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Importância do profissional de educação física nos anos iniciais do ensino fundamental

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Ijuí – RS 2012

EDMAR DOS SANTOS SOARES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS

ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

GRANDE DO SUL

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Ijuí – RS 2012

IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS

ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito parcial à obtenção do Grau de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Sidinei Pithan da Silva EDMAR DOS SANTOS SOARES

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A Banca Examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia:

Elaborada por

EDMAR DOS SANTOS SOARES

Como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel e Licenciado em Educação Física.

Ijuí (RS), Janeiro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. Dr. Sidinei Pithan da Silva

Orientador

__________________________________________ Profª. Drª. Lisiane Goettems

Banca

IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS

ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Dedico esta pesquisa a todos os Professores do curso de graduação de Educação Física da Unijuí, pois, no caminho virtual, sempre encurtaram a distância, ação fundamental na construção do nosso conhecimento.

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Agradeço primeiramente a Deus pela vida;

Aos meus pais, que foram as peças fundamentais no auxílio para o início da minha grande caminhada da vida;

Agradeço especialmente a minha esposa, Mara Almeida, por apoiar-me incentivando-me principalmente nas horas em que eu mais precisava;

Ao orientador, Prof. Dr. Sidinei Pithan da Silva, por seu empenho, tempo disponível e por exigir de mim muito mais do que eu supunha ser capaz de construir;

Enfim, a todos os amigos e colegas de curso, os que construímos grandes amizades, obrigado pelas horas de convívio e apoio.

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"Se enxerguei longe, foi porque me apoiei nos ombros de gigantes”.

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O presente estudo se configura numa pesquisa bibliográfica e de campo que objetivou investigar a importância da atuação do profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental segundo a opinião dos professores regentes de turmas desta faixa etária. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma entrevista e observação das aulas de duas professoras que atuam nos anos iniciais em escola municipal de São Luiz Gonzaga. Em consonância com a realização da pesquisa bibliográfica e das constatações na pesquisa de campo, foi possível tecer algumas considerações de grande relevância, tanto social quanto acadêmica, que contribuiriam para verificar a importância da intervenção do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

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INTRODUÇÃO ... 9

1 CAPITULO I: CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ... 12

1.1A EDUCAÇÃO FÍSICA NA LEGISLAÇÃO ... 12

2 CAPÍTULO II: A EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ... 16

2.1O MOVIMENTO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO ... 16

2.2AS TAREFAS INTELECTUAIS E AS PROPOSTAS MOTORAS ... 17

3 CAPITULO III: ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ... 20

3.1 IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS ... 20

3.1.1A Entrevista ... 20

3.2 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA: O QUE PENSAM AS PROFESSORAS REGENTES ... 21

3.3 A ATUAÇÃO DAS PROFESSORAS REGENTES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 26

3.3.1As Observações ... 26

3.4OBSERVAÇÃO DOS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS UTILIZADOS ... 27

3.4.1Professor (P1) e Prática Escolar: Atividades Ministradas... 27

3.4.2Professor (P2) e Prática Escolar: Atividades Ministradas... 29

3.5ANÁLISE CRÍTICA DA PRÁTICA DAS PROFESSORES UNIDOCENTES ... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37

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ANEXO I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 44 ANEXO II – Roteiro da Entrevista realizada com Professores. ... 46 ANEXO III – Roteiro para Observação das Aulas ... 47

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INTRODUÇÃO

Ao analisar a proposta da educação física para os anos iniciais do Ensino Fundamental, foi possível observar, na legislação educacional, a ausência da indicação do profissional para atuar nos anos iniciais. Dessa forma, a LDB – Lei nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996) deixa a cargo das escolas a decisão de escolher qual profissional irá ministrar as aulas de educação física nessa fase escolar.

Com isso, torna-se necessário um olhar crítico sobre a realidade, sendo fundamental a investigação da importância da atuação do profissional de educação física nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a partir das concepções dos professores regentes das turmas.

Partindo dessas considerações, apresenta-se como tema deste estudo a importância do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O problema da pesquisa foi apresentado da seguinte forma: Qual a importância do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental segundo a opinião dos professores regentes dessa área?

Para responder ao problema da pesquisa, traçam-se os objetivos, dos quais o geral foi verificar a importância da intervenção do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental, partindo das concepções dos professores que atuam nessa área. Os objetivos específicos são os seguintes: - Investigar como está sendo trabalhada a Educação Física pelos professores dos anos iniciais e qual o espaço que esse componente curricular está ocupando na escola; - Verificar a importância da Educação Física na aprendizagem e no cotidiano dos alunos dos anos iniciais de acordo com a opinião dos professores regentes.

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tem para o desenvolvimento global do ser humano, sendo fundamental maior atenção para esse componente curricular principalmente nos anos iniciais. O profissional de Educação Física contribui para o enriquecimento das experiências pedagógicas, pois possui um conhecimento aprofundado acerca das vivências motoras, favorecendo o desenvolvimento dos aspectos físicos, cognitivos e emocionais.

O desenvolvimento deste trabalho foi por meio da metodologia de pesquisa bibliográfica e de campo, estando estruturado em três capítulos. No primeiro enfocou-se a contextualização da educação física escolar, no segundo, a educação física nos anos iniciais do ensino fundamental. Em ambos os capítulos o referencial teórico foi com revisão na literatura fundamentada em autores como Darido (2008); Etchepare (2003); Freire (2004), Gallahue (2001); Grespan (2002); Guimarães (2001); Kunz (1991); Pereira (2009); Piccolo (1987); Queiroz e Martins (2002); Rheinheimer (2005); Ronchi (2010) e Sawitzki (1998). Também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997).

No terceiro capítulo, apresentam-se a análise e discussões dos resultados da pesquisa de campo. A mesma dividiu-se em instrumento de investigação e categorias de análise, sendo uma entrevista e observação de aulas de duas professoras regentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede de ensino municipal da cidade de São Luiz Gonzaga, RS. A entrevista investigou as concepções das duas professoras sobre o desenvolvimento, os objetivos, os procedimentos utilizados e a importância da atuação de um profissional especializado nas aulas de educação física nos anos iniciais. O acompanhamento das aulas objetivou observar alguns pontos fundamentais das práticas, como objetivos, atividades propostas, metodologia, participação e envolvimento dos alunos.

A realização da pesquisa bem como as concepções das professoras e as observações realizadas, serviram para apontar a importância da intervenção do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

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qualificação das Professoras unidocentes, que são Pedagogas, porém, sem a formação profissional específica para ministrar as aulas de Educação Física. Elas admitem que a sua prática não é eficaz, e necessitam de formação continuada ou até mesmo a parceria ou a indicação de um Profissional de Educação Física para ministrar as aulas nos anos iniciais do Ensino Fundamental, situação a que ambas demonstraram ser efetivamente favoráveis.

