• Nenhum resultado encontrado

Notas sobre o projeto de apartamentos paulistanos produzidos atualmente: propostas de uso e alterações dos ambientes e seus limites

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Notas sobre o projeto de apartamentos paulistanos produzidos atualmente: propostas de uso e alterações dos ambientes e seus limites"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

2º. Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído

X Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios 03 e 04 de Novembro de 2011 – Rio de Janeiro, RJ – Brasil

Notas sobre o projeto de apartamentos paulistanos

produzidos atualmente: propostas de uso e

alterações dos ambientes e seus limites

Notes about the paulistano apartments produced currently: use and alteration

proposals of the rooms and its limits

ANITELLI, Felipe Anitelli

Pesquisador Nomads.usp de São Carlos, Mestre e Doutor em Arquitetura e Urbanismo. | e-mail: felipeanitelli@yahoo.com.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/4756532167393423 |

TRAMONTANO, Marcelo

Professor Associado da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Arquitetura e Urbanismo. | e-mail: tramont@sc.usp.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/1999154589439118 |

RESUMO

Proposta: O artigo propõe uma leitura de características de apartamentos paulistanos produzidos

atualmente. Uma reflexão que leve também ao questionamento das formas das habitações oferecidas pelo mercado imobiliário nos dias de hoje, revendo, consequentemente, o contexto produtivo em que ela está inserida. Método de pesquisa/Abordagens: Foram levantados todos os apartamentos de 2 e 3 dormitórios publicizados no website da incorporadora imobiliária paulistana com maior participação no mercado: lançamentos, em construção e prontos para morar. Somam um total de 52 plantas, distribuídas em 11 empreendimentos. A coleta foi realizada durante um mês: de 23 de março de 2011 até 23 de abril de 2011. Além disso, trabalhos acadêmicos foram consultados. O recorte dessa revisão bibliográfica focalizou estudos que caracterizam o projeto dos edifícios. Resultados: Algumas unidades habitacionais trazem possibilidades de alterações espaciais e de usos entre dormitório, sala e cozinha. Além disso, a varanda é bastante valorizada nos projetos, apesar de repercussões limitadas e negativas. O produto imobiliário parece atender mais aos interesses de quem os empreende e vende do que os interesses de quem os compra.

Contribuições/Originalidade: Esse estudo pretende questionar a atualidade de certas

características espaciais da habitação, comumente utilizadas no projeto. Insere-se em reflexões sobre os projetos de habitação brasileira contemporânea, produzidas pelo mercado imobiliário.

(2)

ABSTRACT

Proposal: The article proposes a reading of features of paulistano apartments produced

currently. Also a reflection that leads to questioning of the forms of housing offered by the real estate today, reviewing, therefore, the productive context in which it is inserted. Methods: We collected all the apartments of 2 and 3 bedroom publicized on the website of real estate in São Paulo with the largest market share: releases, under construction and ready to live. They are a total of 52 plants distributed in 11 enterprises. The collection was made during a month: March 23, 2011 until April 23, 2011. In addition, papers have been consulted. The cutting of this bibliographic review focused studies that characterize the design of the buildings. Findings: Some housing units bring possibilities for changing space and uses between bedroom, living room and kitchen. In

addition, the balcony is fairly valued in the

projects, although limited and negative repercussions. The product seems to meet more interests who undertake and sell than the interests of those who buy them. Originality/value:

This study intends to question the relevance of certain spatial characteristics of housing, commonly used in the project. Plugs into reflections on the contemporary brazilian housing projects, produced by the real estate market.

Key-words: São Paulo apartment building. Real Estate.

1

INTRODUÇÃO

O presente artigo propõe uma leitura sobre o projeto de apartamentos paulistanos construídos atualmente. Uma reflexão que também objetiva repensar as características das habitações oferecidas e questionando, consequentemente, o contexto produtivo em que elas estão inseridas. Notam-se em alguns projetos propostas espaciais que, supostamente, trariam alguma flexibilidade de usos. Aqui serão identificados os limites dessas propostas espaciais que visam, principalmente, integrar sala, cozinha e a área do dormitório que divisa com a sala. Foram levantadas peças gráficas e informações sobre os apartamentos, de edifícios empreendidos por uma grande incorporadora imobiliária paulistana: a maior da cidade em termos de unidades habitacionais lançadas no mercado (6,44%), segundo o ranking 2010 da EMBRAESP – Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (www.embraesp.com.br). Esse material foi o que a empresa disponibilizou para a venda em seu website durante um mês de 2011i. São apartamentos de 2 e 3 quartos, em lançamento, em construção ou prontos para morar. Algumas categorias de análise balizaram a leitura: programa habitacional e possibilidades de flexibilidade espacial.

