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Jornalismo Ambiental nas salas de aula: um olhar sobre os currículos das universidades do sul do Brasil 1

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 14º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo

Palhoça – Unisul – Novembro de 2016

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Jornalismo Ambiental nas salas de aula:

um olhar sobre os currículos das universidades do sul do Brasil1

Augusta Fehrmann Gern2 Universidade Federal do Paraná

Myrian Del Vecchio de Lima3 Universidade Federal do Paraná

Resumo:

A questão ambiental, aqui abordada pela visão sociológica, é um tema que exige refle-xão e discussão coletiva, a partir das informações contraditórias dos meios de comuni-cação. Pesquisas sobre a produção jornalística na área indicam a necessidade de cober-tura mais sistêmica e jornalistas bem preparados para realizá-la. Este artigo identifica como a temática ambiental está presente nos currículos dos cursos de Jornalismo da região Sul do Brasil. Para isso, realizaram-se entrevistas fechadas com coordenadores de curso de 23 universidades, analisadas por meio de categorias específicas. A premissa é de que as disciplinas sobre a temática seriam a principal forma didática pela qual a maioria dos estudantes tem acesso à questão. Conclui-se que o tema tende a se tornar mais presente nas salas de aula e passe a atender a uma visão holística e abrangente ne-cessária.

Palavras-chave: 1. Jornalismo ambiental; 2. Ensino de jornalismo; 3. Região Sul; 4.

Meio ambiente; 5. Currículo de jornalismo.

1 O artigo integra a pesquisa de mestrado em andamento que busca identificar como a questão ambiental

está presente nos cursos de graduação de jornalismo do sul do país, contemplando, para isso, todo o pro-cesso de ensino-aprendizagem e as novas diretrizes aprovadas em 2013.

2 Jornalista, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do

Paraná, Curitiba – Paraná. Bolsista da Capes.

3 Jornalista. Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR e Mestre em Comunicação pela

Universidade Metodista de São Paulo. Bolsista da Capes em estágio de pesquisa na Universidade Lyon Lumière 2, Lyon, França, em 2016. Email: myriandel@gmail.com

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Palhoça – Unisul – Novembro de 2016

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1. Introdução

Ao abordar as questões ambientais, o jornalismo pode proporcionar um conhe-cimento mais rico e significativo sobre a importância do meio em que vivemos e, não se trata aqui de ativismo ou militância, mas de veiculação de informação de qualidade. Pesquisas (BUENO, 2007; LÜCKMAN, 2008; COX, 2009) já confirmam que comuni-cação colabora para o aumento da sensibilização ambiental e, ao mesmo tempo, como a falta de informação ambiental torna-se preocupação, sendo incluída entre os três princi-pais problemas ambientais brasileiros4 (BERNA, 2008).

Diante disso, o artigo busca identificar como a temática ambiental está presente nos cursos superiores de jornalismo da região Sul do Brasil. De acordo com estudos sobre o tema (CAMPOS, 2006; GONÇALO, 2011), enfatiza-se a importância de disci-plinas sobre a temática ambiental nos cursos de graduação de jornalismo, compreenden-do-as como a principal forma como a maioria dos acadêmicos de jornalismo tem acesso à questão ambiental ligada à comunicação, de maneira diversa das abordagens da gran-de mídia, que, gran-de maneira geral, estão ligadas à cobertura gran-de gran-desastres, tragédias ou pre-visões apocalípticas.

Para traçar o cenário de como o tema está presente nos cursos de jornalismo das universidades do sul do país foram examinadas as novas diretrizes curriculares aprova-das para a área e realizaaprova-das entrevistas fechaaprova-das com os coordenadores de curso de jor-nalismo de 23 universidades da região, o que representa 76% do número total de univer-sidades5. A entrevista foi realizada por e-mail e buscou identificar a adequação ou não

às novas diretrizes curriculares da área aprovadas em 2013 e a inclusão ou não da temá-tica ambiental na grade curricular. Em relação às universidades que incluem o tema no currículo, ou seja, 19 das 23 instituições onde se realizaram entrevistas, analisou-se de que forma ele está inserido — se como disciplina obrigatória, optativa ou de forma

4 Pesquisa de opinião, realizada entre os dias 10 e 13 de fevereiro de 2005, com 1.141 dos 1.337

delega-dos participantes da “II Conferência Nacional de Meio Ambiente”, aponta como principal problema o desmatamento (28%), seguido de recursos hídricos/ água (13%) e falta de informação sobre o meio ambi-ente e educação ambiental (11%).

