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GESTÃO DA ESCOLA E O USO DOS RESULTADOS DO IDEB: ESTUDO DE CASOS NO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE FORTALEZA

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Academic year: 2021

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GESTÃO DA ESCOLA E O USO DOS RESULTADOS DO IDEB: ESTUDO DE CASOS NO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE FORTALEZA

Maria Adalgiza de Farias1 - UECE

giza28@gmail.com Prof. Dr.Antônio Germano Magalhães Júnior2- UECE

germano.junior@uece.br

Resumo

Este trabalho é parte de uma pesquisa, em andamento, que busca analisar como os resultados do Ideb são utilizados, no processo de gestão das escolas na intenção de melhorar aprovação e permanência dos alunos na escola e seu desempenho nos exames padronizados do Governo Federal. Para tanto, selecionou-se um conjunto de três escolas do Sistema Municipal de Ensino de Fortaleza que conseguiram evoluir e/ou superar continuamente os resultados do Ideb, em relação a sua projeção pelo INEP, nas edições de 2005, 2007, 2009 e 2011, nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, de natureza qualitativa em que se utilizaram técnicas de coleta de dados através de entrevistas, na qual buscou. , inicialmente, os ex-diretores e ex-vice-diretores dessas escolas como sujeitos dessa pesquisa. Os dados coletados até o momento têm apontado que o tempo de experiência desses atores, na gestão das escolas selecionadas, influenciou no desenvolvimento de estratégias adotadas para melhorar as taxas de fluxo escolar e o desempenho dos alunos na Prova Brasil. Já foi possível observar também que, no recorte temporal delimitado, as ações de gestão da escola, estavam relacionadas à manutenção e bom funcionamento das relações entre escola, família e comunidade, tendo como objetivo o atendimento às necessidades dos alunos no processo educativo. Verificou-se que os ex-gestores desconheciam o modelo de avaliação sistêmica3 e que suas ações não estavam diretamente relacionadas aos elementos que compõem o IDEB.

Palavras-Chave: Avaliação Educacional, Gestão da Escola, IDEB. 1. Ponto de Partida e Contextualização do Estudo

Este artigo integra uma pesquisa de mestrado em educação, em andamento, que tem como objetivo analisar de que forma as escolas do Sistema Municipal de Ensino de Fortaleza vem utilizando, em seu processo de gestão, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) para embasar decisões administrativas e pedagógicas que contribuíram para a melhoria do desempenho dos alunos nos exames padronizados (Prova Brasil) e fluxo escolar (aprovação de permanência).

O estudo parte das mudanças recentes no cenário educacional brasileiro, em especial, àquelas introduzidas no contexto do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, trouxeram para o foco da discussão a necessidade de uma educação de qualidade para todos, tendo em vista a melhoria dos serviços prestados pelas escolas,

1 Estudante do mestrado acadêmico em educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UECE. 2 Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará – UECE. 3 O novo modelo compreende o exposto na Portaria Ministerial N° 931 de 21 de março de 2005.

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que passam a assumir maior responsabilidade na promoção do êxito dos seus alunos. No bojo dessa discussão, o monitoramento do IDEB4 constitui-se como o principal referencial de qualidade a ser seguido pelas escolas públicas brasileiras, válido para mensurar objetivamente a qualidade de uma escola, ou de um sistema educacional, a partir da combinação de duas dimensões: fluxo escolar e desempenho dos alunos em exames padronizados, conforme expresso no Art. 3º do Decreto 6.094/2007, que trata do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, ao expressar que:

Considerou-se para este estudo as escolas que tiveram evolução continuada nos seus índices, nas duas etapas do Ensino Fundamental das edições de 2007, 2009 e 2011. Selecionou-se para este estudo três escolas de um conjunto de sete que conseguiram evoluir e/ou superar continuamente os resultados do Ideb, em relação a sua projeção pelo INEP, nas edições de 2005, 2007, 2009 e 2011, nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental. Os sujeitos dessa pesquisa são os ex-diretores e ex-vice-diretores das escolas selecionadas

Dada a quantidade de escolas e sujeitos selecionados, definiu-se trabalhar com Estudo de Casos Múltiplos, tendo em vista a necessidade de interpretar e dar significado a realidade a ser investigada, no intuito de compreender a relação entre a utilização das informações/resultados do IDEB e o processo de gestão das escolas.

