• Nenhum resultado encontrado

Bioacumulação de Mercúrio Total (Hg ) e hábitos alimentares de peixes da bacia do Rio Negro,

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Bioacumulação de Mercúrio Total (Hg ) e hábitos alimentares de peixes da bacia do Rio Negro,"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Macapá, v. 6, n. 1, p. 102-106, 2016 Disponível em http://periodicos.unifap.br/index.php/biota Biota Amazônia ISSN 2179-5746

RESUMO. Na Amazônia, o pescado é a principal fonte nutricional para os ribeirinhos. Desta forma, peixes têm sido

comumente utilizados em trabalhos de monitoramento ambiental por serem bons biomonitores. Este trabalho analisou a concentração de Hg Total (Hg ) em peixes de diferentes espécies e hábitos alimentares, afim de investigar a T existência de bioacumulação nas espécies na bacia do rio Negro e verificar se os teores de Hg encontrados estão em T conformidade com o limite estipulado para consumo humano. Os pontos de amostragem foram distribuídos na bacia do rio Negro durante o período das águas altas. Após as pescarias os espécimes foram identificados, medidos e pesados. Em seguida, amostras de músculo foram retiradas e submetidas à digestão ácida e analisadas por Espectrometria de Fluorescência Atômica a Vapor Frio - CVAFS. Para investigação dos dados foi utilizada análise de variância e regressão linear simples. Um total de 264 espécimes distribuídos em 10 espécies foram analisadas, sendo

-1

que as concentrações de Hg variaram de 0,030 a 1,670 mg.kg . As espécies Hoplias malabaricus, Serrasalmus T

rhombeus, Hemiodus immaculatus e Cichla temensis apresentaram bioacumulação. Concentrações elevadas de Hg T

foram encontradas em peixes carnívoros, piscívoros, planctívos e onívoros. Nenhum espécime apresentou concentrações médias de Hg em desconformidade com a ANVISA, porém isto ocorreu em relação a FAO e OMS.T

Palavras-chave: Amazônia brasileira, Biomonitoramento, Águas altas, Hg.

ABSTRACT. In the Amazon, the fish is the main nutritional source for the riverine. Thus, fish have been commonly used in

environmental monitoring work to be good biomonitors. This study analyzed the total mercury concentration (THg) in fish of different species and feeding habits in order to investigate the existence of bioaccumulation in species in the basin of the Negro river and verify that the THg levels found are in accordance with the stipulated limit for consumption human. Sampling points were distributed in the basin of the Negro river during the period of high water. After the fisheries specimens were identified, measured and weighed. Then muscle samples were taken and subjected to acid digestion and analyzed by Cold Vapor Atomic Fluorescence Spectrophotometer - CVAFS. To research data was used analysis of variance and linear regression. A total of 264 specimens distributed into 10 species were analyzed, and the THg of the concentrations ranged from 0.030 for 1,670 mg.kg-1. The species Hoplias malabaricus, Serrasalmus rhombeus, Hemiodus immaculatus and Cichla temensis showed bioaccumulation. High concentrations of THg were found in carnivorous, piscivorous, planctívos and omnivores fish. No specimen showed mean concentrations of THg in violation to ANVISA, but this occurred in relation to FAO and WHO.

keywords: Brazilian Amazon; biomonitoring; high waters; Hg.

Total mercury (THg) bioaccumulation and fish food habits in Negro River basin, Amazon, Brazil

1. Introdução

O rio Negro abrange uma extensão de aproximadamente 1.700 km e sua bacia se espalha por

2 3 -1

uma área de 696.810 km , com vazão de 28.060 m .s o que representa 12,7% da área total da Amazônia brasileira. Já foi encontrado que a presença de mercúrio nesta região é predominantemente de origem natural (FADINI; JARDIM, 2001; OLIVEIRA et al., 2007). Roulet et al. (1998) em estudo realizado na bacia do rio Tapajós, calcularam que mais de 97% do mercúrio acumulado nestes solos são pré-antropogênicos e que o Hg antropogênico proveniente do processo de garimpagem, por si só, não

explicaria os altos níveis encontrados naqueles solos.

