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TST - RR Data de publicação: 17/08/2012

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A C Ó R D Ã O 2ª Turma

GMRLP/aml/jl

RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA. VALORES ARBITRADOS À INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL (R$ 60.00,00) E À INDENIZAÇÃO POR DANO ESTÉTICO (R$ 60.000,00) (indicação de violação dos artigos

186 e 927 do CCB/2002, artigo 7o, XXVIII da CF/88 e divergência jurisprudencial). Não demonstrada violação à literalidade de preceito constitucional ou de dispositivo de lei federal, ou a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, não há que se determinar o seguimento do recurso de revista com fundamento nas alíneas -a- e -c- do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho. Recurso de revista não conhecido.

RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA RECLAMADA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL (alegação de afronta ao artigo 5º, II da CF/88 e

ao artigo 436 do CPC). -O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 458 do CPC ou do art. 93, IX, da CF/88-. Orientação Jurisprudencial nº 115 do TST. Recurso de revista não conhecido.

VALORES ARBITRADOS À INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL (R$ 60.00,00) E À INDENIZAÇÃO POR DANO ESTÉTICO (R$ 60.000,00) (alegação de

violação dos artigos 944, parágrafo único e 945 do CCB/2002, artigo 5º, V da CF/88, além de divergência jurisprudencial). Não demonstrada violação à literalidade de preceito constitucional ou de dispositivo de lei federal, ou a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo dispositivo legal, não há que se determinar o seguimento do recurso de revista com fundamento nas alíneas -a- e -c- do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho. Recurso de revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-7800400-67.2005.5.09.0014, em que é Recorrente MANSERV MONTAGEM E MANUTENÇÃO LTDA. e ROBERT BOSCH

LTDA. e Recorrido ORIVAL ARCENO DA LUZ.

O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, pelo v. acórdão de fls. 475/478-V, negou provimento ao recurso ordinário da primeira reclamada e deu parcial provimento ao recurso ordinário da segunda reclamada, para determinar que o valor fixado para a indenização por dano moral e estético seja acrescido de juros e correção monetária, a partir da publicação da sentença. Foram opostos embargos de declaração, pelas reclamadas, às fls. 480/481 e 482/484, os quais foram rejeitados pelo v. acórdão de fls. 437/438-v. Inconformada, a primeira reclamada interpõe recurso de revista, apresentando suas razões às fls. 440/455. Postula a alteração do julgado

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quanto ao seguinte tema: 1 - valor arbitrado à indenização por dano moral e à indenização por dano estético, por violação dos artigos 186 e 927 do CCB/2002, artigo 7o, XXVIII da CF/88, além de divergência jurisprudencial.

A segunda reclamada interpõe recurso de revista, às fls. 474/482. Postula a alteração do julgado, quanto ao seguinte tema: 1 - negativa de prestação jurisdicional, por violação dos artigos 5o, II, da CF/88 e artigo 436 do CPC; 2 - valores arbitrados à indenização por danos morais e à indenização por danos estéticos, por violação dos artigos 944, parágrafo único e 945 do CCB/2002, artigo 5o, V da CF/88, além de divergência jurisprudencial.

Os recursos foram admitidos pelo r. despacho de fls. 489/490.

Contrarrazões, às fls. 493/497 e às fls. 498/501.

Sem remessa à douta Procuradoria Geral do Trabalho, nos termos do artigo 83, § 2º, II, do RITST.

É o relatório. V O T O

RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRA RECLAMADA

O recurso interposto é tempestivo (acórdão publicado em 06/04/2010, conforme certidão de fl. 439 e recurso protocolado em 14/04/2010, à fl. 440). Regular a representação processual (fls. 184- súmula 164), correto o preparo (fls. 374, 397, 398, 478-v, 457 e 484 - súmula 128, III do TST) o que autoriza a apreciação dos seus pressupostos específicos de admissibilidade.