Trabalhos acadêmicos do Nomads.usp – Núcleo de Estudo de Habitares Interativos (ANITELLI, 2010; QUEIROZ, 2008; TRAMONTANO, 2004; VILLA, 2002) trazem indícios de que a amostra levantada aqui poderia ser representativa, já que muitos dos projetos de apartamentos contemporâneos apresentados por esses trabalhos têm características similares aos que foram aqui coletados. Além disso, se essa grande incorporadora imobiliária está propondo esses tipos de projeto comercialmente, é porque edifícios com essas características seriam pertinentes, e bem aceitos pelos consumidores.

2

A CONSOLIDAÇÃO DE UM MODELO DE PLANTA:

A partir dos anos 1970 percebe-se que se consolidou um modelo de habitação que foi extensamente reproduzido no projeto de muitos edifícios de apartamentos paulistanos. Já estudos populacionais sobre a época, como o de Berquó (1989), indicam significativas modificações na estrutura familiar brasileira que, a partir de meados da década de 1960, foram se sobrepondo à tradicional família nuclear, até então absolutamente predominante. De fins de século XX até os dias atuais, essas alterações na família se acentuaram, com o aparecimento de grupos domésticos cada vez mais diversos. As consultas realizadas pela

(3)

E-pesquisa Comportamentos & Espaços de Morar do Nomads.usp confirmam essa

tendênciaii. Além de verificar a existência de novos grupos domésticos, como famílias monoparentaisiii, casais sem filhos e pessoas morando sozinhas, as respostas mostram também que as demandas espaciais desses grupos são diferentes das necessidades da família nuclear. Hobsbawn (1997) elenca uma série de transformações significativas ocorridas na sociedade mundial na segunda metade do século XX que teriam alterado modos de vida e comportamento. O autor chama esses acontecimentos globais de "a revolução social": diminuição considerável do campesinato e o aumento proporcional da população urbana, que se tornou maioria em quase todo o planeta; aumento da escolaridade da população; os novos paradigmas da produção industrial e as formas de emprego e das relações de trabalho; e o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho e dos movimentos feministas. Todos esses acontecimentos provavelmente repercutiram também nas relações familiares e domésticas, e nas demandas espaciais das moradias. O projeto de habitações contemporâneas, portanto, deveria abarcar essa diversidade. No entanto, o que se vê é que boa parte dos lançamentos imobiliários trazem projetos padronizados e com soluções espaciais semelhantes e repetidas. Ao que parece, desconsiderando uma eventual diversidade de demandas.

Orciuoli (2002), ao especular sobre a habitação atual, afirma que situações inesperadas, não perenes, efêmeras e instáveis caracterizam o homem contemporâneo. Ele afirma que nossa cultura é marcada por uma "variedade de modelos, pela velocidade das mudanças,

pelo fugaz, pelo transitório e por uma série de indeterminantes" que fazem com que um

processo hermético "se converta em obsoleto antes mesmo de ser colocado em prática" (ORCIUOLI, 2002, p. 62). Ele ainda coloca que a habitação de nosso tempo nunca deveria estar acabada, justamente por estar em um constante processo de transformação e adaptação: "tal como ocorre com nossa própria vida. Algo que está em constante processo

de retroalimentação" (ORCIUOLI, 2002, p. 64-65).

Por outro lado, têm-se várias pesquisas recentes (ANITELLI, 2010; QUEIROZ, 2008; TRAMONTANO, 2004; VILLA, 2002) que estudaram características de edifícios de apartamentos promovidos por promotores imobiliários na cidade de São Paulo. Uma conclusão recorrente desses trabalhos é que seu projeto não é tão adequado, e que muitos dos compradores desses imóveis teriam outras demandas espaciais. Uma das questões apontadas é a excessiva quantidade de equipamentos na esfera coletiva do edifício, em detrimento de uma unidade habitacional com áreas cada vez menores.

Tramontano (2006, p. 69) afirma que atualmente um modelo de planta com características da habitação burguesa européia do século XIX está difundido por todo o país, por causa da idéia de construir plantas-tipo, com a convicção de que “a reprodução extensiva de uma

mesma tipologia é garantia indiscutível de maiores lucros". Condicionantes regionais, como

o clima, os costumes, as peculiaridades de técnicas construtivas locais, são sistematicamente subordinados a um modelo de planta que, entre os promotores, se convencionou tratar como o mais adequado e lucrativo. Nos apartamentos paulistanos, o uso dessas plantas tornou-se mais freqüente a partir dos anos 1930. Villa (2002), afirma que a adoção dessa solução se intensificou nos anos 1940 e se tornou recorrente nas décadas de 1950 e 1960. Na década de 1970, esse ele já estava completamente consolidado, apresentando-se talvez como o mais rentável e seguro programa para os incorporadores da cidade. Esse apartamento, que trazia um programa reduzido da planta burguesa tripartida em áreas social, íntima e de serviços “se repetirá infinitamente no cenário imobiliário

paulistano nos anos 1970" (VILLA, 2002, p. 204). A autora conclui que esse quadro se

efetivou quando observou-se a especialização de uma “arquitetura comercial subordinada (...) às regras de mercado".