5 O corpus foi definido a partir da pesquisa realizada no site do MEC (www.emec.mec.gov.br) em julho

de 2015. Foram identificadas 60 instituições de ensino superior com cursos de jornalismo ou comunica-ção social com habilitacomunica-ção em jornalismo na região. Dessas, foram excluídas faculdades e centros univer-sitários, contemplando apenas as universidades, o que resulta em 30 instituições.

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3 transversal — e a partir de qual viés sobre o meio ambiente os conteúdos programáticos se estabelecem, com análise das respectivas ementas.

A aplicação das entrevistas fechadas é apenas um dos procedimentos metodoló-gicos de um panorama mais amplo que busca responder à questão principal de disserta-ção em elaboradisserta-ção, a qual visa identificar como a questão ambiental está presente nos cursos de graduação de jornalismo do sul do país, contemplando todo o processo de ensino-aprendizagem: o olhar institucional, dos professores e dos alunos. Neste artigo, os resultados e análises restringem-se a este procedimento específico, que aponta pistas sobre a visão das instituições de ensino, materializadas nos currículos adotados.

Busca-se contribuir para o ensino do jornalismo ambiental, apontando possibili-dades para se chegar a uma prática profissional que permita apresentar à sociedade um sentido mais amplo sobre a questão, com elementos para a compreensão do aconteci-mento ou tema ambiental para além da informação.

2. Jornalismo ambiental e suas peculiaridades

Assim como o jornalismo é apresentado como um subcampo da comunicação, o jornalismo ambiental também faz parte de uma área maior: a comunicação ambiental. Este espaço, onde os campos ambiental e comunicacional se articulam, apresenta-se essencialmente interdisciplinar (DEL VECCHIO et al, 2015) pela variedade de temas que inclui e pela necessidade de articulação de vários saberes e competências, que apre-sentam interfaces entre si, para seu entendimento e prática. Ao olharmos o meio ambi-ente pelo viés sociológico, como apresentado por Leff (2002; 2012), não podemos res-tringir qualquer tema ambiental ao âmbito da ecologia ou das “paisagens verdes”, o que exige a compreensão de saberes políticos, econômicos, sociais e/ou culturais. Para o autor (2002; 2012), o ambiente não é apenas o meio que circunda as espécies e as popu-lações biológicas, mas uma categoria sociológica, relacionada a uma racionalidade soci-al e configurada por comportamentos, vsoci-alores, saberes e potenciais produtivos.

É aí que se encontra uma das principais características e desafios da comunica-ção e do jornalismo ambiental: ter uma visão sistêmica. Para Capra (1982), o pensamen-to sistêmico é processual, referindo-se à ideia de que a realidade, no caso o meio ambi-ente, é algo que está interligado, conectado e relacionado com tudo, e a comunicação e o

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4 jornalismo ambiental devem expor isso. Assim, o desafio primordial da comunicação e do jornalismo ambiental “é procurar restituir, ainda que de maneira parcial, o caráter da totalidade e de complexidade do mundo real dentro do qual e sobre o qual indivíduos e sociedade pretendem atuar” (DEL VECCHIO et al, 2015, p. 81).

Um breve resgate histórico demonstra que o interesse da mídia por questões am-bientais surgiu após a Segunda Guerra Mundial, junto à ascensão do movimento ambi-entalista no mundo. Porém, até os anos 1970, a questão ambiental era tratada de forma muito periférica pelos meios de comunicação: havia uma “dificuldade considerável no reconhecimento do ambientalismo como um tópico separado do da conservação” (HANNIGAN, 1995, p. 85). Foram necessárias algumas décadas, a descoberta de gran-des problemas ambientais e discussões mundiais para que as questões ambientais come-çassem a aparecer com mais frequência e fôlego na imprensa. Após mais de 50 anos desde as primeiras publicações, é perceptível o aumento de pautas sobre o meio ambien-te, porém, pesquisadores e jornalistas ambientais ainda criticam a cobertura superficial e mitigadora realizada pela mídia hegemônica. Fatores como a escolha de abordagem, seleção de fontes e pouco espaço para publicação são os principais alvos de críticas.

