Escola de Pais
Abordagem grupanalítica com grupos de pais
XVI Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Grupanálise
e Psicoterapia Analítica de Grupo SPGPAG
07.10.2016
Patrícia Poppe
J. Bowlby
Conferência: Psychoanalysis and childcare
(1956)
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• As dificuldades dos filhos estão relacionadas com problemas emocionais dos pais, presentes na sua própria infância.
• Quando se tornam pais são evocados esses sentimentos inconscientes. • Não estão preparados para esta reativação do conflito, aplicam os
mesmos métodos primitivos e precários da infância, não tendo
consciência dos seus próprios motivos para a forma como lidam com os filhos.
• Esta é a principal causa dos erros parentais
• É necessário que os técnicos tenham uma maior compreensão dos conflitos inconscientes dos pais e do seu papel no surgimento de perturbações dos filhos.
• Deve ser dada uma ajuda competente nos meses críticos antes e depois do nascimento de um filho e nos primeiros anos para apoiar o
Isaura Manso Neto
“Os mecanismos inconscientes e as relações patológicas estão na origem, evolução e manutenção da psicopatologia das crianças” (1997)
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• Perceber os pais nas suas dificuldades
• Ferida narcísica
• Filhos usados como self-objetos • Projeção de partes do self
• Não reconhecem como diferentes e separados • Não compreendem as
necessidades dos filhos
• A partilha e a escuta diminui a vergonha e a culpa
• Identificação
• Diferenciação / separação
• Aumentar a consciencialização dos conflitos e de afetos
culpabilizantes • Perder progressivamente o funcionamento projetivo • Permite reestruturação narcísica • Estimular a capacidade de compreender os filhos • Desenvolvimento da empatia • A agressividade passa a ser
mais mentalizável • Facilita a tolerância à
J.G.Badaracco
Psicanálise multifamiliar/Grupo multifamiliar
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Conceitos:
• “Os outros em nós”
• “Interdependências recíprocas” (patológicas)
• O olhar como causador da doença
• Objetos enlouquecedores
• “Virtualidade sã”
Estes fenómenos podem ser visto mais facilmente num
contexto ampliado multifamiliar
• “Dar-se conta” de que outros captam a existência de um
potencial saudável
• Recursos egoicos genuínos, a partir da presença emocional
• Facilitam o desenvolvimento das potencialidades dos filhos
Eva Rotenberg
“Escuela para Padres Multifamiliar”
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• É possível vivenciar a problemática de pais e filhos
• Os aspectos visualizam-se melhor nos outros
• Identificar-se e descobrir aspetos próprios
• Descobrir recursos e desenvolver a confiança nesses
recursos
• Modificar a forma como pais olham para os filhos, o que vai
influenciar o olhar que estes terão sobre si mesmos
• Ao tranquilizar os pais, os filhos podem separar-se e
desenvolver-se
Escola de Pais
2015 / 2016
Grupos de Pais A B C
Grupo A: out-dez 2015
10 membros
9 sessões
Grupo B: jan-março 2016
9 membros
10 sessões
Grupo C: abril-junho 2016
(10) 9 membros
10 sessões
Grupos de pais de orientação grupanalítica na Escola Envio de email a todos os pais com filhos na Escola Participação voluntária
Sessões semanais de uma hora Duração de um trimestre
Objetivos
Diferentes dos psicoterapêuticos
Desenvolver a função parental
e os recursos internos dos pais
• Compreender os pais
• Compreender os filhos
• Compreender a relação entre eles
• Compreender alguns aspetos conscientes e
inconscientes
• Alcançar algumas mudanças nos pais a nível
da compreensão dos filhos e da relação que
têm com eles
Inscrição e Avaliação
Pré-grupo
• Inscrição/Entrevista
• Motivação/Expetativas
• Aceitação das
condições/regras
Pós-grupo
• Avaliação qualitativa
• Avaliação quantitativa
Membros dos grupos e presenças nos grupos
Grupos de Pais
3
Presenças
Nº total de participantes
19-1(drop out) = 18
78%
Mães
67%
78%
Pais
33%
78%
Média de idades pais
45,7 anos
Média nº de filhos
2,1
Nº total de sessões
29
Participação em 1 grupo
11 pais
71%
Participação em 2 grupos
4 pais
78%
Participação em 3 grupos
3 pais
84%
Motivações dos pais para participarem na Escola de Pais
Recolha de dados antes do grupo: - por escrito na inscrição
(18 Mães/Pais)
- entrevista individual
Análise de Conteúdo - Categoria Referências Comunicação, interacção com outros pais
(falar, escutar, partilhar, trocar ideias, experiências, conhecer outras perspectivas)
17 94%
Acompanhar, apoiar, compreender os filhos 11 61%
Aprender, crescer, evoluir 12 67%
Lidar melhor, melhorar relação com os filhos, ter mais ferramentas, mais recursos
15 83%
Sentir-se melhor (mais seguro, confiante, tranquilo) Sentir-se bom pai, boa mãe
9 50%
Dificuldades, preocupações com os filhos 1. Conflitos, agressividade 2. Socialização, relação 3. Autonomia, separação 13 6 4 3 72%
Dificuldades pessoais dos pais 11 61%
Sessões da Escola de Pais
Quem está presente nos grupos de pais?