(4)

3

O PROGRAMA HABITACIONAL ATUAL:

Em todas as peças gráficas levantadas, que perfazem um total de 52 plantas distribuídas em 11 empreendimentos, há uma mesma solução de configuração espacial. Basicamente a mesma descrita por Queiroz e Tramontano (2009):

• três zonas principais, separadas em função de seus usos: social, íntima e de serviços;

• a divisão da planta em cômodos, como estratégia de organização de usos;

• a estanqueidade funcional dos espaços, com a vinculação de atividades a cômodos determinados;

• a existência de uma relação de hierarquia na disposição dos cômodos;

• a articulação da habitação por meio de corredores, com estratégia de circulação; • a distinção das entradas social e de serviço;

Dessas, somente a última não foi encontrada na amostra, talvez pelo programa habitacional ou área dos apartamentos, talvez pela classe de renda que eles se destinem.

Na amostra, a sala localiza-se sempre próxima da entrada da unidade, com acesso direto através da porta de entrada ou por um hall. Essa instância entre a entrada do apartamento e a sala quase sempre se resume a uma passagem de menos de 1 m² que, além da sala, dá acesso à cozinha. Esse ambiente é tão pequeno que nenhuma peça gráfica o ilustra com móveis. Em alguns casos, ele nem priva os ambientes domésticos – sala, cozinha – dos olhares do corredor do andar-tipo, por onde moradores de outras unidades circulam. Seu uso, ao que parece, é mais simbólico. Já a sala principal, em todos os casos, tem um único cômodo dividido em dois usos: estar e refeições. Poltronas, sofás e estantes com televisores ladeados com uma grande mesa de jantar. Os dois ambientes da sala, quase sempre formam cômodo com uma geometria que tende ao retângulo. Em três de seus lados existem aberturas de circulação: a que vem do hall ou diretamente da porta de entrada do apartamento, a que vai para o corredor íntimo que dá acesso aos quartos, e uma porta que se chega a uma varanda. Por causa disso, restam pouquíssimas possibilidades de arranjo dos móveis na sala e o que se vê, nos exemplares levantados, é uma solução padrão: os mesmos móveis, dispostos nos mesmos lugares. Essa configuração só é alterada, em alguns casos, com a integração das salas à cozinha ou à área de um dos quartos, transformado em área social, ampliando a área da sala.

Fig. 1: Sala do edifício Alameda Cotegipe, localizado na rua Conselheiro Cotegipe 227, no Belém – no canto superior esquerdo a passagem do hall, abaixo no centro a passagem para o corredor íntimo dos

(5)

Em todas as plantas verificadas, os quartos estão localizados no lado oposto à entrada do apartamento, sempre posterior a sala. Ou seja, obrigatoriamente tem-se que transitar pela sala para sair ou entrar nos dormitórios. Eles sempre estão agrupados. Normalmente as unidades com três quartos – e algumas com dois - têm dois banheiros na zona íntima: um social, com acesso pelo corredor; e outro numa suíte. Em algumas unidades com áreas maiores e com programa mais completo, existem três suítes, uma em cada quarto. Sobre os usos propostos, todos têm armários previstos, sendo que poucos deles são embutidos, raramente em closets. Além dos armários, também existem camas de solteiros – normalmente nos de área menor – e de casais – quase sempre posicionado como o último quarto. Quando as suítes aparecem, elas sempre estão localizadas nos quartos em que a cama é de casal. Televisores também são encontrados com freqüência, representados nessas peças gráficas. Computadores e escrivaninhas também estão presentes em vários dos quartos. Tais equipamentos sugerem usos diferentes daqueles inicialmente previstos em "dormitórios". Atividades como as de lazer ou mesmo de trabalho – escolar, remunerado, etc. – estariam ocorrendo no interior da zona íntima do apartamento. Apesar disso, suas áreas são mínimas: 2,50 x 3,00 metros por exemplo. Nos quartos com duas camas, ou nos quartos com camas maiores, de casal, normalmente não existem ilustrações de computadores nem escrivaninhas representados. Eles só aparecem nos quartos que têm apenas uma cama, e de solteiro. Portanto, ao que se indica pelas peças gráficas estudadas, apesar de inseridos no espaço doméstico, o uso de computadores ainda não foi corretamente dimensionado para esse tipo de moradia. Em algumas plantas, existem notebooks, sugerindo que nas habitações que tiverem internet, o seu acesso aconteceria também em outros ambientes por meio wireless. Mas fora a escrivaninha do quarto, o único móvel que, eventualmente, poderia ser utilizado para atividades com o computador é a mesa de refeições. Se isso realmente se confirmasse, implicaria num uso improvisado do ambiente, com uma atividade não prevista.

