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QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MINHO: TROÇO INTERNACIONAL E PRINCIPAIS AFLUENTES EM TERRITÓRIO PORTUGUÊS. Maria Leonor Fidalgo

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QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MINHO: TROÇO INTERNACIONAL E PRINCIPAIS AFLUENTES EM TERRITÓRIO PORTUGUÊS

Maria Leonor Fidalgo

Departamento de Zoologia e Antropologia, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Praça Gomes Teixeira, 4099-002, Porto;

CIMAR (Centro de Investigação Marinha e Ambiental), Rua do Campo Alegre, nº 823, 4150-180, Porto.

RESUMO

Os resultados analíticos obtidos indicaram que a qualidade das águas doces superficiais nos locais prospectados mostrou um padrão qualitativo compatível com o seu aproveitamento para (i) produção de água potável após tratamento adequado, (ii) suporte das espécies piscícolas, nomeadamente das espécies mais exigentes como as pertencentes à família Salmonidae, (iii) fins balneares, excepto nas estações de Pias, Paredes de Coura e Vilar de Mouros e (iv) rega, com excepção de Paredes de Coura e de Vilar de Mouros.

Dos parâmetros analisados, os mais críticos foram os microbiológicos, reflexo do ainda insuficiente nível de atendimento das populações em termos de drenagem e de tratamento das águas residuais.

ABSTRACT

Based upon the obtained results we conclude that the sampling stations can be used as sources of potable supply, since they complied with the Portuguese standards for human consumption after a suitable treatment. Moreover, they can be used for supporting fish species even the most sensitive ones such as salmonids. The waters analysed also complied with standards for bathing purposes, except in Pias, Paredes de Coura and Vilar de Mouros. These waters can be used for irrigation purposes as well, with exception of two sampling stations - Paredes de Coura and Vilar de Mouros.

Among the analysed parameters, the most critical ones were those related with bacteriological characteristics, reflecting the impact of sewage discharges in the drainage basin, which calls for an improvement of sanitation conditions either in Portugal or in Spain. INTRODUÇÃO

A caracterização do meio aquático em função dos seus usos actuais e potenciais constitui um instrumento básico de apoio à tomada de decisões em matéria de planeamento e de gestão dos recursos hídricos, pelo que neste trabalho se procedeu à apreciação do estado analítico actual das águas doces superficiais na bacia hidrográfica do rio Minho, numa perspectiva de utilização múltipla - obtenção de água para abastecimento público, prática de actividades balneares, suporte da vida aquática e irrigação.

Visando a consecução deste objectivo, o troço internacional do rio Minho e três dos seus afluentes situados em território português – Mouro, Gadanha e Coura - foram objecto de uma campanha de amostragem, efectuada em Junho de 1999. Esta campanha abrangeu nove locais de colheita, cuja selecção foi feita de molde a incluir zonas de montante, zonas de jusante e unidades ecológicas sob influência de diferentes níveis de pressão humana.

(2)

A matriz analítica adoptada abrangeu vinte parâmetros, sendo que neste trabalho apenas se apresentam os resultados relativos aos parâmetros incluídos nos grupos designados por G1 (temperatura da água, oxigénio dissolvido, carência bioquímica de oxigénio, carência química de oxigénio, pH, sólidos suspensos totais, condutividade, cloretos, azoto amoniacal, nitratos, fosfatos, coliformes totais e fecais) e G2 (estreptococos fecais) - Anexo V do Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto.

MATERIAL E MÉTODOS

A caracterização da qualidade das águas doces superficiais na bacia hidrográfica do rio Minho foi feita a partir de amostras de água recolhidas em nove locais de amostragem distribuídos do seguinte modo: três no troço principal do rio Minho entre Peso de Melgaço e S. Pedro da Torre, dois no rio Mouro, um no rio Gadanha e três no rio Coura. Dentre estes locais, cinco correspondem a ecótopos fluviais estabelecidos em função de uma tipologia discreta baseada na altimetria, substrato geológico e área da bacia hidrográfica de acordo com o preconizado na proposta de Directiva Quadro para a Política da Água. Quanto aos restantes locais, a sua inclusão no programa de amostragem, ficou a dever-se à preocupação de garantir uma melhor cobertura espacial da área em análise.

Pontos de amostragem Rio Minho:

Peso de Melgaço - a jusante da ponte internacional de Melgaço; Monção - a jusante das instalações das termas de Monção; S. Pedro da Torre - em frente do cais de pesca de S. Pedro da Torre.

