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FACULDADE DE LETRAS UNIVERSIDADE DE COIMBRA FICHEIRO EPIGRÁFICO. (Suplemento de «Conimbriga») INSCRIÇÕES

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FACULDADE DE LETRAS UNIVERSIDADE DE COIMBRA

FICHEIRO EPIGRÁFICO

(Suplemento de «Conimbriga») 148 INSCRIÇÕES 601-603 INSTITUTO DE ARQUEOLOGIA

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, ESTUDOS EUROPEUS, ARQUEOLOGIA E ARTES COIMBRA 2017

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ISSN 0870-2004

FICHEIRO EPIGRÁFICO é um suplemento da revista CONIMBRIGA, destinado a divulgar inscrições romanas inéditas de toda a Península Ibérica, que começou a publicar-se em 1982.

Dos fascículos 1 a 66, inclusive, fez-se um CD-ROM, no âmbito do Pro-jecto de Culture 2000 intitulado VBI ERAT LVPA, com a colaboração da Uni-versidade de Alcalá de Henares. A partir do fascículo 65, os volumes estão disponíveis no endereço http://www.uc.pt/fluc/iarq/documentos_index/ficheiro.

Publica-se em fascículos de 16 páginas, cuja periodicidade depende da frequência com que forem recebidos os textos. As inscrições são numeradas de forma contínua, de modo a facilitar a preparação de índices, que são publica-dos no termo de cada série de dez fascículos.

Cada «ficha» deverá conter indicação, o mais pormenorizada possível, das condições do achado e do actual paradeiro da peça. Far-se-á uma descri-ção completa do monumento, a leitura interpretada da inscridescri-ção e o respec-tivo comentário paleográfico. Será bem-vindo um comentário de integração histórico-onomástica, ainda que breve.

José d'Encarnação

Toda a colaboração deve ser dirigida a: InstItutode ArqueologIA

depArtAmentode HIstórIA, estudos europeus, ArqueologIAe Artes

FAculdAdede letrAs | unIversIdAdede coImbrA

Rua de Sub-Ripas | Palácio Sub-Ripas P-3000-395 COIMBRA

A publicação deste fascículo só foi possível graças ao patrocínio de:

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UMA ARA ROMANA RECUPERADA EM CARNIDE, LISBOA

(Conventus Scallabitanus)

Apresentamos neste trabalho uma ara fragmentada, de pequenas dimensões, com uma inscrição, da qual apenas se conserva a fórmula dedicatória aos deuses Manes e algumas letras da linha seguinte.

Esta peça foi recuperada, em Setembro de 2016, durante o acompanhamento arqueológico da reabilitação do edifício nº 84/86 da Rua Neves Costa, na freguesia de Carnide (Lisboa), levado a cabo pelos autores1. No momento em que

foi identificada, a ara encontrava-se já partida, formando parte do aparelho utilizado para construção do muro exterior oeste do edifício – na sua esquina NO – a uma altura aproximada de 2 metros sobre o piso de circulação. Foi reconhecida após a demolição do muro norte. A revisão levada a cabo em obra pelos arqueólogos, tanto do alçado conservado como dos escombros de demolição, não permitiu identificar fragmentos adicionais que pudessem pertencer à ara que ora nos ocupa. Este elemento, inventariado com o código RNC15EA02,

1 prAtA (Sara), Relatório final: Trabalhos arqueológicos na Rua Neves Costa n.º 84 – 86 (Carnide, Lisboa). Policopiado 2016.

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encontra-se depositado no Centro de Arqueologia de Lisboa (CAL) desde Setembro de 2016.

Trata-se de uma peça elaborada em pedra lioz, o calcário esbranquiçado característico da região de Lisboa, a partir de um bloco prismático de secção quadrangular. Não conserva a base, e o fuste encontra-se partido sem que se possa determinar a sua dimensão total nem, consequentemente, o espaço total do campo epigráfico disponível originalmente. O capitel, ainda que danificado, reflecte um cuidado exímio na sua elaboração: uma cornija recta ou listel na parte superior, seguida de um bocel e uma escócia estendida, mesmo antes do campo epigráfico, o qual se apresenta, por sua vez, rebaixado e cuidadosamente alisado. O foculus tem forma subrectangular com as esquinas arredondadas; mede 12,2 x 7,2 cm e tem uma profundidade de cerca de 2,5 cm. Situa-se no centro de um espaço rectangular sobrelevado na parte superior da ara (FIg. 1).

