sobre a recepção da pesquisa latino-americana em comunicação (ad-extra e ad-intra).

Esta coletânea tem o mérito de reunir os textos relativos às conferências proferidas nestes dois Colóquios em três capítulos, embora não represente a totalidade delas, mas apenas daqueles expositores que efetivamente enviaram os textos em tempo hábil.

O primeiro capítulo, intitulado “A pesquisa em Comunicação na América Latina: origens e questões teóricas” reúne as contribuições que tratam de questões históricas, teóricas e epistemológicas da pesquisa. Nele estão os textos de Gustavo Cimadevilla (argentino) - Mitos de la comunicología. La comunidad brasiliensis -, Christa Berger (brasileira) - A crítica une a pesquisa em comunicação na América Latina -, Cicilia M.Krohling Peruzzo (brasileira) - Visões da pesquisa latino-americana em Comunicação: olhares ad-intra e ad-extra (...quem somos dentro e fora?) -, Fernando Oliveira Paulino (brasileiro) - Apontamentos para debate

(13)

sobre a pesquisa em Comunicação na América Latina -, Maria Cristina Gobbi (brasileira) - Panorama da pesquisa latino-americana em comunicação por meio das Revistas Chasqui e RBCC -, Raúl Fuentes Navarro (mexicano) - Enseñar y aprender teorías de la comunicación -, e de Luís Mauro Sá Martino (brasileiro) - Obstáculos epistemológicos na Teoria da Comunicação: um esboço a partir da prática.

No segundo capítulo reunimos os textos que abordam temas caros à pesquisa em Comunicação no continente, desde seu pioneirismo institucional até suas interconexões com os contextos políticos e tecnológicos, seus novos cenários e a percepção de como é vista desde outros países. Este capítulo é denominado de “Produção do conhecimento, cenários, resistências e perspectivas” e aglutina os textos de: Iury Parente Aragão (brasileiro) - Primeira década do Ciespal: fundação e indicações de investigação -, Gabriel Kaplún (uruguaio) - Investigar la comunicación en contextos de pesimismo político, incertidumbre tecnológica y voluntad democrática -, Washington Uranga (argentino) - Nuevos escenarios, otros mapas, distintos métodos -, Gustavo Cimadevilla (argentino) - Bufo Vs. Lacrónica: Derivas actuales de la producción del conocimiento -, Karina Janz Woitowicz (brasileira) - Comunicação, cultura e resistência na América Latina: Uma retomada das perspectivas teóricas para estudo da mídia e dos movimentos sociais na contemporaneidade -, Paulo Serra (português) - Recepção da Pesquisa Latino-Americana em Comunicação em Portugal.

Fechando o livro, o terceiro capítulo, sob o título “Mediatização, novos cenários, democracia e poder” reúne os textos que relatam pesquisas realizadas no âmbito mediático. Estes são dos seguintes autores: Antônio Fausto Neto (brasileiro) - O périplo discursivo de um “corpo significante”: Capturas de Sérgio Moro pelos discursos midiáticos -, Giovandro Marcus Ferreira e Claudiane Carvalho (brasileiros) - Mediatização e jornalismo: apontamentos sobre as condições de produção na contemporaneidade -, Juliano M. Domingues da Silva (brasileiro) - Compressão espaço-tempo como chave-analítica para pensar o novo cenário mediático - Othon Jambeiro (brasileiro) -, Condicionantes da Mídia na América Latina –, A

(14)

construção da história da Televisão no Brasil - Sérgio Mattos (brasileiro) -, e de Delia Crovi Druetta (mexicana) - Ciudadanía y digitalización.

Esperamos que este livro possa contribuir para memoriar dimensões da pesquisa em Comunicação na América Latina. Existe um legado grande de produções sobre a historiografia, teorias e epistemologias da Comunicação e da pesquisa em Comunicação, pensadas em nível do continente latino-americano, que merece ser resgatado e estudado. Oxalá este livro sirva também como inspiração para esse resgate, além de animar a continuidade da realização dos Colóquios Latino-Americanos

de Ciências da Comunicação na América Latina, por parte da Intercom.

Esta associação científica já realizou vários colóquios internacionais de pesquisa binacionais, com a França, Estados Unidos, Inglaterra, Dinamarca, Itália, Espanha e, na América Latina, com o México e a Argentina, como também os Colóquio Transfronteiras Centro-Oeste (Brasil, Bolívia e Paraguai – em 2001) e o Colóquio Transfronteiras Sul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai – em 2004). São uma demonstração do esforço da entidade em consolidar parcerias e proporcionar o intercâmbio acadêmico-científico internacionais. A opção pelos colóquios latino-americanos, desde 2016, embora o Colóquio Brasil-Estados continue a se realizar, é por tentar fortalecer e incrementar os laços de pesquisa e a troca de conhecimentos dentro do nosso continente, sem desconsiderar a importância dos demais colóquios com outros países e continentes. Trata-se de um esforço para ampliar os espaços de diálogo sobre a realidade e as perspectivas da pesquisa científica sobre o campo da Comunicação na América Latina, oxalá tentando cada vez abarcar mais países nesse debate.

(15)

A PESQUISA EM

COMUNICAÇÃO

NA AMÉRICA LATINA:

ORIGENS E QUESTÕES TEÓRICAS

(16)
(17)

1.

A modo de Introducción

Cuando el antiguo latín era cultivado, el término comoine[m]

significaba 'conjuntamente', 'en común'; y en su forma neutra Commune

significaba 'comunidad'. La familia de vocablos que concurría a dar densidad a esos términos reconocía en Communis (en latín arcaico

commonis) un vocablo compuesto por com y munis que significaba 'corresponsable', 'cooperante', 'que colabora a realizar una tarea'. Así, lo común y la comunidad permitían situar a un conjunto de habitantes que no solo compartían un lugar y un tiempo, sino además tareas, roles y conveniencias que les permitían habitar, protegerse y perdurar. En ese habitar unos y otros se reconocían como partes de un todo comunitario. Subyacía, a ellos, una identidad.

A partir de allí, la literatura que se produjo para tratar la temática desde la incipiente sociología y las ciencias afines hasta nuestros días es inmensa , e incluso referente de nuestro propio campo: la comunicación. 2 Y no es nuestro objetivo volver a situarlo y referenciarlo, sino ponerlo como punto de partida y de llegada. Desarrollo que nos interesa toda vez que el II Coloquio nos reúne a pensar, analizar y discutir la Recepção da pesquisa latino-americana em comunicação (ad-extra e ad-intra): quem

Mitos da comunicología.

La comunidade brasiliensis.

a

1

A la Memoria de José Marques de Melo, “inventor de tradiciones”

Gustavo Cimadevilla

1

Un artículo sobre JMM y su condición de “inventor de tradiciones”, de mi autoría, se encuentra publicado en la Revista Chasqui, Nro. 104, 2008. Págs. 10-17. Disponible: http://revistachasqui.org/index.php/chasqui/ article/view/334/334

2

Al respecto puede consultarse el artículo “El concepto de comunidad en las ciencias sociales latinoamericanas: apuntes para su comprensión”, de Gabriel Liceaga. Disponible en http://ri.conicet.gov.ar/bitstream/ handle/11336/1205/ca145-57.pdf?sequence=5&isAllowed=y

(18)

somos dentro e fora? Y al hacerlo, algunos interrogantes sobre los

orígenes de esa comunidad académica son inevitables.