Quando perguntamos aos leitores quais são os principais temas relacionados ao meio ambiente na mídia, a resposta não muda muito do que é apontado pelos autores: os problemas ambientais e catástrofes lideram significativamente. A pergunta integrou um questionário online aplicado pelas pesquisadoras aos estudantes de jornalismo do Sul do país no início de 20156 e, das 96 respostas obtidas, foram criadas oito categorias, de acordo com os termos com maior ocorrência. São elas: problemas ambien-tais/catástrofes (49%), sustentabilidade/preservação (15%), mudanças climáticas (10%), ecologia (8%), inovações (5%), agricultura (5%), eventos/campanhas (3%), saúde (2%) e outros (3%), que integra respostas que representam 1 ou menos de 1%.

De acordo com o gráfico 1, é possível observar a liderança de notícias negativas sobre o meio ambiente que, na maioria das vezes, apenas apresentam o problema e ins-tigam o chamado medo ambiental, sem apresentar alternativas ou contrapontos.

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5 GRÁFICO 1 – TEMAS RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE NA MÍDIA APONTADOS

POR ACADÊMICOS DE JORNALISMO DO SUL DO PAÍS EM 2016.

FONTE: AUTORAS (2016)

Assim, ao observamos a amplitude do tema (os diversos saberes que estão impli-cados a ele por ser interdisciplinar) e como é pautado na mídia, destaca-se a crítica de que o meio ambiente geralmente recebe uma abordagem restritiva nos meios de comu-nicação. Para Girardi e Schwaab (2008), é preciso apurar o olhar neste tipo de cobertu-ra. Esta apuração está muito relacionada à visão sistêmica e, para isso, alguns desafios são colocados à tona na hora de produzir uma pauta ou cobrir um tema ambiental, como por exemplo: o jornalista precisa entender a relação entre os problemas ambientais e o seu meio, precisa saber escolher as fontes para promover o debate (Bueno, 2007), não pode restringir o tema a uma determinada editoria ou caderno específico, entre outros. Apesar de serem características necessárias em qualquer cobertura, deve-se acentuar o

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6 olhar crítico e holístico quando se trata do meio ambiente, por se tratar de um tema complexo e interdisciplinar, ligado à sobrevivência da vida no planeta.

3. O ensino do jornalismo

Todas as instituições de ensino brasileiras que contam com cursos de jornalismo estão vivendo algumas mudanças e adaptações curriculares desde 2013, quando o Con-selho Nacional de Educação aprovou as novas diretrizes curriculares nacionais, por meio da Resolução nº 1 de 27 de setembro de 2013, o que, segundo Meditsch (2015, p. 65), “[...] restabelecem a autonomia dos cursos dentro da área da comunicação, que ha-via sido suprimida no Brasil após o Golpe de 1964”. As instituições de ensino superior tiveram o prazo de dois anos para implantar as medidas e adaptar as matrizes curricula-res dos cursos, que entraram em vigor em outubro de 2015.

É importante relembrar que os primeiros cursos de jornalismo foram implanta-dos no Brasil na década de 1940, vinculaimplanta-dos às faculdades de filosofia, e compostos, principalmente, por disciplinas da área de humanidades. Com o primeiro currículo mí-nimo oficial elaborado em 1962, muitas já foram as tentativas de conciliar a necessária formação cultural e humanística às disciplinas técnicas indispensáveis ao exercício pro-fissional” (CALDAS, 2003, p. 19). Assim, vários foram os currículos mínimos elabora-dos até a atualização de 2013.

Até a aprovação das novas diretrizes, ocorreram acirrados debates, em função das divergências em relação à avaliação da atualização, que defende um olhar mais es-pecífico sobre a atuação profissional da área. Entre os pontos em debate aprovados nas novas diretrizes, foca-se neste artigo a inclusão do chamado desenvolvimento sustentá-vel, expressão bastante desgastada na área socioambiental, que foi incluída no texto das novas diretrizes. Conforme o eixo I do artigo 5º, o currículo deve contemplar, entre as competências gerais, a compreensão e valorização do desenvolvimento sustentável:

a) compreender e valorizar, como conquistas históricas da cidadania e indicadores de um estágio avançado de civilização, em processo constan-te de riscos e aperfeiçoamento: o regime democrático, o pluralismo de ideias e de opiniões, a cultura da paz, os direitos humanos, as liberdades públicas, a justiça social e o desenvolvimento sustentável. (MINISTÉ-RIO DA EDUCAÇÃO, 2013, p. 3).