As dimensões (máximas) conservadas da ara são: (28,5) x 29,8 x 21.

Campo epigráfico: (12,5) x 24,7.

D(is) (hedera) M(anibus) (hedera) [S(acrum)] / […] A[V?][…] /

Altura das letras: 1ª: 3,3; 2ª: 2,8. Espaço interlineal: 0,5. As letras conservadas, actuárias, reflectem um ductus bem marcado, com especial cuidado na gravação das serifas que rematam os traços. Apresentam uma secção arredondada, remetendo para a utilização de uma goiva no seu traçado. Na primeira linha situa-se a fórmula consecratória aos deuses manes: D(is) M(anibus), ainda que o D esteja parcialmente destruído. A presença de duas folhas de hera como elementos

distinguentes (que estariam intercaladas entre as letras), a

marcada centralidade do M na linha e o facto de que existe espaço suficiente no lado direito para incluir uma terceira letra, leva-nos a considerar que a fórmula incluiria também o S relativo a sacrum. Os desenhos das hederae são algo

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diferentes entre si: de maior altura (4 cm), mais arredondada e com o pedúnculo mais curvado no caso da primeira, e um pouco mais estreita e pequena (3,5 cm) na segunda. Esta diferenciação talvez esteja motivada pela necessidade de comprimir ligeiramente o campo para incorporar o S no espaço disponível à direita.

Do restante da inscrição apenas se conservam algumas letras na zona central da segunda linha, espaço que, tratando-se de uma epígrafe funerária, incluiria o nome do defunto. Após a limpeza da superfície da peça que antecedeu a sua documentação gráfica, foi realizada uma leitura com luz rasante. Parece clara a presença de um A, aproximadamente centrado debaixo do M da primeira linha. No entanto, o desgaste e as fracturas que a peça apresenta tornam difícil a interpretação dos restantes traços. Esta situação levou-nos a considerar trabalhar a partir de um modelo tridimensional realizado mediante levantamento fotogramétrico (FIg. 2). Neste

caso, as possibilidades oferecidas por este tipo de modelos permitem combinar diferentes iluminações e trabalhar com as microtopografias da superfície para facilitar, ou, pelo menos, ajudar na leitura de epígrafes.

No caso da peça a que nos reportamos, construímos um modelo fotogramétrico a partir de 75 fotografias tomadas desde diferentes ângulos e distâncias2. A análise das imagens

renderizadas3 permitiu confirmar a presença do perfil

completo da segunda hedera distinguens – que a olho nu não se apreciava – e a definição de alguns traços que formariam parte da segunda linha do campo epigráfico. Parece-nos que os traços verticais que existem a seguir ao A pertenceriam, por proximidade e tipologia da serifa, a uma mesma letra,

2 Para este efeito utilizou-se uma máquina fotográfica Nikon D5300 (24.2 MP) e uma lente Nikkor 18-55mm F/3.5-5.6G VR. O modelo resultante, gerado me-diante o software Agisoft Photoscan, apresenta mais de 13 milhões de pontos e cerca de 600.000 polígonos. No visor 3D do autor está disponível uma versão mais ligeira do modelo de livre acesso para consulta: https://skfb.ly/ZAzz. 3 Obtidas a partir do software Blender (v.2.78), que também foi utilizado para ajustar a escala do modelo; a combinação de iluminações (FIg. 2) e para gerar as secções (FIg. 1).

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talvez um H ou um V. Também se advertem outros traços verticais antes do A, ainda que neste caso não seja tão claro que formem uma única letra. O primeiro traço é praticamente imperceptível e do segundo apenas conseguimos detectar a presença de uma serifa ligeiramente saliente e inclinada para trás, talvez de um L, ainda que o espaço existente entre o traço vertical do A não pareça ser o suficiente para acomodar a linha horizontal de um L.