Para Barbosa (2003), a pesca na região amazônica é a principal fonte nutricional para as populações que vivem as margens dos rios. Em comparação às demais regiões brasileiras, tanto costeiras quanto de águas interiores, há maior riqueza de espécies de peixes exploradas, maior quantidade de pescado capturado e maior dependência da população tradicional a atividade pesqueira. Neste sentido, peixes são importantes agentes concentradores de mercúrio e, por isso, são bons biomonitores de contaminação por Hg em sistemas aquáticos (CLARKSON, 1998).

Bioacumulação de Mercúrio Total (Hg ) e hábitos alimentares de peixes da bacia do Rio Negro,

T

Amazônia, Brasil

1 2 3

Jean Louchard Ferreira Soares , Ynglea Georgina de Freitas Goch , José Reinaldo Pacheco Peleja , Bruce Rider

4 5 6

Forsberg , Edivaldo Júnior de Souza Lemos , Otávio Peleja Sousa

1. Engenheiro de Pesca (Universidade Federal Rural da Amazônia). Mestrado em Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos (Universidade Federal do Oeste do Pará). Técnico de Laboratório da Universidade do Estado do Amapá, Brasil.

2. Bióloga (Universidade Federal do Pará). Doutora em Biologia-Ecologia (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Professora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Brasil.

3. Biólogo (Universidade Federal do Pará). Doutor em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Professor da Universidade Federal do Oeste do Pará, Brasil. 4. Biólogo (Michigan State University). Doutor em Ecologia e Biologia Comportamental (University of Minnesota). Professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Brasil.

5. Técnico em Química (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará). Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental (Universidade Federal do Oeste do Pará). Técninco de Laboratório da Universidade Federal do Oeste do Pará, Brasil.

6. Biólogo (Universidade Federal do Pará). Mestre em Ciências Biológicas (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). *Autor para correspondência: jean_louchard@hotmail.com

(2)

O hábito alimentar influencia na bioacumulação de Hg . Desta forma, as espécies de peixes carnívoras e/ou T piscívoras tendem a possuir maiores concentrações de Hg T que peixes onívoros, detritívoros e/ou herbívoros (BASTOS, 2006; DOREA et al., 2006). Em geral, a bioacumulação de Hg em sistemas aquáticos varia consideravelmente de acordo com a estrutura da cadeia alimentar e comprimento dos peixes. De forma simplificada, o plâncton se encontra na base, seguido por peixes de pequeno porte e os peixes piscívoros onde se espera as maiores concentrações de Hg (BARBOSA, 2003). Assim sendo, o objetivo deste trabalho é analisar a bioacumulação de HgT entre espécies de peixes de diferentes hábitos alimentares, verificando se estão de acordo com os limites estipulado para consumo humano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (BRASIL, 2013), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - FAO e Organização Mundial da Saúde - OMS (FAO/WHO, 2011).

2. Material e métodos

O estudo foi realizado em diferentes pontos de amostragem distribuídos na bacia do rio Negro conforme evidenciado na Figura 1, em uma excursão realizada no período de águas altas (Julho 2011).

Para a realização das coletas dos peixes foi utilizado baterias de redes de espera com diferentes tamanhos de malhas, distribuídas ao longo dos locais selecionados, as quais permaneceram na água por um período de 4 horas, no período da manhã. A cada despesca, os peixes capturados foram devidamente identificados com o auxílio de bibliografia especializada (GOULDING et al., 1988; SANTOS, 1987; FERRARIS et al., 2005; SANTOS et al., 2006; SOARES, 2008; OYAKAWA; MATTOX, 2009) e em seguida pesados e medidos. Posteriormente, foi retirada de cada espécime capturada uma amostra de tecido da parte dorsal sem pele e sem espinha, e colocada em recipiente plástico devidamente limpo que posteriormente foi congelada. Este procedimento ocorreu em local devidamente higienizado para evitar

contaminação da amostra.

Todas as análises de mercúrio total foram realizadas no Laboratório de Biologia Ambiental do Instituto de Ciência e Tecnologia das Águas - ICTA, Universidade Federal do Oeste do Pará. Campus de Santarém. Estado do Pará.