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7 Além disso, o termo está presente nos conteúdos de fundamentação humanística, “cujo objetivo é capacitar o jornalista para exercer a sua função intelectual de produtor e difusor de informações e conhecimentos de interesse para a cidadania [...]” (MINISTÉ-RIO DA EDUCAÇÃO, 2013, p. 4). Segundo Meditsch (2015, p. 84),

os eixos apontam os currículos imprescindíveis; mas a forma como serão mi-nistrados, as disciplinas ou outras atividades em que serão contemplados, on-de isso vai aparecer na graon-de, se serão ministrados isoladamente ou reunidos em outros conteúdos interdisciplinarmente, tudo isso fica a critério dos Nú-cleos Docentes Estruturantes na elaboração dos projetos pedagógicos.

A partir da necessidade de incluir a temática ambiental, mesmo que pelo viés do chamado desenvolvimento sustentável (um termo explorado pelo marketing empresarial para compor estratégias ditas “verdes” e melhorar a imagem das instituições), muitas universidades incluíram novas disciplinas ou atualizaram ementas. Esta inclusão pode ser justificada pela necessidade de debate, a partir da grande exploração de recursos naturais e da intensificação do sistema produtivo no século XX, que geraram novas ca-tegorias de questões ambientais, como as mudanças climáticas e novos riscos globais, com consequências e desafios sociais e econômicos, que cada vez mais dependem da mobilização social para serem revertidos ou, pelo menos, minimizados.

4. O ensino do jornalismo ambiental no sul do país

A partir da coleta realizada pelas instituições de ensino superior e cursos de jor-nalismo, ou comunicação social com habilitação em jorjor-nalismo, cadastrados no site do Ministério da Educação (MEC), foram identificadas 30 universidades no Sul do país, sendo oito no Paraná (PR), oito em Santa Catarina (SC) e 14 no Rio Grande do Sul (RS). Com o corpus definido, foram realizadas entrevistas fechadas (DUARTE, 2013) com os coordenadores de curso, por e-mail. A coleta de informações levou seis meses e o resultado foi o retorno de 23 instituições, o que corresponde a 76% do total. Das 23 universidades, seis são do PR, seis de SC e 11 do RS. Para traçar um rápido perfil das instituições, destaca-se que 52% são privadas, 22% federais, 13% estaduais e 13% estão na categoria especial (aquelas que recebem recursos públicos, mas têm outras formas de manutenção e não são gratuitas).

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8 Em relação à adequação às novas diretrizes, aprovadas em 2013 e com prazo para adaptação até outubro de 2015, das 23 instituições, 20 já estão adequadas, duas não e uma não respondeu. As principais atualizações ocorreram em 2015. A maioria das instituições ainda está em processo de implantação do novo currículo, adequado às no-vas diretrizes: visto que os cursos têm duração de quatro anos, o novo currículo ainda não contempla todas as turmas. Esta informação é importante no momento em que ob-servamos as disciplinas relacionadas à temática ambiental, pois muitas já fazem parte do currículo, mas ainda não foram cursadas (por exemplo, o currículo foi adequado em 2015 e a disciplina só é oferecida no sétimo semestre).

A partir desses dados mais gerais, observou-se quais instituições contam com disciplinas relacionadas à temática ambiental. Das 23 universidades, 18 contam com tais disciplinas, uma trata a questão de forma transdisciplinar e quatro não contam com a proposta no currículo. Dessa forma, englobando apenas as instituições que responderam à questão positivamente, o corpus foi reduzido para 19 universidades, sendo seis do PR, cinco de SC e oito do RS.

São 31 as disciplinas sobre o tema nas 18 instituições (não foi contabilizado o modelo transversal), sendo que algumas universidades oferecem duas disciplinas (três universidades), três disciplinas (duas universidades) e até sete disciplinas (uma univer-sidade). Das 31 disciplinas, 14 (45%) são oferecidas de forma obrigatória e 17 (55%) como optativa. Devido a adequação ao novo currículo, ou por serem optativas e não terem demanda de alunos, das 31 disciplinas, 21 já foram ofertadas e 20 não. Das 21 já ofertadas, oito são obrigatórias e 13 optativas. Observou-se também há quanto tempo as disciplinas estão na grade curricular, considerando as que foram e ainda não foram mi-nistradas. Das 31 disciplinas, sete foram incluídas no ano 2004, oito entre os anos 2005 e 2012, dez após a aprovação das novas diretrizes, de 2014 a 2016 e seis não apresenta-ram a informação.

