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4. Resultados; 5. Discussão dos resultados; 6. Conclusões.

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Academic year: 2021

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Alguns itens de ansiedade detectados no Desenho da Figura Humana de coronariopatas*

BELLKISS Wn.MA ROMANO LAMOSA·· CARMEM Sn.VIA DE Q. MARTYNlUK VERA LÚCIA BONATO

1. Introdução; 2. Metodologia; 3. Ca-suística; 4. Resultados; 5. Discussão dos resultados; 6. Conclusões.

Este trabalho pretende incrementar o conhecimento sobre alguns traços de personalidade de pacientes coronariopatas, constatados através do Teste do Desenho da Figura Humana.

Pela aplicação deste teste a uma população de 63 sujeitos de ambos os sexos, com lesão obstrutiva coronariana diagnosticada por cinecoronariografia, podem-se verificar alguns aspectos de estru-tura pSíquica deste paciente, como por exemplo uma tendência a LlmlUez frente a novas situações de vida.

Detectar tais aspectos nos permitirá compreendê-los e traba-lhá-los terapeutlcamente, objetivando uma melnor adaptação do paciente a sua situação atual.

1. Introdução

A literatura aponta que as doenças cardiovasculares, especificamen-te as coronariopatias, são responsãveis por um alto índice de mor-talidade, atua~ente.

O aparecimento precoce dessa moléstia, em individuo de qual-quer nível s6cio-econômico e de ambos os sexos, tem suscitado um interesse especial na investigação anãtomo-fisipatoI6gica dessa

co-ronariopatia por parte dos profissionais atuantes nessa ãrea.

Paralelamente às pesquisas de ordem médica, os aspectos psico-lÓgicos têm sido considerados fatores de capital influência no

desen-• Trabalho realizado pelo Serviço de Pstcologia do Instituto do Coração HC FMUSP. (Apresentado à Redação em 1.7.82,)

** Endereço da autora: Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 44 - 05403 - São Paulo, SP.

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volvimento da enfermidade coronariana, motivando assim o presen-te estudo.

Observa-se dentro da literatura especializada a existência de tra-balhos voltados para a identificação de alguns traços psicológicos peculiares a esse tipo de paciente, porém nenhum deles considera a população brasileira, segundo suas especialidades sócio-econômicas e culturais.

Objetivando então acrescentar à literatura científica elementos que contribuam para o maior conhecimento do coronariopata, a fim de facilitar o prognóstico, tratamento clínico e psicológico,

elaborou-se eselaborou-se trabalho.

Para tanto selecionou-se o Inventário da Ansiedade Traço e Es-tado com a adaptação de Angela Biaggio, questionário de levanta-mento de padrões comportamentais de Friedmann & Rosenman e o

Teste da Figura Human~, de Machover, que será o alvo de apresen-tação e discussão desse artigo.

Os demais instrumentos serão analisados em trabalhos oportuna-mente publicados.

A escolha do Teste da Figura Humana como instrumento dessa pesquisa atende a duas necessidades levantadas pelas instituições onde seria utilizado. A primeira é de ordem econômica, Uma vez que o teste necessita apenas de folha de papel, lápis, borracha e local adequado para a aplicação e, portanto, não seria oneroso. A segunda é de ordem técnica, pois sabe-se que o instrumento propicia ao sujeito a expres-são do seu eu, do seu corpo no ambiente (Machover, 1949).

Definido o objetivo do trabalho e especificado o instrumento, tor-na-se importante frisar que o presente estudo não tenciona estabecer uma tipologia do sujeito portador de coronariopatia, mas sim le-vantar características que possibilitem um melhor conhecimento do paciente com o qual trabalhamos.

2. MetOdologia

Os s.ujeitos selecionados foram submetidos à bateria de Teste da

Fi-gura Humana, após passarem pela consulta médica.

Usou-se uma população de 63 sujeitos e selecionou-se uma amos-tra de 20 casos.

Handler & Reyher levantaram 21 itens de ansiedade, devido ao fato· de ser a análise de todos eles detalhada e longa.·

Foram selecionados 20 entrevistados para verificar os itens de ansiedade que apresentassem as maiores freqüências nos desenhos.