Rio Mouro:

Lamas de Mouro - a jusante de uma ponte situada junto de uma pequena mata, que confina com o Parque Nacional da Peneda Gerês;Tangil - próximo de um pequeno açude situado a montante de um moinho abandonado, nas imediações de uma capela, na povoação de Tangil.

Rio Gadanha:

Pias - a montante de um pequeno açude situado a montante de um pontão, nas imediações da povoação, e de onde parte uma levada para rega dos terrenos agrícolas envolventes. Rio Coura:

Paredes de Coura - a jusante de uma ponte recentemente construída a montante de Paredes de Coura; Covas - a meio da ponte que atravessa a albufeira com o mesmo nome; Vilar de Mouros - a jusante da ponte que atravessa a freguesia de Vilar de Mouros.

A recolha das amostras de água foi efectuada de forma convencional, junto da margem, a cerca de 10 cm de profundidade, excepto no ponto situado na albufeira de Covas. Neste lago de barragem, as amostras de águas foram recolhidas a 10-15 cm de profundidade, com o auxílio de uma garrafa tipo Ruttner com dois litros de capacidade, a partir do meio da ponte que atravessa a albufeira.

As variáveis determinadas e os métodos analíticos adoptados constam da tabela 1. Tabela 1. Variáveis analisadas e respectivas metodologias.

(3)

Parâmetros Métodos Referências Temperatura da água Medição in situ com termómetro de

mercúrio

-

Oxigénio dissolvido Método de Winkler [3]

Carência bioquímica de oxigénio Método de Winkler (20°C , 5 dias de incubação)

[3] Carência química de oxigénio Refluxo fechado e oxidação com

dicromato de potássio [1]

pH Electrométrico (medidor Multiline P4

da WTW)

- Condutividade Electrométrico (medidor Multiline P4

da WTW)

-

Cloretos Colorimétrico [2]

Sólidos suspensos totais Gravimétrico [1]

Azoto amoniacal Koroleff modificado [1]

Nitratos Espectrofotométrico [3]

Fosfatos Espectrofotométrico [2]

Coliformes totais Filtração sobre membrana e incubação a 36±1°C, 24±2 horas

[1] Coliformes fecais Filtração sobre membrana e

incubação a 44,5±0,5°C, 24±2 horas

[1] Estreptococos fecais Filtração sobre membrana e

incubação a 36±1°C, 48±2 horas

[1] Referências:

[1] - Apha, 1992; [2] - Golterman, 1971; [3] - Strickland & Parsons, 1972.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados analíticos obtidos na totalidade das estações de amostragem encontram-se na tabela 2.

Da análise desta tabela, verifica-se que, na sua globalidade, a água esteve bem oxigenada, sendo que os teores de oxigénio garantiram sempre, e com larga margem de segurança, o cumprimento do Valor mínimo Recomendável (VmR) para águas da classe A1 (Anexo I, Decreto-Lei nº 236/98).

Os níveis de matéria orgânica, expressos através da carência bioquímica de oxigénio e da carência química de oxigénio, atingiram valores característicos de águas não poluídas e aptas para todas as utilizações, incluindo as mais exigentes do ponto de vista qualitativo. No que à concentração hidrogeniónica se refere, a água mostrou-se bastante homogénea, tendo-se registado valores de pH próximos da neutralidade em quase todos os locais prospectados.

Os valores de condutividade foram baixos, embora mais elevados no curso principal do rio Minho do que nos afluentes prospectados. Trata-se de águas com fraca mineralização, o que está em consonância com o predomínio de rochas graníticas na bacia de drenagem.

(4)

Tabela 2. Resultados analíticos correspondentes aos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos determinados nas estações prospectadas.