A partir dessas informações de cunho quantitativo, a pesquisa também coletou a ementa das disciplinas, com o objetivo de identificar de que forma a questão ambiental é tratada pela instituição. Das 31 disciplinas contabilizadas, tivemos acesso a 22 emen-tas, o que representa 70% do total das disciplinas sobre o tema. Conforme a tabela 1, as disciplinas são de 12 instituições diferentes, quatro do PR, quatro de SC e quatro do RS.

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9 A partir da análise das ementas, relacionando-as com o referencial teórico apresen-tado, aponta-se uma classificação inicial sobre a abordagem das disciplinas: ampla (apresenta um olhar holístico sobre o tema), restrita (foca apenas um olhar ao tema, por exemplo, o econômico) e genérica (apresenta o tema de forma superficial).

TABELA 1 – EMENTAS DAS DISCIPLINAS RELACIONADAS À TEMÁTICA

Es-tado

Universi-dade Disciplina Ementa

Como é ofertada7 ofertada?8 Abor-dagem9 PR UFPR Jornalismo Especializa-do

Estudos tópicos especiais de jornalismo. OP S G

Unicentro

Jornalismo

Especializa-do

Visão teórico-prática do jornalismo especializado contemporâneo na era da convergência midiática. Reflexões acerca

dos aspectos da segmentação jornalística em editoriais tais como política,

econo-mia, cultura, esporte, meio ambiente e sustentabilidade, científica. Discussões a

respeito do jornalismo especializado como espaço propiciador de consciência e educação ambiental, política, cultural e

para a cidadania. OB S G UEPG Jornalismo Especializa-do

O jornalismo especializado e a segmenta-ção do público. Impactos da especializa-ção jornalística no mercado profissional. A especificidade da linguagem dirigida a públicos segmentados. Jornalismo

políti-co, cultural, científipolíti-co, ambiental, espor-tivo e outras variações.

OB N.I G UTP Jornalismo Agribusi-ness e Meio Ambiente

Comunicação e meio ambiente; Econo-mia Agropecuária; Legislação Ambien-tal; Responsabilidade Social e Ambiental

das empresas; O Meio Ambiente como pauta (análise e produção de texto).

OP S R SC Unochapecó Sociedade e Desenvol-vimento Humano

A sociedade, o sujeito social. Cultura, ética e política. Transformações históri-cas e científihistóri-cas: das formas de humani-zação/desumanização. Globalização. Direitos Humanos. Sociedades indígenas e afrodescendentes. Diversidade e Políti-cas PúbliPolíti-cas Inclusivas. Educação ambi-ental e a relação sociedade-natureza.

OB S A

Jornalismo rural

Conceito de comunicação rural. Formas e tipos de comunicação com o produtor rural. Métodos de trabalho e meios utili-zados na comunicação com o agricultor.

Novas tecnologias da informação.

OP N.I R Uniplac Jornalismo Ambiental e Desenvol-vimento

Modelos de civilização, padrões de con-sumo e paradigmas do desenvolvimento.

Diagnósticos do desastre ambiental e os caminhos apontados pelo estudo da

OB N A

7 OB – disciplina obrigatória, OP – disciplina optativa 8 S – sim, já ofertada; N – não ofertada; N.I – não informado. 9 A – ampla; R – restrita; G – genérica.

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10 Sustentável ecologia, do meio ambiente e da

susten-tabilidade. A visão do jornalismo. Ética, cidadania e jornalismo ambiental. Estudo sobre educação ambiental e a participa-ção da mídia: Desenvolvimento, clima, água, energia, políticas, biodiversidade,

consumismo, lixo, etc.

UFSC

Jornalismo, cidade e meio

ambi-ente

Cobertura de cidades e meio ambiente. Geografia e ocupação urbana, A questão urbana segundo a sociologia, a

antropo-logia e o urbanismo. A economia da cidade. Problemas urbanos contemporâ-neos. Ecologia e meio-ambiente. Nature-za, ocupação humana e sustentabilidade.

