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ANÁLISE SOBRE OS ACIDENTES OCORRIDOS EM RODOVIAS FEDERAIS BRASILEIRAS COM IDOSOS NO PERÍODO ENTRE 2007 E 2014

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ANÁLISE SOBRE OS ACIDENTES OCORRIDOS EM RODOVIAS FEDERAIS BRASILEIRAS COM IDOSOS NO PERÍODO ENTRE 2007 E 2014

Tiago Lourenço de Lima Torquato Ana Paula Camargo Larocca

Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos RESUMO

A fatia da população com mais de 60 anos têm crescido no Brasil e no mundo. Projeta-se que em menos de 30 anos sua representatividade alcançará 30% dos residentes no território nacional. A terceira idade pode gerar limitações nos movimentos das pessoas, porém esses têm o direito de se locomover, seja por transporte individual ou coletivo. Como todas as faixas etárias, essa também sofre com o grande número de acidentes veiculares que ocorrem em vias urbanas e rurais. Este trabalho teve como objetivo destacar a representatividade desse grupo nos acidentes ocorridos em rodovias federais brasileiras de 2007 a 2014. Os resultados mostraram que os jovens, entre 20 e 39 anos são o público mais frequente nos acidentes, porém os idosos e crianças são os grupos com as maiores taxas de mortes por acidentes. Espera-se fomentar estudos sobre o público idoso, principalmente com relação à segurança viária.

ABSTRACT

Aging people has grown in their representative in Brazil and in world. In less than 30 years this people will surpass 30% of the residents in national territory. The old age could bring movement limitations on this class, therefore this people have the right to move around, by individual or public transportation. Like other age-groups, this one suffers from the biggest number of vehicular accidents, which occurs in urban and rural roads. The purpose of this investigation was to point out the representative of this group in the accidents occurred in brazilian federal highways from 2007 to 2014. The results showed that younger people between 20 and 39 years old are the most common accident victims however elderly and children are the groups that have bigger mortality. Are expected with this paper encourage research about aging people, mainly in studies about road safety.

1. INTRODUÇÃO

No decorrer do século XX, o grupo constituído por pessoas com mais de 60 anos teve sua representatividade quase triplicada em relação ao total da população brasileira. Em 1900, esse conjunto continha menos de 600 mil indivíduos, 3% do total de residentes no país (IBGE, 2006). Em 2000, o mesmo grupo ultrapassava 14 milhões de pessoas, o que perfazia 8,5% dos habitantes (IBGE, 2000). No ano de 2050, projeta-se que essa representatividade ultrapassará 30% da população do país (IBGE, 2008). Situação quase três vezes maior que a realidade do ano de 2010, quando a mesma faixa etária representava 11% do total (IBGE, 2010). Ou seja, se as expectativas se realizarem, em um período de 40 anos, esse grupo etário terá um crescimento maior do que teve nos 100 anos anteriores.

Essa perspectiva, do envelhecimento populacional, não é um fenômeno apenas brasileiro, esse já ocorre em países desenvolvidos como Japão, França e Alemanha. Estima-se que em 2020, pessoas com mais de 65 anos ultrapassem 20% da população desses locais. O aumento da expectativa de vida e a diminuição da fertilidade são os principais responsáveis pela mudança na distribuição das faixas etárias nessas regiões do globo (Anderson e Hussey, 2000).

A entrada na terceira idade traz mudanças no cotidiano de muitas pessoas, uma delas é a diminuição na necessidade em fazer viagens rotineiras, como ir e voltar do trabalho. A redução pode ser ainda maior quando as restrições físicas se intensificam, situação comum em idosos com mais de 80 anos. Essa realidade pode potencializar doenças graves como a depressão. A liberdade em mover-se traz benefícios para o corpo e a mente das pessoas. Aumentar a independência dos mesmos propicia o aumento da qualidade de suas vidas (Metz, 2000).