Dentre os critérios utilizados para selecionar as unidades escolares, considerou-se que a sustentabilidade dos resultados está superar continuamente as metas pré-definidas pelo INEP/MEC. Isso porque se concebe a escola como uma organização muito complexa, pois diante dos seus objetivos e metas, ela mantém em sua dinâmica de funcionamento intensas relações de poder, de partilha de decisões que permeiam as relações com os diversos atores da comunidade escolar (alunos, professores, pais, comunidade escolar, coordenador pedagógico, diretor, vice-diretor, supervisor e funcionários). Compreende-se, portanto, que as ações e experiências desses atores e suas relações com o universo da escola geram fenômenos que podem influenciar em maior ou menor intensidade, de forma positiva ou negativa o alcance dos das suas metas relacionadas a qualidade da educação.

Ao considerar que os resultados obtidos pelas escolas através do IDEB passam a refletir as condições da qualidade da educação ofertada, pode-se afirmar que a forma como funciona uma escola faz toda a diferença em relação aos resultados escolares dos

4 A projeção, as metas, a série histórica dos resultados do IDEB e informações sobre as políticas de

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http://portal.inep.gov.br/web/portal-IDEB/portal-alunos. Sob essa perspectiva situam-se as principais preocupações que constituem o problema que norteia a referida pesquisa no seguinte questionamento: Os resultados do IDEB são utilizados no processo de gestão das escolas para (re)orientar o planejamento e identificar dificuldades a serem superadas? Os resultados do IDEB tem se traduzido em ações, decisões e direcionamento no processo de gestão das escolas? Como?

Fortaleza abriga o quarto maior5 sistema municipal de educação do Brasil, o que torna relevante perceber o que suas que as escolas tem feito para superar o debate conceitual sobre as políticas educacionais em torno da gestão da escola, que sugerem uma tendência acompanhada pelas exigências de superar uma lógica pautada na busca de resultados educacionais. Trata-se de um sistema municipal que abriga 139.423 crianças e adolescentes6 no Ensino Fundamental, matriculados em 295 unidades escolares que ofertam essa modalidade no ano letivo de 2013.

Diante desse universo, acredita-se que a presente pesquisa poderá contribuir com o avanço do conhecimento sobre o tema junto à Secretaria Municipal de Educação, à comunidade acadêmica e um público externo a ela (outras Secretarias de Educação, escolas, associação de pais e mestres), visto que se trata de um trabalho empírico que busca compreender essa realidade em locus.

2. Avaliação Educacional: Instrumento de Gestão da Qualidade do Ensino Público e Mecanismo de Controle Social

O referencial teórico e conceitual, no qual se apoia a presente pesquisa, encontra-se fundamentado em duas categorias centrais de análise: Política de Avaliação Educacional, com ênfase no IDEB e Gestão da Escola, concentrando-se nos Modelos de Gestão e cultura da escola, tendo como propósito descrever as decisões que movimentam a Política de Avaliação Educacional e a problemática que envolve as medições relacionada às avaliações externas nas escolas e sistemas de ensino.

Tendo em vista a trajetória histórico-conceitual da avaliação e seus modelos, verifica-se que sua associação ao processo educativo sempre existiu sob diferentes formas. Segundo Bonniol (2001), até o início do século XIX, não existia uma distinção

5 Informações levantadas com base no Anuário da Educação de Fortaleza 2012-2013. Disponível no site

http://www.todospelaeducacao.org.br. Acessado em 02/05/2012.

6 Dados extraídos do INEP/ Educacenso 2013: http://matricula.educacenso.inep.gov.br/controller.php.

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entre a prática de avaliar e medir entre as escolas de muitos países como Inglaterra, Estados Unidos e França.

No intuito de compreender os objetivos da avaliação no contexto da Política Educacional brasileira, constituiu-se um referencial de avaliação a partir de alguns estudiosos da avaliação educacional e da gestão da escola, tais como: Vianna (2000), Bonniol (2001), Ristoff (2005), Luckesi (2012) e Paro (2005), Libâneo (2013), Vidal e Vieira (2011) considerando que esses empreenderam esforços para realizar uma abordagem crítica, emancipadora e abrangente da avaliação e, portanto, alternativa a abordagem tecnicista, associada à medida.