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1 CAPITULO I: CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

No decorrer do seu processo histórico, a Educação Física assumiu diversas posturas, resultantes das influências de cada época. Sawitzki (1998, p. 34) explicita em sua obra as tendências que influenciaram a prática da Educação Física escolar:

A tendência higienista se faz presente quando se atribui à Educação Física a função de ser a promotora de mais saúde aos indivíduos pela prática de atividades físicas. A tendência militarista aparece quando à Educação Física é atribuída uma função de formadora de ordem e da disciplina mediante a recorrência às filas, aos ensaios de marcha e às ordens de volver à direita ou à esquerda, de cobrir, de descansar... A tendência pedagogicista aparece naquelas atividades físicas baseadas simplesmente nos pressupostos dos códigos do esporte. A tendência competitivista permanece presente através da esportivação das aulas de Educação Física, em que o fim último passa a ser a melhoria da aptidão física e a seletividade. Esta tendência também mantém sua influência na medida em que se atribui à escola a tarefa de descobrir e treinar novos talentos esportivos, processo este em que se privilegia a participação daqueles alunos com melhores habilidades esportivas, excluindo, evidentemente, a grande maioria das práticas de Educação Física.

Por volta da década de oitenta surgem novas tendências com reflexões teóricas quanto à função e a finalidade da Educação Física. Ocorre um movimento de renovação com intuito de melhorar a prática de Educação Física nas escolas.

[...] aparecem também alternativas para os problemas enfrentados no cotidiano da escola sob o ponto de vista das práticas de Educação Física. Este é o caso do construtivismo, que coloca o aluno no centro do processo de construção do conhecimento, enfatizando sua capacidade de criação e de transformação (SAWITZKI, 1998, p. 35).

Nesse sentido, com a visão da metodologia construtivista, as práticas da Educação Física escolar começaram a mudar, pois as aulas passaram a ser dinâmicas e interessantes, porque enfatizam a capacidade de criação e o interesse do aluno. Assim, passou-se a visualizar como a Educação Física poderia auxiliar no desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, ou seja, começou a existir uma correlação teórica e prática na metodologia de ensino.

1.1 A EDUCAÇÃO FÍSICA NA LEGISLAÇÃO

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escolar amparada pela legislação educacional, devendo ser oferecida indiscutivelmente na Educação Básica. A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB), no art. 21, esclarece que a Educação Básica é composta de três etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Ainda segundo o art. 22, “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”.

Conforme o art. 26, § 3º, da LDB (BRASIL, 1996, p. 09), “a Educação Física, integrada à proposta da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”.

A Lei é bem clara quando assegura que a Educação Física deve integrar a proposta pedagógica da escola, como componente curricular obrigatório na Educação Básica. Para isso, deve ajustar-se às faixas etárias das crianças e às condições da população escolar para assegurar de fato o desenvolvimento do organismo e da personalidade do educando.

Dessa maneira, a Lei nos garante a proposta da Educação Física escolar alicerçada nas dimensões culturais, sociais, políticas e afetiva de um corpo que interage e se movimenta num determinado contexto (BRASIL, 1997, p.15). Por isso, entende-se que a Educação Física está inserida num contexto cultural e precisa contemplar os conhecimentos produzidos e utilizados pela sociedade com relação ao corpo e ao movimento.

Dessa forma, os PCNs nos asseguram que “são fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde” (BRASIL, 1997, p. 26).

Nesse contexto, os Parâmetros (1997) pressupõem que os alunos devem aprender para além das técnicas de execução. Para tanto, devem discutir as regras e estratégias de execução dos jogos, bem como apreciá-los criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, significá-los e recriá-los, como agentes ativos do processo, e não passivos. Somente com essa metodologia de trabalho a

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Educação Física escolar estará promovendo a formação integral dos sujeitos e contribuindo para a formação de verdadeiros cidadãos.

Como é possível verificar, a proposta da Educação Física escolar nos documentos legais está bem fundamentada, porém, infelizmente, na realidade esta disciplina ainda não definiu sua identidade, pois algumas práticas atuais acentuam a desvalorização do reconhecimento desse componente curricular como explicita Júnior (2001, p. 84):

Mais polêmicas ainda são algumas reconhecidas formas atuais de abordar/tratar os conteúdos de ensino na prática pedagógica da Educação física escolar, que permitem interpretá-la como um componente curricular sem exigências e necessidades de oferecer aos alunos o exercício da sistematização e da compreensão do conhecimento responsabilizando-a pelo ‘mero’ fazer, executar, agir, praticar, como se estes, em algum momento, pudessem ser destituídos do saber, do conhecer, do pensar, do refletir, do teorizar e vice-versa, ou seja, formas que permitem identificar a Educação Física como um ‘não componente’ curricular. Na melhor das hipóteses, a Educação Física é um ‘curinga curricular’, pois suas aulas são tomadas/negligenciadas em função de outras atividades curriculares, por exemplo, ensaios para festividades de datas comemorativas. Porém, há piores hipóteses, as quais levam à Educação Física uma caracterização de ‘interferência curricular’, por exemplo, no esforço de, no horário escolar, encaixar as aulas de Educação Física de maneira que atrapalhe o mínimo possível os componentes curriculares que exigem ‘concentração intelectual’.

As práticas enfatizadas anteriormente contemplam a desvalorização da Educação Física, resumindo-a ao simples “fazer”, sem muitas cobranças e exigências. E mais ainda, consagram esse componente curricular como uma alternativa para preencher lacunas do planejamento escolar. Freire & Oliveira (2004, p. 141) enfatizam que a identidade da Educação Física somente será definida se o ensino contemplar as três dimensões do conhecimento sobre o movimento humano: o procedimental, que se refere ao “saber fazer”, o conceitual, que configura o “saber sobre” e, por fim, o atitudinal que é o “saber ser”.

Para os autores (2004, p. 149), o conhecimento procedimental (saber fazer) contribui para que o aluno saiba executar atividades motoras em seu cotidiano. Os conhecimentos conceituais (saber sobre) permitem ao aluno compreender alguns conceitos, vantagens e desvantagens dos movimentos. E, por fim, não basta somente saber executar o movimento e compreender seus conceitos e princípios. É importante que ele aprenda os conhecimentos atitudinais (saber ser), ou seja, as

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atitudes e valores específicos que ele precisa para agir.

Portanto, diante de todas essas assertivas referentes aos propósitos da Educação Física escolar abordadas até o momento, no capítulo seguinte serão apresentadas as discussões acerca da presença desse componente curricular nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

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2 CAPÍTULO II: A EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Considerando as afirmativas anteriores, torna-se relevante compreender como os documentos e os pesquisadores entendem o papel da Educação Física nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Para Krebs (1997, apud Sawitzki (1998, p. 48):

Na faixa etária em que se encontram as crianças das séries iniciais, seus atos e ações estão embasados no movimento corporal. O seu perfil motor é o da permanente descoberta. Nessa fase intensificam-se também as atividades sociais e as relações com outros grupos. Ingressando na escola, a criança necessita constituir um novo grupo social, conquistar novas amizades e desenvolver várias habilidades motoras ao mesmo tempo.

Como é possível perceber, os alunos dos Anos Iniciais estão numa fase do desenvolvimento em que o movimento é a base de todas as suas ações e descobertas. Gallahue e Ozmun (2005) apud PEREIRA, (2009, p. 344) contribuem ainda enfatizando que as crianças entre os 06 e 10 anos sentem grande necessidade de se movimentar e apresentam grande predisposição para vivenciar os movimentos.