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Resultados de uma pesquisa realizada na Inglaterra (Banister e Bowling, 2004), cuja amostra era formada por pessoas com mais de 65 anos, mostraram que os fatores mais influentes na qualidade de vida dessa população estavam altamente correlacionados com o transporte. O acesso ao carro foi o fator mais expressivo na melhoria da percepção da qualidade. Por outro lado a velocidade e volume de tráfego das vias apareceram como situações percebidas como nocivas para o bem estar próprio. Esses fatores tiveram maior influência que outros, como: a criminalidade, qualidade do ar e barulho.

Ao mesmo tempo em que dirigir permite alcançar seus pontos de interesse, essa atividade causa temores, em função das condições presentes na realidade da condução. Os estudos realizados com o público idoso têm grande potencialidade para replicação em todos os outros grupos etários, já que esse grupo é heterogêneo em suas necessidades, habilidades e meios. Os resultados também podem ser extrapolados para outras pessoas com necessidades especiais de locomoção (Dickerson et al., 2007).

Nem todas as pessoas com mais de 65 anos têm dificuldade na sua mobilidade cotidiana, por isso uma solução única não funcionaria para todos. Dickerson et al. (2007) propõem cinco áreas promissoras para o estudo, e assim mitigação, dos acidentes e ferimentos sofridos por esse público: Avaliação da capacidade para dirigir, treinamento de motoristas, modificações físicas em veículos, desenvolvimento de tecnologias assistivas e estudos de traçados para vias mais seguras.

Em relação aos acidentes, o número de pessoas jovens envolvidas é maior do que o de idosos. Porém esses dados são mal compreendidos, já que se sabe que existem menos idosos na população. O número de pessoas mais velhas habilitadas é menor e esses dirigem menos que os mais novos. Outro fator agravante é que os motoristas mais velhos se expõem menos aos acidentes, pois dirigem menos. Mas quando o fazem, geralmente estão fora das situações mais perigosas. Apesar de sofrerem menos acidentes, os mesmos são mais frágeis fisicamente e a fatalidade é maior que nos jovens. Seus acidentes geralmente ocorrem à luz do dia, fora dos horários de picos e em vias locais (Eby et al., 2009).

O trabalho de Silveira et al. (2002) sobre casos ocorridos em Ribeirão Preto-SP, mostrou que a maioria dos acidentes ocorreram com homens entre 60 e 64 anos, durante os finais de semana. Como consequência dos acidentes de trânsito, muitos idosos perdem sua independência, o que pode agravar sua saúde corporal e psicológica.

As lesões mais comuns nesses acidentes são relacionadas com as extremidades do corpo. O que gera menor risco de morte, porém potencializa a chance de diminuir a mobilidade desse público.

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2. MATERIAL E MÉTODO

A base de dados escolhida foi a da Polícia Rodoviária Federal do Brasil (PRF, 2015). A qual foi requisitada diretamente ao setor de estatística do departamento para os anos de 2007 a 2014. Essa foi escolhida, pois vem de um departamento federal com fé pública e com um método de cadastro frequente e atualizado.

Observa-se da literatura, que o grupo formado pelas pessoas com mais de 60 anos têm elevada mortalidade em decorrência do tráfego. Com esse trabalho espera-se ressaltar a sua importância e fomentar novos trabalhos a cerca dessa parcela considerável da população. A qual tem sua representatividade aumentada a cada ano que passa.

O banco recebido apresentava os casos divididos em função das unidades federativas. Ou seja, para cada ano e estado, apareciam registrados os números de acidentes, de pessoas feridas e mortas, em rodovias federais em função da faixa etária. Os grupos tinham seus limites em: 0 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 24 anos, 25 a 30 anos, 31 a 34 anos, 35 a 39 anos, 40 a 44 anos, 45 a 49 anos, 50 a 54 anos, 55 a 59 anos e 60 anos ou mais.