En ese sentido, creemos que el concepto de comunidad nos auxilia porque en el caso de la comunicología brasilera lo que cabe primero reconocer es que ella ha sido y es fruto de una comunidad de pares. Activos, reconocibles por una identidad en particular, y con una historia propia que permite advertir que fueron determinados esfuerzos y devenires los que permitieron esa configuración y no otra.

Vamos en este texto a referirnos a ese devenir. Nuestra perspectiva es la del observador foráneo, pero a su vez partícipe. Mi experiencia en Brasil, iniciada en los años 80 cuando realicé una maestría en un campo académico afín, el de la extensión rural , me permitió conocer buena 3 parte de ese camino. Excelentes académicos de ese derrotero, y una colección de postales que de sur a norte fueron registrando en diversos encuentros y experiencias de labor profesional las impresiones que comparto.

Un punto de partida

Ernest Casirer evoca, en su “Filosofía de las formas simbólicas” (Vol. II), lo que a su entender se constituye en el meollo de todo origen comunal para la conciencia social. “El yo –expresa Casirer- solo se siente y se conoce a sí mismo en la medida en que se aprehende como miembro de una comunidad”. El yo es en relación a un todo que lo rodea y donde resulta posible y reconocible la existencia. Es “en la medida en que se ve agrupado junto con otros en la unidad de una familia, de una tribu o de un organismo social. Sólo en y a través de esa unidad se posee a sí mismo”; afirma el autor. (Casirer, 2013:220)

3

Dictado en el Centro de Ciencias Rurales de la Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil, bajo la coordinación del Dr. Gustavo Quesada (1986).

(19)

Pero la familia y la tribu son pre-existentes, aunque se experimenten como contemporáneas. Estas se suponen con un pasado, aunque no se conozca en detalle, que se intuye y siente como propio. Así, entre esos “otros” del pasado o de la contemporaneidad y el “yo”, hay lazos. Y una identidad que los contiene y resume.

Casirer supone que de algún modo y aunque no se conozca en demasía, el pasado remoto, ese que indica que hubo cierto origen, se ha nutrido y nutre de historias que se comparten como relatos de una mitología. De una cosmovisión que real o no, permite ilustrar y contar cómo la familia y la tribu fueron gestándose y formándose en y con una cultura. Y cómo cuando la familia avanza a la tribu y la tribu avanza a la nación siempre se revelan sus componentes mitológicos.

El ejemplo de los Yoruba permite apreciarlo:

Olorum, el dios del cielo, pidió a sus hijos que crearan un nuevo reino en el que se extendieran sus descendientes, otorgándole el nombre de Ile-lfe.

Olurum lanzó una gran cadena desde el universo donde vivió, siendo las primeras aguas su objetivo, por dicha cadena bajó Oduduwa, portando un puñado de tierra en sus bolsillos, una gallina de cinco

dedos y una semilla.

Cuando estuvo preparado, Oduduwa arrojó el puñado de tierra sobre las aguas, formándose así su nuevo reino, Ife.

Allí la gallina rasgó el suelo y enterró la semilla, de la que creció un gran árbol de dieciséis ramas, que son los dieciséis hijos de Oduduwa, de los que descienden las dieciséis tribus yoruba.

(Olano Arias, O. El enigma de la creación, 2014, Lulú Press. Inc., Pág. 20)

Hoy las tribus están contempladas en una nación y Nigeria es el principal territorio que las contiene. Así visto, en su forma más primitiva pero enteramente simbólica, el pasado comunal se transmite a través de

(20)

los Mitos. “Una energía unitaria del espíritu”, expresará Casirer (2013:289), que une, representa, diferencia y se modifica dialécticamente en su devenir porque es en sí mismo un producto de la conciencia social con la que convive y también se rebela.

Identificar un origen común no es poco. Más bien es un punto de partida que ofrece un conjunto de símbolos para reconocer una identidad, más allá de que ésta pueda atribuirse a componentes reales o mágicos. Y en esa identidad se reconoce a la familia, a la tribu, como su forma de agregación, y a la nación como su propia evolución.

Visto en una ilustración:

Nación Tribu Familia

(21)

Y para entender esos pasos, la conciencia social que lo posibilita necesita de la comprensión del tiempo y su devenir:

“Cuando el hombre empezó a darse cuenta del problema del tiempo, cuando ya no se hallaba confinado en el estrecho círculo de sus deseos y necesidades inmediatas, cuando comenzó a inquirir el origen de las cosas, no pudo encontrar más que un origen mítico y no histórico. Para comprender el mundo, tanto el físico como el social, tuvo que proyectarlo sobre el pasado mítico. En el mito es donde encontramos los primeros ensayos para establecer un orden cronológico de las cosas y los acontecimientos, para ofrecer una cosmología y una genealogía de dioses y hombres”. (Casirer,

Antropología Filosófica, 1968:148-49)

En ese origen, si el mito evoca la imaginación, la expresión sobre ésta abre luego camino al arte y el arte a la contemplación, así como el lenguaje sobre el que opera permite luego la conceptualización y en nuestra modernidad sostenida y tardía la ciencia y el conocimiento. Y es ese conjunto de relaciones y diatribas que interesan a Casirer para preguntarse por las formas simbólicas y sus significaciones. Porque en definitiva acompañan a todos los lenguajes y a todos los pueblos.

¿Reconoce la comunidad que nos importa ese devenir de la familia a la tribu y de la tribu a la nación, aun cuando hablemos de temporalidades y procesos de distinta densidad?

Creemos que la figuración resulta útil para interpretarlo. Veamos cómo algunos hechos reafirman esos sentidos, aún en clave moderna.

La comunidade brasiliensis de comunicación “ad-extra e ad-intra”

Mencionar a la comunidade brasiliensis en el campo académico y profesional de la comunicación es pensar en instituciones y nombres de protagonistas claves. Para el primer caso INTERCOM –Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação-, fundada en 1977, es sin duda emblemática. Por carácter transitivo pensar en sus

(22)

protagonistas fundadores, sostenedores y entusiastas gestores de la entidad (permítaseme el genérico para no mencionar algunos y olvidar a otros) es el modo correcto de ubicar a quiénes participaron de su origen y proyección. De la familia, entonces, a la nación.

Y pensar en nación como agregado complejo, múltiple, numeroso pero con identidad común no es exagerado para el nivel de análisis figurativo que proponemos. Algunos números lo confirman:

INTERCOM es la asociación nacional de académicos y profesionales que mayor número de participantes convoca en América Latina. Su último evento en CURITIBA (setiembre, 2017) reunió una inscripción de 4.200 asistentes y 1.700 trabajos.

La participación de intelectuales brasileños del campo de la comunicación en IAMCR (INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR MEDIA AND COMMUNICATION RESEARCH) o ALAIC (ASOCIACION LATINOAMERICANA DE INVESTIGADORES DE LA COMUNICACIÓN) se ubica entre las primeras a nivel de países representados y se proyecta sostenida en la última década. El conjunto de publicaciones indexadas y participantes de los circuitos de divulgación académica nacional e internacional también se revela cuantioso. Más de setenta, según un relevamiento de Ciclia K. Peruzzo . Cifra que supera ampliamente a 4 cualquier otro país de la región. En el posgrado pasa lo mismo. Actualmente el sistema dispone de más de cuarenta cursos de maestría y 25 de doctorado, y a nivel de grado los cursos registrados superan el millar. (http://www.felafacs.org/wp-content/uploads/ 2012/02/mapeo_com.pdf)

Pero realmente el camino recorrido permite descifrar ese panorama de la “nación” académica.