Parâmetros Melgaço

Monçã

o

S.Pedr

o

da

Torre

Lamas

de

Mouro

Tangi

l

Pias Par.

de

Cour

a

Cova

s

V.de

Mouro

s

Temp (°C)

19,0

21,0

18,2 14,0 19,0 18,0 17,1 15,6 15,3

O

2

(mg/L)

8,98

9,83

9,08 9,64 9,45

8,70 9,64 9,26 9,74

CBO

5

(mgO

2

/L) 2,35

3,28

1,20 0,75 0,75

2,16

0,19 1,60 1,97

CQO (mgO

2

/L) 13,3

12,0 16,8

6,7 6,7

5,3 9,6 14,4 9,6

pH 7,3

7,5

7,0 6,5 6,6

6,1 6,8 6,8 6,8

SST (mg/L)

5,60

5,50

14,80

0,30 0,20 1,80 0,25 0,00 0,45

Cond (µS/cm)

91

90 85 19 33 44 37 46 46

Cloretos (mg

Cl/L)

7,80 9,22

5,67 6,38 9,22

12,77 6,38 9,93 8,51

NH

4

(mg

N-NH

4

/L)

0,00 0,00

0,03

0,00 0,02

0,00 0,00

0,03

0,00

NO

3

(mg

N-NO

3

/L)

0,37 0,35 0,39 0,07 0,37

0,49

0,34

0,63

0,60

PO

4

(µg

P-PO

4

/L)

8,33 9,17 15,79 7,50 5,00

6,67

0,00

65,79 42,11

CT

(UFC/100mL)

3275

7200

6410 1548 2333 4625 2473 4033 5890

CF

(UFC/100mL)

20 45 99 11 11 57 133 95 223

EF

(UFC/100mL)

38 22 41 22

35 235 152 53 585

Temp: temperatura da água; O2: oxigénio dissolvido; CBO5: carência bioquímica de

oxigénio; CQO: carência química de oxigénio; SST: sólidos suspensos totais; Cond: condutividade; NH4: azoto amoniacal; NO3: nitratos; PO4: fosfatos; CT: coliformes totais; CF:

coliformes fecais; EF: estreptococos fecais; UFC: unidades formadoras de colónias. Os valores em negrito representam o valor máximo, e os sublinhados correspondem ao valor mínimo para cada parâmetro

.

Relativamente aos cloretos, as concentrações determinadas foram baixas, mesmo em S. Pedro da Torre, pese embora o facto de esta estação se situar numa zona ainda sob influência das marés.

Os valores da concentração de sólidos suspensos totais foram baixos na totalidade dos locais amostrados, embora mais elevados no troço principal do rio Minho. Todavia, os valores registados são compatíveis com a utilização dos recursos hídricos para os mais diversos fins.

Os teores de azoto amoniacal foram muito baixos em todos os locais prospectados, sendo muito próximos ou até mesmo inferiores aos limites de detecção do método analítico adoptado (0,01mg/L). Os valores da concentração de nitratos foram igualmente baixos,

(5)

ficando o valor máximo registado muitíssimo abaixo do Valor Máximo Recomendável (VMR) para águas destinadas à produção de água potável.

Os teores de fosfatos ficaram abaixo dos limites de detecção na estação situada em Paredes de Coura. Nos restantes pontos de colheita, as concentrações deste nutriente foram também muito baixas, excepto na albufeira de Covas e em Vilar de Mouros, onde atingiram 65,79 e 42,11 µg PO4/L, respectivamente.

Os teores de coliformes totais estiveram compreendidos entre 1548 e 7200 UFC/100mL, pelo que foi ultrapassado o VMR para águas da classe A1 em todos os locais de colheita. Faz-se notar que valores superiores ao VMR para águas da classe A2 foram registados em Monção, S. Pedro da Torre e em Vilar de Mouros. Todavia, nestas três estações, os teores de coliformes totais estiveram muito abaixo do VMR para águas da classe A3. Considerando o uso da água para fins balneares, valores superiores ao VMR foram registados em todas as estações, embora não tenha sido atingido o Valor Máximo Admissível (VMA) para este uso em qualquer das estações de amostragem.

Em relação aos coliformes fecais ou termotolerantes, a densidade mais elevada correspondeu a Vilar de Mouros com 223 UFC/100mL, enquanto que a mais baixa foi obtida nas duas estações situadas no rio Mouro, ambas com 11 UFC/100mL. De acordo com o Anexo I do Decreto-Lei nº 236/98, as estações situadas em Melgaço, Lamas de Mouro e Tangil enquadraram-se na classe A1, enquanto que os restantes locais se incluíram na categoria A2. A densidade de coliformes fecais não atingiu o VMR para águas destinadas a actividades balneares em sete das nove estações amostradas, sendo que apenas nas estações de Paredes de Coura e de Vilar de Mouros foi ultrapassado o VMR para este uso. Todavia, faz-se notar que mesmo nestas duas estações os valores obtidos ficaram abaixo do VMA para este uso. Em relação à utilização das águas para rega, importa sublinhar que os níveis de coliformes fecais nas estações situadas nos rios Minho, Mouro e Gadanha estiveram em conformidade com o VMR para águas balneares. O mesmo sucedeu na albufeira de Covas, situada no rio Coura, enquanto que nas outras duas estações localizadas neste curso de água (Paredes de Coura e Vilar de Mouros) foi excedido o VMR para águas destinadas à irrigação.