OB N A

Univali Jornalismo

Ambiental

Alfabetização ecológica. Natureza e funções do Jornalismo Ambiental. Prática

do Jornalismo Ambiental. OB N A RS Unisinos Laboratório de Jornalis-mo - Saúde, Meio Ambi-ente e Sus- tentabilida-de

Dominar metodologias jornalísticas de apuração, aferição, produção, edição e difusão de notícias das áreas da Saúde, do Meio Ambiente e da Sustentabilidade

em diferentes linguagens para portal noticioso. Experimentar diferentes for-matos, linguagens e narrativas nos

diver-sos suportes digitais. Planejar pautas e coberturas jornalísticas nas áreas da Saúde, do Meio Ambiente e da

Sustenta-bilidade. Entrevistar diferentes fontes para produção de notícias e reportagens. Hierarquizar e selecionar informações e imagens para redigir e editar notícias.

Compreender as especificidades das áreas de Saúde, Meio Ambiente e

Susten-tabilidade. Analisar criticamente as práti-cas jornalístipráti-cas e o material produzido. Identificar e analisar questões éticas e deontológicas do jornalismo.

Experimen-tar instrumental tecnológico utilizado na produção e na distribuição de material

jornalístico. Trabalhar em equipe de forma ética, integrada e solidária.

OB N A

UFRGS

Jornalismo Ambiental

História, conceito, funções e técnicas. Educação Ambiental, ética, cidadania. A

prática do Jornalismo Ambiental.

OP S A

Laboratório de Comuni-cação Soci-oambiental

Análise, elaboração, execução e avalia-ção de projetos de comunicaavalia-ção voltados

ao desenvolvimento sustentável socio-ambiental. OP S A Seminário de meio ambiente e comunica-ção

Abordagem interdisciplinar de questões teóricas vinculadas à Comunicação e às áreas de interesse ao Meio Ambiente, em qualquer das suas dimensões e/ou especi-ficidades. Os conteúdos específicos são definidos no período de ocorrência desta disciplina, conforme normas do Projeto

de Curso.

OP S A

Introdução à Ecologia

Conceitos fundamentais da ecologia. Populações, comunidades, ecossistemas.

Ciclos biogeoquímicos. Caracterização dos ecossistemas terrestres e aquáticos. O

ambiente antrópico. Sistema urbano e

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:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 11 agro-ecossistemas. Poluição. Cultura, cidadania e meio ambi-ente

Cultura e cidadania. Participação social e práticas de cidadania. Cultura, consumo e sustentabilidade. Cultura e responsabili-dade socioambiental. Consciência ecoló-gica, ambiente e a ética do cuidado. Práticas culturais, educação ambiental e

ecocidadania.

OP N A

Comunica-ção e cida-dania

A construção do cidadão e os espaços de cidadania. O papel da comunicação no contexto social atual e na construção da cidadania. As tecnologias de

comunica-ção e a inclusão social. Cidadania no Brasil.

OB S A

Comunica-ção e edu-cação

Visões de mundo e sustentabilidade no planeta. Paradigmas científicos e ecoló-gicos, cultura e natureza. Comunicação e educação ambiental e práticas dialógicas.

Alfabetização ecológica. OP S A ULBRA Sociedade e Contempo-raneidade

Os principais fundamentos da sociedade informacional. Os fenômenos emergentes que a caracterizam: suas diferenças

(polí-ticas, sociais, culturais e individuais), matrizes religiosas, meio ambiente e sustentabilidade. O papel do cidadão / indivíduo na produção do social na

con-temporaneidade: impactos, desafios e possibilidades. Novas formas de: - indi-vidualidades; - redes sociais; - organiza-ção de comunidades; - difusão de infor-mações; - desenvolvimento de culturas; -

novos pólos de poder.

OB S G

Comunica-ção, mídia e

cultura

Comunicação pessoal e interpessoal nas organizações e sua implicação com as diferentes atitudes comportamentais dos profissionais. Mídia e sua implicação na padronização de conceitos nas esferas pública e privada do cidadão. A formação

da mentalidade brasileira. A presença da etnia afrodescendente e indígena na construção da cultura brasileira. A rela-ção entre ética, cultura e meio ambiente. A ética na esfera profissional e no espaço

público. OB S A Feevale Realidade brasileira e cidadania

Conhecimento crítico da formação socio-política, econômica e cultural brasileira, numa dimensão histórica, que permita identificar a complexidade da mesma e suas contradições internas, considerando

a inserção do Brasil no processo global.

OB S G

Comunica-ção

comuni-tária

Conceitua a comunicação comunitária, apresentando suas relações e funções, bem como a evolução dos modelos de produção, na América Latina; estuda a comunicação em relação às mudanças sociais, discutindo o papel do jornalista

como um agente social transformador.