Fig. 2: Quarto com computador e escrivaninha no edifício Michican Residence Park, localizado na avenida das Nações Unidas esquina avenida Mario Vilas Boas Rodrigues, na Chácara Santo Antonio.

(Fonte: Divulgação. Disponível em: www.cyrela.com.br)

As plantas das cozinhas dos apartamentos estudados têm um formato bastante recorrente: um retângulo bem alongado, com o comprimento próximo do dobro da metragem de sua largura. Sempre estão localizadas próximas da entrada da unidade e acessadas pelo hall, como a sala. Além disso, fica no limite perimetral do apartamento, tendo uma de suas paredes voltada para a sala. Ela tem numa única parede seus equipamentos principais: a pia, ladeada do fogão e geladeira, dispostos em linha. Pela forma geométrica, posição dos equipamentos e localização, a cozinha acaba servindo como um corredor de acesso à área de serviços, onde localiza-se o tanque e a máquina de lavar, eventualmente com banheiro de empregada. Em várias unidades não existe uma parede de divisa entre a área de serviços e a cozinha.

(6)

A disposição, localização e funções dos cômodos mencionados acima se enquadram no descrito por Queiroz e Tramontano (2009) sobre características de um apartamento com planta padronizada. A estrutura geral de todos os apartamentos verificados é a mesma, suas plantas são muito parecidas e, a julgar pelo trabalho dos autores acima citados e outras recentes pesquisas (ANITELLI, 2010; QUEIROZ, 2008, TRAMONTANO, 2004; VILLA, 2002), seus espaços têm fortemente referência na habitação burguesa européia oitocentista. Como contraponto aqui retoma-se, talvez indicando sua inadequação, a reflexão realizada por Orciuoli (2002) sobre o homem contemporâneo, caracterizado por situações inesperadas, efêmeras e instáveis, e que um processo hermético se converteria em obsoleto antes mesmo de ser colocado em prática. É de se supor que uma solução única, como se viu na descrição dos apartamentos, poderia dificultar a adequação dos moradores a essas situações efêmeras de que fala o autor. A habitação, para ele, "nunca

deveria estar acabada, justamente por estar em processo de transformação e adaptação"

(ORCIUOLI, 2002, p. 64-65).

Outra forma de compreender a demanda contemporânea por habitação seria através de análise dos perfis demográficos atuais. Um estudo (NOMADS.USP, 2007), realizado através de dados do IGBE, como Censos e PNADs, identificou diferentes grupos domésticos compondo a família brasileira atual. Por exemplo, o aumento do número de divórcios, o retardamento da idade do primeiro casamento, o fortalecimento pela opção do celibato e a emancipação da mulher teriam causado um aumento do número de pessoas vivendo sozinhas; outro grupo que aumentou significativamente nos últimos anos foi o de famílias monoparentais, formado por filho(s) com apenas um dos pais; além disso, muitos casais estariam optando por não ter filhos, ao menos por um tempo. Eles teriam, frequentemente, dupla ocupação profissional e, portanto, duplo rendimento. Isso, segundo o estudo, os tornariam consumidores exigentes em itens como os de cultura e vestimenta, mas também em "aspectos ligados ao espaço doméstico" (NOMADS.USP, 2007, p. 19). Por fim, alterações na taxa de fecundidade e o próprio envelhecimento da população teriam contribuído para o surgimento de grupos domésticos menores. Esses novos grupos seriam outras demandas sociais e teriam, em princípio, outras demandas espaciais.

Brandão (2002), em pesquisa sobre as características dos projetos dos edifícios de apartamentos, também identifica as mesmas mudanças sócio-demográficas, rápidas e significativas, alterando a estrutura da família patriarcal convencional, citando como exemplos desse processo a redução no tamanho das famílias, o aumento no número de pessoas morando sozinhas, o aumento no número de separações e divórcios, o postergamento do casamento e os novos papéis desempenhados pela mulher (BRANDÃO, 2002). Já para Villa e Ornstein (2009, p. 39), a diversidade dos perfis domésticos e as alterações em seus modos de vida são consideradas pelos conceptores dos edifícios, associados a incorporadores e vendedores, de uma maneira pouco convincente, "respondendo a essas alterações com a invenção frequente de novas terminologias para os

mesmos espaços repaginados".

As reflexões acima contribuem para evidenciar as mudanças que a estrutura da família brasileira vem passando. As características e formatos desses grupos domésticos são importante informação para a compreensão dos modos de vida de uma determinada população. Eles podem indicar tendências comportamentais e demandas sociais mais contemporâneas. Tanto os gestores dos empreendimentos imobiliários privados como os autores dos projetos arquitetônicos dos edifícios, sejam eles arquitetos, engenheiros ou os próprios empresários, deveriam considerá-las, na medida em que materializam a habitação-mercadoria em questão.