Avaliar, portanto, é determinar o valor de alguma coisa para um determinado fim, de modo que a avaliação educacional visa à coleta de informações para julgar o valor de um programa, produto, procedimento ou objetivo, ou, ainda, a apreciar a utilidade potencial de abordagens alternativas para atingir determinados propósitos, (VIANNA, 2000).

Constata-se, portanto, que a avaliação é um campo abrangente que comporta subáreas, com diversas características diferentes, tais como: avaliação de sistemas educacionais; avaliação de desempenho escolar em sala de aula; avaliação de rendimento escolar com objetivo de macroanálises (larga escala); avaliação de programas; avaliação institucional e auto-avaliação, com um olhar na avaliação da gestão. Admitem-se ainda diferentes enfoques teóricos como avaliação sistêmica, avaliação iluminativa ou compreensiva, avaliação participativa, dentre outras.

Dessa forma, a avaliação, em sua complexidade, pode ser analisada a partir de “três posturas epistemológicas” ou três “epistémes”: a avaliação como medida em que os produtos são priorizados, a avaliação como gestão que focaliza os procedimentos e a avaliação como problemática do sentido que atenta para os processos, conforme defende Bonniol (2001). Cada epistéme agrupa um conjunto de modelos de avaliação e nenhum modelo é capaz de em totalidade realizar um julgamento completo e definitivo sobre algo, alguém ou um processo.

Quanto às estratégias de uso dos resultados de avaliações, Ristoff (2005), ressalta que a outra forma de compreendê-los é considerar a educação como um sistema que funciona com responsáveis que prestam conta pela forma que utilizam os recursos públicos e pelas consequências e efeitos que obtêm.

Ao se falar em prestar contas à sociedade sobre o trabalho desenvolvido na escola Vidal (2011) afirmam que a reformulação do SAEB possibilitou que o processo

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de descentralização da educação passasse a dispor de mecanismos de monitoramento e avaliação consistentes. Vidal aponta como consequência da divulgação dos efeitos das avaliações, “o aumento do processo de responsabilização pelos resultados que, ora elege os professores, ora os gestores, ou ambos pelo sucesso ou fracasso dos alunos”. Trata-se de um processo gradativo e perspicaz de um sistema de responsabilização “intimamente associada à prestação de contas, uma vez que ser responsável por um processo ou um resultado implica – sobretudo no setor público em uma sociedade democrática. (VIDAL E VIEIRA 2011, p. 424-425).

3. Referências Bibliográficas

BONNIOL, Jean-Jacques; VIAL, Michel. Modelos de Avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2001.

_____, MEC. Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Presidente da República, dez/1996, Brasília.

______. Portaria nº 931, de 21 de Março de 2005, Portaria ministerial que institui o Sistema de Avaliação da Educação Básica, composto pela Prova Brasil (Anresc) e pelo SAEB (Aneb). Brasília, 2005.

______. Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Decreto n° 6.094, publicado no Diário Oficial da União em 25 de abril de 2007.

FERNANDES, Reynaldo. IDEB: monitoramento objetivo da qualidade dos sistemas a partir da combinação entre fluxo e aprendizagem escolar. In: Em Questão4. O Plano de desenvolvimento da educação. São Paulo: Ação Educativa, 2007a.

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2013.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Educação, Avaliação Qualitativa e Inovação II. – Série Documental – Textos para Discussão. Brasília: INEP, 2012.

PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. 3. ed. São Paulo: Ática, 2005. ______. Política Educacional e Prática da Gestão Escolar. Texto da Conferência do II simpósio internacional - V fórum nacional de educação, 2008.

RISTOFF, D. Avaliação institucional: pensando princípios. In: Balzan, N. C. & Dias,

J.Sobrinho (Orgs.). Avaliação institucional: teoria e experiências. São Paulo: Cortez, 2005. VIANNA, H. M. Teoria Planejamento e Modelos. São Paulo: Ibrasa, 2000.

VIDAL, E. M. ; VIEIRA, S. L. Gestão educacional e resultados no IDEB. Estudos em

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