As análises de Hg foram executadas utilizando de 15 T a 45 mg (peso úmido) do músculo do peixe. A digestão foi realizada usando 3 mL de HNO e 0,003 mL de HCl (6N). 3 Os tubos contendo as subamostras foram agitados e aquecidos a 121 °C durante 4 horas com ventilação. Posteriormente foi realizada a diluição com água deionizada até obtenção do volume final de 9 mL (PICHET, 1999). Alíquotas de 0,1 mL foram analisadas usando CVAFS.

A reprodutibilidade do método foi determinada pela leitura em duplicata de uma amostra a cada 10 analisadas, aceitando um desvio de 10%, sendo o limite de detecção do aparelho de 75 picogramas de Hg.

Como forma de verificar a confiabilidade dos resultados, assim como a confiança do método analítico foi realizado teste de calibração utilizando amostras de padrões internacionais (DORM-3: Fish Protein Certified

Reference Material for Trace Metals do Nacional Research Council of Canadá) referente a tecido de peixe.

Foi utilizada análise de variância, para comparar os níveis de mercúrio total intraespecífico e interespecíficos e regressão linear para observar dentre as espécies analisadas, qual(is) a(s) espécie(s) apresentaram bioacumulação (ZAR, 1999).

3. Resultados

Um total de 264 espécimes, distribuídos entre 10 espécies de peixes e organizados por estratégia alimentar estão descritos na Tabela 1. As espécies do topo da cadeia alimentar são as que possuem as maiores concentrações de Hg em músculo. Os peixes carnívoros T e/ou piscívoros, traíra (H. malabaricus), piranha-preta (S.

rhombeus) e cachorro (A. falcirostris) foram os que

apresentaram as maiores concentrações de Hg em T músculo. Entretanto, o mapará (H. marginatus), planctívoro, apresentou níveis semelhantes deste metal em músculo.

Mais de 50% dos peixes Onívoros e Onívoros com características herbívoras e mais de 90% dos peixes invertívoros, que segundo Mérona et al. (2001) se alimentam principalmente de material animal e invertebrados, apresentaram valores de concentração de

-1

Hg em músculo inferior a 0,200 mg.kg . Adicionalmente, T mais de 50% dos peixes onívoros com características carnívoras, carnívoros e piscívoros, e mais de 70% dos peixes planctívoros apresentaram valores de -concentração de Hg em músculo superior a 0,400 mg.kgT 1

. Houve variação na bioacumulação de Hg em músculo T entre peixes pertencentes a diferentes categorias alimentares (F(9, 254) = 21,193; p <0,001), conforme Figura 2.

Figura 1. Área de estudo: bacia do rio Negro na oresta amazônica, Brasil. / Figure 1.

(3)

Na análise da variação na concentração de Hg em T músculo de peixe, em H. malabaricus, S. rhombeus e H.

immaculatus, foi observada correlação linear positiva na

concentração deste metal com o aumento do comprimento

padrão e/ou peso e em C. temensis, apenas em relação ao comprimento padrão (Figura 3). As demais espécies, não apresentaram correlação significativa, como pode ser visualizado na Tabela 2.

-1

Tabela 1. Nome comum, nome cientico, referências para os hábitos alimentares, número de amostras, média, mínimas e máximas concentrações (mg.kg ) de mercúrio total (Hg ) em T músculo de peixes da bacia do rio Negro. Peixes com valores médios de Hg acima dos limites estabelecidos pela FAO e OMS, em negrito. Não houve espécies com valores médios T acima dos limites estabelecidos pela ANVISA. / Table 1. Common name, scientic name, references to eating habits, number of samples, average, minimum and maximum concentrations

-1

(mg.kg ) of total mercury (Hg ) in the Negro River basin sh muscle. Fish with average values of THg above the limits established by FAO and WHO in bold. There were no species with T average values above the limits established by ANVISA.