Vamos a realizar un ejercicio preciso en torno a una entidad de referencia internacional para considerar cómo la comunidade

brasiliensis se desarrolló en los últimos cuarenta años, si se tiene en

cuenta su participación en eventos internacionales. Para ello vamos a identificar la participación de académicos brasileños en los encuentros

4

SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. Entrevista com Cicilia K. Peruzzo [online]. SciELO em Perspectiva, 2013 [viewed 04 July 2018]. Available from: https://blog.scielo.org/blog/2013/09/10/entrevista-com-cicilia-k-peruzzo/

(23)

promocionados por IAMCR, particularmente en algunos de sus congresos realizados en América Latina. Vamos a estar atentos, entonces a su

ad-extra.

a) IAMCR, de qué hablamos?

IAMCR no necesita presentaciones, la International Association for Mass Communication Research, como se llamó desde sus inicios, hoy International Association for Media and Communication Research, inició sus actividades en 1957 bajo el patrocinio de UNESCO y con el objetivo de promover en todo el mundo el desarrollo de investigaciones sobre problemas relacionados con la prensa, la radio, la televisión y el cine, según puede leerse en su sitio oficial (www.iamcr.org). Sus miembros fundadores y promotores fueron académicos de la Europa central y de los Estados Unidos, aunque con el tiempo la asociación abrió sus puertas a integrantes de todo el mundo.

La conferencia fundacional se celebró en las oficinas de la UNESCO en París en diciembre de 1957. Cincuenta expertos de quince países asistieron para establecer la asociación que se interesaría por la investigación de los medios de información y sus productos. La lista de miembros de la asociación incluía unos 200 nombres de institutos, organizaciones educativas y socios individuales. Los educadores en periodismo eran los más numerosos en la lista de socios individuales entre educadores y sociólogos. La primera asamblea general tras la conferencia fundacional fue organizada en Milán, Italia, en 1959.

Como entidad vinculada a UNESCO, en general acompañó los intereses, agenda y discusiones que se fueron dando en el organismo internacional, inclusive desarrollando proyectos con el subsidio de aquella, aunque su autonomía relativa fue acrecentándose en la medida que su identidad se afirmó junto a los especialistas más renombrados de la investigación del campo comunicacional. Cees Hamelink y Kaarle Nordenstreng, quienes relatan la historia “oficial” de

(24)

IAMCR (http://iamcr.org/sites/default/files/Hamelink-Nordestreng-2016-ES.pdf), dan cuenta de la evolución cuantitativa del organismo. En la asamblea constituyente de 1957 participaron unos cincuenta expertos de 15 países. Al poco de andar ese número se duplicó y al llegar a fines de los años setenta ya sumaban 60 países y mil miembros. Número que continuó creciendo hasta unos 2 mil actuales y la celebración de congresos anuales. El último y muy reciente en Cartagena de Indias, Colombia, julio de 2017. (http://cartagena2017.iamcr.org)

Entre sus actividades regulares, IAMCR instaló la celebración de congresos bianuales que reunía a los principales referentes de la investigación en comunicación del mundo. Esos congresos, o Conferencias, como prefieren llamarles, se desarrollaron desde 1957 en las siguientes ciudades : 1957 París (Francia); 1959 Milán (Italia); 1961 5 Vevey (Suiza) 1964 Viena (Austria); 1966 Herceg Novi (Yugoslavia); 1968 Pamplona (España); 1970 Konstanz (Alemania, rfa); 1972 Buenos Aires (Argentina); 1974 Leipzig (Alemania, rda); 1976 Leicester (Reino Unido); 1978 Varsovia (Polonia); 1980 Caracas (Venezuela); 1982 París (Francia); 1984 Praga (Checoslovaquia); 1986 Nueva Delhi (India); 1988 Barcelona (España); 1990 Bled (Yugoslavia); 1992 Embu Guaçu (Brasil); 1994 Seúl (Corea del Sur); 1996 Sydney (Australia); 1998 Glasgow (Escocia); 2000 Singapur (Corea); 2002 Barcelona (España); 2004 Porto Alegre (Brasil); 2006 Cairo (Egipto); 2008 Estocolmo (Suecia); 2010 Braga (Portugal); 2012 Durban (Sudáfrica); 2014 Hyderabad (India); 2016 Leicester (Reino Unido); y 2018 Oregon (EEUU). Años en los que la entidad, además, celebra sus Asambleas bianuales.

Pero como bien nos recuerda Raúl Fuentes Navarro, la entidad también realiza congresos en los años intermedios (sin Asambleas), razón por la cual interesa recordar que en América Latina estos eventos también se desarrollaron en 1997 en Oaxaca (México); en 2009 en ciudad de

5

Hamelink, C. y Nordenstreng, K. (2016). Estudiando la historia a través de la Asociación Internacional para el Estudio de la Comunicación Social (IAMCR). Anuario Electrónico de Estudios en Comunicación Social “Disertaciones”, 9(2), 46-67. Disponible en: dx.doi.org/10.12804/ disertaciones.09.02.2016.03

(25)

México y en 2017 en Cartagena de Indias, según ya lo mencionamos.

(https://iamcr.org/node/2943 IAMCR History in a Nutshell. By Cees Hamelink and Kaarle Nordenstreng)

b) La comunidade en IAMCR

Si pensamos entonces en cómo la comunidade brasiliensis del campo comunicacional estuvo presente en esos eventos y su dinámica en el tiempo, tendremos algún elemento más para aportar a la comprensión propuesta. Para ello y con el objetivo de visualizar los desplazamientos numéricos entre congresos, vamos a tomar como referencia a algunos de los eventos que IAMCR particularmente realizó en América Latina, en particular por entender que la cercanía relativa de los congresos podría favorecer en algo las asistencias. Tomaremos para el caso, entonces, los congresos de IAMCR en BUENOS AIRES, 1972; CARACAS, 1980; SÃO PAULO, 1992; PORTO ALEGRE, 2004 y CARTAGENA DE INDIAS, 2017. La distancia temporal más o menos regular, entre uno y otro, favorece el análisis.

Una lectura más ambiciosa, claro, debería hacerse si se entiende que los contextos histórico políticos de la región fueron muy distintos y seguramente pesaron en las rutinas y posibilidades de los académicos. Aun cuando no sea nuestro objetivo plantear esa problematización, una breve referencia resulta necesaria para visualizar esa complejidad.

Los setenta fueron años de tensión y violencia. Al malestar social y la búsqueda de cambio se agregaron niveles impensados de violencia estatal, represión y políticas de control que dejaron huellas en la región por muchos años más. Recién en los noventa las débiles democracias insinuaron el inicio del fortalecimiento de las instituciones republicanas, aunque las diversas crisis en el plano económico y social alertaron que las estabilidades serían por largo tiempo relativas. Incluso en los tiempos que nos toca vivir. Profundizar en las historias nacionales y su articulación regional, resulta entonces indispensable. En nuestro caso, lo hemos

(26)

intentado con un estudio que abordó la realización del Congreso de IAMCR en Buenos Aires. El trabajo se titula IAMCR Buenos Aires, 1972.

Comunicación y Desarrollo en tiempos trémulos y fue presentado en el

XIV Congreso de ALAIC, Costa Rica (Cimadevilla, 2018).