Presença física
• membros do grupo como pais e também como
filhos,
• a psicoterapeuta como mãe e como filha
Presença não física
• filhos e pais de todos -
os reais + os imaginários
Sessões da Escola de Pais
Experiência no grupo e conceitos grupanalíticos
• Todos participam e falam uns com os outros em
liberdade; facilitação da comunicação (uso de metáforas)
• Afinidades e diferenças, abordagem direta e aprofundada
de temas
• Níveis de experiência subjetiva individual e múltipla
• Comunicação associativa múltipla
• Intervenções da psicoterapeuta não muito frequentes;
tanto individuais como para o grupo
• Maturação progressiva
Sessões da Escola de Pais
Experiência no grupo e conceitos grupanalíticos
• Ambiente de intimidade e confiança (holding, contentor,
empático)
• Vai sendo assimilada a minha atitude grupanalítica no
grupo (internalização do padrão)
• Possibilidade de se irritarem e zangarem é mencionada
• Desacordo e competição (uns com os outros e comigo)
• Emergem alguns impulsos e defesas mais primitivas
• Fenómenos para a construção de uma matriz (espelho,
ressonância)
Sessões da Escola de Pais
Experiência no grupo e conceitos grupanalíticos
• Questões trazidas para o aqui e agora no grupo
• Transferência – algumas faltas do passado são
revividas e transferidas para o grupo
• Poucas interpretações – ex: membros do grupo têm
necessidades como pais e como filhos
• Contratransferência – identificação concordante e
complementar (Racker1968)
Escola de Pais
2015 / 2016
Grupo de Pais ABC
Avaliação pós grupos
Por favor faça um círculo no que mais se aplica a si numa escala de 1 (concorda totalmente) a 6 (discorda totalmente) 1 Discordo totalmente 2 Discordo um pouco 3 Discordo 4 Concordo um pouco 5 Concordo 6 Concordo totalmente
A experiência de participar no grupo de pais foi importante para mim. 1 2 3 4 5 6
Ajudou-me a compreender as minhas necessidades, desejos, competências. 1 2 3 4 5 6
Ajudou-me a compreender as necessidades, desejos, competências do(s) filho(s). 1 2 3 4 5 6
Contribuiu para melhorar o relacionamento com o(s) filho(s) 1 2 3 4 5 6
Contribuiu para melhorar o relacionamento com outro(s) 1 2 3 4 5 6
Permitiu desenvolver as minhas competências parentais 1 2 3 4 5 6
Verifiquei algumas mudanças em mim 1 2 3 4 5 6
Verifiquei algumas mudanças no(s) filho(s) 1 2 3 4 5 6
Quais? ________________________________________________________________________________________________
Como me senti no Grupo de Pais: ________________________________________________________ O que gostei mais: ____________________________________________________________________ O que gostei menos: __________________________________________________________________
Avaliação Pós-Grupo
Avaliação qualitativa pós-grupo
Como me senti:
Resultado de 28 avaliações no final dos 3 grupos
Categoria
Bem, muito bem, bem acolhido, bem integrado no grupo; confortável, à vontade, aberto
Ouvido, compreendido, identificado, interessado, pertencido, com capacidade de dar e receber apoio
26 93%
Insegurança inicial
Inicialmente preferi escutar mais do que falar Os receios iniciais já não existem
Avaliação qualitativa pós-grupo
O que gostei mais:
Resultado de 28 avaliações no final dos 3 grupos
Categorias Referências
Comunicação, interacção e dinâmica com outros pais
(falar, escutar, partilhar, trocar ideias, experiências) 18 64%
Ambiente de abertura, sinceridade, cumplicidade, solidariedade, confiança, pertença; Espaço para se expressar com liberdade sem julgamento
12 43%
Afinidades, identificação com outros pais 14 50%
Diversidade, encontrar perspectivas diferentes 7 25%
Espaço para si, para reflectir, se questionar,
compreender-se, compreender os outros e aprender
14 50%
Ajuda recebida, ajuda na relação pais-filhos 6 21%
Avaliação qualitativa pós-grupo
O que gostei menos:
Resultado de 28 avaliações no final dos 3 grupos
Categoria Referências
Não haver mais tempo. O grupo terminar. Ficarem temas pendentes
6 21%
Tempo ocupado por alguns pais 3 11%
Desvios de tópicos 3 11%
Falta de temas fixados, conclusões, conselhos
4 14%
Adaptação a novos membros Só haver 1 pai num dos grupos