No que aos estreptococos fecais se refere, o valor mais elevado foi detectado em Vilar de Mouros com 585 UFC/100mL, enquanto que o valor mais baixo (22 UFC/100mL) foi registado em Monção e em Lamas de Mouro.

Tomando como base os resultados analíticos obtidos, fez-se a classificação da qualidade das águas doces superficiais nas estações prospectadas. Essa classificação foi feita parâmetro a parâmetro, de acordo com as normas de qualidade fixadas pelo Decreto-Lei nº 236/98, sendo que a classificação atribuída a cada estação correspondeu à do parâmetro mais desfavorável.

Resume-se seguidamente a classificação global atribuída a cada estação, tendo em vista o aproveitamento das suas águas para fins múltiplos.

Assim, em relação à produção de água potável, verifica-se que os parâmetros microbiológicos atingiram níveis característicos das categorias A2 ou A3. Por outro lado, atendendo aos valores das variáveis físico-químicas básicas determinadas, a qualidade das águas foi, de um modo geral, do tipo A1. As únicas excepções corresponderam às estações situadas em Monção e em Pias, sendo que em Monção o parâmetro responsável pelo enquadramento das suas águas na categoria A2 foi a carência bioquímica de oxigénio e na estação de Pias foi o pH.

(6)

Os resultados referentes à matriz de caracterização considerada para águas piscícolas, estiveram em conformidade com os limites estabelecidos para salmonídeos, com excepção da estação situada em Monção. A esta estação atribuiu-se a classificação global de águas ciprinícolas, pelo facto de a carência bioquímica ter ultrapassado, ainda que muito ligeiramente, o VMR para águas salmonícolas (Anexo X, Decreto-Lei nº 236/98).

Relativamente ao uso das águas para fins balneares, a generalidade dos parâmetros considerados esteve em conformidade com os limites legalmente fixados (Anexo XV, Decreto-Lei nº 236/98). Contudo, nas estações de Pias, Paredes de Coura e Vilar de Mouros, os teores de estreptococos fecais excederam o VMR, não cumprindo por essa razão os requisitos legais para águas balneares.

Da matriz de caracterização considerada para águas destinadas à irrigação apenas os teores de coliformes fecais ultrapassaram o VMR em Paredes de Coura e em Vilar de Mouros, sendo que os restantes parâmetros estiveram em conformidade com os requisitos legais.

Relativamente ao uso das águas para fins não específicos, os dados analíticos obtidos nos nove pontos de colheita estiveram em conformidade com os objectivos ambientais de qualidade mínima para águas doces superficiais sem utilização especificada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O carácter pontual dos resultados subjacentes à classificação da qualidade das águas, aliado à natural variabilidade sazonal e interanual das condições ambientais fluviais, evidencia bem a necessidade de cuidados especiais de interpretação dos resultados apresentados, particularmente para fins de diagnóstico e de prognóstico. Todavia, apesar destes condicionalismos, enumeram-se seguidamente as características ambientais básicas dos locais prospectados:

- As amostras de água recolhidas apresentaram uma qualidade do tipo A2 ou A3 para a produção de água potável, sendo que não foram incluídas na categoria A1 devido sobretudo aos teores de coliformes totais, coliformes fecais e/ou estreptococos fecais;

- As estações prospectadas mostraram genericamente condições adequadas ao suporte da vida piscícola, incluindo as espécies mais exigentes da família Salmonidae;

- A maior parte das estações prospectadas esteve em conformidade com os requisitos legais para fins balneares, com excepção das estações situadas em Pias, Paredes de Coura e Vilar de Mouros;

- Considerando a utilização das águas para rega, apenas em Paredes de Coura e em Vilar de Mouros os teores de coliformes fecais ultrapassaram os limites estabelecidos para este uso, tão importante na bacia do Minho;

- Os nove locais prospectados cumpriram os requisitos de qualidade mínima das águas doces superficiais para fins não especificados.