Em seguida serão vistos algumas possibilidades de flexibilidade espacial e adequação de usos propostos pelos promotores imobiliários.

(7)

4

INTEGRAÇÃO DOS AMBIENTES

Existem dois ambientes no apartamento que, em algumas unidades, apresentam possibilidades de alteração de usos e integração de cômodos: a cozinha e um dos quartos. Algumas habitações com dois ou três quartos trazem a possibilidade de transformar um dos quartos – o que localiza-se junto a zona social – numa sala íntima, junto as outras salas, ou mesmo suprimir tal quarto para aumentar a área das salas de estar e jantar. A área total das salas, ganha, com a mudança, o equivalente a metragem de um dos dormitórios. Em várias unidades, a forma da planta da sala altera-se para um formato em L. Já a mudança de usos sugeridos é sutil: mais poltronas e sofás são inseridos nesses ambientes que foram abertos para a área social. Às vezes, são as mesmas peças de mobiliário ilustradas na sala de estar original, com o mesmo modelo, com a mesma quantidade e na mesma posição. Na divisa entre esses dois ambientes – onde anteriormente havia uma parede – estão localizados dois sofás, um de costas para o outro. Na reforma proposta, portanto, apesar da ausência de parede, dois ambientes separados são criados. Não existe uma integração de usos, ao menos não sugerida nas peças gráficas, e através do desenho de layout fica difícil diferenciá-las. Em alguns casos, no entanto, além da reprodução da ambiência e móveis da sala original, um novo equipamento é inserido: o computador. Apesar disso, ele normalmente aparece localizado na mesma bancada da televisão. Ao que parece, a inserção de tal equipamento indica mais a popularização cada vez maior de computadores do que a previsão, no projeto, de espaços adequados para o seu uso.

Em outros casos, o cômodo é mantido, ou seja, nenhuma mudança construtiva ocorre. Apenas o uso é alterado, diminuindo a quantidade de quartos ofertados com a criação de uma pequena sala íntima. Nesse caso, o novo ambiente é representado com sofás, eventualmente armários, e uma escrivaninha, novamente com computador. Alguns têm áreas bem pequenas, com 4,5m². Aliás, a padronização das dimensões lineares e das metragens quadradas são, geralmente, uma constante.

Fig. 3: Quarto transformado em sala no edifício Art de Vivre, localizado na rua Luis Antonio dos Santos

84, em Santana. (Fonte: Divulgação. Disponível em: www.cyrela.com.br)

Do outro lado da sala, a própria parede da cozinha – a que divisa com a área social – é suprimida, integrando parcialmente ou totalmente sala e cozinha. É importante mencionar que esses dois ambientes continuam rigorosamente iguais, com a mesma forma, metragem, mobiliário, layout e localização no apartamento. Apenas a parede é suprimida. Os motivos provavelmente são vários: desejo de aproximação e integração dos serviços realizados na

(8)

cozinha com o ambiente social das salas, com o próprio preparo de alimentos relacionado agora a uma atividade prazerosa, compartilhada com outros membros da família ou até com convidados; a contínua diminuição do tamanho da cozinha forçando, em alguns casos, sua abertura para a sala, como forma de melhorar seu uso; etc.. Nos apartamentos com integração sala-cozinha, algumas paredes são totalmente suprimidas e os dois ambientes transformados em um só, inclusive com a representação de um único piso. Já outras são parcialmente suprimidas, e uma bancada é inserida no lugar da parede. Em todos os casos, no entanto, a estrutura espacial da moradia é mantida.

Fig. 4: Tipos diferentes de integração da cozinha na sala: isoladas ou parcialmente/totalmente integradas: edifício Varanda Expressions, localizado na rua Brigadeiro Galvão 143, em Santa Cecília;

edifício Alameda Cotegipe, localizado na rua Conselheiro Cotegipe 227, no Belém; edifício Mood, localizado na rua Álvaro de Carvalho 341, no Centro. (Fonte: Divulgação. Disponível em:

www.cyrela.com.br)

Muitas das propagandas dão a impressão de que existe uma variedade considerável de opções de plantas: cinco, seis, até oito exemplares. Apesar disso, as diferenças entre elas reduzem-se a supressão de uma ou outra parede. A maneira como essas mudanças são anunciadas por seus promotores parecem mais uma estratégia para aumentar a eficiência de vendas das unidades do que uma iniciativa de adequação dos apartamentos à supostas demandas sociais dos moradores em potencial. Podem, no máximo, perceber tais tendências de mudanças e indicá-las dentro do escopo da peça publicitária de venda. A importância dessas alterações sociais, como a diversificação dos grupos domésticos, já parece ser de conhecimento dos produtores privados de habitação. No entanto, a estrutura espacial geral que organiza e distribui as atividades dentro do apartamento não é alterada.