2.1 O MOVIMENTO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Grespan (2002, p. 69) aborda a necessidade de proporcionar aos alunos dos Anos Iniciais uma diversidade de movimentos para que eles consigam atingir estágios posteriores do desenvolvimento tanto das capacidades quanto das habilidades motoras. O objetivo dessa fase é atingir uma capacidade de rendimento coordenativo generalizado que, segundo Grespan, (2002, p. 69):

[...] são capacidades coordenativas que permitirão ao aluno identificar a posição do corpo [...] em relação ao espaço, executar concretamente a sincronização espaço-temporal dos movimentos, reagir prontamente a um estímulo, apresentar precisão no movimento.

Considerando a predisposição ao movimento corporal dessa faixa etária e a necessidade de contemplar essas capacidades coordenativas referidas anteriormente, Tani (1987) apud Darido (2008, p. 04) apresenta em seus estudos

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uma abordagem desenvolvimentista, cuja proposta da Educação Física escolar é direcionada especificamente ao processo de desenvolvimento motor de crianças de quatro a quatorze anos. Segundo Darido (2008, p. 5), a abordagem desenvolvimentista pressupõe que:

[...] a Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido através da interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim, o principal objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento adequadas ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. A criança deve aprender a se movimentar para adaptar-se às demandas e exigências do cotidiano em termos de desafios motores.

De suma importância o exposto em relação comportamento motor, ou seja, de que a aprendizagem das habilidades motoras serve para responder aos desafios motores do cotidiano do aluno, daí a necessidade de proporcionar aos alunos dos Anos Iniciais uma diversidade de movimentos.

2.2 AS TAREFAS INTELECTUAIS E AS PROPOSTAS MOTORAS

Se a criança deve aprender a se movimentar para adaptar-se em termos dos desafios motores, também “a atividade mental é mais rápida com a exploração de movimentos variados, que podem ser aperfeiçoados para o sucesso da criança nas tarefas intelectuais” (PICCOLO, 1993, p. 64).

Gallahue e Ozmun (2001) em seus pressupostos, explicam ainda que o desenvolvimento motor está intimamente relacionado com os aspectos cognitivos e afetivos do comportamento humano. Freire (1989) apud Darido (2008, p. 7) apresenta uma proposta que possibilita a integração da Educação Física nos Anos Iniciais, em que o movimento se relaciona com o desenvolvimento cognitivo.

A preocupação com a aprendizagem de conhecimentos, especialmente aqueles lógico-matemáticos, prepara um caminho para a Educação Física como um meio para atingir o desenvolvimento cognitivo. Neste sentido, o movimento poderia ser um instrumento para facilitar a aprendizagem de conteúdos diretamente ligados ao aspecto cognitivo, como a aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática, etc.

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Nessa perspectiva, a Educação Física é vista como um instrumento facilitador do desenvolvimento cognitivo, a qual contribui para a aprendizagem dos conteúdos das diversas áreas do conhecimento. Picolo (1993) apud Grespan (2002, p. 42) enfatiza que:

Na primeira infância, a atividade mental é mais rápida e é através da exploração de movimentos variados que se pode aperfeiçoar o sucesso da criança em tarefas intelectuais. É o autoconhecimento que vai levá-la à capacidade de lidar com os problemas e isso se consegue nas propostas motoras que fazem com que a criança conheça suas potencialidades.

Assim, a criança que frequenta os Anos Iniciais pode obter sucesso nas tarefas intelectuais por meio das propostas motoras. Porém, para que isso aconteça, segundo Sawitzki (1998) é necessário que ela seja introduzida no âmbito dos movimentos corporais como sujeito participante do processo educativo, como sugere a proposta construtivista enfatizada no primeiro item deste estudo, pois somente assim irá incorporar os conteúdos aprendidos e usufruí-los como forma de resolver os problemas do cotidiano.

De acordo com essa visão, Grespan (2002, p. 83) acrescenta ainda que:

É por meio da atividade construtiva física ou mental que o aluno passará a interpretar a realidade e a construir significados, ao mesmo tempo em que lhe permitirá construir novas possibilidades de ação e de conhecimento. O aluno interage com o objeto, constrói representações, que funcionam como verdadeiras explicações e se orientam por uma lógica interna, que faz sentido para o aluno.

Por isso, a Educação Física precisa considerar a realidade em que o aluno está inserido e seus respectivos conhecimentos prévios, para que as atividades propostas possam ser significativas ao educando. Nesse contexto, Grespan (2002, p. 84) configura ainda que:

A Educação Física deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando o aprimoramento como seres humanos numa perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem, que busca o desenvolvimento da autonomia, da cooperação, da participação social e da afirmação de valores e princípios democráticos, abrindo espaço para discussões sobre aspectos éticos e sociais. Em sua prática, deverá favorecer a autonomia dos alunos para monitorarem as próprias atividades, regulando o esforço, traçando as

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metas, conhecendo as potencialidades e as limitações, e sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais.

No entanto, essa proposta de ensino e aprendizagem que visa desenvolver as potencialidades e favorecer a autonomia dos alunos deve considerar a importância do desenvolvimento do pensamento crítico. Sawitzki (1998, p. 54) considera em seus estudos que:

Em meio à realização de atividades de movimentos pode-se oportunizar as crianças o desenvolvimento do pensamento crítico, desafiando-as, por exemplo, a encontrarem alternativas para as dificuldades que aparecem e que devem ser enfrentadas por todos os alunos. O pensamento crítico também pode ser desenvolvido nas crianças apresentando-lhes o desafio de pensarem criativamente, formulando seus próprios conceitos com base naqueles que já são de seu domínio.

Sawitzki (1998) salienta ainda que, para privilegiar o pensamento crítico, o processo de ensino e aprendizagem na Educação Física necessita estar além de treinamentos e reproduções estereotipadas. A aprendizagem precisa ser alicerçada com atividades significativas, prazerosas e atrativas para o educando. Para o autor supracitado (1998, p. 49) “a ênfase do trabalho de Educação Física escolar deve estar no desenvolvimento e na utilização sadia do corpo, na realização de atividades que os alunos sintam prazer em executar”.

Conforme as palavras do autor, se as atividades de movimento forem constituídas de sentido e significado ao aluno, ele sentirá prazer em realizá-las e irá incorporar o gosto pelas experiências motoras fora da escola. Tani (2001) apud Etchepare et al. (2003, p. 60) ressalta em seus estudos que essa postura favorecerá futuramente o incentivo às práticas de exercícios fora do ambiente escolar, garantindo um estilo de vida mais ativo.

Portanto, as assertivas elencadas no decorrer desse estudo são as propostas e orientações teóricas de diferentes autores para justificar a presença da Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

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3 CAPITULO III: ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Considerando o objetivo geral deste estudo que foi verificar a importância da intervenção do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental e a partir das concepções dos professores que atuam nessa área, foi realizada uma pesquisa de campo com dois instrumentos, inicialmente uma entrevista e posteriormente a observação das aulas de duas professoras regentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede de ensino municipal da cidade de São Luiz Gonzaga, RS.

Está anexado no final do trabalho o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I) conforme os termos definidos pela Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde.

3.1 IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS

3.1.1 A Entrevista

Seguindo o proposto pela metodologia para instrumento diagnóstico na forma de um roteiro (Anexo II), foi realizada uma entrevista com cada uma das duas professoras dos anos iniciais. A escolha das professoras regentes para população alvo da pesquisa, teve como critério o maior tempo de atuação nos anos iniciais do ensino fundamental.

