Conselho Nacional de Justiça
Autos: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO - 0005828-79.2015.2.00.0000
Requerente: ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCAO PIAUI
Requerido: CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ
PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ. ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL – SECÇÃO PIAUÍ. LEI N.º 8.906, DE 1994. MANUAL DE
PROCEDIMENTOS DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA DO
PIAUÍ. ROTINAS CARTORIAIS. LIMITAÇÃO À EXTRAÇÃO DE
CÓPIA E RETIRADA DE AUTOS EM CARGA. OBTENÇÃO DE
CÓPIA RESTRITA A ADVOGADOS CONSTITUÍDOS. DECLINAÇÃO
DE MOTIVO PARA EXTRAÇÃO DE CÓPIA. CARGA DOS AUTOS
APENAS
QUANDO
HOUVER
DETERMINAÇÃO
PARA
MANIFESTAÇÃO NOS AUTOS. VIOLAÇÕES A PRERROGATIVAS
DA ADVOCACIA. ILEGALIDADE RECONHECIDA. PRECEDENTES
DO CNJ. CONTROLE DO ATO. DECISÃO MONOCRÁTICA.
PROCEDÊNCIA.
1. A Lei n.º 8.906, de 4 de julho de 1994, garante a todos os advogados a
prerrogativa de examinar e extrair cópia dos autos, salvo nas hipóteses de
restrição de acesso previstas taxativamente em lei para preservar a intimidade
do jurisdicionado. A necessidade da indicação de motivos para a obtenção de
cópia de processos por advogados não constituídos nos autos pode caracterizar
indevida interferência da administração judiciária na atividade da advocacia.
2. A retirada dos autos para a extração de cópias, prevista no art. 40, § 2º, do
Código de Processo Civil, é prerrogativa que assiste a todos os advogados, não
apenas aos constituídos nos autos, independentemente da existência de
despachos a cumprir.
3. O acesso aos autos mostra-se ferramenta indispensável para permitir aos
causídicos a formulação da adequada defesa técnica dos interesses de seus
clientes em juízo, garantindo a observância do devido processo legal e a
plenitude do direito de defesa. Limitar a possibilidade de o advogado
constituído nos autos retirar processos em carga, deferindo-a apenas quando
houver determinação para manifestação nos autos, revela-se incompatível com
o sistema de prerrogativas da advocacia e com o sistema processual
democrático vigente no País.
DECISÃO MONOCRÁTICA FINAL
1. A Seccional do Piauí da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PI),
em 30 de novembro de 2015, propôs Procedimento de Controle Administrativo
contra dispositivos do Manual de Procedimentos de Atendimento de Usuários
na Vara Cível da Corregedoria Geral da Justiça do Piauí (CGJ/PI).
Narrou a Requerente (Id. 1845075) que dispositivos do referido
Manual de Procedimentos estabelece rotinas cartoriais que vilipendiam
prerrogativas da advocacia, estabelecidas pela Lei n.º 8.906, de 4 de julho de
1994. Alegou que a retirada de autos com a finalidade de extração de cópias
não pode ser condicionada à habilitação do advogado nos autos, tampouco à
ausência de despachos a cumprir pela Secretaria. Combateu a exigência de
declinação de motivos para acesso ao caderno processual para reprografia.
Impugnou também a determinação de que os autos apenas podem ser retirados
em carga quando houver determinação judicial para manifestação da parte.
Requereu a concessão de medida cautelar para suspender a eficácia do
regramento impugnado. No mérito, pugna pela definitiva anulação dos
dispositivos.
Em 3 de dezembro de 2015, posterguei a apreciação do pedido
cautelar, determinando a intimação da CGJ/PI para manifestação a respeito da
matéria (Id. 1845976).
O Corregedor Geral da Justiça piauiense, Desembargador Sebastião
Ribeiro Martins, subscreveu a resposta (Id. 1849643). Informou que promoveu
a reorganização do sistema normativo da CGJ/PI em 2014, de modo a
padronizar e orientar as atividades diárias desempenhadas pelas unidades
jurisdicionais. Argumentou que o Manual de Procedimentos “apenas
regulamenta” o disposto no art. 40 do Código de Processo Civil de 1973.
Esclareceu que os advogados possuem acesso integral aos autos por meio do
“Portal do Advogado”, ferramenta colocada à disposição dos causídicos na
Internet. Por fim, concluiu que o Manual de Procedimentos não contraria o
ordenamento jurídico em vigor, e que o direito de acesso aos autos está
assegurado aos advogados.