Perante a dificuldade na interpretação da segunda linha do campo epigráfico solicitamos a opinião especializada de outros investigadores4. Entre outras possíveis leituras da

epígrafe cabe a possibilidade de existir um H antes do A e, a seguir deste, um E ou um T. Nesse caso, uma possível leitura seria a seguinte:

D(is) (hedera) M(anibus) (hedera) [S(acrum)] / […] [H?]A[T?][…] / […]

Infelizmente, a extensão das fracturas sobre esta peça apenas nos permite conjecturar possíveis leituras da segunda linha do campo epigráfico. No entanto, a fórmula consecratória, a utilização das hederae distinguentes, o traçado e a tipologia dos caracteres permitem propor uma datação entre os finais do século I e o século II.

Por outro lado, o facto de esta ara ter sido identificada já reutilizada como parte do aparelho construtivo do edifício de finais do século XIX não nos permite esclarecer a sua origem. Importa também referir que, durante os trabalhos de diagnóstico, se identificaram vestígios de uma estrutura anterior, de Época Moderna, sobre a qual se apoia o edifício mais recente, e que em outros pontos do edifício se documentaram processos de reaproveitamento de material arquitectónico, nomeadamente de um fragmento de laje com epígrafe funerária de Época Moderna (provavelmente proveniente do cemitério da antiga Ermida do Espírito Santo)

4 Agradecemos enormemente ao professor José d’Encarnação e à Dra. Ana Caessa que prontamente se disponibilizaram para analisar a peça em questão e oferecer os seus valiosos comentários.

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como banco de jardim, e de um pavimento composto por um lajeado de calcário que pensamos tratar-se de uma utilização secundária5. Os níveis de aterro da estrutura anterior sugerem

que esta terá sido parcialmente demolida e amortizada aquando da construção do edifício contemporâneo, podendo ter-se dado processos de reutilização de material construtivo. Ou seja, relativamente à ara que nos ocupa, é impossível determinar se se trata de uma reutilização de material construtivo, que por sua vez já se encontrava em uso na estrutura de Época Moderna, ou se, por outro lado, terá sido trazida de outro local nas imediações.

Sabemos que, na segunda metade do século XIX, são levados a cabo profundos arranjos urbanísticos em Carnide6.

Os dados actualmente disponíveis sobre intervenções no interior de edifícios datados deste período sugerem que, durante este impulso de modernização do centro histórico de Carnide, existiu uma circulação de materiais de construção e níveis de aterro de vários períodos que, de uma forma ou de outra, vêm a reutilizar-se e a incorporar no interior destas vivendas de finais do século XIX, princípios do século XX.

No entanto, interessa-nos assinalar a presença de outros materiais de época romana conservados no espaço de Carnide. Referimo-nos, fundamentalmente, a duas cupae reutilizadas para protecção das esquinas dos edifícios no cruzamento entre a Rua Neves Costa e as Travessas do Pregoeiro e do Cascão7,

apenas a 200 m do nº 84/86 da Rua Neves Costa; e ainda a

5 prAtA, op. cit. Também durante os trabalhos levados a cabo na Casa Portela Santos, a escassos 60 m do edifício nº 84/86 da Rua Neves Costa, se docu-mentou uma estrutura anterior cujos muros se reutilizam parcialmente como fundações do edifício contemporâneo, bem como lajes calcárias heterogéneas reaproveitadas num pavimento recente: monteIro (Mário) e AntónIo (Telmo), “Vestígios arqueológicos na casa Portela Santos (Carnide, Lisboa)”, Estudos de Arqueologia e Património Cultural, 2003, 1-39).

6 cAessA (Ana) e motA (Nuno), “O núcleo histórico de Carnide: o contributo da investigação arqueológica”, in Veiga, C.; Reis, F. (ed.). Quadros da História – A Freguesia de Carnide, Academia Portuguesa da História/ Junta de Fregue-sia de Carnide, Lisboa 2014, 83-104.