As questões elaboradas para a entrevista objetivaram investigar as concepções sobre o desenvolvimento, os objetivos, os procedimentos utilizados e a importância da atuação de um profissional especializado nas aulas de educação física das series iniciais do ensino fundamental.

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3.2 A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA: O QUE PENSAM AS PROFESSORAS REGENTES

A primeira professora entrevistada neste estudo foi identificada como Professora 01 (P1). Ela tem 45 anos de idade e formação de nível superior, graduada no curso de Pedagogia. Trabalha há 26 anos no magistério, com experiências em diferentes turmas e atualmente é regente da turma A do terceiro ano do ensino fundamental na escola em que realizamos o presente estudo. Os alunos são oriundos de famílias de classe de poder socioeconômico de médio a baixo. A faixa etária das crianças é de oito (8) e nove (9) anos.

A segunda professora entrevistada foi identificada como Professora 02 (P2). Tem 32 anos de idade e estudos de nível superior também graduada no curso de Pedagogia. Trabalha há 14 anos no magistério. Atualmente, atua em duas escolas, uma da rede municipal de outro município e também na mesma escola da professora (P1), ou seja, escola do município de São Luiz Gonzaga, regente da turma B do terceiro ano do ensino fundamental. Também os alunos são de famílias de classe de poder socioeconômico de médio a baixo. A faixa etária das crianças é de oito e nove anos e dois com doze anos.

Nas duas primeiras questões da entrevista, quanto à frequência e duração total das aulas de Educação Física nos anos iniciais, obtivemos as seguintes respostas:

Para a P1, “As aulas de Educação Física na minha turma sendo a terceira série, ministro três vezes por semana, com duração de 45 min”. (P1). A segunda professora, diz: “a duração de minhas aulas é de 45 min, sendo realizadas duas vezes por semana” (P2).

A questão três refere-se a quem ministra as aulas de Educação Física nos anos iniciais. As respostas foram as seguintes:

“Sendo a regente, sou eu quem ministra as aulas de educação física” (P1). “Nos anos iniciais o currículo é globalizado, como a característica é a globalização, inclusive a educação física é ministrado pela professora regente de

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cada turma” (P2).

A questão quatro “considera importante que as aulas dos anos iniciais sejam ministradas por um profissional de Educação Física?”, obteve as seguintes respostas:

“Sim, acho importante, inclusive já há escolas em que as aulas de educação física dos anos iniciais são ministradas em dias diferenciados por um professor de educação física com habilidade especifica”. (P1).

Olha, acho importante uma parceria, porque ela perderia essa característica de globalização, fica fragmentada, aula de educação física separada das outras disciplinas, se caso for um professor específico para cada disciplina perde a característica de globalização, mas eu acredito numa parceria entre o professor dos anos iniciais e o professor de educação física, porque o professor dos anos iniciais não tem estrutura nem conhecimento para desenvolver uma aula de educação física adequada para cada faixa etária e num sentido mais amplo (P2).

A LDB (1996) denomina a Educação Física como obrigatória na educação Básica, não delimitando o profissional responsável. O Parecer CNE/CEB 16/001, do Ministério da Educação preconiza que: “Não assiste razão a quem evoca a lei para restringir o direito ao exercício profissional do professor de atuação multidisciplinar em qualquer um dos conteúdos curriculares dos anos iniciais do ensino fundamental ou da educação infantil” (BRASIL, 2001, p.3).

De acordo com os PCNs (BRASIL, 1996), a Educação Física, como um componente integrado à proposta pedagógica da escola deverá ser ajustada às faixas etárias e às condições da população escolar. Pode ser ministrada por um professor com habilitação específica. Como já mencionado neste estudo, a LDB deixa a cargo das escolas a decisão de escolher qual profissional irá ministrar as aulas de educação física nessa fase escolar.

Porém no currículo na maioria das escolas públicas é um professor unidocente quem ministra todas as disciplinas Por questão econômica, para diminuir o número de professores é pago para os que atuam uma gratificação de unidocência. Segundo Piccoli (2007): “[...] tem se manifestado e acarretado a diminuição de despesas”.

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Retomando as questões da entrevista, na questão cinco perguntamos se a escola dispõe de um espaço para a realização das aulas de Educação Física.

A primeira entrevistada respondeu “Sim”. (P1), enquanto a (P2), além da afirmativa, ainda acrescentou na resposta: “Sim, tem quadra, campo, tem até uma área coberta que mesmo que não seja uma quadra é um bom espaço, então espaços há bastante para as aulas de educação física”.

Prosseguindo, perguntamos quais os recursos utilizados nas suas aulas? “Bola, corda, tudo depende da atividade que será realizada”. (P1).

“Corda, bola, arco, o próprio corpo da criança, eles rolam, viram cambota, brincam, o que agente precisa sempre a escola tem, e se não tiver é só pedir antes que a escola fornece” (P2).

Os estabelecimentos de ensino devem assegurar aos alunos do ensino fundamental instalações e equipamentos necessários à execução do programa de Educação Física. Com a revogação do Decreto nº 69.450/71 e a descentralização do sistema Educativo Nacional, conforme Brasil (1996), a construção de instalações para as aulas de Educação Física e compra de equipamentos, materiais didáticos e esportivos devem ser programados e previstos nos orçamentos das escolas.

Como são planejadas as aulas de Educação Física para os anos iniciais? “Tenho certa dificuldade no planejamento, procuro planejar de acordo com as dificuldades que os alunos vão apresentando na sala de aula”. (P1).

Bom, o planejamento ele é... , envolve... Ele é uma coisa que está junta né, com as outras atividades, assim não é planejado separado, quando a gente vai escolher alguma coisa para trabalhar na educação física, tem uma coisa interessante, eu não posso dizer para meus alunos que é aula de educação física, porque se eu digo pra eles que é educação física, eles querem uma bola para brincar na quadra, então eu tenho que dizer para eles que nós vamos fazer uma brincadeira fora da sala de aula, daí eu os levo pra quadra. E assim no início eu não conseguia fazer isso, porque a minha turma ela tem um problema seríssimo de indisciplina, essa turma tem problema de crianças também com retardo na aprendizagem que frequentam sala de recursos, então a educação física talvez não, talvez não, ajudaria muito eles a se desenvolverem mais, mas se eu falar educação física daí termina tudo, então tenho que dizer, nós vamos para a quadra fazer umas atividades umas brincadeiras aí a gente procura dar

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algumas brincadeiras referente ao que eles estão aprendendo o que precisam desenvolver (P2).

Qual a metodologia de ensino empregada nas aulas de Educação Física para os anos iniciais?

“Brincadeiras livres e competições”. (P1).

Assim eu procuro no início fazer uma atividade bem agitada para eles aquecerem, daí que eu acho importante a parceria do Pedagogo e do professor de educação física, porque como que eu vou saber esse aqui vai aquecer ou é para tal músculo, ou fazer um alongamento, eu procuro pegar atividades bem agitadas para eles se aquecerem, depois, dou umas brincadeiras para desenvolver limites, regras de jogos e disputas, divido a turma em grupos, faço brincadeiras. Até no início a gente não dizia quem ganhou foi tal equipe, mas daí a gente tem que ensinar a eles a ganhar e perder, então tem disputas entre as equipes, no final da aula a gente faz alguma coisa mais calma para eles poderem voltar para a sala de aula, mais tranquilos, menos agitados (P2).