Pode-se verificar que os aspectos de omissão, perda de detalhe, pressão na folha, localização na folha, tamanho da figura, simplifi-cação do tronco aparecem constantemente nas figuras executadas,

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sendo então analisados na população descrita, merecendo, portanto, uma interpretação minuciosa de sua significação. '

A aplicação do teste observou as suas instruções-padrões. 3. Casuística

Os requisitos a serem observados para que o paciente se enquadre dentre a população da pesquisa seguem os seguintes critérios:

a) pacientes que apresentem lesões obstrutivas diagnosticadas atra-vés de cinecoronariografia;

b) uma vez constatada a instalação da moléstia, os pacientes não de-vem ter passado por experiência cirúrgica;

c) os referidos indivíduos não devem ser portadores de aterosclerose periférica e cerebral, para que assim os pesquisadores possam ter a garantia que qualquer eventual alteração de comportamento não se deve a esse problema físico;

d) não foram feitas restrições o.uanto a estado civil, sexo ou classifi-cação sócio-econômica dos sujeitos.

O presente estudo contou com uma população de 63 sujeitos, sendo 25 deles do sexo feminino e 38 do sexo' masculino, com idades variando de 40 a 60 anos, com média de 52 anos.

4. Resultados

As tabelas 1 e 2 pretendem apresentar a freqüência com que os índi-ces de ansiedade. estão presentes na Figura Humana da população analisada.

Constatou-se, então, que a omissão de partes da Figura Humana aparece em 89% dos casos. A perda de detalhe em 71 % dos desenhos e a simplificação do tronco podem ser verificadas em 51 % dos sujeitos submetidos ao teste.

Na tabela 2, encontra-se o item pressão na folha, que é subdivi-dido em tipo de linha e tipo de traçado. Verificou-se em 73% a pre-sença de linha do tipo médio e 51 % de traçado do tipo interrompido por desenhos. Quanto à localização na folha, constatou-se que 53% dos sujeitos desenham suas figuras no quarto quadrante; com rela-ção ao tamanho do desenho, percebe-se que 44% dos sujeitos apre-sentam figura de tamanho médio.

Os resultados apresentados nas tabelas 1 e 2 não sofreram tra-tamento estatístico por esse estudo de natureza exploratória .

Optou-se pela análise dos dados através de freqüência simples como forma de facilitar a compreensão e visualização dos resultados obtidos.

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Tabela 1

Freqüência dos índices omissão de parte, perda de detalhe e simplificação de tronco do Desenho da Figura Humana

Item analisado Omissão de partes Perda de detalhe Simplificação do tronco de coronariopatas .. Presença (%) 89 71 51 Tabela 2 Ausência (%) -11 29 49

Freqüência dos índices pressão, localização e tamanho do Desenho da Figura Humana de coronariopatas

Item analisado Classificação Presença (%)

Pressão na folha Linha média 73

Localização na folha Traço interrompido 51

Tamanho Quarto quadrante 53

Médio 44

5. Discussão dos resultados

O Teste da Figura Humana é uma técnica projetiva, que mobiliza a expansão dos impulsos, ansiedades, conflitos e compensações, atuan-tes na dinâmica interna dos indivíduos. Esses elementos possibilitam o levantamento de uma ampla gama de caracteres emocionais, fato que permite ao psicólogo perceber como o examinando interpreta a realidade que o circunda.

Assim, tem-se que os trabalhos com desenhos têm sido motivo de grande interesse e especial atenção por parte dos pesquisadores do comportamento humano. Isso repercutiu no avanço do uso desse instrumento no Brasil.

Conta-se atualmente com a padronização brasileira do Teste da

Figura Humana elaborado por Odette Van Kolck, fato que torna o seu trabalho um elemento comparativo valioso para ser usado como referencial de controle nessa pesquisa.

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..

Usou-se também como indicação bibliogrâfica a revisão de Hand-ler & Reyher (1965, 1969) a respeito do Teste da Figura Humana. Esses autores levantaram 21 itens, que pretendem detectar a existên-cia ou não de fatores de ansiedade no desenho.

Nas figuras analisadas, notou-se a presença do item omissão de partes no desenho em 89 % dos casos. A omissão de qualquer aspecto do desenho relaciona-se com a resistência especial da parte omitida, podendo também ser indicador de problemas somáticos (Handler & Reyher, 1969).