7 cArdoso (Guilherme Pereira), “Duas cupas romanas em Carnide, Lisboa”, Al-madan, II série, 2008, n.º 16, 6.

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fragmentos de um possível friso romano que se encontram reutilizados ornamentalmente no pátio interior do nº 82 dessa mesma rua. Numa leitura preliminar de conjunto, a ocorrência destes materiais de época romana no centro de Carnide sugere que estamos ante um espaço periurbano de certa importância, vinculado à Olisipo imperial. A caracterização da ocupação romana deste espaço só será possível quando se incorporarem novos dados através de trabalhos arqueológicos adicionais, nos quais, parece-nos, se deverá prestar uma especial atenção à afectação das unidades murárias.

J. FAbIAn cuestA-gómez sArA prAtA

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NUEVA LECTURA DEL MILIARIO DE CAÑAVERAL, CÁCERES

(Conventus Emeritensis)

Hace pocas fechas J. Río-Miranda y Mª G. Iglesias Domínguez daban a conocer un miliario de la localidad de Grimaldo, perteneciente al municipio de Cañaveral1. Lo

descubrieron los editores en la dehesa boyal, en el lugar conocido como “La Zahurda”. Su deficiente estado de conservación y la tierra incrustada tras su largo repeso de casi dos milenios imposibililitaron a los editores una lectura más precisa de la inscripción. Ofrecemos aquí una nueva lectura de su texto y acompañamos debajo la de los autores.

Por circunstancias que desconocemos la pieza fue a parar a manos de Don José Sendín, quien la llevó al claustro de la catedral de Plasencia, donde se encuentra actualmente.

Se trata de un cilindro de granito anaranjado roto en su parte superior y abundantes picaduras y rayaduras en la superficie de la piedra. Tanto el lado izquierdo como el derecho están muy desgastado y el texto se ha deteriorado.

Dimensiones: (81) x 30 de diámetro; letras: 1-5: 5; 6: 6.

1 río-mIrAndA (Jaime)–IglesIAs (Mª. G.), «Nuevas aportaciones a la epigrafía y arqueología romana de Cáceres», Revista Ahigal 24, 2005, 11-13 = HEp 14, 2008, 86 (HEpOL, 25053).

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[D(omino) N(ostro) I]MP(eratori)] FL[A(vio)] [I]VLIO CO(n)STA[NT]I[O]

[MAX]IMO TRIVNF-(vacat) ATOR(i)

5 AXI(mo) S[E]NPER

A[V]-(vacat) [G]VS(to) B(ono) R(ei) P(ublicae) [N(ato)]

[Caesa]r Iul(io)/Co(n)stan/tio trium/p(h)ator. M/ ax(imo)/S]enper. A(u)gus(to)/ B(ono) R(es) P(ublica) N(ato)

(Río-Miranda–Iglesias).

Las letras, con ductus irregular, son capitales cuadradas con rasgos rústicos y no se aprecia interpunción.

Las tres primeras líneas y la quinta se extienden hasta la mitad del cilindro, pero las dos restantes están desplazadas a la derecha. El grabador pierde la horizontalidad y al final termina en un sentido descendente muy acusado, hasta el punto que las últimas letras de la línea final están escalonadas. Se trata de un miliario de Constancio II, del que solo se ha documentado un testimonio más en el tramo de la Vía de la Plata a su paso por la actual provincia de Cáceres, procedente de la localidad de Casas del Monte2, a pocos kilómetros de

Capera.

Constancio II fue proclamado Augusto tras la muerte de su padre Constantino I el Grande en el 337 d. C. El miliario se fecharía, por tanto, entre el 337 y el 361 d. C., momento de su muerte.

JulIo estebAn ortegA

2 estebAn ortegA (Julio), Corpus de Inscripciones latinas de Cáceres III.