Nas falas, ambas as professoras demonstraram dificuldade com o planejamento das aulas de educação física. Isso se evidencia com “[...] eu acho importante a parceria do Pedagogo e do professor de educação física, porque como que eu vou saber esse aqui vai aquecer ou o exercício é para tal músculo” (P2).

Segundo Ribeiro (1998, p. 54) “Entre os grandes problemas do ensino do país, a formação deficiente de professores é um dos que mais incomodam. Profissionais mal preparados, todos reconhecem, não podem ensinar o que não sabem”.

Quais os conteúdos abordados nas aulas de Educação Física dos anos iniciais?

“Esquema corporal, lateralidade e desenvolvimento motor”. (P1).

Conteúdo a gente não escolhe, já vem pronto no planejamento da..., mas a gente procura desenvolver o corpo, lateralidade, esquerda, direita, está subindo, todo o esquema corporal. Porque no início o corpo deles é imaturo, eles não têm o corpo desenvolvido, então precisam saber o que é dentro, fora, em cima, em baixo, direita, esquerda, desenvolve perna, desenvolve braço, coordenação motora, tudo isso, a gente procura desenvolver atividades que eles possam desenvolver isso ai, junto com o desenvolvimento do raciocínio (P2).

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Em ambas as respostas dos questionamentos, as duas professoras demonstraram carência de entendimento quanto ao conteúdo que deve ser abordado nas aulas de Educação Física dos anos iniciais.

Quanto aos conteúdos para as aulas de Educação Física dos anos iniciais é preciso três condicionantes básicos, como a integração à proposta pedagógica da escola, ao ajustamento às faixas etárias e às condições da população escolar (BRASIL, 1996).

Você acredita que a Educação Física influência na aprendizagem dos alunos?

“Sim com certeza, o desenvolvimento é bem melhor quando o aluno tem aulas de educação física”. (P1).

“Com certeza, até os alunos que se desenvolveram mais fisicamente eles conseguem ter uma maturidade melhor que os outros. Dentro da sala de aula eu já pude perceber isso, os que têm mais desenvoltura, mais habilidade, eles desenvolvem habilidades com a Educação Física”. (P2).

Quanto aos objetivos para as aulas de Educação Física dos anos iniciais, conforme descrito anteriormente neste estudo, resgata-se o pensamento de Sawitzki (1998); Pereira (2009); Grespan (2002); Darido (2008); Sawitzki (1998) ao enfatizarem que, na faixa etária dos anos iniciais, a criança necessita desenvolver:

a) as habilidades motoras;

b) a percepção da consciência corporal; c) a iniciação desportiva;

d) a recreação, e) a socialização;

f) a formação de hábitos saudáveis de higiene e de alimentação; g) a responsabilidade;

h) o reconhecimento dos direitos e deveres; i) a compreensão de regras de jogos; j) o desenvolvimento de forma integral.

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A penúltima questão aborda um tema importantíssimo quando pergunta: Em sua opinião, o professor regente da turma está preparado para trabalhar com a Educação Física nos anos iniciais?

“A maioria não, até porque não gostam de trabalhar com a educação física, assim preferem dar uma bola para os alunos e diz vão brincar”. (P1).

Não, não está preparado. Eu acho que é uma coisa muito importante. Na formação do professor deveria ter mais tempo, como a parte física que é tão importante quanto a mental. Deveria dispor de mais tempo para preparar o professor durante o curso de formação (P2).

A última pergunta está relacionada a quem você acredita que deva ministrar as aulas de Educação Física nos anos iniciais? Por quê?

“Deve ser um professor que tenha a formação e esteja apto para desenvolver as aulas e disponha da formação com as disciplinas necessárias para poder trabalhar com a educação física nas series iniciais”. (P1).

Eu acho que deve ser uma parceria entre o pedagogo, ou seja, o professor das séries iniciais e o professor de educação física, porque não perderia a característica de ensino globalizado e teria mais suporte mais aprofundado de conhecimento de suporte que fica faltando (P2).

Os relatos das professoras revelam concepções que se aproximam com as com as descritas anteriormente no capítulo um deste estudo e, para elas, as aulas de educação física devem ser responsabilidade de um profissional habilitado com suporte e conhecimento específico. Salienta-se o relato da professora P2, da necessidade da parceria entre o pedagogo e do professor regente da turma.

3.3 A ATUAÇÃO DAS PROFESSORAS REGENTES NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

3.3.1 As Observações

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observação e acompanhamento das aulas das professoras que responderam às questões das entrevistas. O acompanhamento (Anexo III) objetivou observar alguns pontos fundamentais das práticas, como objetivos, atividades propostas, metodologia, participação e envolvimento dos alunos, ou seja, a observação foi um instrumento utilizado na pesquisa para obter informações de aspectos da realidade de atuação de cada professora regente.

Assim, após a realização das entrevistas foram observadas quatro aulas de educação física de cada professora. A seguir, descrevem-se as principais observações realizadas com posterior análise critica das situações ocorridas.

3.4 OBSERVAÇÃO DOS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS UTILIZADOS

3.4.1 Professor (P1) e Prática Escolar: Atividades Ministradas

Nas observações das aulas no terceiro ano da primeira Professora, a qual neste estudo a caracterizamos como (P1), constatamos vários momentos interessantes. Como referido anteriormente, essa professora trabalha há 26 anos no magistério. A turma é constituída por 25 alunos, 11 do sexo masculino e 14 do sexo feminino, e não há portadores de necessidades especiais. A faixa etária dos alunos é entre 8 e 9 anos.

Nas quatro aulas observadas todas as atividades foram trabalhadas na quadra de esportes da escola. No primeiro dia, a professora nos apresentou para a turma e explicou que iríamos observar as aulas.

Em todas as aulas observadas a rotina no geral foi a mesma, ou seja, iniciava com corrida para aquecimento, brincadeiras livres e jogos. A duração de cada aula foi variada, sendo de 30 a 60 min, o que não condiz com o que a professora afirmou na entrevista, que suas aulas eram de 45 min.

Em cada aula, inicialmente a professora ordenava aos alunos para realizarem uma corrida, mandava realizarem cinco voltas na quadra. Havia protesto e discordância, após insistência da professora uns até tentaram, mas iam desistindo

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dizendo não gostarem e sentirem dificuldades.

Observamos que, dos 25 alunos, na média oito vestiam tênis e roupa adequada para aula de educação física. Os demais estavam sempre calçando chinelos de dedo, com calça jeans e as meninas com o cabelo solto. Ao questionarmos este fato com a professora, ela nos informou que todos têm tênis e roupa de malha, não sabendo explicar porque não usam esse traje nos dias da aula de educação física.

Após o aquecimento, a professora reunia os alunos em círculo onde eram oferecidos os diversos materiais como bola e corda. A participação dos alunos era livre e quem não quisesse pular corda ou jogar, ficava no banco sentado com a professora.

Com a bola, os alunos realizavam jogos de competição. As equipes eram montadas por meio da escolha entre dois colegas escolhidos pela professora. As brigas e discussões eram constantes, conversam muito com um timbre de voz muito alto, tornando a relação aluno-aluno com muita agressividade.