No ano de 2008 e 2012 existiam casos omissos na identificação da unidade federativa de onze registros, o que totalizava 14 acidentes, 9 feridos e 2 mortos. Porém todas as UF tinham a somatória de casos muito maior que os faltantes, portanto esses foram excluídos da análise. 3. ANÁLISE DOS ACIDENTES COM IDOSOS BRASILEIROS

Os dados provenientes do Departamento de Polícia Rodoviária Federal do Brasil (PRF, 2015) mostraram que entre o ano de 2007 e 2014 registraram-se 2.533.054 acidentes veiculares em rodovias federais, os quais resultaram em 778.856 feridos e 63.960 mortos. O ano com maior número de registros foi 2011. Nesse foram apontados 362.232 acidentes, com 106.819 feridos e 8.674 mortos.

Os dados são alarmantes, principalmente quando se leva em consideração que esses representam apenas os acidentes registrados nas rodovias federais brasileiras. Ou seja, se forem adicionados todos os casos das demais rodovias, das vias urbanas e os omissos ou que têm falta de atualização sobre o estado final dos feridos, o montante pode ser maior.

Com a base de dados montaram-se gráficos de barras apresentados nas figuras a seguir. Esses apresentam a distribuição dos números de pessoas envolvidas em acidentes veiculares em função da faixa etária dos mesmos, a divisão das classes é a mesma utilizada pelo departamento que forneceu os dados. A Figura 1 apresenta os dados sobre acidentes na forma de barras empilhadas, ou seja, a altura representa o montante total de acidentes naquele ano.

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Figura 1: Número de acidentes ocorridos em rodovias federais brasileiras, em função da faixa etária (PRF, 2015)

As barras mostram que no geral houve um crescimento no número total de acidentes entre 2007 e 2011, e o mesmo mostra que no ano de 2014 houve redução. Vale salientar que os grupos com maior representatividade nos registros são da população com idade entre 20 e 39 anos. Com predomínio dos envolvidos com 25 a 30 anos. Esses tiveram supremacia em todos os anos da análise. O grupo dos jovens até 19 anos e dos idosos com mais de 60 anos tiveram menor influência no total.

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Figura 2: Número de pessoas feridas em acidentes ocorridos em rodovias federais brasileiras, em função da faixa etária (PRF, 2015)

A figura mostra mais uma vez que houve um crescimento no total de feridos até 2011 e então uma queda suave começa a ocorrer até 2014. O grupo que apresenta o maior número de feridos também se encontra nas pessoas com idade entre 25 e 30 anos. Porém o grupo de 20 a 24 anos tem maior representatividade.

O grupo das crianças até 14 anos tem pequena representatividade, enquanto as pessoas com mais de 50 anos têm menor influência no total. O número de fatalidades ocorridas no período está apresentado na Figura 3.

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Figura 3: Número de pessoas mortas em acidentes ocorridos em rodovias federais brasileiras, em função da faixa etária (PRF, 2015)

Desse gráfico observa-se que o grupo com pessoas maiores de 60 anos têm alguma influência no total de fatalidades, porém fica atrás dos jovens com idades entre 25 e 29 anos. Pode-se entender então que com a comparação direta entre a Figura 01 e Figura 03, os idosos se envolvem em menor número de acidentes, porém tem maior fatalidade.

Mas pode-se arguir que esse grupo é maior, pois não tem limite superior, e pode conter mais pessoas, para tentar solucionar essa dúvida montou-se um gráfico de barras com as representações das médias das taxas de mortalidade por acidente, essas são fruto dos dados de cada unidade federativa para cada ano, ou seja, é a média das taxas que ocorreram nos estados

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Figura 4: Média das taxas de pessoas mortas em função do número de acidentes ocorridos em rodovias federais brasileiras, em função da faixa etária (PRF, 2015)

Este gráfico reitera o que se extraiu anteriormente das análises, porém ele traz à tona alguns aspectos diferentes. O grupo de pessoas com mais de 60 anos teve, mais uma vez, uma grande média, maior que uma fatalidade a cada 20 acidentes no ano de 2011. As maiores taxas médias se estabeleceram nas crianças até 14 anos.