É significativo, nesse estudo, a omissão de mãos, cuja

interpre-tação psicológica refere-se à falta de confiança nos contatos sociais, na produtividade, fatores que acabam por, determinar uma insufi-ciência na manipulação do meio.

Com relação à perda de detalhe, pode-se verificar em 71 % dos casos.

Segundo Hammer, a perda de detalhe expressaria sentimentos de vazio e energia reduzida, característico de sujeitos que se estão defen-dendo do isolamento ou estão deprimidos.

Quanto ao item pressão na folha, verificou-se o predomínio de linhas médias em 73 % dos casos, fato que não denota especial pretação. Jâ no tocante ao tipo de traçado, constatou-se o tipo inter-rompido em 51 % dos casos, fato que aponta sinais de incerteza, te-mor,' angústia, sentimentos de colapso do ego (Handler & Reyher,

1969).

Com referência à localização do desenho na folha, constatou-se que em 53 % dos casos a figura situa-se no quarto quadrante, o que sugere a presença de indícios de passividade, inibição, reserva, atitude de expectativa diante da vida e um desejo de retornar ao passado (Handler & Reyher, 1969).

Em 44% dos casos, o tamanho das figuras era médio, correspon:" dendo ao resultado esperado pelos estudos existentes, não merecendo portanto interpretação especial.

Observou-se que em 51 % dos casos houve simplificação de tronco, segundo critérios de análise adotados por Campos (1978), apontando, então, características de agressividade e de desorganização da perso-nalidade do individuo.

6. Conclusões

Considerando-se os aspectos levantados pelo Desenho da Figura Hu-mana, pode-se evidenciar que o coronariopata:

a) enfrenta um processo de adaptação, frente às alterações que a coronariopatia lhe impôs, estando assim com sua dinâmica interna alterada e com seu eu desestruturado. Essa mudança evidencia-se ao comparar a população coronariopata com o grupo analisado por Odette Van Kolck;

b) encontra-se deprimido, angustiado, inibido, com sua energia redu-zida, com dificuldade de estabelecer relacionamento social e pessoal;

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c) age de forma reservada e passiva frente a novas situações, pois sua estrutura psíquica está abalada e frágil;

d) diante da expectativa do desconhecido sente temor, porém seu ca-ráter competitivo o impulsiona à ação;

e) não exerce domínio sobre os novos mecanismos de controle que utilizará para enfrentar as situações inéditas de sua vida, fato que se torna gerador de ansiedade para o paciente;

f) busca formas alternativas para enfrentar o meio que anteriormen-te conhecia e dominava.

Abstract

The present study increases the knowledge of some personality traits of coronary disease patients, provided by human figure drawings

(Machover) .

Through the application of this test to 63 subjects, of both se-xes, with coronariografy diagnosed obstrutive lesion, there is the pos-sibility of verifying some aspects of the psychic structure of this pa-tient as for instance a tendency to shyness in view of new situations.

The detection of these aspects will allow us to undestand and work them therapeutically, in order to permit a better adaptation of the patients to theit present life situation.

Referências bibliográficas

Campos, Dinah M. S. O Teste do Desenho como instrumento de diagnóstico da personalidade. Petrópolis, Vozes, 1978.

Handler, L. & Reyher, J. Figure Dranegis Anxiety rndixes: a review of

lite-ra~Ul·e. Journal OI I'rojective Techniques and personalit}J Assessment, 29 (8):

305-13, 1965. ,

- - - & . The relationship between GRa and anxiety indixes in

projective drawings. Journal of Consulting l'sychotogy, 30 (1): 60-7, 1969.

Machover, K. Personality projection in the drawing of Human Figure. Sprlng-fleld, Charles C. Thomas, 1949.

Meltzer, L. E. A ansiedade nas doenças cardiovasculares. In: Simpósio sobre Fatores de Ansiedade no Tratamento Integrado dos Pacientes, Amsterdam, 1973. Anais. Amsterdam, Expercta Médica, 1975.

PessoU, r. Ansiedade. São Paulo, EPU, 1978.

Rees, W. L. Aspectos gerais de ansiedade. In: Simpósio sobre Fatores de

an-siedade no Tratamento .lntegrado dos Pacientes, AmSterdam, 1973. Anais. Ams-terdam, Expercta Médica,1975.

Van Kolck, Odette Lourenção. Interpretação psicológica de desenhos, São Pau-lo, Pioneira, 1968.

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