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603

ESTELA DE Q. CEICILIVS SEGONTIVS EN TRUJILLO, CÁCERES

(Conventus Emeritensis)

Debo la información de este epígrafe a mi buen amigo José Antonio Ramos Rubio, con quien he tenido el placer de recorrer multitud de veces las estrechas callejuelas de Trujillo1. En uno de

estos paseos visitamos el antiguo convento de San Francisco el Real de la Puerta de Coria, sede de la Fundación Xavier de Salas. En este maravilloso lugar, en una estancia almacén situado en los bajos de la construcción, se almacenan algunas piezas muy interesantes entre las que se encuentra esta inscripción romana.

Sabemos que entre las aficiones de su fundador destaca el coleccionismo de todo tipo de piezas arqueológicas y no son pocas las aras y estelas que se acumulan entre los muros de sus inmuebles procedentes de lugares muy diversos, fundamentalmente de Trujillo y pueblos de los alrededores. Desgraciadamente la mayor parte de ellas no fueron catalogadas y no se conoce su origen. Este es el caso de la pieza que nos ocupa, sobre la que no estamos en condiciones de asegurar su procedencia trujillana.

La inscripción se ha realizado sobre un bloque rectangular de granito gris del lugar, roto en la parte inferior y con algunos desconchones en el extremo superior que afectan sobre todo al ángulo derecho. La rotura mutila la última línea que está incompleta, aunque se lee sin dificultad.

1 Quiero expresar mi más sincero agradecimiento a mi querido amigo José Antonio Ramos, con quien he compartido muy buenos momentos en nuestras andanzas por tierras cacereñas.

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Dimensiones: (55) x 33 x 18; letras: 4-6.

Q(uintus) ∙ CEICI/LIVS / SEGON[T]/IVS ∙ HIC / SITVS / EST / […] [?]

Aquí yace Quinto Cecilio Segontio.

Las letras, con ductus irregular y muy desiguales, son capitales rústicas; están talladas a cincel con trazos muy profundos, aunque los brazos de las EE o la barra de la H parecen haber sido realizadas a buril con trazos más superficiales. La interpunción en punto.

Es muy posible que la piedra estuviera ya rota en el ángulo inferior izquierdo en el momento del grabado del epitafio, lo que explicaría el desplazamiento a la derecha de las dos últimas líneas. Desde luego, el lapicida era poco profesional y no se preocupó de planificar la distribución del texto, pues corta las palabras y escribe mal el gentilicio, cincelando Ceicilius en lugar de Caecilius. Además, fue inclinando el texto hacia la derecha a medida que avanzaba hacia su conclusión. En la E de la última línea rectifica y vuelve a la verticalidad, pero inmediatamente la pierde y la S aparece igualmente inclinada. No es segura la falta de una letra al final de la tercera línea, la piedra no parece presentar rotura alguna en el lateral derecho que no sea en la cabecera y no se observa nexo NT, por lo que es posible que, bien por desconocimiento de la lengua de Roma bien por un simple olvido, omitiera grabar la T de Segontius.

El texto parece estar completo, pues no son pocas las inscripciones con estas mismas características documentadas en el área turgaliense. Todas ellas llevan este formulario simple compuesto por nombre del difunto, filiación y fórmula funeraria abreviada; no se especifica la edad, ni el dedicante, ni la fórmula final. Inscripciones de este tipo son comunes en la propia Trujillo2, aunque no faltan en

las cercanas localidades de Santa Cruz de la Sierra3 y Villamesías4.

El texto corresponde al epitafio de un individuo con tria nomina, cuyo cognomen delata su procedencia del sustrato local. La ausencia

2 estebAn ortegA (Julio), Corpus de inscripciones latinas de Cáceres II. Tur-galium [CILCC II], Cáceres 2012, nº 771, 793 y 805.

3 Ibídem, 690 y 692. 4 Ibídem, 882.

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de la filiación pudiera estar indicando un origen servil del difunto, que habría tomado, como es habitual, el praenomen y el nomen de su amo, conservando como cognomen su nombre indígena. Sería pues un individuo libre descendiente de antiguos esclavos que pretende esconder su ascendencia servil.