Esse dado é compreensível, já que as crianças são mais frágeis fisicamente e medidas de segurança, como o uso da cadeirinha específica por idade, foram regulamentadas pelo Conselho Nacional de Trânsito apenas em 2010 (CONTRAN, 2008).

O grupo com maior número de acidentes e feridos, dos jovens entre 25 e 30 anos, teve pequena representação nessas taxas. Porém como os mesmos sofrem muitos acidentes, sua representatividade em análises relativas é menor.

Para avaliar a dispersão dessas taxas médias, montou-se um diagrama de caixas para cada faixa etária, pontuado em função da unidade da federação. Esses estão apresentados na Figura 5.

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Figura 5: Diagramas de caixa das taxas de pessoas mortas em função do número de acidentes ocorridos em rodovias federais brasileiras, em função da faixa etária (PRF, 2015) O gráfico mostra que as medianas das taxas das pessoas até 19 anos e maiores de 60 anos tem o mesmo nível. Mais alto que as demais faixas etárias. A diferença entre os quartis desses grupos também é maior, e existiram alguns outliers, como o estado de Roraima em 2011, onde todas as crianças até 4 anos envolvidas em acidentes vieram a falecer.

4. DISCUSSÃO

Conclui-se que nos casos das rodovias federais brasileiras, os casos registrados reiteram o que as referências externas alertam. O grupo das pessoas idosas, junto com o grupo formado pelos mais jovens, se envolve em um menor número de acidentes de trânsito.

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Fomentam-se estudos cada vez mais voltados para o público da terceira idade. Acompanhar o cotidiano da mobilidade desse público amplia a qualidade do transporte e pode contribuir para todos os outros grupos etários, com ou sem necessidades especiais de locomoção.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil.

REFERÊNCIAS

Anderson, G. F. e P. S. Hussey (2000) Population aging: a comparison among industrialized countries. Health

Affairs, v. 19, n. 3, p. 191-203. doi: 10.1377/hlthaff.19.3.191.

Banister, D. e A. Bowling (2004) Quality of life for the elderly: the transport dimension. Transport Policy 11 p: 105-115.

CONTRAN (2008) Resolução Nº 277, de 28 de maio de 2008. Dispõe sobre o transporte de menores de 10 anos e a utilização do dispositivo de retenção para o transporte de crianças em veículos. Conselho Nacional de Trânsito. Brasília, DF.

Dickerson, A. E., L. J. Molnar e D. W. Eby, G. Adler, M. Bédard, M. Berg-Weger, S. Classen, D. Foley, A. Horowitz, H. Kerschner, O. Page, N. M. Silverstein, M., L. Staplin e L. Trujillo (2007) Transportation and aging: a research agenda for advancing safe mobility. The Gerontologist, v. 47, n. 5, p. 578-590.

Eby, D. W., L. J. Molnar e P. S. Kartje (2009) Maintaining Safe Mobility in an Aging Society. CRC Press, Boca Raton, FL, USA.

IBGE (2000) Censo Demográfico 2000. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, RJ. IBGE (2006) Estatísticas do Século XX. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, RJ. IBGE (2008) Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 – Revisão 2008.

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ projecao_da_populacao/2008/ projecao.pdf>. Acesso em 11 de março de 2015. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, RJ.

IBGE (2010) Censo Demográfico 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, RJ. Metz, D. H. (2000) Mobility of older people and their quality of life. Transport Policy 7, p. 149-152.

PRF (2015) Dados sobre acidentes de trânsito ocorridos em rodovias federais brasileiras no período entre 2007

e 2014. Departamento de Polícia Rodoviária Federal do Brasil – Setor de Estatística.

Santos, A. M. R., R. A. P. Rodrigues e M. A. Diniz, M. A. (2015) Trauma no idoso por acidente de trânsito: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 49, n. 1, p. 162-172.

Silveira, R., R. A. P. Rodrigues e M. L. Jr. Costa (2002) Idosos que foram vítimas de acidentes em trânsito no município de Ribeirão Preto-SP, em 1998. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 10, n. 6, p. 765-771.

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