Pero volvemos a nuestro análisis y a seguir presentamos los datos principales de la participación de la Comunidade Brasiliensis en los eventos seleccionados:

IAMCR BUENOS AIRES, 1972

El estudio que realizáramos (Cimadevilla, 2018) y la documentación específica hallada sobre el congreso (Bourquin, J. 26 th, 1972) permiten advertir que el evento no tuvo dimensiones mayores si se compara con los actuales, pero fue significativo para la época. En su Carta Bourquin manifiesta que en el evento se presentaron 36 trabajos y participaron unos 50 miembros de IAMCR de diversas partes del mundo, además de los asistentes argentinos. Asistentes que, como concluimos en nuestro trabajo, se vinculaban más a la comitiva oficial ligada al gobierno de la época que a la academia, que aún estaba en sus albores en la especialidad. De Brasil, que es el caso que nos interesa, solo hay registro de la participación de un académico: Julio García Morejón, quien además figura como miembro del Consejo Ejecutivo de IAMCR, entendemos que a nivel de la organización de ese evento en particular.

Julio García Morejón (1929) era un español formado en Filosofía que en 1953 emigró a Brasil y se radicó en São Paulo. En 1960 se doctoró y ganó la cátedra de Lengua y Literatura Española e Hispanoamericana de la Universidade de São Paulo y años después fundó y dirigió la Escola de Comunicações e Artes. En 1972 era un académico de prestigio en la USP y seguramente por esa posición en particular participó del evento. No hay registros de que otros colegas brasileños lo acompañaran, en un momento en el cual además Brasil tenía un gobierno de facto que intervenía en la vida académica y monitoreaba los movimientos

(27)

docentes. En sus relatos, por ejemplo, José Marques de Melo recuerda a García Morejón por su liderazgo en la ECA y su apertura a recibirlo como profesor de la Escuela en tiempos de dictadura. (http://revistapesquisa. fapesp.br/2012/11/12/jose-marques-de-melo-a-prima-pobre-das-ciencias-sociais/)

IAMCR CARACAS, 1980

El segundo desembarco de IAMCR en América Latina se produce pocos años después, en 1980, cuando es elegida CARACAS para dar lugar a la XII Conferencia de la entidad. En el evento anterior de Varsovia (1978, Polonia) los asistentes superaron las 500 plazas que provenían de 38 países, mientras que en Caracas ese número de asistentes era menor pero representando esta vez a 63 países. Es que la expectativa para ese agosto de 1980 era muy alentadora. Se acababa de conocer el Informe MacBride y el lema del evento lo estimulaba: “New Structures of International Communication”, para dar lugar a múltiples trabajos que se ocuparon de la cuestión.

Luis Anibal Gómez, primer presidente de ALAIC y en ejercicio durante ese año, recuerda que participó del núcleo organizador dando visibilidad a la recién creada ALAIC y proyectando la labor del ININCO (Instituto de Investigaciones de la Comunicación -1974) y la AVIC (Asociación Venezolana de Investigadores de la Comunicación -1975) como entidades pioneras del campo en América Latina. (Entrevista a L. A. Gómez, en el texto Del Mimeográfo a las redes digitales, Crovi Druetta, D. y Cimadevilla, G., 2018). La presencia de latinoamericanos por supuesto fue superior a la de Varsovia. La recién creada ALAIC promovió la participación de sus miembros, entre los cuales serían especialmente invitados a disertar Oswaldo Capriles (Colombia) y Héctor Schmucler (Argentina). El número de participantes de la región fue alto, mencionando José Marques de Melo a más de 40 participantes

(http://www.eca.usp.br/associa/alaic/revista/r1/art_01.pdf). En un momento en el cual INTERCOM (fundado en 1977) estaba iniciando sus actividades.

(28)

Si bien de Brasil no se tiene un listado en particular de sus académicos asistentes, vale mencionar que en la oportunidad la investigadora Nelly de Camargo fue elegida Vice-Presidente de la entidad. Camargo fue parte del grupo fundador de la Escuela de Comunicaciones y Artes de la Universidade de São Paulo. Su formación en pedagogía, Filosofía y Psicología le permitía incursionar en varios campos, lo que refozó con sus posgrados a nivel de maestría en Educación y Tecnología (1961, Indiana University, EEUU) y su doctorado en Ciencias de la Comunicación (1972, USP), dedicándose en particular a la interface comunicación-educación.

IAMCR EMBU GUACU, SAO PAULO, 1992

Pero si en los dos primeros eventos la presencia de la comunidade brasiliensis presente en los congresos de IAMCR fue acotada, la organización de un tercer evento en América Latina y esta vez en Brasil marcaría la diferencia. Bajo el liderazgo de José Marques de Melo y el apoyo de INTERCOM, la comunidade brasiliensis fue a fines de los ochenta a hacerse cargo de la reconstitución de ALAIC, que por diversas razones había caído en cierta inmovilidad institucional. La designación de Brasil para la XVIII Conferencia de la IAMCR en Embú Guaçu, São Paulo (16 a 21 de agosto), sirvió para que ALAIC organizara antes y de manera más o menos articulada su Primer Congreso Latinoamericano (14 a 16 de agosto). Y ambos eventos, entonces, potenciarían una presencia importante de congresistas de la región. En palabras de José Marques de Melo: “El total de participantes (ALAIC) fue de 128 (…) Siendo que las mayores delegaciones provinieron de Brasil (40), México (15), Uruguay (13), Perú (10) y Argentina (9)”; entre otras menores. En tanto el congreso de IAMCR tuvo a 507 participantes oriundos de 50 países, y una presencia brasileña de 42 ponentes. Número significativo si se considera la participación de la comunidade en los congresos internacionales anteriores de Buenos Aires y Caracas y si se observa que fue la segunda

(29)

mayor delegación de este congreso, detrás de los EEUU que registró 95 disertantes.

En Communication for a new world (São Paulo, ECA-USP, 1993) Marques de Melo deja registro y compendio de ese evento que marcó un hito clave en el afianzamiento orgánico de la comunidade académica del campo.

IAMCR PORTO ALEGRE, 2004

Si a fines del siglo XX las ciencias de la comunicación en Brasil mostraban un devenir creciente y auspicioso, con aproximadamente mil cursos de grado registrados en el Ministerio de Educación y una importante respuesta a las convocatorias de las asociaciones nacionales como INTERCOM, que albergaba en sus congresos entre 4 y 5 mil participantes (En Salvador, Bahia, INTERCOM registró en 2002 a 5 mil asistentes [Entrelinha, Especial Intercom, Setembro 2017 – Nro. 1], en Porto Alegre la expectativa para el XXIV Congreso de IAMCR fue igualmente optimista. En la sede de PUCRS (Pontificia Universidad Católica de Rio Grande do Sul) se registraron 474 ponentes, de los cuales 187 eran de Brasil; constituyéndose en la delegación más numerosa del evento y superando a Estados Unidos (77), Gran Bretaña (30) y Australia, entre otros. Visto en cantidad de trabajos, Brasil presentó 105, superando a EEUU que registró 91. “Síntoma evidente da melhoria quantitativa e qualitativa do nosso desempenho”, expresará Marques de Melo (en Demartini Gomes, 2004, pág. 235).

Un evento que sin dudas evidenció que la comunidade brasiliensis podía, en palabras de Marques de Melo, disputar la “proeminência internacional”. (Neuza Demartini Gomes, FAMECOS PUCRS, en Comunicação e Sociedades 43, 2004, págs. 233-236).