El gentilicio Caecilius es muy raro en la epigrafía de Turgalium, pues solo se conocen dos casos más, ambos procedentes de la cercana localidad de Ibahernando, que se mueven también en un ambiente peregrino. Es muy posible, dada las características de la inscripción y habida cuenta de que desconocemos el lugar de su hallazgo, que pueda proceder de alguna de las necrópolis de esta zona tan rica en epígrafes de cronología temprana5. Los Caecilii, en cualquier caso, son más

abundantes en el área de la colonia Norba Caesarina, donde la actividad de Quinto Cecilio Metelo determinó la generalización del gentilicio del general romano. Aquí se documentan cerca de la veintena de individuos con este nombre, que junto con el de Iulius y el de Norbanus, son con mucho los más frecuentes. Estos últimos se asentaron en buen número en las ricas tierras del sur de Trujillo y hacia ellas se desplazarían también algunos descendientes de los Caecilii norbenses.

En la tercera y cuarta línea podría pensarse en el cognomen

Segonius, pero sería un caso único en la epigrafía peninsular, por lo

que es más probable considerar el de Segontius, un antropónimo muy raro en la epigrafía cacereña, solo documentado en una inscripción de Oliva de Plasencia6. Los casos más numerosos se localizan en tierras

de Álava7, donde este nombre se repite hasta en ocho ocasiones;

y se extiende hacia Navarra8, con dos casos documentados; dos 5 Efectivamente, el tipo de letra descuidada y la simpleza del formulario se asemeja al del epitafio de Caburea procedente de la necrópolis romana de “Ma-gasquilla de los Donaires”, en esta misma localidad (CILCC II, 562).

6 El individuo en cuestión ni siquiera era originario del lugar, pues, tras sobre-venirle la muerte en la ciudad de Capera, dejó constancia en su epitafio de su procedencia cluniense. Véase estebAn ortegA (Julio), Corpus de inscripciones latinas de Cáceres III. Capera, Cáceres 2013, 115, nº 1029

7 AE 1986, 417 y 421; AE 1988, 815; CIL II, 2942, 2946, 2949, 2956 y 5821. vAlleJo ruIz (José María), Antroponimia indígena de la Lusitania romana, Vi-toria 2005, 396-397.

8 FItAy colomé (Fidel), “De Clunia a Tricio. Viaje epigráfico”, BRAH, 1907, 295; JuAn domínguez (José Luis), loIzAgA ArnAIz (José María) y relloso vIllorIA (Juan Francisco), “Nuevos hallazgos epigráficos en la ermita de San Sebastián de

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inscripciones también proceden de la provincia de Salamanca9 y una

de Burgos, La Rioja10, Madrid11, y de los distritos portugueses de Vila

Real12 y Castelo Branco13.

El formulario epigráfico simple, la utilización del tria nomina y la fórmula funeraria abreviada aconsejan una cronología temprana, quizás de mediados del siglo I d. C. Las tierras al sur de Turgalium fueron incluidas en una de las prefecturas emeritenses y fue aquí donde, en los primeros años del siglo I d. C., se llevaron a cabo las primeras parcelaciones de tierras que luego se asignaron a los soldados veteranos asentados en la capital de la Lusitania tras su creación como provincia romana.

JulIo estebAn ortegA

Gastiain y en Zúñiga (Navarra)”, Congreso de Historia de Euskal Herria, vol. 1: De los orígenes a la cristianización, Vitoria, 1988, 263-264, nº 13.

9 HAE, 1305. 10 CIL II, 5808.

11 ruIztrApero (María), Inscripciones latinas de la Comunidad de Madrid (siglos I-VIII), Madrid 2001, 32.

12 rodríguez colmenero (Antonio), Aquae Flaviae I. Fontes epigráficas da Gallaecia meridional interior, Chaves 1977, nº 329.

13 FerreIrA(Ana Paula Ramos), Epigrafia funeraria romana da Beira interior: Ino-vação ou continuidade? [Trabalhos de Arqueologia 34], Lisboa 2004, nº 149.

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