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OUVINDO OS SUJEITOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA MICRORREGIÃO DE GUARABIRA: MODOS DE COMPREENSÃO 1

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OUVINDO OS SUJEITOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA

MICRORREGIÃO DE GUARABIRA: MODOS DE

COMPREENSÃO

1

Rita de Cássia da Rocha Cavalcante Universidade Estadual da Paraíba/Centro de Humanidades/Departamento de Educação –

ritaeducpb@gmail.com

RESUMO: Este trabalho trata da formação continuada de professores na Microrregião de Guarabira, enfocando os modos de entendimento dos participantes frente aos eventos formativos realizados nos dois últimos anos (2010-2012). Objetivou-se conhecer os modos de compreensão e de ação sobre formação continuada dos profissionais da escola pública, na Microrregião de Guarabira, partindo dos trabalhos realizados na Universidade Estadual da Paraíba – Centro de Humanidades – com os profissionais do Magistério que lidam com a educação básica, em municípios que fazem parte do seu entorno. A literatura consultada priorizou os trabalhos produzidos e divulgados no último século, através de diferentes meios. O alcance desse estudo é descritivo, e o enfoque metodológico é de cunho qualitativo. Inicialmente, foram ouvidas pessoas das comunidades para seleção das escolas públicas municipais. Além disso, aplicou-se a entrevista semiestruturada a secretários de educação, diretores de escolas, coordenadores, professores e estudantes (138 sujeitos), cujas respostas revelaram seu nível de conhecimento sobre a temática em investigação. Entre os achados de pesquisa mais importantes, constatou-se que a formação continuada, na microrregião de Guarabira, em maioria, recebeu recursos do Ministério da Educação do Brasil – MEC – e foi realizada, prioritariamente, através de projetos e ações de curta duração, envolvendo parte dos docentes e diretores de escolares. Neste sentido, o estudo revela que os docentes participam de processos diversos que nomeiam de formação continuada. A análise dos dados nos permite afirmar e concluir que a formação continuada, na ação e no entendimento docente, assume contornos e limites no contexto local.

Palavras-chave: Formação docente, Escola, Participação.

1 Este artigo traz fragmentos do trabalho de tese de doutorado intitulado “A formação continuada de professores na Microrregião de Guarabira: modos de compreensão e ação dos profissionais da escola pública”, que defendi na Universidad Autónoma de Asunción no ano 2013. A pesquisa teve como informantes secretários de educação, diretores de escola, professores e estudantes da educação básica.

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Introdução:

A formação continuada de professores é um fenômeno mundial adotado desde as últimas décadas do Século XX2 e investigado através de estudos de diferentes perspectivas3. Sua importância teórico-prática é um argumento usado por vários países para investirem na formação docente continuada e veicular a necessidade de instaurar processos formativos frente à realidade dos tempos atuais.

No Brasil, o crescimento das investigações sobre formação continuada vem revelando promissoras análises de ações, programas e projetos, oriundos de equipes técnicas. Nos últimos tempos, a escola passou a figurar, nos cenários das pesquisas, como lócus de formação e de autoformação docente em seus aspectos subjetivos, espaço e tempo de formação continuada. Por se tratar de um termo recente e de polissemia aflorada, a formação continuada é passível de distintas compreensões e permeada por ambiguidades em seu uso4.

Em meados do ano de 2001, após a contratação de docentes para o quadro de professores efetivos da Universidade Estadual da Paraíba, o número de projetos de pesquisa e extensão aumentou. Percebeu-se que os cursos despertavam o interesse da comunidade e, prontamente, esgotavam-se as vagas. Algumas vezes, era necessário expandir a quantidade prevista. Era o início da formação continuada em nível acadêmico, com a participação e a responsabilidade direta de docentes da universidade. Começou, então, um período diferente de propostas de intervenção na educação básica através da formação docente. No entanto, naquele momento, não se tinha a clareza da necessidade de se acompanharem os formandos, tampouco de conhecer o desenvolvimento dos egressos dos cursos, em seus locais de residência e de trabalho.