Em 14 de dezembro de 2015, reconheci a existência de fundado risco
de prejuízo aos advogados e aos jurisdicionados piauienses, deferindo a medida
in limine como requerido para suspender os procedimentos impugnados (Id.
1854025). Em 17 de dezembro, a Corte informou o cumprimento da decisão.
(Id. 1860527).
Em 12 de fevereiro último, o Conselho Federal da OAB requereu sua
admissão nos presentes autos, na qualidade de interessado (Id. 1878816), o que
foi deferido em 24 de fevereiro (Id. 1887764).
É o suficiente relatório. Decido.
2. As informações colhidas no curso da instrução do presente
procedimento não se mostraram suficientes para derrogar os argumentos
lançados quando da apreciação do pedido cautelar que passo a transcrever,
adotando-os como razão de decidir:
3. Extração de cópia dos autos
Com relação à obtenção de cópias dos autos, o Estatuto da Advocacia garante ao advogado a prerrogativa de “examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos” (art. 7º, XIII).
3.1. Necessidade de motivar o pedido de extração de cópia
Em primeiro lugar, a legislação federal aplicável à espécie não condiciona o exame e a obtenção de cópias por parte de qualquer advogado à apresentação do “motivo das cópias”, como previsto no Manual de Procedimentos ora atacado. A apresentação de fundamento para a obtenção de acesso a cópia de processos, estejam eles ou não em tramitação, poderia significar indevida interferência do órgão correicional na atividade da advocacia, criando condicionante não prevista em lei.
Se é certo que o acesso aos autos por parte dos advogados, desde que não limitados por regra específica, independe de comando jurisdicional favorável, parece-nos lógico que a providência demandada - de indicação dos “motivos” pelos quais o advogado deseja ter acesso a cópias dos autos - mostra-se incompatível com o sistema de prerrogativas conferidas à advocacia. Para além da inutilidade da informação, a considerar que a obtenção de cópias dos autos independe de autorização judicial específica, a apresentação dos referidos “motivos” tem o condão em potencial de invadir aspectos privados do exercício da advocacia atinentes à relação entre o patrono e o cliente constituinte.
Em oportunidade anterior, este Conselho Nacional assim decidiu a respeito de situação assemelhada:
PROCEDIMENTO DE CONTROLE
ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO.
RETIRADA DE AUTOS POR
ADVOGADOS SEM PROCURAÇÃO
NOS AUTOS. EXIGÊNCIA DE PETIÇÃO FUNDAMENTADA. ILEGALIDADE. LEI Nº 8.906/94, ART. 7º, XIII. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE.
1. Pretensão de desconstituição de atos normativos editados por órgãos de Tribunal Regional Federal, sob a alegação de ofensa ao direito dos advogados de obtenção de cópia de processos, mesmo quando não constituídos por procuração nos autos, conforme o artigo 7º, XIII, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia).
2. É ilegal ato normativo que exija petição fundamentada como condição para retirada de autos para cópia por advogado inscrito na OAB, ressalvados os casos de sigilo, os em que haja transcurso de prazo comum em secretaria e os que aguardem determinada providência ou ato processual e não possam sair da secretaria temporariamente. Precedentes do CNJ. Há, igualmente, ofensa ao princípio da proporcionalidade, por se criar restrição desnecessária à proteção do interesse público.
3. É necessário haver controles da retirada de autos dos órgãos judiciários, mas isso não depende da exigência de petição fundamentada. O controle pode fazer-se por livros de carga ou instrumentos semelhantes. Nos casos – minoritários – em que os autos não devam ou não possam sair da secretaria, os servidores encarregados deverão ter o discernimento necessário para negar o acesso e, em caso de dúvida, submeter a situação ao juiz competente.
Procedência do pedido. (CNJ. PCA n.º 5393-47.2012. Rel. Cons. WELLINGTON SARAIVA. j. em 13 mar. 2012)
Já no que toca ao modo de extração de cópias, cumpre registrar que o “Manual de Procedimentos” prevê três regras: a) a carga para reprografia ("carga rápida") será deferida apenas ao advogado constituído como procurador nos autos; b) “desde que não existam despachos a cumprir”; c) nas outras hipóteses, a obtenção de cópias será providenciada pela própria unidade judiciária mediante pagamento, caso em que o interessado deverá aguardar o prazo de 48 horas.
Sobre a denominada "carga rápida" (item a, supra), não me parece que possa ser restringida aos advogados com procuração nos autos. É firme a jurisprudência deste Conselho Nacional nesse sentido:
PROCEDIMENTO DE CONTROLE
ADMINISTRATIVO. CARGA RÁPIDA. ATO QUE ESTABELECE CONTROLE PARA A RETIRADA DE AUTOS DE SECRETARIA.