Nome comum Nome científico Referências n Média HgT (mg.kg-1) Min Max

CARNÍVORO/PISCÍVORO (Car/Pis)

tucunaré Cichla temensis (Santos et al., 2006; Soares, 2008)

14 0,324 0,129 0,772

traíra Hoplias malabaricus 41 0,573 0,085 1,580

INVERTÍVORO (Inv)

cachorro-de-padre

Auchenypterichths thoracatus (Goulding et al., 1988) 45 0,116 0,045 0,282 ONÍVORO/HERBÍVORO (Oní/Her)

aracu Leporinus friderici (Santos et al., 2006; Soares, 2008)

14 0,227 0,060 0,510

ONÍVORO/CARNÍVORO (Oní/Car)

piranha-preta Serrasalmus rhombeus (Santos 2004; Santos et al., 2006)

33 0,589 0,282 1,670

ONÍVORO (Oní)

sardinha-comum Triportheus albus (Santos et al., 2006; Soares, 2008)

37 0,173 0,059 0,339

charuto Hemiodus immaculatus 38 0,275 0,030 0,793

PISCÍVORO (Pis)

Peixe-cachorro Acestrorhynchus falcirostris (Santos et al., 2006; Soares, 2008)

11 0,563 0,264 1,152

PLANCTÍVORO (Pla)

Mapará Hypophthalmus fimbriatus (Santos et al., 2006; Soares, 2008)

6 0,427 0,332 0,546

Mapará Hypophthalmus marginatus 25 0,515 0,273 0,841

0,227 0,117 0,275 0,158 0,589 0,427 0,515 0,324 0,573 0,563 0,0 0,5 L. friderici (Oní/Her) A. thoraca tus (Inv) A. immacula tus (Oní) T. alb us (Oní) S. rhombeus (Oní/Car) H. mbria tus (Pla) H. mar ginatus (Pla) C. temensis (Car/Pis) H. mala baricus (Car/Pis) A. falcir ostris (Pis) -1 Hg total (mg .k g )

Fígura 2. Concentrações médias de Hg nas espécies de peixes analisadas. / Figure 2. Average T concentrations of Hg the species of sh analyzed.T

-1

Tabela 2. Coecientes de determinação (r) das regressões lineares simples para comprimento padrão (cm) e peso corporal (g) em relação às concentrações de Hg (mg.kg ) em T músculo de peixe. Os valores em negrito evidenciam uma tendência signicativa de bioacumulação. / Table 2. The correlation coefcients (r) of the linear regressions for standard length (cm) and weight (g) in relation to concentrations of THg (mg.kg-1) in sh muscle. Values in bold show a signicant tendency to bioaccumulate.

Nome comum Nome científico Estratégia

alimentar n

Comprimento padrão (cm) Peso (g)

r p r p

tucunaré Cichla temensis (Car/Pis) 14 0,532 0,050 0,468 0,091

traíra Hoplias malabaricus (Car/Pis) 41 0,677 <0,001 0,687 <0,001

cachorro-de-padre Auchenypterichths thoracatus (Inv) 45 -0,098 0,518 -0,010 0,946

aracu Leporinus friderici (Oní/Her) 14 -0,276 0,339 -0,246 0,396

piranha-preta Serrasalmus rhombeus (Oní/Car) 33 0,446 0,009 0,443 0,009

sardinha-comum Triportheus albus (Oní) 37 0,067 0,692 0,173 0,304

charuto Hemiodus immaculatus (Oní) 38 0,586 <0,001 0,594 <0,001

Peixe-cachorro Acestrorhynchus falcirostris (Pis) 11 0,302 0,365 0,409 0,211

mapará Hypophthalmus fimbriatus (Pla) 6 0,484 0,330 -0,430 0,394

(4)

0,000 0,400 0,800 1,200 1,600 2,000 5,0 20,0 35,0 50,0 0,000 0,400 0,800 1,200 1,600 2,000 8,0 16,0 24,0 32,0 2,000 0,000 0,400 0,800 1,200 1,600 0 600 1200 1800 0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 1,000 10,0 16,0 22,0 28,0 0,9 0,1 0,3 0,5 0,7 14 22 30 38 2,000 0,000 0,400 0,800 1,200 1,600 0 600 1200 1800 0,900 0,000 0,300 0,600 0 600 1200 1800 1,200 0,6 0,0 0,2 0,4 0 400 800 0,8 Comprimento Padrão (cm) Peso (g) -1 Hg T otal (mg .kg )

Serrasalmus rhombeus Hoplias malabaricus Hemiodus immaculatus Cichla temensis

4. Discussão

A grande variação na bioacumulação de Hg em T músculo de peixes é esperada devido a diversidade de estratégias alimentares que envolvem, além de outros fatores, a mobilidade, localização de forrageio, características migratórias, bem como as diferentes formas de metabolização do Hg de cada espécie (BARBOSA et al., 2003).