OP S G

Sistemas de Gestão Ambiental

Aborda o histórico das escolas de gestão clássicas até as modernas e as

ferramen-tas aplicáveis para a implantação de sistemas de gestão ambiental que

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12 litem a excelência no relacionamento do

empreendimento com as variáveis ambi-entais e os fatores dos meios físicos,

biológicos e antrópicos envolvidos. FONTE: AUTORAS (2016)

Como pode ser observado, metade (11) dessas disciplinas são ofertadas como obrigatórias e metade como optativas. Das 22 disciplinas, 15 já foram ofertadas, cinco ainda não foram ofertadas e duas não foram informadas.

No PR, três instituições oferecem a disciplina enquadrada como “jornalismo especializado”, o que caracteriza uma abordagem genérica: quando abordado, o meio ambiente é tratado de forma rápida, dividindo espaço com outros temas, como política, esporte e cultura, por exemplo. Na UFPR, como disciplina optativa, a oferta do tema depende do interesse de um professor e, além disso, do interesse dos alunos em se ma-tricular. Na Unicentro e na UEPG, onde a disciplina é obrigatória, o tema é tratado de forma rápida e não está presente na bibliografia obrigatória: há referências de diferentes temas, sendo duas de jornalismo científico, mas nenhuma da área ambiental. Ainda no PR, outra disciplina optativa é “Jornalismo Agribusiness e Meio Ambiente”, que relaci-ona as questões ambientais à economia agropecuária e responsabilidade das empresas. Mesmo analisando apenas a ementa, e não todo o planejamento de ensino, observa-se uma abordagem econômica ao meio ambiente, sem levar em conta as questões sociais e culturais implicadas ao termo.

Em SC, a Unochapecó apresenta duas disciplinas relacionadas à temática, uma obrigatória e outra optativa. A obrigatória, já ofertada, tem uma visão mais holística e social sobre a questão ambiental: não tem especificidade na abordagem jornalística, mas trata de educação ambiental e as relações entre a sociedade e a natureza. Já a optativa, intitulada “jornalismo rural”, relaciona o meio ambiente à questão rural, transparecendo também uma abordagem econômica do meio ambiente: como na UTP, a disciplina não parece tratar dos embates entre questões ambientais e rurais, que são muitos. As outras três disciplinas do estado, todas obrigatórias, de três instituições, ainda não foram ofer-tadas – pelo menos até o período de análise, no primeiro semestre de 2016. A disciplina “Jornalismo Ambiental e Desenvolvimento Sustentável”, da Uniplac, apesar de relacio-nar o meio ambiente ao termo “desenvolvimento sustentável”, já em desuso na área am-biental, apresenta o tema de forma mais abrangente, relacionando questões de consumo,

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13 modos de civilização, educação ambiental e temas específicos tratados pela mídia. A mesma abordagem ampla aparece na disciplina da UFSC, que tem um viés da geografia, antropologia e urbanismo, relacionando a questão ambiental com o meio em que se vive e suas questões sociais. Em “Jornalismo ambiental”, da Univali, observa-se o olhar es-pecífico às funções e prática da atividade jornalística que, teoricamente, exige um viés amplo e sistêmico.

No RS, as disciplinas destacam a tradição do estado nas lutas ecológicas, na prá-tica do jornalismo ambiental e no próprio ensino sobre a temáprá-tica. O estado é o único que conta com um Núcleo de Ecojornalistas e foi pioneiro no ensino do jornalismo am-biental, com as disciplinas Laboratório de Pesquisa e Jornalismo Amam-biental, ambas cri-adas e ofertcri-adas pela professora Ilza Girardi, na UFRGS (GIRARDI, 2004). Além des-sas duas disciplinas, outras cinco fazem parte do currículo da instituição; das sete, seis são optativas e uma obrigatória, e apenas uma ainda não foi ofertada. A abordagem va-ria, mas evidencia-se um olhar abrangente, envolvendo questões sociais e culturais: a disciplina obrigatória segue o viés da cidadania, não especificando a questão ambiental na ementa; das optativas, cinco apresentam um viés mais amplo, relacionando a comu-nicação, ou jornalismo, com questões éticas, com a cidadania e desenvolvimento socio-ambiental. Apenas a disciplina “Introdução à ecologia” apresenta viés mais restrito, focando o olhar aos ambientes naturais, mas sem descartar as relações humanas.