A professora realizava interferências, solicitando calma, o que durava muito pouco, os xingamentos e palavrões eram retomados entre os alunos. Na relação entre aluno e professor pode-se observar a falta de limites, não há obediência como também não havia respeito às normas e respeito entre colegas.

No último dia das observações questionamos a professora se as atividades propostas estavam relacionadas ao conteúdo trabalhado em sala de aula, ela nos disse que sim. Ao perguntarmos a quais conteúdos ela relacionava sua atividade física, não nos respondeu. Sobre qual a importância das atividades para o desenvolvimento do aluno, nos relatou que os alunos do terceiro ano estão numa fase em que o brincar é o mais importante. Por este motivo, em suas aulas de educação física, prioriza as brincadeiras livres.

Ainda perguntamos à professora se ela considera sua prática eficaz, e se os objetivos e conteúdo são atingidos em suas aulas de educação física. A professora respondeu que não, justificando que tem frustração a cada dia em que deve dar aula de educação física, pois sabe que deveriam ser melhores, porém não sabe como

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fazer, salientando que, em sua formação, não recebeu capacitação adequada para tal. E nos cursos de formação continuada, nunca recebeu orientações para a melhoria na sua atuação nas aulas à educação física.

3.4.2 Professor (P2) e Prática Escolar: Atividades Ministradas

Nas observações das aulas da segunda Professora, a qual neste estudo caracterizamos como (P2), encontramos um clima diferente, com resultados um pouco melhores. Como informado anteriormente, essa docente trabalha há 14 anos no magistério. Na turma há 27 alunos, 15 do sexo masculino e 12 do sexo feminino, e dois meninos portadores de necessidades especiais. A faixa etária dos estudantes é de oito a nove anos e de 12 dos dois que estão fora da faixa etária ano/série. Na relação entre aluno e professora pode-se notar que esta demonstra carinho pelos alunos, sendo também tratada com respeito pelos mesmos.

Nas quatro aulas observadas, todas as atividades foram trabalhadas na quadra de esportes da escola. No primeiro dia, a professora apresentou-nos para a turma e explicou que iríamos observar as aulas.

Durante o período de observação, verificamos que a professora desenvolve uma rotina para realizar as atividades das aulas de educação física, iniciando com o aquecimento e, em seguida, brincadeiras lúdicas, principalmente rodas cantadas, finalizando com atividades livres e jogos de competição. No geral a maioria dos alunos, durante as aulas, usava tênis e roupas adequadas. Isso, segundo a professora, é orientação da escola nesse sentido.

Em cada aula houve brincadeiras de rodas diferenciadas, que foram muito bem aceitas pelas crianças, que se integraram a elas de uma forma bem dinâmica. Nesses momentos, pôde-se perceber o envolvimento da Professora com as crianças, com segurança e disciplina. Pode-se afirmar que essas atividades foram bem recreativas e com ampla participação dos alunos.

Porém, quando as atividades propostas em uma das aulas foram voltadas para a atividade física, constatamos que os alunos não as aceitavam com facilidade como as recreativas. Percebemos que a Professora demonstrava certa insegurança

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na condução deste tipo de atividade. A professora inicialmente demonstrava o exercício e ao dar a voz de comando para a execução, os alunos não realizavam a atividade como era solicitada. Por exemplo, quando deveriam realizar a atividade o polichinelo ou formar colunas como um trenzinho para trabalhar circuito de equilíbrio e lateralidade (direita, esquerda, troca), os alunos mostravam-se agitados e com dificuldade em acompanhar. No decorrer das atividades, alguns desistiam; outros, ao persistirem, iam vencendo as dificuldades.

Considerando aquele contexto, pôde-se perceber que, nas aulas de Educação Física, a turma de terceira série demonstra motivação para as atividades de recreação, sendo que era o que a professora mais proporcionava em suas aulas, ou seja predominava os jogos de competição e brincadeiras livres. Porém, os jogos geravam muito conflito e indisciplina, tanto por parte dos meninos quanto das meninas. Um dos motivos para isso era o fato de a Professora deixar os alunos sozinhos e alguns liderarem a aula. Resgata-se aqui o que a professora abordou na entrevista: “minha turma tem um problema seríssimo de indisciplina” (P2). Acrescenta-se ainda que a atividade com jogos realizados foi de competição, para medir força, sem utilizar processo de socialização e desenvolvimento de valores no aluno.

Observamos também que a turma rejeita um dos meninos portador de necessidade especial, além de não permitir que ele participe das competições, o tratam com palavras agressivas, como por exemplo, “burro”. Sempre que essa situação ocorria, a professora retirava o aluno de cena, isolando-o no banco junto com outros alunos que não participam das aulas por não gostarem. Não constatamos que a professora buscasse maneiras de incentivar a participação de todos os alunos nas atividades. Não houve, portanto, trabalho de inclusão.

No ultimo dia das observações, questionamos a professora se as atividades propostas estavam relacionadas ao conteúdo trabalhado em sala de aula, ela nos disse que mais ou menos, declarando sua inexperiência para realizar um planejamento para a faixa etária dos anos iniciais do Ensino Fundamental a partir das atividades desenvolvidas na sala de aula.

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series iniciais do ensino fundamental, disse ser importante trabalhar com esquema corporal, lateralidade e equilíbrio. Ainda perguntamos à professora se ela considera sua prática eficaz, e se os objetivos e conteúdo são atingidos em suas aulas de educação física. A professora demonstrou interesse em mudar a forma de dar aula de educação física, porém não sabe como, necessitando de orientação de um professor especializado na área.

3.5 ANÁLISE CRÍTICA DA PRÁTICA DAS PROFESSORES UNIDOCENTES

Destacam-se aqui algumas observações sobre a prática pedagógica das aulas de educação física das professoras unidocentes: apesar da boa intenção, tanto da Professora P1 e da Professora P2 em ministrar as aulas de educação física de modo que todos os alunos da terceira série de que eram regentes participassem, os resultados obtidos em cada aula não foram favoráveis, pois os alunos diziam não gostar de algumas das atividades propostas. Além disso, a indisciplina foi o fator mais evidenciado em nossas observações.

Há divergências nos discursos e nas práticas das professoras, pois, nas observações realizadas, pôde-se constatar que as atividades realizadas durante as aulas de educação física tanto da P1 como da P2 foram predominantes as atividades livres e jogos, ou seja, não foram aulas de educação física com objetivos definidos e planejados para oportunizar um trabalho de acordo com os objetivos os quais nas sua falas diziam trabalhar. Considerando a entrevista realizada, tanto a Professora P1 e a Professora P2 apontaram saber da importância das aulas de educação física. Em suas práticas não houve um mínimo de planejamento que demonstrasse conformidade com o exposto na entrevista.

As observações das aulas mostraram-nos a carência de competência das professoras para realizar um trabalho de educação física contextualizado com o planejamento desenvolvido em sala de aula. Salienta-se que na escola em que observamos o trabalho das duas professoras, ambas podem realizar uma variedade de atividades. Como relatado nas entrevistas e por nós comprovado nas observações a escola possui espaço e materiais adequados para o desenvolvimento eficaz da educação física.

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Preliminarmente, as professoras devem realizar um planejamento com metodologia para alcançar os objetivos na aula de educação física para as crianças da faixa etária dos anos iniciais do ensino fundamental. É importante salientar que segundo os PCN, Brasil (2001, p.43): “A função do professor é ter objetivos em suas aulas, dando oportunidade para que os alunos tenham uma variedade de atividades”.