É bem descrito que espécies de peixes pertencentes ao topo da cadeia alimentar, piscívoras e/ou carnívoras, tendem a concentrar maiores quantidades de Hg em T músculo do que aquelas pertencentes às outras categorias alimentares (BARBOSA et al., 2003; BASTOS, 2006; BASTOS et al., 2008; BLACK, 2011; BELTRAN-PEDREROS et al., 2011; SILVA, 2012). No entanto, a espécie

Hypophthalmus marginatus com hábito alimentar

planctívoro apresentou valores elevados deste metal, corroborando com Bastos et al. (2008) que também observaram concentrações elevadas de Hg em uma T espécie planctívora (Hypophthalmus edentatus) na bacia do rio Madeira. Segundo Peleja (2002), na Amazônia há variações significativas de Hg no plâncton em função das flutuações do nível da água, sendo estas flutuações, mais elevadas em períodos de águas altas nos sistemas dos rios Negro e Tapajós. Estudos com MeHg e Hg no rio T Tapajós sugerem uma maior biodisponibilidade deste em decorrência do aumento sazonal do nível da água e consequente inundação da planície de inundação

(ROULET et al., 1998, 2000).

O consumo de peixes predadores: planctívoro, carnívoro/piscívoro e carnívoro/necrófago, que segundo Beltran-Pedreros et al. (2011) possuem elevadas concentrações de Hg, devem ser evitadas. No entanto, segundo estes autores, os peixes com hábito alimentar: detritívoro, herbívoro/frutívoro e onívoro, que são mais frequentemente consumidas pela população, possuem baixas concentrações de Hg. As espécies onívoras, possivelmente, possuem baixas concentrações de Hg em T músculo devido à dieta alimentar destas ser compostas por diversificados itens alimentares.

Ao analisar H. malabaricus, S. rhombeus e H.

immaculatus foi observado correção linear positiva de HgT em relação a comprimento padrão e peso, também observado em C. temensis, porém apenas em relação ao comprimento padrão, corroborando com Bastos et al. (2008), estes também encontraram correlação linear positiva em peixes do rio Jamari. As demais espécies não demonstraram correlação entre estes parâmetros. Portanto o tamanho e/ou peso não explicam a variação na concentração de Hg em músculo destas. É importante a T observação de outros fatores, dentre eles a quantidade de tecido adiposo, pois segundo Miranda (2007), o metilmercúrio é uma neurotoxina que tem tendência de bioacumular e biomagnificar devido à sua característica lipossolúvel, sendo assim peixes com maiores quantidades de tecido adiposo podem ter maiores concentrações de Figura 3. Relações de Hg e comprimento padrão (cm) e peso (g) de algumas espécies de peixes capturadas na bacia do rio Negro. / Figure 3. Hg and standard length ratios (cm) T T and weight (g) of some species of sh caught in the Black River basin.

(5)

Hg em relação aos peixes com menores quantidades deste T tecido.

5. Conclusão

Concentrações elevadas de Hg foram encontradas em T músculo de peixes predadores, em um período de águas altas na bacia do rio Negro. Correlação linear positiva de Hg em relação ao comprimento padrão e peso foi T observado em H. malabaricus, S. rhombeus e H. immaculatus, ocorrendo também em C. temensis, em relação ao comprimento padrão. Quatro espécies de peixes apresentaram valores médios de Hg acima dos limites T estabelecidos pela FAO e OMS, são elas: H. malabaricus, S.

rhombeus, A. falcirostris e H. marginatus. Não houveram

espécies com concentrações acima dos limites estipulados pela ANVISA. Uma espécie (H. marginatus), predadora, planctívora e que não é topo de cadeia, apresentou níveis elevados de Hg , comparáveis às concentrações T encontradas nas espécies carnívoras e piscívoras.