1 - VALORES ARBITRADOS À INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

(R$ 60.00,00) E À INDENIZAÇÃO POR DANO ESTÉTICO (R$ 60.000,00)

CONHECIMENTO

Alega a recorrente, em síntese, que no caso dos autos, os valores arbitrados às indenizações por dano moral e estético são desproporcionais, na medida em que não estão de acordo com os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e moderação. Indica violação dos artigos 186 e 927 do CCB/2002, artigo 7o, XXVIII da CF/88 e divergência jurisprudencial. Sobre o tema, eis o teor da v. decisão regional, às fls. 475/478-v:

-RECURSO ORDINÁRIO DA 1ª RECLAMADA

acidente de trabalho - indenização por dano moral e por dano estético (Análise conjunta dos recursos)

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morais no valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) e de dano estético na quantia de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), ao fundamento de que estão presentes os requisitos necessários à estipulação da obrigação, como dano, conduta culposa e nexo causal, com base nos elementos contidos nos autos e laudo pericial (fls. 363/374).

A 1ª reclamada insurge-se contra r. sentença, argumentando culpa exclusiva do reclamante no acidente, por não ter agido com atenção no trabalho; sucessivamente a caracterização de culpa concorrente; que o valor arbitrado para a indenização por dano moral é aleatório e deve ser determinado segundo a Tabela da SUSEP; e que a indenização por dano estético deve ser reduzida.

Por sua vez, a 2ª reclamada sustenta que, o reclamante agiu com imprudência e negligência ocasionando o acidente; que o laudo pericial apresenta impropriedades e incongruências; que o acidente decorre de culpa exclusiva daquele ou concorrente com as reclamadas; sucessivamente, requer a redução dos valores fixados na indenização para um patamar justo e razoável.

Razão não assiste às reclamadas.

De início, cumpre assinalar que o acidente sofrido pelo reclamante restou incontroverso, enquanto ele realizava as atividades que lhe eram imputadas, no caso, a substituição de uma lajota no piso do Setor de Galvânica, sob uma plataforma de madeira, da qual rompeu-se uma tubulação de PVC que continha soda cáustica, atingindo a cabeça e o corpo do reclamante, afetando-lhe irreversivelmente no olho direito (descrição contida no Laudo Pericial, fl. 264). Assim, a controvérsia da presente lide se resume na tese de culpa exclusiva da vítima, trazida em sede recursal.

As reclamadas, por terem narrado fato impeditivo do direito do reclamante, atraíram para si o ônus probatório, nos termos do art. 818 da CLT e art. 333 do CPC.

Da análise da prova oral, constata-se que o reclamante, quando do acidente, não havia sido instruído sobre os riscos da atividade, nem estava usando os equipamentos de segurança adequados, visto que estes não obstaram nem reduziram os efeitos do acidente, conforme depoimentos de fls. 230/233.

A 2ª reclamada não apresentou ao perito os documentos referentes aos programas de segurança do trabalhador, não tendo, portanto, cumprido com a sua obrigação legal, de acordo com o que prescreve a NR 01, no tocante às ordens de segurança (fl. 302).

O perito atestou que as reclamadas descumpriram as normas de segurança e medicina do trabalho, na medida em que o trabalho realizado pelo reclamante, no setor de galvânica, exigia cuidados extras de segurança, incorrendo aquelas em condutas negligentes e imprudentes (fls. 264/278).

Com relação ao laudo pericial, carecem de validade os argumentos da 2ª reclamada de que esse é equivocado, vez que a mesma não logrou comprovar qualquer fato impeditivo ou modificativo da integridade daquele. Ademais, o perito respondeu satisfatoriamente os quesitos complementares expostos por ela.

Ainda, o laudo médico de fls. 320/332 concluiu que a patologia adquirida pelo reclamante, necrose conjuntival e ceratite química do olho direito (cegueira), a qual acarretou prejuízo estético, é decorrente do acidente de trabalho, reconhecendo o nexo de causalidade.