Sintetizando, em todas as estações prospectadas, a qualidade das águas admite o seu aproveitamento para (i) produção de água potável desde que adequadamente tratada, (ii) suporte da vida piscícola, (iii) fins balneares, excepto em Pias, Paredes de Coura e Vilar de Mouros e (iv) rega, com excepção de Paredes de Coura e Vilar de Mouros. Todavia, não se exclui a hipótese de existirem locais não abrangidos pelo programa de amostragem efectuado e cujo padrão qualitativo possa eventualmente condicionar ou mesmo impedir o uso das águas para certos fins.

(7)

Porém, dado o carácter pontual dos resultados obtidos e visando obter uma imagem tão fiável quanto possível da evolução tendencial da qualidade das águas na bacia do rio Minho, num passado recente, analisou-se essa tendência evolutiva em onze estações de amostragem abrangidas pelo Programa de Monitorização da Rede de Qualidade da Água, nomeadamente as estações de Foz do Mouro (rio Minho), Outeiro (rio Coura), Melgaço (rio Minho), Valença (rio Minho), Cavada (rio Coura), Ínsua do Ranhão (rio Minho), Mazedo (rio Gadanha), Monção (rio Minho), Pias (rio Gadanha), Segude (rio Mouro) e Veiga de Remoães (rio Minho).

Nesta análise foram tomados em consideração os seguintes parâmetros analíticos: carência bioquímica de oxigénio, carência química de oxigénio, oxigénio dissolvido, sólidos suspensos totais, pH, condutividade, azoto amoniacal, nitratos, cloretos, coliformes totais, coliformes fecais e estreptococos fecais.

De um modo geral, os valores extremos dos nove factores físico-químicos considerados nesta análise evolutiva raramente atingiram níveis incompatíveis com o aproveitamento das águas para produção de água potável, desde que submetidas a tratamento convencional para as classes A2 ou A3. Como excepção, cita-se, a título ilustrativo, o oxigénio dissolvido e o pH, que detiveram valores fora da escala admissível para produção de água potável. O teor de oxigénio ficou abaixo do VmR para águas da categoria A3 (estação de Cavada, no ano hidrológico de 97/98); e o pH apenas atingiu o valor de 4,7 (estações de Outeiro e Pias, no ano hidrológico de 93/94), situando-se por isso fora da escala admissível para águas das classes A2 ou A3.

Tabela 3. Evolução da classificação global das águas para produção de água potável, fins balneares e irrigação em onze estações de amostragem situadas na bacia hidrográfica do

rio Minho.

Estações Produção de água

potável

Águas balneares Irrigação Foz do Mouro Evolução variável entre

as categorias A2 e A3

Evolução negativa

Incumprimento sistemático Outeiro Sempre da categoria A2 Evolução

negativa

Incumprimento sistemático Melgaço Evolução negativa da

categoria A2 para A3

Evolução negativa

Incumprimento sistemático Valença Categoria A3 ou >A3 Incumprimento

sistemático

Incumprimento sistemático Cavada Sempre da categoria A2 Evolução

negativa

Evolução negativa Ínsua do Ranhão Categoria A2 e >A3;

evolução negativa

Evolução variável Incumprimento sistemático

Mazedo Categoria A2* Incumprimento* Incumprimento*

Monção Sempre da categoria A2 Evolução negativa

Incumprimento sistemático

Pias Evolução negativa da

categoria A2 para A3

Evolução negativa

Incumprimento sistemático Segude Sempre da categoria A2 Incumprimento

sistemático

Evolução positiva Veiga de Remoães Sempre da categoria

A2**

(8)

*- Apenas se dispõe de dados relativamente a um ano hidrológico; ** - Apenas se dispõe de dados relativamente a dois anos hidrológicos.

Tomando como referência os valores máximos dos parâmetros microbiológicos, ou seja, considerando o cenário mais pessimista as estações de amostragem apresentaram águas do tipo A2 ou A3. Do universo das onze estações de amostragem, apenas duas apresentaram águas com qualidade inferior à categoria A3, designadamente a de Valença e a de Ínsua do Ranhão, ambas situadas no curso principal do rio Minho.