6. Agradecimentos

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM, ao Instituto Translacional em saúde e Ambiente na Região Amazônica - INPeTAm, a Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, ao Instituto Nacional de Ciência e tecnologia - INCT, ao Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia – INPA, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação - MCT

7. Referências Bibliográficas

BARBOSA, A. C.; SOUZA, J.; DO´REA, J. G.; JARDIM, W.F.; FADINI, P. S. Mercury Biomagnification in a Tropical Black Water, Rio Negro, Brazil. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v.45, p.235–246, 2003.

BASTOS, W. R. Mercury in the environment and riverside population in the Madeira River Basin, Amazon, Brazil. Science of the Total

Environment, v.368, p.344–351, 2006.

BASTOS, W. R.; REBELO, M. F.; FONSECA, M. F.; ALMEIDA, R; MALM, O. A description of Mercury in fishes from the Madeira River Basin, Amazon, Brazil. Acta Amazonica, v.38, n.3, p.421-430, 2008. BELTRAN-PEDREROS, S.; ZUANON, J.; ROSSEVAL GALDINO LEITE, R. G.

; PELEJA, J. R. P.; MENDONÇA, A.B.; FORSBERG, B. R. Mercury bioaccumulation in fish of commercial importance from different trophic categories in an Amazon floodplain lake. Neotropical

Ichthyology, v.9, n.4, p.901-908, 2011.

BLACK, F. J.; BOKHUTLO, T.; SOMOXA, A.; MAETHAMAKI, M.; MODISAEMANG, O.; KEMOSEDILE, T.; COBB-ADAMS, C.; MOSEPELE, K.; CHIMBARI, M. The tropical African mercury anomaly: Lower than expected mercury concentrations in fish and human hair.

Science of the Total Environment, v.409, p.1967-1975, 2011.

CLARKSON, T. W. Human toxicology of mercury. J. The Journal of Trace

Elements in Experimental Medicine, v.11, p.303-317, 1998.

DOREA, J. G.; BARBOSA, A. C.; SILVA, G. S. Fish mercury bioaccumulation as a function of feeding behavior and hydrological cycles of the Rio Negro, Amazon. Comparative Biochemistry and Physiology, p.275–283, 2006.

FADINI, P.S.; JARDIM, W.F. Is the Negro River Basin (Amazon) impacted by naturally occurring mercury? The Science of the Total

Environment, v.275, p.71-82, 2001.

Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e Organização Mundial da Saúde. Evaluation of certain

contaminants in food: seventy-second report of the Joint

FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. WHO technical report series, n.959, 2011.

FERRARIS, C. J. JR.; VARI, R. P.; RAREDON, S. J. Catfishes of the genus

Auchenipterichthys (Osteichthyes: Siluriformes: Auchenipteridae); a

revisionary study. Neotropical Ichthyology, v.3, n.1, p.89-106, 2005.

GOULDING, M.; CARVALHO, M.L.; FERREIRA, E.G. Rio Negro: Rich Life in Poor Water. SPB Academic Pub. 1988.

MÉRONA, B.; SANTOS, G. M.; ALMEIDA, R. G. Short term effects of Tucuruí Dam (Amazonia, Brazil) on the trophic organization of fish communities. Environmental Biology of Fishes, v.60, p.375-392, 2001.

MIRANDA, M. R.; SOUSA-COELHO, S. A.; GUIMARÃES, J. R. D.; CORREA, R. R. S.; OLIVEIRA, D. Mercúrio em sistemas aquáticos: Fatores ambientais que afetam a metilação. Oecologia Brasiliensis, v.11, n.2, p.240-251, 2007.

OLIVEIRA, L. C.; SERUDO, R. L.; BOTERO, W. G.; MENDONÇA, A. G. R.; SANTOS, A.; ROCHA, J. C.; NETO, F. S. C. Distribuição de mercúrio em diferentes solos da bacia do médio rio negro-AM: influência da matéria orgânica no ciclo biogeoquímico do mercúrio. Química

Nova,v.30, n.2, p.274-280, 2007.