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Assim, entendo que as reclamadas não adotaram todos os meios adequados de segurança, respondendo por culpa, em razão da negligência e imprudência, o que afasta a tese recursal de culpa exclusiva da vítima.

A culpa das reclamadas no infortúnio, todavia, decorreu do ato de omissão, ao não propiciar ao reclamante um ambiente de trabalho seguro, de forma a minorar os riscos de acidentes como o que acometeu ao reclamante. É dever imposto constitucionalmente ao empregador, devendo primar pela redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, com fulcro no artigo 7º, XXII, da CF.

No que toca ao dano moral, é indubitável que o acidente acarretou ao reclamante alteração no aspecto físico de parte de seu corpo, bem como uma cegueira no olho direito, e, em consequência, causou-lhe prejuízos psicológicos.

Desse modo, mantido o reconhecimento da ocorrência de acidente de trabalho com sequelas consequentes, faz jus o reclamante à indenização moral pretendida.

Inegável resultou, também, a existência de dano estético, sendo devida a indenização correspondente.

No que se refere à cumulatividade de danos estéticos e danos morais, embora haja divergências no sentido de se considerar o dano estético como um terceiro gênero de danos, a doutrina e a jurisprudência tem caminhado no sentido de deferir indenizações distintas, quando as causas de reparação forem passíveis de apuração em separado, como ocorre no presente caso.

Citado pelo ilustre jurista Sebastião Geraldo de Oliveira, o julgamento da Apelação Cível nº 1.669/97, do antigo Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro, deferiu o pagamento de indenização diversa para o dano moral e o estético, com o seguinte fundamento:

"Danos estéticos e danos morais. Efeitos diversos, o dano estético correspondendo a uma alteração morfológica do indivíduo, à lesão física facilmente perceptível exteriormente, à deformação corporal que agride a visão, causando desagrado, repulsa, desconforto, etc., sendo o dano moral o sofrimento mental, a dor da alma, a aflição e angústia a que a vítima é submetida, causando-lhe depressão, desânimo e sensação irremovível de infelicidade" (Rio de Janeiro. Tribunal de Alçada. 7ª Câm. Civil. Rel.: Fabrício Paulo Bandeira Filho, julgado em 02.04.1997. In Indenizações por acidente do trabalho ou doença ocupacional. 4 ed. São Paulo: LTr, 2008).

Assim, cada uma das categorias de dano pode ser mensurada em separado.

Quanto aos valores fixados, cumpre esclarecer que ao Magistrado é dado o árduo ofício de quantificar a dor alheia, utilizando-se, para isso, de critérios desenvolvidos pela jurisprudência, tendo-se sempre em vista os princípios constitucionais, em especial os que se referem aos direitos mais fundamentais das pessoas.

O arbitramento da indenização por dano estético e dano moral, a despeito de estar afeto a critério subjetivo do Julgador, deve atender ao princípio da razoabilidade, observada a condição da reclamada, o caráter punitivo e pedagógico da pena e a compensação à vítima pela dor advinda do ato danoso. Ademais, o quantum fixado deve sempre objetivar a desestimulação da prática de atos semelhantes, todavia, a indenização fixada não pode ser formulada em um valor muito alto eis que feriria a proporcionalidade, invertendo-se a balança,

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gerando uma nova injustiça.

Por todos esses motivos, entendo que os valores arbitrados a título de dano moral e estético encontram-se de acordo com tais parâmetros, não merecendo nem diminuição, nem aumento, pois compatíveis com os critérios apresentados.

Mantenho-.