1. A exigência de apresentação de documento de identificação do advogado para retirada de autos com a finalidade de extração de cópias constitui meio legal de controle da carga rápida e não representa violação ao exercício da advocacia. Tal exigência, porém, pode ser substituída por outros meios igualmente adequados para garantir o controle da carga rápida.
2. A reprodução de documentos dos autos por servidor do Judiciário ou terceirizado não restringe ou limita o exercício da advocacia, ao contrário, representa benefício e conforto aos causídicos. Porém, deve-se facultar ao advogado sem procuração nos autos que, se assim desejar, ele próprio providencie a extração das cópias.
3. A limitação de horário durante o expediente forense para que o advogado possa exercer seu direito de obter cópia de autos de processo viola o disposto no art. 7º, XIII, da Lei n. 8.906/1994.
4. O prazo máximo de 24 horas para busca de autos não prontamente localizados afigura-se razoável, especialmente em unidades cujo movimento processual é elevado.
5. Pedido parcialmente procedente. (grifo nosso) (CNJ. PCA n.º 5191-02.2013. Rel.
Cons. RUBENS CURADO. j. em 6 mai. 2014)
E:
(...)
Segundo o Estatuto do Advogado, Art. 7º, XVI, da Lei 8.906/94, são direitos do advogado “retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias”.
O § 1º, da Lei 8.906/94, regulamentou, também, os casos em que estes direitos sofrem limitação, quais sejam regime de segredo de justiça ou quando existirem nos autos documentação original de difícil restauração.
Neste contexto, entendo, preliminarmente, que na interpretação do § 2º, do art. 40, do CPC, o advogado poderá retirar os autos de cartório por prazo não superior a 1 (uma) hora, inclusive fora das dependências da Secretaria de Juízo.
Por extensão do supracitado, não se pode limitar a forma de instrumentalizar a cópia ao advogado, como vem ocorrendo nas dependências do TJMG, ultrapassando a regulamentação possível.
É natural ao advogado conhecer da causa antes de firmar compromisso para com o cliente, inclusive no intuito de que se possa verificar, da forma que lhe aprouver e em todo seu aspecto, questões ou medidas de urgência.
Portanto, entendo que a parte ou o advogado sofrem prejuízos na impossibilidade do advogado, com ou sem procuração, retirar cópia dos autos do processo do jeito que lhe aprouver, estando ou não nas dependências da Secretaria de Juízo.
Desta forma, defiro o pedido de liminar para suspensão dos efeitos do parágrafo 1º, do art. 229, do Provimento 161/CGJ/2006 na nova redação dada pelo Provimento 195/CGJ/2010, bem como dos incisos I, II, III e IV, do parágrafo 3º, do art. 228, do mesmo Provimento 161/CGJ/2006. (grifo nosso) (CNJ. ML no PP n.º 1505-65.2014.2.00.0000. Rel.ª Cons.ª LUIZA FRISCHEISEN. j. em 22 abr. 2014)
Sobre a impossibilidade da "carga rápida" quando existirem despachos a cumprir (item b, supra), tenho a impressão de que, mais uma vez, o "Manual de Procedimentos" acaba por limitar a prerrogativa profissional fixada no art. 7°, XIII, do EOAB, que não contempla restrições nesse sentido.
No que se refere à extração de cópias por advogados sem procuração nos autos ou de advogados constituídos que queiram fotocopiar peças processuais quando houver despachos a cumprir (item c, supra), o serviço deverá necessariamente ser realizado pela unidade judiciária, isto é, com o preenchimento de formulário, emissão de guia própria e pagamento na rede bancária. Referido serviço será atendido "em 48 horas", é o que diz o "Manual de Procedimentos".
Verifico, agora, situação reveladora de certa incongruência. Ao passo em que, na inteligência do art. 40, § 2º, do CPC, é lícita a retirada dos autos da unidade em que tramitam por uma hora, as cópias requeridas conforme o “Manual de Procedimentos da CGJ/PI” apenas serão (ou podem ser) entregues decorridas 48 (quarenta e oito horas) do pagamento das custas do serviço. Além da imposição de uma espera à parte que, por vezes, pode significar o perecimento de direito que demande alguma informação em caráter urgente, o tempo de extração de cópias na unidade jurisdicional revela-se, ao que parece, 48 (quarenta e oito) vezes maior, a depor contra a eficiência do novel procedimento.