Lembrando as características de uma planta padronizada (QUEIROZ; TRAMONTANO, 2009) é certo que, abrindo completamente a cozinha para a sala e ligando as respectivas áreas de serviço e social, se elimina "a divisão da planta em cômodos", ao menos nesse trecho do apartamento. Apesar disso, como já comentado, a única alteração procedida é a supressão da parede que divisa esse dois cômodos, talvez numa tentativa de melhorar um pouco o uso da cozinha, que tem área muito pequena. Em todo caso, tal abertura pressupõe outra maneira dos moradores usarem a cozinha. O espaço de preparo dos alimentos está, agora, dentro da instância social do apartamento, provavelmente associado a momentos prazerosos. A "tripartição da habitação" em zonas social, íntima e de serviços, nesse caso, perde um pouco de sentido: cozinhar pode estar associado a divertir-se no espaço social, ou divertir-divertir-se pode estar associado à zona de divertir-serviços. Nenhum dos exemplares traz paredes que possibilitem abrir ou fechar cozinha e sala conforme conveniências. O que se pode apreender a partir da leitura das peças gráficas é que há uma única chance de construir ou não tal parede durante a fase de construção do edifício.

(9)

Os projetos que abrem a possibilidade de mudanças nos quartos apenas alteram a quantidade oferecida: um quarto a menos, aumentando a área da sala ou agregando à zona social uma saleta íntima; ou um a mais, diminuindo a área da zona social.

4.1 Varandas: um novo espaço de convívio [?]

As varandas sempre fizeram parte do repertório projetual dos edifícios paulistanos. Um levantamento preliminar já indica que elas foram incorporadas em exemplares de todas as décadas do século XXiv. Com diferentes nomes - "terraço", por exemplo – e aplicada em diferentes circunstâncias. Os formatos também sempre foram diferentes: semi-circulares, alongadas, quadradas, lineares, etc., além de grandes ou pequenas. De qualquer forma, inevitavelmente, a varanda propõe uma relação diferenciada com o exterior. Podemos admitir certas características que permearam o projeto de varandas ao longo do tempo: ambientes cobertos e ligados a pelo menos um dos cômodos internos da habitação; isolada do todo por uma parede, normalmente envidraçada; e aberta para o exterior: o único bloqueio visual são aparatos de segurança, como balaustres, gradis, parapeitos, etc.. Além disso, podemos deduzir que um de seus usos é o de apreciação da paisagem. A partir disso, a forma como o edifício é implantado no lote ganha importância.

Em quase todos os exemplares levantados existe uma varanda. Neles, sempre há uma representação de alguns móveis. Nesses ambientes, cadeiras e uma mesa de refeições, eventualmente poltronas e uma bancada para preparo de alimentos, indicam uma eventual permanência prolongada dos moradores na varanda. Poderíamos supor que, tal como a cozinha integrada na sala, a varanda também serve como um prolongamento da zona social da moradia: novamente aqui se tem mais um exemplo da atividade de cozinhar associada a momentos prazerosos. Em alguns casos, a sala fica centralizada entre a cozinha, que está parcialmente ou totalmente aberta, e a varanda que, quando tem sua porta aberta, se integra com a sala, formando um único espaço de estar-cozinhar-refeições. Algumas varandas têm um tamanho equivalente ao da própria sala. Isso não quer dizer que a área seja grande. O edifício Varanda Expressions é um exemplo. Sua sala, que abriga funções de estar com TV mais refeições, tem menos de 12m², com apenas 2,6 metros de largura. Além disso, passam por ela as circulações do hall de entrada e cozinha de um lado, e as circulações dos quartos e banheiro por outro, sem contar a circulação entre a sala e a varanda. Essa varanda, com cerca de 9m² de área, provavelmente tem seu uso prejudicado por causa de sua forma geométrica: por causa de sua forma irregular, boa parte de sua extensão tem apenas 1,3 metros. Seu uso para refeições e estar ficaria, portanto, limitado.

Fig. 5: Varanda do Edifício Varanda Expressions, localizado na rua Brigadeiro Galvão 143, em Santa Cecília. (Fonte: Divulgação. Disponível em: www.cyrela.com.br)

(10)

Segundo Camargo (2003), as áreas ocupadas pelas varandas normalmente não são computáveis na metragem construída, ou seja, não entram no limite permitido pela legislação sobre um determinado coeficiente de aproveitamento de terreno máximo. Isso se aplica desde que a varanda não exceda 10% da área de projeção do andar-tipo. Ou seja, dentro da amostra estudada, com unidades habitacionais de em média 107 metros quadradosv, há possibilidade de construir uma varanda de mais de 10m², sem os mesmos encargos financeiros das demais áreas e sem comprometer a metragem máxima exigida por lei. Camargo afirma ainda que se verifica uma diminuição em torno de 19% da área das salas dos apartamentos dos anos 1980 e 1990. Essa perda seria compensada "pelo

aumento da parcela de área útil ocupada por varandas" (CAMARGO, 2003, p. 67).