Não há que se falar em afronta aos artigos 186 do CCB/2002 e 927 do CCB/1916 e artigo 7º, XXVIII da CF/88 porquanto não versam sobre critérios para cálculo e arbitramento da indenização por danos morais, sendo impertinentes ao deslinde da causa, o que atrai a incidência da Súmula 297 do TST. Não há que se falar em divergência jurisprudencial. Os arestos transcritos não versam sobre a mesma hipótese dos autos, na qual foi delineado o quadro fático seguinte: -indubitável que o acidente acarretou ao reclamante alteração no aspecto físico de parte de seu corpo, bem como uma cegueira no olho direito e em consequência, causou-lhe prejuízos psicológicos-; existência de sequelas e existência de dano estético. Tampouco abordam o fundamento regional de que, nesta dita hipótese, foi atribuída razoabilidade ao arbitramento, eis que considerados os parâmetros do princípio da razoabilidade, condição da reclamada, o caráter punitivo e pedagógico da pena e a compensação à vítima. Incide, portanto, o óbice da Súmula 296 do TST.

Não conheço.

RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA RECLAMADA

O recurso interposto é tempestivo (acórdão publicado em 06/04/2010, conforme certidão de fl. 439 e recurso protocolado em 14/04/2010, à fl. 474). Regular a representação processual (fls. 60-63), correto o preparo (fls. 374, 397, 398, 478-v, 457 e 483 e 484) o que autoriza a apreciação dos seus pressupostos específicos de admissibilidade.

1 - NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL CONHECIMENTO

Alega a recorrente que, conquanto provocado pela via dos embargos de declaração, manteve-se omisso o eg. TRT sobre pontos relevantes ao deslinde da controvérsia. Indica violação do artigo 5o, II da CF/88 e artigo 436 do CPC.

Assinalo que o entendimento pacífico desta Corte, cristalizado na Orientação Jurisprudencial de nº 115 da SBDI-1, é o de que somente ensejam conhecimento, quanto à preliminar de nulidade por negativa da prestação jurisdicional, as arguições de violação dos artigos 832 da Consolidação das Leis do Trabalho, 93, IX, da Constituição Federal e/ou 458 do Código de Processo Civil, conforme os seguintes precedentes: -RECURSO DE REVISTA. NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. O conhecimento do recurso de revista, quanto à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, supõe indicação de violação do art. 832 da CLT, do art. 458 do CPC ou

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do art. 93, IX, da CF/88. EAIRR 201590/95, Ac. Julgado em 13. 10.97 (art. 93, IX, CF/88) Min. Cnéa Moreira Decisão unânime; E-RR 170168/95, Ac. 3411/97 DJ 29.08.97 (art. 458, CPC) Min. Vantuil Abdala Decisão por maioria; E-RR 41425/91, Ac. 0654/95 DJ 26.05.95 (art. 458, CPC) Min. Vantuil Abdala Decisão unânime-.

Não há que se falar, portanto, em admissibilidade do recurso por violação do artigo 5º, II ou do artigo 436 do CPC. Não conheço.

2 - VALORES ARBITRADOS À INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

(R$ 60.00,00) E À INDENIZAÇÃO POR DANO ESTÉTICO (R$ 60.000,00)

CONHECIMENTO

Alega a recorrente, em síntese, que no caso dos autos, os valores arbitrados à indenização por dano moral e por dano estético são desproporcionais, na medida em que não estão de acordo com os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e moderação. Indica violação dos artigos 5º, V da CF/88, 944 e 945 do CCB, além de divergência jurisprudencial.

O teor da decisão foi transcrito no item I, do recurso de revista da primeira reclamada.

Não há como ser admitido o apelo.

Primeiramente, insta considerar que resta incólume o artigo 5o, V da CF/88 eis que, ao versar sobre o direito de resposta e a indenização por dano à imagem, não trata da indenização civil advinda da responsabilidade aquiliana, decorrente de acidente de trabalho, sendo impertinente ao deslinde da causa.