Em síntese, constatada que a conformação dada por este Conselho Nacional à prerrogativa de obtenção de cópias de autos destoa da regulamentação estabelecida pela CGJ/PI, é de se determinar, nesse ponto, a suspensão cautelar dos procedimentos adotados pelo Judiciário piauiense.
4. Retirada formal dos autos em carga
Avançando em direção à suposta violação da prerrogativa de retirada dos autos em carga, verifica-se que o “Manual de Procedimentos” questionado prevê, em seu item 7, que a carga dos autos, permitida apenas a advogados e estagiários inscritos na OAB com habilitação nos autos, será permitida “somente (..) quando houver determinação para manifestação nos autos”.
Aqui, mais uma vez, a padronização adotada pela CGJ/PI parece extrapolar a mera disciplina de rotinas administrativas, avançando no sentido de limitar o exercício do direito de acesso aos autos.
Embora reconhecendo que o Código de Processo Civil garanta ao advogado o direito de “requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias” (art. 40, II), há norma mais moderna e específica a disciplinar o mesmo tema. Refiro-me ao Estatuto da OAB, que, em seu art. 7º, XV, confere ao advogado o direito de “ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, e retirá-los pelos prazos legais”. O dispositivo não condiciona à aprovação a retirada de processos das unidades jurisdicionais, já que deixou de utilizar o verbo “requerer”.
À exceção da ressalva feita pelo art. 40, § 2º, do Código de Processo Civil (com redação dada pela Lei n.º 11.969, de 6 de julho de 2009), que limita a retirada dos autos no decurso de prazo comum, não se verifica dentre dispositivos legais que conformam o tema norma restritiva ao direito de acesso aos autos. Se a limitação não encontra amparo na lei, não poderá o administrador, salvo melhor juízo, criá-la por meio de ato regulamentar.
O CNJ já se manifestou a respeito do tema assegurando a prerrogativa de carga dos autos independentemente de requerimento:
RECURSO ADMINISTRATIVO.
PROCEDIMENTO DE CONTROLE
ADMINISTRATIVO. PORTARIA.
CARGA DOS AUTOS CONDICIONADA
À PETIÇÃO FUNDAMENTADA.
IMPOSSIBILIDADE. AFRONTA ÀS PRERROGATIVAS DA ADVOCACIA. ART. 7º DA LEI 8.906/94.
- Ao editar portaria que resta por modificar previsão legal, ao impor requisito ausente em lei, o Juízo requerido usurpa competência do Poder Legislativo, em afronta ao mencionado Princípio da Separação dos Poderes.
- Além desse fato, deve-se frisar que o artigo 13 da Portaria n.º 000008-1/2009, tem o condão de inovar na ordem jurídica, dispondo contrariamente à lei vigente, de forma a restringir direitos atinentes aos advogados, apesar da natureza meramente reguladora que possui esse tipo de ato normativo infra-legal.
- Destaca-se ainda que no dia 05 de outubro do ano de 2010 foi publicada a Resolução de nº 121 do CNJ, que dispõe, entre outros temas, sobre a divulgação de dados processuais eletrônicos na rede mundial de computadores.
- Voto por dar provimento ao recurso para cassar a Portaria n º 000008-1/2009, editada pela Juíza Federal da 2ª Vara Federal Criminal de Vitória – ES, em razão de a mesma afrontar disposição legal do art. 7º, XIII, da Lei nº 8.906/94. (CNJ. N.º PCA 4482-69.2010. Rel. p/ acórdão Cons. JEFFERSON KRAVCHYCHYN. j. em 25 jan. 2011)
Em suma, a condição criada pelo “Manual de Procedimentos” para a retirada dos autos em carga — “quando houver determinação para manifestação nos autos” — parece questionável diante do sistema de prerrogativas estabelecido pela Lei n.º 8.906, de 1994, que assegura ao advogado plenas condições para o exercício de suas funções, intimamente relacionadas à preservação de direitos e garantias fundamentais do cidadão.
O acesso aos autos mostra-se ferramenta indispensável para permitir aos causídicos a formulação da adequada defesa técnica dos interesses de seus clientes em juízo, de forma a garantir a observância do devido processo legal e a plenitude do direito de defesa. Limitar a retirada de autos de secretaria apenas quando demandada a manifestação nos autos, a meu sentir, poderia desvelar em prática incompatível com o sistema processual democrático que se busca construir, até mesmo em respeito à boa-fé que deve nortear a conduta de todos os atores processuais.