As outras três instituições do estado gaúcho também seguem a linha de interesse ao tema, apresentando várias disciplinas diferentes. A Unisinos conta com uma discipli-na obrigatória, ainda não ofertada, com uso de laboratórios, envolvendo o ensino das diferentes linguagens para produção de notícias relacionadas à temática. Nesta institui-ção, o tema está relacionado com a saúde e a sustentabilidade, possibilitando um olhar mais amplo sobre as questões ambientais. Na Ulbra, duas disciplinas obrigatórias, já ofertadas, tratam do tema: uma não especifica a questão ambiental na ementa, apontan-do um viés mais genérico, a outra apresenta visão mais abrangente, envolvenapontan-do ques-tões sociais e culturais relacionadas ao meio ambiente, principalmente pela presença de estudos da etnia indígena na construção da cultura brasileira. A Feevale apresenta três disciplinas, uma obrigatória e duas optativas, todas já ofertadas. Duas trabalham o tema de forma mais genérica, não relacionando-o diretamente à questão ambiental: uma pelo

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14 viés da cidadania e outra pela comunicação comunitária. Já a disciplina “Sistemas de Gestão Ambiental” apresenta a questão ambiental pelo viés empreendedor, não relacio-nando à comunicação ou jornalismo de forma direta.

A análise das ementas, mesmo não aprofundada, apresenta algumas pistas sobre os diferentes olhares das universidades em relação à comunicação e o meio ambiente: às vezes mais holísticos, outras vezes mais restritos ou genéricos. Das ementas analisadas (22), 12 apresentam um olhar mais holístico sobre o meio ambiente e suas relações com a comunicação, quatro são mais restritas, principalmente quando se trata do viés eco-nômico, e seis mais genéricas, onde não são visíveis, na ementa, as inter-relações entre o campo comunicacional e ambiental. Em relação às mais holísticas (12), sete são obri-gatórias (três já ofertadas) e cinco optativas (quatro já ofertadas). As com olhar mais restrito (4), todas são obrigatórias e três já foram ofertadas. Já as genéricas (6), três são obrigatórias (duas ofertadas) e três optativas (duas ofertadas).

5. Considerações finais

A partir de discussões teóricas e a premissa que disciplinas relacionadas à temá-tica ambiental nos cursos superiores de jornalismo contribuem para a formação de pro-fissionais mais preparados para sua cobertura, a análise sobre a presença do tema nos currículos dos cursos de jornalismo das universidades do Sul país, mesmo que não apro-fundada, aponta algumas pistas para reflexão.

Primeiro, observa-se a crescente inclusão do tema nos currículos após a aprova-ção das novas diretrizes, que contemplam a temática ambiental nos eixos de competên-cias gerais. As principais atualizações dos currículos ocorreram nos anos 2015 e 2016 e, somente nesses anos, nove disciplinas relacionadas ao tema foram incluídas nos currícu-los das instituições. Este dado aponta que a inclusão do tema se dá pela determinação das diretrizes ou, não generalizando, pelo aumento de debate público sobre o meio am-biente e, da mesma forma, pela intensificação dos problemas ambientais.

A maioria das universidades conta apenas com uma disciplina sobre o tema (op-tativa ou obrigatória), porém, outras concentram mais de uma na grade curricular. A análise não chegou a comparar o número total de disciplinas oferecidas nas instituições

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15 e o número das relacionadas à temática, porém, observa-se o maior interesse de algumas universidades, como o caso da UFRGS. O destaque pode ser justificado pela tradição e pioneirismo, interesse de docentes sobre o tema e por um forte grupo de pesquisa sobre a temática na universidade. Todos esses fatores, se comparados com outras universida-des, como a UFPR por exemplo, indicam que as disciplinas estão fortemente atreladas ao interesse de professores pela linha, os quais ministram as disciplinas e instigam a participação dos alunos.

A abordagem das disciplinas evidenciada nas ementas revela um olhar mais abrange e sistêmico sobre a temática. Entretanto, como esta fase da pesquisa ainda não contempla a análise de outros tópicos, como os planos de ensino e observações em salas de aula, ainda não se pode afirmar se essa maior abrangência sistêmica se reflete na prá-tica do ensino. Assim, este artigo não visa ser conclusivo, mas complementar no âmbito da análise realizada na dissertação em andamento, que pretende traçar o perfil do ensino do jornalismo no Sul do Brasil e contribuir com novas possibilidades para este processo de ensino-aprendizagem.

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