(30)

CARTAGENA DE INDIAS, COLOMBIA, 2017

Ya recientemente, IAMCR volvió a América Latina para realizar en Colombia su evento coincidente con el 60 aniversario de la institución. IAMCR CARTAGENA reunió a unos 1400 participantes de más de sesenta países. Constituyéndose evidentemente en un evento de magnitudes poco frecuentes en la región, sobre todo si se considera la diversidad de comunidades académicas presentes en el congreso.

Aunque los anfitriones no dieron a conocer las cifras sistematizadas de los asistentes y participantes, un registro manual nos permitió identificar las principales cifras de la distribución de ponencias según los países de sus autores. Trabajo no libre de imprecisiones, toda vez que la complejidad que hoy habita en nuestras instituciones académicas dificulta arribar a la claridad necesaria en el conteo. Por ejemplo, por el hecho de que muchos jóvenes investigadores son de un país pero residen temporariamente en otros mientras hacen sus estudios de posgrado. Y sus ponencias, por tanto, pueden venir identificadas por su institución de pertenencia temporaria, pero su caso de estudio y su propia identidad nacional no es la misma.

Qué se debe registrar en esos casos? O, qué se debe registrar cuando los autores son dos y sus nacionalidades diferentes? En nuestro registro, y siempre que fue posible, optamos por dejar en segundo plano las instituciones de pertenencia y preferimos tomar para el registro la nacionalidad del autor y el lugar en que sitúa su estudio, si fuera el caso. En ese sentido, este conteo extraoficial da bases para estimar proporciones estimadas y seguramente un conteo posterior con los datos que otorguen los organizadores podrá corregir cualquier variación involuntaria al respecto.

Pero veamos qué cantidad de trabajos se han identificado según la

6

nacionalidad o países agregados en regiones de sus autores . Criterio que

6

Sistematización realizada por el autor con el documento base: IAMCR 2017 PROGRAME CONFERENCE CARTAGENA DE INDIAS. Disponible en: http://cartagena2017.iamcr.org/wp-content/uploads/2017/07/IAMCR-2017-PROGRAMME-Update-16072017.pdf

(31)

se combinó para facilitar el conteo en virtud de la gran cantidad de países representados, y porque lo que importaba era poder comparar a la comunidad brasiliensis con otras, sean nacionales o de agregados regionales:

Tabla 1: Cantidad de trabajos presentados en IAMCR CARTAGENA 2018 según el país o región a la que pertenecen sus autores

Así, por combinación de conglomerados regionales y países claves en IAMCR tendríamos aproximadamente:

EUROPA ASIA COLOMBIA EEUU BRASIL MEXICO AFRICA AUSTRALIA CANADA ARGENTINA CHILE

271 (incluyendo varios países) 237 (incluyendo varios países) 183

173 167 101

68 (incluyendo varios países) 49 33 29 27 20 % 17 13,2 12,3 12 7,3 4,8 3,5 2,4 2,1 2 Etc. AMERICA LATINA EUROPA ASIA EEUU AFRICA AUSTRALIA CANADA 40% (559 trabajos) 20% 17% 12,3% 4,8% 3,5% 2,4%

(32)

En ese marco, la comunidade brasiliensis sin duda se constituyó en una de las más importantes del evento, muy próxima a la estadounidense, que siempre tuvo un protagonismo clave en IAMCR y muy cerca también de los locales, que se esperaba podían estar en los primeros lugares por su cercanía y oportunidad.

Familia, Tribu, Nación. La comunidade en proyección

Este recorrido de medio siglo, que se esbozó a partir de vislumbrar cómo el campo académico de las ciencias de la comunicación en Brasil pasó de un protagonismo personalizado a un comportamiento de cuerpo institucionalizado, encuentra en los pasajes de Casirer un modo de figurarnos la complejidad que asumió el trayecto: de la familia a la tribu, de la tribu a la nación.

Si allá por los inicios de los setenta y posteriormente en el ochenta a nivel internacional, por ejemplo en los congresos de IAMCR que hemos considerado (BUENOS AIRES, 1972 y CARACAS, 1980), la presencia de académicos de Brasil se reflejaba en protagonismos particulares, como es el caso de Julio GARCIA MOREJON y Nelly de CAMARGO, ambos de la ECA-SPU, entonces es la figura familiar la que mejor representa ese estadio. Es la figura de presencias todavía no representativas de cuerpos o instituciones que delegan las participaciones, sino más bien el fruto de las coyunturas, las relaciones y las circunstancias personales que incidieron para que algunos intelectuales fuesen los asistentes particulares de esos eventos.

Pero esa línea mudó. Y el gráfico a seguir adelanta el devenir de esas presencias en los congresos posteriores.

(33)

Gráfico 1: Presencia de intelectuales brasileños en los congresos de IAMCR seleccionados, tomando el período 1972-2017.

Así, cuando el siglo XX se va dejando atrás y los académicos ya tienen soportes institucionales de peso, como INTERCOM y otras diversas instituciones que fueron derivándose de las especialidades propias del campo, el nivel de las participaciones ya fue otro (gráfico 1). El evento que IAMCR organizó en Embu Guaçu no hubiese sido posible si la comunidade académica no hubiese tenido ya los apoyos necesarios para abordar semejante desafío. En ese caso ya no se trataba de figuras y personas sueltas, ya no era tan solo una familia o un pequeño grupo de una universidad, sino más bien una tribu. Una corporación que comenzaba a levantar cabeza y ganar exposición mundial con la organización de la XVIII Conferencia de la entidad internacional.

A partir de allí el camino fue solo en ascenso. Si hubo tribus luego ya se constituyeron en una nación. En un complejo académico lo suficientemente denso como para tener sus propias lógicas y una identidad común. La comunidade brasiliensis del campo comunicacional existe y se proyecta. No cabe a este escrito analizar las razones que se

Presencia Braisiliensis en eventos de IAMCR

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Bs. As. 1972 Caracas 1980 S. Paulo 1992 P. Alegre 2004 Cartagena 2017

(34)

conjugaron para hacer posible ese destino. Seguramente esfuerzos personales, apuestas institucionales, políticas científicas, acoples culturales y una dinámica social y de marcado funcional a esos desafíos intervinieron en el proceso. Lo cierto es que, si volvemos a la mitología comunicacional, la comunidade brasiliensis confirma la clásica trayectoria de quien mira su caminar una vez que el recorrido permite apreciar que se ha alcanzado la meta. Del paso simple al complejo. De la familia a la nación. De la unidad a la diversidad una.

El desafío que la renueva es entonces pensar en su sustentabilidad y calidad deseada. Aquella, como reflexiona Casirer, que la conciencia

social reconoce y rebela y desde la cual se proyecta múltiple, pero

integrada.

Referencias

ARIAS, Olano. El enigma de la creación. 2014. Lulú Press. Inc. USA. BOURQUIN, J. 26 th, Presidencial Letter. IAMCR. Lousanne, december 1972 CASIRER, Ernest. 2013 [1964]. Filosofía de las formas simbólicas (Vol. II). México. FCE.

CASIRER, Ernest. 1968. Antropología Filosófica. México, FCE.