OYAKAWA, T. O.; MATTOX, G. M. T. Revision of the neotropical trahiras of the Hoplias lacerdae species-group (Ostariophysi: Characiformes: Erythrinidae) with descriptions of two new species. Neotropical

Ichthyology, v.7, n.2, p.117–140, 2009.

PELEJA, J. R. P. Os fatores que influem no nível de mercúrio (Hg) na

água e no plâncton de lagos associados aos rios Tapajós e Negro. Dissertação (Mestrado), Instituto Nacional de Pesquisa da

Amazônia/FUA, Manaus-AM, Brasil, 75p. 2002.

PICHET, P. Analysis of total mercury and methylmercury in environmental samples. In: LUCOTTE, M.; SCHETAGNE, R.; THERIEN, N.; LANGLOIS, C. (Eds.). Mercury in the biogeochemical cycle: Natural

environments and hydroelectrics reservoirs of northern Québec.

Springer, p.41- 52, 1999.

BRASIL. CONGRESSO. SENADO. RESOLUÇÃO no 42, de 2013. Dispõe

sobre o Regulamento Técnico MERCOSUL sobre Limites Máximos de Contaminantes Inorgânicos em Alimentos. República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, n.168 – DOU – 30/08/13 – seção 1 – p.33. 2013.

ROULET, M.; LUCOTTE, M.; CANUEL, R.; RHEUALT, I.; TRAN, S.; GOCH, Y.G.F.; FARELLA, N.; VALE, R.S.; PASSOS, C.J.D.; SILVA, E.D.; MERGLER, D.; AMORIM, M. Distribution and partition of total mercury in waters of the Tapajós river basin, Brazilian Amazon. Science of Total

Environment, v.213, p.203-211, 1998.

ROULET, M.; LUCOTTE, M.; GUIMARÃES, J.R.D.; RHEAULT, I. Methylmercury in water, seston, and epiphyton of an Amazonian river and its floodplain, Tapajós River, Brazil. The Science of the

Environment, v.261, p.43-59, 2000.

SANTOS, E. Peixes da água doce: vida e costume dos peixes no Brasil. 4ª edição. Coleção zoológica brasílica: Itatiaia Limitada, Vol.2, 1987.

SANTOS, G.M.; FERREIRA, E J. G.; ZUANON, J. A. S. Peixes comerciais

de Manaus. Manaus: Ibama/AM, ProVárzea, p.144, 2006.

SILVA, G. S.; NETO, F. F.; ASSIS, H. C. S.; BASTOS, W. R.; RIBEIRO, C. A. O. Potential risks of natural mercury levels to wild predator fish in an Amazon reservoir. Environmental Monitoring and Assessment, p.184, p.4815–4827, 2012.

SOARES, M. G. M. Peixes de lagos do Médio Rio Solimões. 2. ed. rev.– Manaus: Instituto I-piatam, 2008.

Referências

Documentos relacionados

Inventário Patrimonial Descrição Aquisição Localização Aquisição. 1375 42.6 CADEIRA GIRATÓRIA S\\ BRAÇOS

LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Mapa hidrográfico da bacia do Rio Preto20 Figura 02 – Unaí: município da RIDE29 Figura 03 – Eficiência no uso da água para irrigação36 Figura 04

Nesses espaços, que são significativos de expressão, diversos atores posicionam-se, erguem suas vozes e veiculam os mais variados discursos, amplificados pela capacidade de

A cobrança é um instrumento que visa combater o uso indiscriminado dos recursos hídricos previsto nas leis: Federal nº 9.433/97 (já citada), Paulista nº 7663/91 e Mineira

Effects of the bite splint 15-day treatment termination in patients with temporomandibular disorder with a clinical history of sleep bruxism: a longitudinal single-cohort

Um estudo experimental foi realizado com o intuito de (I) mensurar a qualidade em um restaurante à la carte localizado em um município do Rio de Janeiro; (II) verificar

Ou seja, se as juntas de medição dos termopares estão em temperatura diferentes e estes estão ligados em oposição, então a fem gerada corresponderá à diferença

Modelo de referência Gerenciamento de Continuidade Usuários Clientes Gerenciamento de Aplicações Gerenciamento de Nível de Serviço Gerenciamento Financeiro Gerenciamento