É preciso insistir no fato de que as aulas de Educação não podem ser propostas apenas como um tempo para os alunos brincarem. É necessário um planejamento com atividades diferenciadas que atendam às características da turma, de forma dinâmica e de fácil entendimento para que os mesmos possam experimentar novas vivências e momentos para que descubram o gosto pela atividade física.

Sabe-se que a educação física também nos anos iniciais do ensino fundamental deve contemplar um trabalho diversificado. Grespan (2002, p. 69) aborda a necessidade de proporcionar aos alunos dos Anos Iniciais uma diversidade de movimentos para que eles consigam atingir estágios posteriores do desenvolvimento tanto das capacidades quanto das habilidades motoras.

A Educação Física, para ser reconhecida como um componente curricular, tão importante quanto os outros, deve apresentar objetivos claros e um corpo de conhecimentos específicos e organizados, cuja aprendizagem possa colaborar para que os objetivos da educação escolar sejam alcançados (FREIRE e OLIVEIRA 2004, p.11).

Considerando o fato de que algumas crianças não participam das atividades, Sawitzki (1998, p. 49) salienta que “a ênfase do trabalho de Educação Física escolar deve estar no desenvolvimento e na utilização sadia do corpo, na realização de atividades que os alunos sintam prazer em executar”. Não se pode perder de vista que a Educação Física deve considerar o contexto, ou seja, a realidade em que o aluno está inserido para que as atividades propostas possam ser significativas ao mesmo. Segundo Kunz (1994) a Educação Física escolar deve ser vista como disciplina curricular como as demais e não só como lazer, mas também com o objetivo principal que é a formação adequada dos sujeitos.

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serão adultos sedentários. É, portanto, fundamental incentivá-las desde os anos iniciais a serem ativas e a praticarem exercícios físicos dentro da escola para continuarem depois fora dela.

Importante salientar que o jogo faz parte da educação, porém, oportuno se torna salientar que os PCN pressupõem que os alunos devem aprender para além das técnicas de execução. Para tanto, devem discutir as regras e estratégias de execução dos jogos, bem como apreciá-los criticamente, analisá-los esteticamente, avaliá-los eticamente, significá-los e recriá-los, sendo agentes ativos do processo, não passivos. Somente com essa metodologia de trabalho a Educação Física escolar poderá promover a formação integral dos sujeitos e contribuindo para a formação de verdadeiros cidadãos (BRASIL, 1997, p.48).

Os autores Leite (1990); Pereira (2009); Ronchi (2010), afirmam ainda que mesmo que se faça uma prática com objetivos puramente recreativos, os benefícios proporcionados à formação total do indivíduo deve ser inerente.

Do ponto de vista educacional segundo Queiroz & Martins (2002) o jogo deve responder aos interesses específicos das crianças dando-lhes oportunidade para que tenham participação ativa e ainda:

[...] Constituem ainda um meio de transmitir mensagens capazes de resgatar a autoestima, o autoconhecimento, os valores como solidariedade, responsabilidade, disciplina, autoconfiança, autoaceitação, tolerância, concentração, alegria e muitos outros, tão necessários à formação dos nossos educandos (QUEIROZ & MARTINS, 2002, p. 5).

Ao propor uma atividade, o professor deve ter em mente os objetivos que pretende atingir. Convém ressaltar que o jogo como tal, segundo Leite (1990); Freire & Oliveira (2004), envolve a submissão a regras organizativas próprias e os objetivos de competição. A Educação Física, segundo essa visão, pode ser caracterizada como algo que se sabe fazer e não somente como algo que se faz por fazer.

Segundo os PCNs, no que se refere a portadores de necessidades especiais, é de suma importância a integração dessas crianças ao grupo, respeitando suas limitações e, ao mesmo tempo, oportunizando o desenvolvimento de suas potencialidades. Também devem possibilitar a convivência em grupo e a

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construção de atitudes de solidariedade, de respeito, de aceitação, sem preconceitos.

Cumpre-nos assinalar, ainda, segundo BRASIL (2001, p.43), que a função do professor de Educação Física é também “[...] dar oportunidade para que os alunos tenham uma variedade de atividades. E essas atividades em diferentes competências sejam exercidas e as diferenças individuais, valorizadas e respeitadas”. Na variedade de atividades, os PCNs indicam como meio de atividades os esportes, a dança, a ginástica, os jogos e as lutas, “por serem imprescindíveis, para a formação do educando”.

Crianças somente aprendem quando existe um programa elaborado com metas e objetivos a serem alcançados a curto e longo prazo, com atividades apropriadas a seu desenvolvimento, com estratégias voltadas para maximizar as oportunidades de práticas e com um sistema avaliativo de acordo com os objetivos inicialmente propostos (VALENTINI; TOIGO, 2006, p. 15).

Não se pode perder de vista que “o professor deve aprofundar no desenvolvimento de seu trabalho, formando por meio das aulas, atitudes de respeito mútuo, dignidade, solidariedade, afetividade e coletividade” (GUIMARÃES et al 2001, p.3).

Resgata-se um importante pensamento:

A observação e a vivência dentro de uma educação que descrimina e acentua a separação das classes sociais e da promoção do desenvolvimento integral do educando, nos faz repensar sobre o projeto de sociedade e de homem que pretendemos formar enquanto educadores (TOLKMITT, 1993 apud RHEINHEIMER, 2005, p. 85).

Para Grespan (2002, p. 84) “a educação física deve oportunizar para que todos os alunos desenvolvam suas potencialidades de forma democrática”.

Convém ponderar sobre o relato das duas professoras que, durante sua formação não receberam habilitação para torná-las capazes de realizarem uma aula de educação física com objetivos adequados para desenvolver as potencialidades dos alunos. Ambas demonstraram interesse em mudar a forma de dar aula de educação física, porém não sabem como, necessitando de orientação de um

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profissional especializado na área. Cumpre assinalar ainda que as duas professoras demonstraram não saber trabalhar com atividades voltadas para o desenvolvimento físico e motor da criança, demonstraram ser efetivamente favoráveis ao trabalho de educação física nas series iniciais serem desenvolvidas com um profissional habilitado.

Somente com a mudança de metodologia de trabalho a Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental estará promovendo a formação integral dos sujeitos e contribuindo para a formação de verdadeiros cidadãos. A Educação Física deve ser vista como um instrumento facilitador do desenvolvimento cognitivo, a qual contribui para a aprendizagem dos conteúdos das diversas áreas do conhecimento.

Considerando as respostas das professoras durante a entrevista, principalmente a comprovação das práticas observadas, pôde-se constatar que elas não possuem formação específica que as habilite ministrar as aulas de educação física nas séries iniciais do ensino fundamental, por mais boa vontade que tenham.

Nesse momento vale lembrar Tolkimitt (1993, p. 20 - 21):

Uma vez que na escola o aluno é referencial de todas as disciplinas, este aluno é um corpo e um corpo em movimento, ele é passível de ser conhecido, conhecer-se e dominar suas estruturas corporais. Ele não poderá se localizar em um espaço geográfico, como é solicitado a ele pela Geografia; não poderá se situar na contemporaneidade e dialogar com o passado, como pede a História; não poderá exercer a sua necessária participação sociointeracionista na Ciência, na Matemática, na Língua Portuguesa, se ele é um corpo fragmentado, reprimido, oprimido historicamente.