CIMADEVILLA, G. 2018. IAMCR Buenos Aires, 1972. Comunicación y Desarrollo

en tiempos trémulos y fue presentado. Ponencia GT10: XIV Congreso de ALAIC,

Costa Rica. FELAFACS. (http://www.felafacs.org/wp-content/uploads/ 2012/02/mapeo_com.pdf)

GOMES, DEMARTINI, Neuza. 2004. “FAMECOS PUCRS, IAMCR Porto Alegre, 2004” en Comunicação e Sociedades 43, 2004, págs. 233-236.

GOMEZ, LUIS. A. Entrevista en Del Mimeográfo a las redes digitales, Crovi Druetta, D. y Cimadevilla, G. (Org) 2018. México, ALAIC.

HAMELINK, Cees y Kaarle NORDENSTRENG, (2016). Estudiando la historia a través de la Asociación Internacional para el Estudio de la Comunicación Social (IAMCR). Anuario Electrónico de Estudios en Comunicación Social “Disertaciones”, 9(2), 46-67. Disponible en: dx.doi.org/10.12804/ disertaciones.09.02.2016.03

(35)

HAMELINK, Cees y Kaarle NORDENSTRENG. (https://iamcr.org/node/2943

IAMCR History in a Nutshell. By Cees Hamelink and Kaarle Nordenstreng)

IAMCRS. (www.iamcr.org)

IAMCRS 2017 PROGRAME CONFERENCE CARTAGENA DE INDIAS. Disponible en: http://cartagena2017.iamcr.org/wp-content/uploads/2017/07/IAMCR-2017-PROGRAMME-Update-16072017.pdf

INTERCOM, 2017. Entrelinha, Especial Intercom, Setembro 2017 – Nro. 1. São Paulo.

LICEAGA, Gabriel. “El concepto de comunidad en las ciencias sociales latinoamericanas: apuntes para su comprensión”. Disponible en h t t p : / / r i . c o n i c e t . g o v. a r / b i t s t r e a m / h a n d l e / 11 3 3 6 / 1 2 0 5 / c a 1 4 5 -57.pdf?sequence=5&is Allowed=y

MARQUES DE MELO, Jose. Communication for a new world. São Paulo, ECA-USP, 1993

M A R Q U E S D E M E L O, J o s e . E n t r e v i s t a , 2 01 2 . D i s p o n i b l e e n : (http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/11/12/jose-marques-de-melo-a-prima-pobre-das-ciencias-sociais/)

MARQUES DE MELO, Los tiempos heroicos: la formación de la comunidad latinoamericana de ciencias de la comunicación. Revista ALAIC NRO 1, ECA-USP, 2004. Disponible en:(http://www.eca.usp.br/associa/alaic/revista/r1/art_01.pdf). SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. Entrevista com Cicilia K. Peruzzo [online]. SciELO em Perspectiva, 2013 [viewed 04 July 2018]. Disponible en: https://blog.scielo.org/blog/2013/09/10/entrevista-com-cicilia-k-peruzzo/

(36)
(37)

2.

Lo outro no existe: tal es la fe racional, la incurable creencia de la razón

humana. Identidad = realidad, como si, a fin de cuentas, todo hubiera de ser, absoluta y necessariamente, uno y lo mismo. Pero lo outro no se deja eliminar; subsiste, persiste; es el hueso duro de roer en que la razón se deja los dientes. Abel Martín, con fe poética, no menos humana que la fe racional, creía en lo outro, en “La essencial Heterogeneidad del ser”, como si dijéramos en la incurable otredade que padece lo uno.

Antonio Machado

Convidada a participar da mesa que propõe refletir sobre o que já se pesquisou e como se procedeu nessas pesquisas em comunicação na América Latina, memórias afetivas são postas em movimento. A descoberta da ficção latino-americana, a experiência de morar no México nos anos 1970 e as tantas idas e vindas por quase todos os países dessa imensa América permanecem como pano de fundo quando a tarefa é tratar das inúmeras investigações aqui desenvolvidas.

E, assim, volta o mal-estar de quando decidem tratar a América Latina como uma totalidade, ainda com mais intensidade quando este olhar provém do Brasil, historicamente na posição de “virar as costas” aos vizinhos. O que não significa a ausência de pontos de contato na realidade de explorados, dominados e chamados a resistir.

Assumindo este lugar me propus percorrer os estudiosos e seus temas em busca de uma noção que mantivesse certa continuidade para contemplar a pesquisa na América Latina e, a partir dela, traçar o caminho percorrido. Penso que o que organiza e justifica a existência,

A crítica une a pesquisa em comunicação

na América Latina.

(38)

senão de uma Escola (ainda que assim seja designada), uma perspectiva latino-americana, é a noção de crítica.

Situando os anos 1960 como um marco temporal do início de um pensamento sobre a comunicação, sem dúvida o contexto político da região foi indutor de uma perspectiva teórica que levava em conta fortemente a relação entre estruturas sociais, econômicas e modelos de comunicação. O reconhecimento destas relações embasou o trabalho de conceitos como dependência, hegemonia, dominação e resistência para examinar o fenômeno da comunicação de massa.

O continente era pressionado pela expansão do capitalismo, levada a cabo pelos países do norte a fim de evitar crises cíclicas, explorando as nações periféricas com a imposição de seus produtos e modos de vida. A denúncia desta realidade tomou corpo teórico. A teoria da dependência orientou grande parte da pesquisa da sociologia e da economia e inspirou os estudos de comunicação. A intervenção na cultura se evidenciava, especialmente a do sistema transnacional da comunicação de massa, exemplificado pelo papel das agências internacionais de notícia e pela indústria cinematográfica e musical.

Compreender a dimensão política da comunicação engendrava a produção de uma crítica genuinamente regional. A submissão cultural associada à subordinação política e à dominação econômica fechava o círculo da dependência, cuja constatação encaminhava posições críticas visualizadas no pensamento e nas ações de resistência. É quando tomam corpo projetos regionais de defesa da democratização da informação no cruzamento do campo político com o campo acadêmico.

A virada latino-americana se deu na conjugação do pensamento de pesquisadores de formações muito distintas e distantes fisicamente. Foi no tempo do venezuelano Antonio Pasquali, do boliviano Luiz Ramiro Beltrán, do brasileiro Paulo Freire e do uruguaio Mario Kaplún, com os quais se juntaram o paraguaio Juan Diaz Bordenave e o belga, vivendo no Chile, Armand Mattelart, que uma “América Latina sem lentes” foi sendo desenhada. Uma segunda geração foi se manifestando com a abordagem da dependência cultural acentuada pelo conceito de ideologia. São

(39)

estudos de viés semiótico e antropológico que os argentinos Eliseo Verón e Héctor Schmucler, os peruanos Rafael Roncagliolo e Rosa Maria Alfaro, os chilenos Fernando Reyes Matta, Juan Somavía e Diego Portales desenvolveram. Com os golpes militares na América Latina muitos deixam seus países. No México, Matta, Somavia e Schmucler fundam o Instituto Latinoamericano de Estudios Transnacionales (ILET), centro de grande atividade em que se desenvolveu uma pesquisa empírica sobre a dominação e, ao mesmo tempo, propostas alternativas para a democratização da comunicação. Não é por acaso que dali saem subsídios para o debate sobre o sentido único da comunicação, que a Unesco encampou e que desemboca na proposta por uma Nova Ordem Mundial de Informação e Cultura (NOMIC). Sabemos da importância que o relatório Mac Bride (1983) teve naquela conjuntura, assim como as razões pelas quais as propostas não foram implementadas.