2 7%
Não há pontos negativos. Gostei de tudo 5 18%
Resultados quantitativos
Médias Grupos ABC
Por favor faça um círculo no que mais se aplica a si numa escala de 1 (discorda totalmente) a 6 (concorda totalmente)
1 Discordo totalmente 2 Discordo um pouco 3 Discordo 4 Concordo um pouco 5 Concordo 6 Concordo totalmente
médias Grupo A Grupo B Grupo C
1. A experiência de participar no grupo de pais foi importante para mim. 5,8 5,8 5,2
2. Ajudou-me a compreender as minhas necessidades, desejos, competências. 5,4 5,2 5,2
3. Ajudou-me a compreender as necessidades, desejos, competências do(s) filho(s) 5,3 5,1 5,0
4. Contribuiu para melhorar o relacionamento com o(s) filho(s) 5,1 5,0 5,1
5. Contribuiu para melhorar o relacionamento com outro(s) 4,6 4,8 4,5
6. Permitiu desenvolver as minhas competências parentais 4,9 4,9 4,5
7.Verifiquei algumas mudanças em mim 5,0 4,3 4,8
8. Verifiquei algumas mudanças no(s) filho(s) 4,2 3,8 4,4
Diferenças entre Mães e Pais (F-M)
Grupo A
Nº Média F (Mães) 6 5,0 M (Pais) 4 5,0Grupo B
Nº Média F (Mães) 8 4,8 M (Pais) 1 5,0Grupo C
Nº Média F (Mães) 6 4,8 M (Pais) 3 5,1Diferenças entre frequência de participação
Participação na Escola de Pais Nº Pess. Média 1x 3 4,6 2x 6 5,0 Participação na Escola de Pais Nº Pess. Média 1x 5 4,7 2x 1 4,4 3x 3 5,4GRUPO B
GRUPO C
Mudanças referidas pelos pais
Mudanças nos Pais
Tenho mais abertura e partilho melhor os problemas
Mudei em termos gerais não consigo especificar
Eu fiquei menos ansiosa, mais confiante com os filhos
Menos ansioso, transmito menos essa ansiedade às filhas
Consigo controlar melhor as minhas ansiedades para não
as transmitir ao meu filho
Fico menos ansioso
Menos ansiedade
Estou mais segura em relação a algumas situações
Tenho mais autocontrole e tolerância.
Maior auto-confiança
Dou mais espaço para os meus filhos agirem
Penso nos temas abordados no grupo de forma diferente
Ganhei capacidade de exposição e partilha
Mudanças referidas pelos pais
Mudanças nos filhos
A minha filha está mais colaborante, provoca
menos, o feedback Escola é muito favorável
O meu filho chora menos
Fica mais atento quando o chamo à atenção
Mudanças na relação pais-filhos
Brincamos mais
Conseguimos resolver melhor os conflitos
Maior autocontrole (meu) e as respetivas
consequências no comportamento da minha filha (menos conflitos)
As discussões têm sido benéficas para a minha
Frase sobre o grupo em que participou
Conceitos grupanalíticos“Mulheres e homens a partilharem sentimentos, dúvidas e experiências sobre o papel mãe/pai e outros papeis”; “Houve muita interacção”
Indivíduo – grupo Diferentes níveis de comunicação
“Um espaço seguro para aprender connosco e com outros pais”
Holding e contenção Aprendizagem
“Foi um grupo bastante coeso e muito compenetrado nos temas discutidos”
Coesão do grupo
“Percebemos que os pais têm dificuldades semelhantes e que não somos os únicos a ter problemas”
Identificação, partilha e
escuta diminuem ansiedade, vergonha, culpa
“Deu para compreender melhor o que sentem os filhos”
Desenvolvimento da empatia
“Diferença de olhares, o que torna o grupo muito enriquecedor”
“Os nossos filhos não somos nós”
Função de espelho
Frase sobre o grupo em que participou
Conceitos grupanalíticos“Ter tempo para estar comigo” Introspeção; Possibilidade de
insight
“Sentimos que aqui se podia falar … ver os nossos filhos como pessoas”
Liberdade; O olhar
Reconhecer como diferente
“O passado tem relevância” Ligação ao genético-evolutivo
“É bom estar na companhia de pessoas
preocupadas em evoluir pessoalmente e no seu relacionamento com os seus filhos”
“Eu agora cada vez me questiono mais e a minha filha também… A nossa relação melhorou”
Experiência de estar em grupo
Evoluir, crescer
Desenvolvimento da capacidade de relação
“Viemos cá como pais para ajudar os filhos, mas acabámos a falar de nós e encontrámos um pouco a nossa identidade”
Auto-conhecimento;
Desenvolvimento pessoal, de recursos internos
“Uma aventura interessante que não se devia limitar a pais que sentem que têm problemas”
Viagem interna, descoberta, Abrangência da aplicação grupanalítica