Além da área, outra questão importante é a construtiva. Haveria uma diminuição nos custos de construção, eventualmente, se não houvessem mudanças estruturais pela adição da varanda. Em alguns deles, como no edifício Splendido Jardim do Golf, o piso utilizado é o mesmo da sala de jantar, hall, cozinha, etc.. Além disso, em pelo menos um de seus lados, o que localiza-se no perímetro externo do edifício, paredes não são construídas. Segundo Mascaró (2006), os planos verticais de uma construção custam cerca de 45% do total enquanto os planos horizontais custam quase a metade, apenas 25%. Além disso, segundo o autor, planos verticais externos chegam a custar cinco vezes mais do que planos verticais internos. A fachada de um edifício custa caro, pelos materiais, acabamentos e posterior manutenção.

À parte questões construtivas do empreendimento, é importante também identificar a forma como os moradores usam esse espaço. Uma matéria veiculada no jornal O Estado de São

Paulovi, sugere que muitos compradores fecham as varandas posteriormente (SAMPAIO,

2010). Segundo a notícia, os próprios promotores já veiculariam, de certo modo, a possibilidade de fechar, chamando-a de "living expandido". O jornalista Paulo Sampaio, autor da matéria, afirma que não se publiciza o fechamento das varandas no ato da venda porque elas não são áreas computáveis, e não poderiam, por lei, ser fechadas. A arquiteta Patrícia Anastassiadis, citada na reportagem como especialista em decorar estandes imobiliários, menciona que "grande parte dos compradores conta com a extensão do living". Uma importante vendedora de vidros da cidade traz em seu website uma de suas especialidades: "envidraçamentos de varandas, sacadas e terraços"vii. É interessante notar que um jornal de grande circulação, com interesses editoriais diversos e sem o rigor científico de pesquisas acadêmicas, tenha notado uma alteração no projeto dos edifícios. Mesmo que a varanda continue aberta, a iluminação da sala, em alguns casos, fica muito prejudicada. Várias delas têm planta com um desenho próximo do quadrado e com áreas parecidas com as da sala. Por exemplo o edifício Camino, que tem uma varanda de quase 9m², e com 3,2 metros de profundidade. Isso quer dizer que a parede da sala está situada a mais de 3 metros da fachada do edifício, e que fica justamente nessa parede a única abertura para iluminação da sala. As condições de luminosidade ficam ainda mais prejudicadas se o local em que os edifícios forem implantados forem densamente ocupados, em bairros com verticalização consolidada, ou se sua orientação em relação ao sol for desfavorável.

5

CONCLUSÕES

Da amostra levantada, quase todos os exemplares tem características muito parecidas com a planta burguesa oitocentista. São apartamentos ofertados pelo mercado imobiliário em 2011 mas que, no entanto, carregam resquícios de uma habitação que foi concebida em outra época, num contexto diverso e para um outro público (TRAMONTANO, 1998). Pequenas alterações encontradas em algumas unidades já indicam uma intenção de

(11)

adequação aos novos modos de vida da população. Exemplos disso são a integração parcial ou total da cozinha na sala e o uso da área de um dos dormitórios como parte da sala. Apesar disso, a estrutura geral da moradia não é alterada. Essas opções de mudança, portanto, atenderiam mais aos interesses de que as produz e vende do que de que as compra. Diante do que foi levantado, possivelmente, os anseios dos futuros moradores não são razoavelmente atendidos. A abordagem aqui realizada também poderia ser aplicada a amostras de outras empresas, visando outros perfis de usuários.

6

REFERÊNCIAS

ANITELLI, F. Como nasce um modelo: o projeto de apartamentos na cidade de São

Paulo. Dissertação de mestrado. São Carlos: IAU-USP, 2010.

BERQUÓ, E. A família no século XXI: um enfoque demográfico. Revista Brasileira de

Estudos de População, São Paulo, v. 6, n. 2, jul/dez 1989

BRANDÃO, D. Q. Diversidade e potencial de flexibilidade de arranjos espaciais de

apartamentos: uma análise do produto imobiliário no Brasil. Tese de doutorado.

Florianópolis: UFSC, 2002

CAMARGO, E. N. de. Desenho e uso do espaço habitável do apartamento

metropolitano na virada do século XXI: um olhar sobre o tipo `dois-dormitórios´ na

cidade de São Paulo. Dissertação de mestrado. São Paulo: FAU-USP, 2003.