Durante todo esse período, com certa autonomia em relação a esses pesquisadores e outros centros de pesquisa, manteve-se atuante o Centro Internacional de Estudios Superiores de Periodismo para América Latina (Ciespal). Fundado em 1959 com sede no Equador e iniciativa da Unesco tem sua importância registrada menos pela perspectiva crítica e mais por ter ensinado um método de pesquisa, e ainda por ter promovido o encontro de professores de diferentes regiões do continente. Em algum momento com a contratação de professores da América Latina e deslocando a ênfase no jornalismo para a comunicação, o Centro também se posiciona de maneira mais voltada aos problemas da comunicação na região. No curso que realizei em 1984 com os professores Daniel Prieto, da Argentina, e Eduardo Contreras, do Chile, a lembrança que guardo é a de um curso bastante crítico e comprometido com o destino comunicacional da América Latina. Logo em seguida a história começa a girar das ditaduras aos processos de democratização e muitas experiências de comunicação popular e alternativa são realizadas nas sociedades e nos estudos de comunicação. No Brasil, o papel da imprensa alternativa mereceu muitos registros na época, e segue sendo tema de dissertações e teses, formando um arquivo de estudos de caso.

(40)

O caminho até aqui pode ser sintetizado mais ou menos assim: da crítica ao sistema transnacional de comunicação à proposição de políticas democráticas ou nacionais e proposta de comunicação contra-hegemônica alternativa dos movimentos populares e comunitários. Da pesquisa-denuncia à pesquisa-ação.

Os anos 1980 são anos de deslocamentos. A pesquisa, que se consolida nesse período, se direciona na relação entre comunicação e cultura, revendo o poder da comunicação de massa pela observação das múltiplas expressões culturais na região, e que são iluminadas pela noção de culturas híbridas. A chegada aos estudos de recepção e das mediações foi sequência quase natural. Jesus Martin Barbero, Nestor Garcia Canclini e Guillermo Orozco são os autores que circulam em todos os países e entre todos os pesquisadores da região, assim como dão a conhecer a pesquisa latino-americana em outros continentes.

Com estes autores temos pesquisas compartilhadas e formação de redes que se desenvolvem mediante associações e projetos de pesquisa entre universidades e pesquisadores que se encontram nos tantos congressos que a área realiza anualmente. Penso que a posição crítica aqui se volta menos para fora – o sistema transnacional de comunicação, a dependência econômica, as agências internacionais de notícias, a ideologia –, e como uma descontinuidade em relação à primeira geração inclui a pesquisa em comunicação ao escrutínio crítico dos pesquisadores. O livro De los medios a las mediaciones, de Jesus Martin-Barbero (1987), refaz o percurso da crítica, redireciona o olhar de fora para dentro. Para dentro da produção cultural e comunicacional, para a recepção das mensagens e das audiências massivas e para dentro da própria pesquisa. Metodologias são propostas para ir a campo com procedimentos compartilháveis.

No Dicionário de Comunicação: escolas, teorias e autores (2014), o pensamento comunicacional latino-americano mereceu dois verbetes: Escola latino-americana de comunicação (Berger, Schwaab) e Pensamento contemporâneo latino-americano (Jacks, Ronsini).

(41)

Merecedores de verbetes individuais, foram incluídos Armand Mattelart, Paulo Freire, Guillermo Orozco Gómez, Jesus Martín-Barbero, Néstor Garcia Canclini .

O verbete da primeira fase – de Berger e Swaab – encerra assim:

“O pensamento comunicacional latino-americano encontrou na cultura regional e no tensionamento da realidade sociopolítica os caminhos para a demarcação de seus aportes próprios. Seu amadurecimento e sua solidificação ocorreram entre as décadas de 1970 até 1990, com especial repercussão no entendimento da comunicação em sua processualidade dialógica. Se o desenvolvimento e a consolidação da cultura de massa na América Latina exigiram, de forma crescente, a qualificação profissional, a profissionalização do campo acadêmico e sua institucionalização igualmente propiciaram a demarcação do viés político de investigação e, posteriormente, de uma produção paradigmática em torno dos movimentos sociais e a possibilidade de estabelecer, para as nações latino-americanas, novos canais de comunicação entre a sociedade e o estado.”

A pesquisa em jornalismo

A comunicação tem muitos ramos, o que se observa na própria configuração dos currículos das faculdades e nas propostas dos Programas de Pós-Graduação. O jornalismo, o ramo que inaugura a formação, não se estende com a mesma potência para a pesquisa. Busco responder ao enunciado proposto para essa mesa pensando no jornalismo: O que se investigou ao longo do tempo? Como se investigou e o que podemos observar para comparar?

A primeira constatação é a da ausência de pesquisas compartilhadas como se realizam nos ramos da recepção e da telenovela. Também constato pouca circulação de autores ou referências seminais. Nos processos de seleção dos programas da pós-graduação em jornalismo no Brasil, por exemplo, não há um autor latino-americano indicado.

(42)

No entanto, a ausência de pesquisa compartilhada e de incorporação de referências bibliográficas comuns não significa a inexistência de formulações comuns, de temáticas, conceitos e perspectivas metodológicas que se expressam de um mesmo jeito, que indicam caminhos semelhantes. Cada tempo histórico gesta não só um ambiente cultural que se repete em diferentes países e regiões como interpretações desse tempo também circulam e guardam similitudes.

Tomei como um pequeno corpus, lugares por onde passei neste último período: I Congresso Internacional de Periodismo realizado pelo Ciespal em maio de 2016, que tinha por tema Convergencias mediáticas y nueva narrativa latino-americana e o GT de jornalismo da Associación Latino-americana de Investigacion em Comunicación (ALAIC) na edição de Lima (2014) e do México (2016).

No evento do Ciespal falou-se em jornalismo de imersão, narrativas transmidiáticas e jornalistas como testemunhas dos acontecimentos. Nas conferências, a constatação do fim do jornalismo como o conhecemos no século XX, a identificação da precariedade das condições de trabalho dos jornalistas e o reconhecimento de novas narrativas gestadas em novos dispositivos tecnológicos. Falou-se na importância do jornalismo para a democracia e de que há uma luta pelo relato hegemônico. O jornalismo mereceu críticas pelas suas posições conservadoras e se chamou a atenção para as experiências de um jornalismo em mutação e a aposta na reinvenção do jornalismo que passa pelo investimento na narrativa.

Examinando os trabalhos apresentados nos GTs do evento do Ciespal e dos congressos da Alaic, observo direcionamentos, que sintetizo, assim:

1) Crítica às práticas jornalísticas – suas condições de trabalho e seus constrangimentos organizacionais – e de como estas reverberam na cobertura dos acontecimentos.

2) Descrição de exemplos do jornalismo em mutação – jornalismo militante, compartilhado, diretamente relacionado às possibilidades que a tecnologia propicia.

(43)

3) Estudos de narrativas jornalísticas recebem intervenções teóricas e estudos de caso que exemplificam as potencialidades do jornalismo que vai nesta direção.

Os três itens aproximam pesquisadores e dão subsídio para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas, mas creio que o terceiro é o mais promissor, pois faz avançar em questões teóricas – propicia ruptura com os valores tradicionais do jornalismo – e acolhe experiências de novos fazeres.