Alguns autores alertam para a necessidade da preservação e do aprofundamento do campo específico da Educação Física, no qual o professor precisa conhecer as funções deste componente curricular. O profissional tem como buscar uma interação com o trabalho desenvolvido na escola, “[...] colocando seu componente curricular no mesmo patamar de seriedade e compromisso com a formação do educando” (MORAES, PACHECO, EVANGELISTA, 2003, p.16).

A LDB é clara assegurando que a Educação Física deve integrar a proposta pedagógica da escola, como componente curricular obrigatório na Educação Básica tão importante quanto os outros, ajustando-se às faixas etárias das crianças para

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assegurar de fato o pleno desenvolvimento desde os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Os PCNs (BRASIL, 1997), propõem a democratização no sentido de humanizar e diversificar a prática pedagógica da Educação Física, ampliando para um trabalho que incorpore as dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. Assim, os objetivos propostos concretizam as intenções educativas em termos de capacidades que devem ser adquiridas pelos alunos ao longo da escolaridade. Piccolo (1995) sustenta a ideia de que não existem resultados imediatos e, por isso, um programa de ensino adequado requer um processo contínuo e prolongado, condizente com as faixas etárias.

Daí, surge à necessidade da busca de formação adequada levando-se em consideração os referenciais que norteiam a prática pedagógica da Educação Física escolar. Sabe-se que o Professor deve ser um agente transformador e não tradicionalista, portanto, precisa transformar o momento da aula em um espaço prazeroso e de qualidade. Para Freire (2001, p. 79) “Se a pessoa mais competente para cumprir a tarefa for o profissional de Educação Física, então deve ser ele o indicado pelo poder público para realizar essa tarefa”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo se configurou numa pesquisa bibliográfica e de campo que objetivou investigar a importância da atuação do profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental segundo a opinião de duas professoras regentes de turmas desta faixa etária.

Em consonância com a realização da pesquisa bibliográfica e das constatações na pesquisa de campo, foi possível tecer algumas considerações que contribuiriam para verificar a importância da intervenção do Profissional de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Importante salientar que nossas constatações estão em conformidade com vários autores pesquisados. Assim, apontamos que a realidade encontrada é de responsabilidade tanto do sistema, como da escola e também dos professores unidocentes.

A responsabilidade é do sistema, porque no currículo nas escolas públicas é um professor unidocente quem ministra todas as disciplinas, por questão econômica, para diminuir o número de professores, o que permite a diminuição de despesas. Assim os regentes temem perder o beneficio, caso outro professor ministre as aulas de Educação Física, sendo assim o trabalho é ineficaz. Além disso, são poucas as ocasiões em que as Secretarias de Educação proporcionam a realização de cursos específicos de aperfeiçoamento em seus programas de formação.

A LDB deixa a cargo das escolas a decisão de escolher qual profissional irá ministrar as aulas de educação física na fase escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Apesar de a lei não sinalizar quem deve ministrar a Educação Física nas séries iniciais, em nenhum momento recomenda aulas livres nos espaços das

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aulas de Educação Física. Pelo contrário, os PCNs salientam sobre a importância de a educação física ser uma aula apropriada com planejamento e organização para oferecer às crianças oportunidades de aquisição dos benefícios físicos, emocionais, cognitivos e sociais. Portanto a Escola enquanto meio educacional, deve oferecer a oportunidade ao aluno de uma boa prática motora, também deve realizar uma reflexão crítica sobre todas as suas práticas, realizando uma “(re) construção” permanente, para assim quem sabe caminhar rumo a tão sonhada Escola de qualidade.

A responsabilidade é também do Professor Unidocente, que, para receber uma gratificação adicional, ministra todas as disciplinas não cedendo espaço para outro profissional. Além disso, a maioria dos professores unidocentes não busca informações e formação continuada com alternativas para melhorar suas práticas. Não sabendo como fazer, ministra as aulas de Educação Física simplesmente com atividades livres. Conforme os autores estudados, com as aulas de Educação Física, o Professor deve orientar seus alunos da melhor maneira possível, integrando os temas dentro dos conteúdos conceitual, procedimental e atitudinal, respeitando a individualidade e incentivando os alunos a atingirem determinados pontos que façam com que eles se sintam mais atraídos pela disciplina, pois, se a criança consegue resolver tarefas motoras, ela tem motivação para continuar em movimento.

No contexto pesquisado constata-se como principal problemática a qualificação das Professoras unidocente, sendo Pedagogas, sem a formação profissional adequada para ministrar as aulas de Educação Física, cumpre-se assinalar que as duas professoras demonstraram na prática não saber ministrar aulas de educação física para os anos iniciais do Ensino Fundamental, afirmando ser efetivamente favoráveis a este trabalho ser com um profissional habilitado por meio de uma parceria, já que o ensino nas series iniciais deve ser globalizado. As professoras acreditam que o profissional está preparado tanto por meio da teoria como com a prática para ministrar as aulas, assim poderá realizar um trabalho voltado para o desenvolvimento físico e motor da criança.

Acima de tudo, é fundamental ressaltar que, para ministrar aulas de Educação Física nas séries iniciais, é preciso que o professor a considere como um componente curricular. Para isso, é necessário conhecer a organização dos

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conhecimentos para construir um currículo de Educação Física. Nesse sentido, há várias obras que apontam alguns caminhos, e é preciso que o profissional saiba como e porque fazer e ainda estar, de fato, comprometido com os seus alunos. Em princípio, lidar com essas especificidades requer conhecimento, o que nem sempre é garantido nos cursos de formação do Pedagogo, nem oferecido na formação continuada.

Em reforço a essas considerações, vale frisar que nosso estudo não esgota o assunto, pois ele pode desdobrar-se em pesquisas com outros profissionais, talvez além de professores de escola pública também de escola particular, para a confrontação de dados. Todavia, nossa pesquisa tem a virtude de apontar caminhos para uma mudança nas práticas de atuação da Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

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REFERÊNCIAS

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______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: Imprensa Oficial, v. 7, 1997, 2001.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em Educação: fundamentos, métodos e técnicas. In: Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto Editora, 1994.

DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física: questões e reflexões na escola. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

ETCHEPARE, Luciane Sanchoteneet al. Educação Física nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Revista da Educação Física. UEM, Maringá, v. 14, n. 1, p. 59-66, 1º sem. 2003.

FREIRE, Elisabete dos Santos; OLIVEIRA, José Guilmar Mariz de. Educação Física no Ensino Fundamental: identificando o conhecimento de natureza conceitual, procedimental e atitudinal. Motriz, Rio Claro, v. 10, n. 3. 2004.

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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. GRESPAN, Marcia Regina. A Educação Física Escolar no Processo Educacional: Educação Física no Ensino Fundamental – Primeiro Ciclo. São Paulo: Papirus, 2002.

GUIMARÃES, Ana Archangelo; PERLLINI, Fernanda da Costa; ARAUJO, Jifferson Sobral Romualdo; MAGAZZINI, Juliano Meneghetti, Educação Física Escolar: Atitudes e valores. Universidade Estadual Paulista, Motriz Jan- jun, 2001, Vol. 7.

Referências

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