Ileso, de igual sorte, o artigo 944 do CCB/02. É que a par dos contornos nitidamente fático-probatórios que envolvem a questão relativa ao valor das indenizações por dano moral (R$ 60.000,00) e por dano estético (R$ 60.000,00), que inviabilizam o seguimento do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 desta Corte, o Tribunal Regional constatou ser -indubitável que o acidente acarretou ao reclamante alteração no aspecto físico de parte de seu corpo, bem como uma cegueira no olho direito e, em consequência, causou-lhe prejuízos psicológicos-. Asseverou, ainda, que -inegável resultou, também, a existência de dano

E ao arbitrar os valores, asseverou ainda que -o arbitramento da indenização por dano estético e dano moral, a despeito de estar afeto a critério subjetivo do Julgador, deve atender ao princípio da razoabilidade, observada a condição da reclamada, o caráter punitivo e pedagógico da pena e a compensação à vítima pela dor advinda do ato danoso. Ademais, o quantum fixado deve sempre objetivar a desestimulação da prática de atos semelhantes, todavia, a indenização fixada não pode ser formulada em um valor muito alto eis que feriria a proporcionalidade, invertendo-se a balança, gerando uma nova

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injustiça. Por todos esses motivos, entendo que os valores arbitrados a título de dano moral e estético encontram-se de acordo com tais parâmetros, não merecendo nem diminuição, nem aumento, pois compatíveis com os critérios apresentados-.

Assim, ao verificar que o reclamante foi acometido de cegueira e de notório prejuízo estético, concluiu que o valor arbitrado era proporcional e razoável. Em consequência, deu a exata subsunção da descrição dos fatos ao conceito contido no artigo 944, caput, do Código Civil, que dispõe que -a indenização mede-se pela extensão do dano-.

Com efeito, a fixação de tais valores não se afigura excessiva, posto que o acórdão recorrido levou em consideração os requisitos para determinar o dano moral e o dano estético, tais como, extensão, gravidade, nexo de causalidade, condição socioeconômica da vítima e do empregador.

A quantificação do valor que visa a compensar a dor da pessoa requer por parte do julgador bom-senso. E mais, a sua fixação deve-se pautar na lógica do razoável, a fim de se evitar valores extremos (ínfimos ou vultosos). O juiz tem liberdade para fixar o quantum. É o que se infere da leitura do artigo 944 do Código Civil.

O quantum indenizatório tem um duplo caráter, ou seja, satisfativo-punitivo. Satisfativo, porque visa a compensar o sofrimento da vítima e punitivo, porque visa a desestimular a prática de atos lesivos à honra, à imagem das pessoas.

Na doutrina, relacionam-se alguns critérios em que o juiz deverá apoiar-se, a fim de que possa, com equidade e, portanto, com prudência, arbitrar o valor da indenização decorrente de dano moral, a saber: a) considerar a gravidade objetiva do dano; b) a intensidade do sofrimento da vítima; c) considerar a personalidade e o poder econômico do ofensor; d) pautar-se pela razoabilidade e equitatividade na estipulação. O rol certamente não se exaure aqui. Trata-se de algumas diretrizes a que o juiz deve atentar.

A condenação foi, portanto, fixada dentro de um critério razoável, porque observou elementos indispensáveis, quais sejam, a intensidade da ofensa, a capacidade econômica das partes, o grau de culpa da empregadora, a gravidade da repercussão da ofensa no meio social, que, no presente caso, o Tribunal Regional demonstrou ser grave, ante a cegueira do olho direito, deformação de parte do corpo e os consequentes efeitos na vida prática da vítima.

Por fim, não prospera a alegação de divergência jurisprudencial. O aresto transcrito à fl. 480 é oriundo de Turma do TST, o que desatende ao artigo 896, -a- da CLT. E as meras referências a números de paradigmas, constantes às fls. 480/481, com citação de trechos sem indicação de fonte oficial de publicação, esbarram no óbice da Súmula 337 do TST.

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ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista.

Brasília, 08 de agosto de 2012.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)

Renato de Lacerda Paiva

Ministro Relator

fls.

PROCESSO Nº TST-RR-7800400-67.2005.5.09.0014

Firmado por assinatura digital em 09/08/2012 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

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