Penso que a noção de narrativa jornalística se apresenta a nós como um problema de pesquisa que demanda reflexão de natureza epistemológica. Fernando Resende (2011) é um autor brasileiro fundamental para a elaboração deste caminho. Diz: “O paradoxo que atravessa o jornalismo é gerado, antes de tudo, a partir do esforço de colocar em relação dois termos antinômicos: o discurso e o real. Em se tratando de tecer considerações sobre os estudos do jornalismo, parece relevante pontuar um dos problemas que funda a reflexão sobre conhecimentos e métodos produzidos: a dicotomia – construída e muitas vezes reiterada – entre o material e o simbólico. A escrita, tanto para a história quanto para o jornalismo, enquanto espaço de construção da representação de um real – acontecido ou em acontecimento –, ao que parece é o lugar para o qual conflui o paradoxo do qual se trata. Na escrita, o real deve se revelar, porém é também nela que descobrimos as faltas próprias a qualquer sistema de representação”. (p. 122)

Aqui se desestabilizam perspectivas conceituais alicerçadas em noções positivistas e simplificadoras acerca da realidade do mundo questionando conceitos como verdade, acontecimento, experiência, representação e, nesta medida, acabam por romper com a ilusão de imparcialidade e neutralidade.

Desde o giro linguístico, em que a natureza da linguagem foi revelada, mas, também, pelo conjunto de pesquisa crítica das coberturas que viemos analisando há tanto tempo, o paradoxo do jornalismo agora finalmente se apresenta como campo problemático. Ao jornalismo cabe

(44)

dar a ver o mundo, que por meio da linguagem é inapreensível. A vocação do jornalismo ao factual não lhe dá autoridade para reivindicar a representação fiel da realidade, depois que aprendemos os meandros da constituição da linguagem no sujeito.

Ao mesmo tempo em que vislumbramos rupturas teóricas com o senso comum do jornalismo, observamos na prática experiências de narrativas mais sensíveis que formam redes de relações com outros saberes, que é quando o jornalista assume seu lugar de narrador e escuta o outro como um sujeito e não mera fonte de informação.

Os estudiosos do jornalismo, sem pesquisa institucional ou em redes, encontram um caminho comum na América Latina ao incorporar reflexões da história e dos estudos literários, e por meio da crítica às práticas jornalísticas reconhecem as experiências que retomam uma tradição e colocam em evidência o potencial das narrativas que servem para nos contar, nos emocionar, nos fazer ver o outro com empatia e respeito.

Como exemplo de acolhimento de novos saberes penso na Fundação Gabriel Garcia Marques que, ao premiar reportagens produzidas na América Latina, nos oferece um corpus para pesquisa empírica de narrativas de resistência e amorosidade, tanto pelas temáticas escolhidas como pelas modalidades para narrá-las.

Outra vez o exemplo tem função comprovatória. A reportagem vencedora em 2016 foi “São Gabriel e seus demônios”, de Natália Vianna, da Agência Pública. Ela narra o que acontece em São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, pequeno município de população indígena que tem o mais alto índice de suicídios do Brasil.

O jornalista e pesquisador argentino Roberto Herrscher (2009) constrói uma definição para jornalismo narrativo estudando os mestres e suas grandes reportagens. Divide-as em tipos e na categoria contar

contra o sistema reconhece um latino-americano, o também argentino

Rodolfo Walsh e seu documento histórico publicado em 1972, chamado

(45)

Esta poderia ser uma proposta de pesquisa coletiva. Tomar o livro do Herrscher como referência, atualizando-o com autores latino-americanos e recriando suas categorias.

Neste sentido, eu diria que há continuidade na pesquisa realizada na América Latina no que diz respeito aos estudos de jornalismo, que é a da crítica à comunicação hegemônica, das condições de produção e dos limites à liberdade de expressão. Ao mesmo tempo, rompe com os princípios positivistas que orientaram a produção jornalística e assume a narrativa como referencial teórico e inspiração a novas produções.

A narrativa jornalística que ora exaltamos, de fato sempre existiu na forma de grandes reportagens do novo jornalismo produzidas em todo o mundo. Mas é significativo que pela primeira vez o prêmio Nobel de literatura foi para uma jornalista. Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nuclear, A guerra não tem rosto de mulher e O fim do homem

soviético, livros escritos por Svetlana Aleksiévitch, publicados no Brasil

em 2016, são narrativas jornalísticas em que a autora assume seu lugar e dá voz aos que, até a publicação de suas reportagens virem a público, não tinham sido ouvidos.

Penso que também o sentido de crítica carrega as marcas do tempo. Se no princípio ficava no horizonte da crítica clássica, que julgava a partir de um quadro de referências do que era belo, verdadeiro e autêntico, nos encaminhamos para a crítica que se contenta em tornar inteligível o presente e suas representações. Por isso reúno em um mesmo feixe as narrativas jornalísticas e a pesquisa acadêmica produzida na América Latina. Os saberes diferem, mas se encontram pela ruptura com os referenciais positivistas e pela inclusão do Outro. O Outro que circula pelas bordas ou se encontra nas sobras da sociedade é que mobiliza as narrativas jornalísticas e suscita conceitos de identidade, alteridade e gênero na pesquisa acadêmica.

(46)

Referências

ALEKSIÉVITCH, S. Vozes de Tchernóbil. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. ALEKSIÉVITCH, S. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

ALEKSIÉVITCH, S. O Fim do homem soviético. São Paulo: Companhia das Letras, 2016

CARDENAS, J.V. La Prensa em médio del crimen y la denuncia. México: Aguilar, 2016.

CITELLI, A.; BERGER, C.; BACCEGA, M. A.; LOPES, M.I.V.; FRANÇA, V. Dicionário de

Comunicação: escolas, teorias, autores. São Paulo: Contexto, 2014.

HERRSCHER, R. Periodismo Narrativo. Santiago do Chile: RIL Editores, 2009. MARTIN-BARBERO, J. De los medios a las mediaciones. Barcelona: Gustavo Gilli, 1987.

RESENDE, F. Às desordens e aos sentidos: a narrativa como problema de pesquisa. In: SILVA, G.; KÜNSCH, D.; BERGER, C; ALBUQUERQUE, A. Jornalismo

Contemporâneo: figurações, impasses e perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2011.

UNESCO. Um mundo e muitas vozes: comunicação e informação na nossa época. Rio de Janeiro: FGV, 1983.

Referências

Documentos relacionados

En consonancia con los objetivos, del análisis de la información recabada en la investigación y volcada a la matriz de datos diseñada los hallazgos se

En consonancia con los objetivos, del análisis de la información recabada en la investigación y volcada a la matriz de datos diseñada los hallazgos se

La investigación se basa en la responsabilidad social de los profesionales de la información, vistos como facilitadores en el proceso de información.. El “Blog da

La investigación, cuyos resultados son objeto del presente artículo, analiza información en relación a los problemas de la organización de las políticas sociales en

Entre la II Guerra Mundial y la década de 1970 se produjo un predominio del poder político sobre el financiero, no solo en los países centrales, sino asimismo en los periféricos que

La entrevista aborda los siguientes aspectos: medios utilizados por las empresas para publicar la información de sostenibilidad; razones para la publicación de la información

En contraste, esta experiencia propone enriquecer la interacción de los sistemas para la gestión de la información desde el proceso creativo inicial, con la utilización y aplicación

Os exemplos de respostas para cada questão são muito interessantes e valem ser ressaltados – por exemplo, eles disseram que a elaboração do material didático “serve para