Numa tentativa de sistematização do elevado volume de informação disponível em relação à bacia do Minho (DGRN, 1991 e 1992; DRARN/Norte 1995, 1996a, 1996b, 1997a, 1997b, 1998a e 1998b; INAG, 1999), resume-se na tabela 3 a evolução temporal da qualidade das águas doces superficiais nas onze estações de amostragem anteriormente referidas.

Face aos resultados obtidos neste trabalho e aos obtidos pela Rede de Qualidade da Água (RQA) através da DRARN/Norte, concluímos que dos parâmetros analisados, os mais críticos foram os microbiológicos, reflexo do ainda insuficiente nível de atendimento das populações em matéria de drenagem e de tratamento de águas residuais.

A utilização das águas doces superficiais do rio Minho e seus afluentes para abastecimento público, fins balneares e irrigação, aliada à importância de manter e/ou recuperar o seu estado ecológico, justifica a tomada de medidas destinadas à compatibilização de usos nas duas margens do troço fronteiriço do rio Minho. Só assim será possível proteger esta bacia hidrográfica luso-espanhola face às ameaças de degradação do seu património natural em geral e, dos seus recursos hídricos, em particular.

A consecução destes objectivos passa naturalmente pela melhoria das condições de saneamento básico da área analisada, sobretudo no tocante ao sub-sector da drenagem, tratamento e destino final de todos os efluentes líquidos, com particular incidência nos de origem doméstica, visto corresponderem aos mais significativos focos de poluição, nesta área do noroeste de Portugal.

AGRADECIMENTOS

Estes resultados foram obtidos no âmbito da elaboração do plano de bacia do rio Minho através de um contrato com a empresa Agri-Pro Ambiente. À Drª Maria José Moura da DRA-N pela disponibilização de bibliografia de valor inestimável para a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apha, 1992: Standard methods for the examination of waters and wastewater. 18th

ed.American Public Health Association/American Water Works Association/Water Federation, Washington DC, USA.

Decreto-Lei nº236/98, de 1 de Agosto: Normas de qualidade da água. Diário da República, I-A série, nº 176/98: 3676-3722.

DGRN, 1991: Rede de Qualidade da Água – RQA. Ano Hidrológico de 1988/89. Direcção Geral dos Recursos Naturais, Núcleo de Qualidade da Água, Lisboa.

DGRN, 1992: Rede de Qualidade da Água. Ano Hidrológico de 1989/90. Direcção Geral dos Recursos Naturais, Lisboa.

(9)

DRARN/Norte, 1995: Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1993/94 – Rede de Qualidade da Água – RQA. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Direcção de Serviços da Água, Porto.

DRARN/Norte, 1996 a): Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1994/95 – Rede de Qualidade da Água – RQA. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Gabinete de Coordenação e Apoio Técnico, Porto. DRARN/Norte, 1996 b): Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1994/95 - Programa de Monitorização de Qualidade das Águas Superficiais em Locais de Captação para Abastecimento Público - PMCS. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Gabinete de Coordenação e Apoio Técnico, Porto. DRARN/Norte, 1997 a): Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1995/96 – Rede de Qualidade da Água – RQA. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Gabinete de Coordenação e Apoio Técnico, Porto. DRARN/Norte, 1997 b): Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1995/96 - Programa de Monitorização de Qualidade das Águas Superficiais em Locais de Captação para Abastecimento Público - PMCS. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Gabinete de Coordenação e Apoio Técnico, Porto. DRARN/Norte, 1998 a): Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1996/97 – Rede de Qualidade da Água – RQA. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Gabinete de Coordenação e Apoio Técnico, Porto. DRARN/Norte, 1998 b): Anuário de Qualidade das Águas de Superfície na Região Norte. Ano Hidrológico de 1996/97 - Programa de Monitorização de Qualidade das Águas Superficiais em Locais de Captação para Abastecimento Público - PMCS. Direcção Regional do Ambiente e Recursos Naturais/Norte, Gabinete de Coordenação e Apoio Técnico, Porto. Golterman, H,L., 1971: Methods for chemical analysis of freshwaters. I.B.P. handbook, 8. Blackwell Scientific Publications, Oxford.

INAG, 1999: Dados de qualidade da água nas estações de monitorização na bacia hidrográfica do rio Minho, no ano hidrológico de 1997/98. Endereço consultado na internet: http://www.inag.pt/cgi-bin/snirh/

Strickland, J.D.H. & Parsons, T.R., 1972: A practical handbook of seawater analysis. Fis. Res. Bd. Can. Bull., 167.

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