HOBSBAWN, E. A revolução social. Era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1997

MASCARÓ, J. L. O custo das decisões arquitetônicas. Porto Alegre: Masquatro Editora, 2006.

NOMADS.USP. 97_07: dez anos de morar urbano no Brasil. Relatório de pesquisa. São Carlos: EESC-USP, 2007

ORCIUOLI, A. Novas formas de habitar: a experiência do tempo na arquitetura contemporânea. AU, São Paulo, n. 101, 2002

QUEIROZ, F. A. de. Apartamento modelo: arquitetura, modos de morar e produção

imobiliária na cidade de São Paulo. Dissertação de mestrado. São Carlos: EESC-USP,

2008.

QUEIROZ, F. A. de; TRAMONTANO, M. Apartamentos paulistanos: um olhar sobre a produção privada recente. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 2, p. 139-150, 2009. SAMPAIO, P. Living expandido: a nova arma do mercado para atrair os paulistanos. O

Estado de São Paulo, São Paulo, 17 ago. 2010. Disponível em:

<http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100814/not_imp594914,0.php>. Acesso em: 17 maio 2011

TRAMONTANO, M. Apartamentos em São Paulo: brevíssimo exame de uma historia controversa. AU, São Paulo, n. 145, 2006

TRAMONTANO, M. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo e

Tókio: uma reflexão sobre a habitação contemporânea. Tese de doutorado. São Paulo:

(12)

TRAMONTANO, M. SQCB: apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo. Tese de livre docência. São Carlos: EESC, 2004.

VILLA, S. Apartamento metropolitano: habitações e modos de vida na cidade de São

Paulo. Dissertação de Mestrado. São Carlos: EESC–USP, 2002.

VILLA, S. B.; ORNSTEIN, S. W. Projetar apartamentos com vistas à qualidade arquitetônica a partir dos resultados da Avaliação Pós-Ocupação. 2009, Gestão & Tecnologia de

Projetos, São Carlos, v. 5, n. 2. Disponível em:

<http://www.arquitetura.eesc.usp.br/jornal/index.php/gestaodeprojetos/article/viewFile/115/19 1>. Acesso em: 22 jun 2011

Site da incorporadora imobiliária: www.cyrela.com.br.

i Do dia 23 de março de 2011 até o dia 23 de abril de 2011;

ii A E-pesquisa Nomads Comportamentos & Espaços de Morar visa mapear como a parcela da população com acesso à internet usa seu espaço doméstico e como o uso das tecnologias de informação e comunicação impactam seu cotidiano. Mais informações sobre a E-pesquisa podem ser encontradas em seu website: http://www.nomads.usp.br/pesquisas/espacos_morar_modos_vida/concretos/e_pesquisas/epesquisa; iii Filho(s) morando com apenas um dos pais;

iv Realizado através de uma leitura do banco de dados sobre Apartamentos do Nomads.usp. Banco de dados que contém peças gráficas dos apartamentos, como plantas, cortes e perspectivas, mais informações sobre o projeto, como autor, áreas, localização. Contém exemplares paulistanos, desde a década de 1910 até os mais recentes dos anos 2000;

v O recorte desse estudo previu o levantamento de apartamentos com somente dois ou três quartos. Apesar disso, alguns desses empreendimentos também tinham unidades com quatro quartos, com um programa mais extenso e com área, consequentemente, maior. Isso pode ter distorcido a metragem média dos apartamentos da amostra;

vi

Referências

Documentos relacionados

O novo acervo, denominado “Arquivo Particular Julio de Castilhos”, agrega documentação de origem desconhecida, mas que, por suas características de caráter muito íntimo

Dos docentes respondentes, 62,5% conhe- cem e se sentem atendidos pelo plano de carreira docente e pelo programa de capacitação docente da instituição (que oferece bolsas de

Para entender o supermercado como possível espaço de exercício cidadão, ainda, é importante retomar alguns pontos tratados anteriormente: (a) as compras entendidas como

*No mesmo dia, saindo da sala do segundo ano, fomos a sala do primeiro ano, quando entramos os alunos já estavam em sala, depois de nos acomodarmos a professora pediu que

Siga os procedimentos abaixo para configurar o Aplicativo Sat-Fi para Twitter: Passo 1 Em seu iPhone, ligue a conexão Wi-Fi e conecte à

Analisando os dados do presente estudo também foi possível verificar que das alterações faciais analisadas, os percentuais, foram correspondentemente mais elevados nas crianças

Para as pós-larvas alimentadas com larva forrageira em fotoperíodo 24L, o que pode também ter influenciado a atividade das pós-larvas de dourado em relação ao crescimento foi

O presente trabalho foi desenvolvido objetivando inventariar um fragmento florestal e indicar espécies arbóreas para a recuperação das áreas de reserva legal e