Passada mais de uma década do início desses eventos formativos, questiona-se: Como estaria a formação continuada de professores na Microrregião de Guarabira? O que vem ocorrendo com a formação continuada desses professores? Quais ações, programas, projetos, cursos e eventos vêm ocorrendo no âmbito dos municípios? Para responder a esses questionamentos, ouvimos os envolvidos com a formação continuada

2 Para se aprofundar mais no assunto, consultar FERREIRA (2001).

3 Interessantes discussões a esse respeito encontram-se nas obras de CARVALHO e LINHARES, 2002- 2005.

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dos profissionais da educação (Secretários da educação, diretores de escolas, professores e estudantes), nos municípios que compõem a Microrregião de Guarabira.

Neste trabalho, reafirmamos que nos dias atuais, é de vital importância investigar a formação continuada. E como é “escrita no nosso tempo, poderá por a seu serviço ou rentabilizar os valores de diversidade, flexibilidade, incerteza e criatividade de que a pós-modernidade se reclama e que as construções teóricas sobre a formação, aliás, contemplam.” (Estrela, 2003 p. 58).

Metodologia:

A pesquisa teve o objetivo de conhecer como os profissionais da escola pública da Microrregião de Guarabira compreendem a formação continuada e como desenvolvem ações em relação a ela. Para isso, foi empregada uma metodologia de cunho qualitativo, tipo descritivo e desenho não experimental. Para a coleta dos dados, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas a professores, diretores, secretários de Educação e estudantes da educação básica na Microrregião de Guarabira.

Com a pesquisa qualitativa, podem-se compreender detalhadamente os significados e as características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos (RICHARDSON, 1999). No enfoque qualitativo, “busca se obtener información de sujetos, comunidades, contextos, variables o situaciones em profundidad, em las palavras, definiciones o términos em su contexto” (SAMPIERI, 2006, p.06).

Neste sentido afirma Leite (2001 p.112) “desafio é conseguir ouvir, nos relatos dos praticantes, o que escapa ao olhar hegemônico, o que traduz o cheiro e o sabor da vida cotidiana e sentir o quanto o simbólico existe em toda representação, seja por imagens, por palavras escritas ou contadas”.

Além disso, a formação contínua é “uma realidade no panorama educacional brasileiro e mundial, não só como uma exigência que se faz devido aos avanços da ciência e da tecnologia que se processaram, nas últimas décadas, mas como uma nova categoria” (FERREIRA, 2003 p. 20).

A Microrregião de Guarabira está “localizada, em grande parte, na depressão sublitorânea e abrange áreas do Piemonte da Borborema (...). Caracteriza-se pela importância de uma policultura fortemente diversificada e pela pecuária melhorada de

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grande porte voltada para o corte” (MOREIRA, 1988 p.03). É composta pelos seguintes municípios: Alagoinha, Araçagi, Belém, Caiçara, Cuitegi, Duas Estradas, Guarabira, Lagoa de Dentro, Mulungu, Pilõezinhos, Pirpirituba e Serra da Raiz.

As escolas indicadas foram da rede ou sistema público municipal de ensino, responsáveis pela educação básica - primeira ou segunda fase. Situadas na área urbana das cidades, são as únicas em alguns municípios e construídas junto das Secretarias de Educação, como prédio anexo ou vizinho, de médio porte e, geralmente, apresentam os melhores índices de desenvolvimento da educação básica (Cf. Ministério de Educação do Brasil, IDEB, 2009).

QUADRO Nº 01: ESCOLAS CAMPO DE PESQUISA POR MUNICÍPIO - 2010

Escola Município

Escola Municipal Carlos Martins Beltrão Alagoinha

Escola Municipal Severino Flavino Cavalcante Belém EMEF Anita de Melo Barbosa de Lima Caiçara Escola Municipal Maria Eudésia de Carvalho

Escola Municipal Emílio Madruga

Escola Municipal Carolina de Farias Pimentel Cuitegi

Escola Maria Monteiro da França Duas Estradas EMEF Maria Dutra

Centro Educacional Raul de Freitas Mousinho Guarabira

Grupo Escolar Maria Eulália Cantalice Lagoa de Dentro EMEF Alfredo Chaves

Mulungu Centro Educacional Epaminondas Torres de Aquino Pirpirituba EMEF Deputado Humberto Lucena

Pilõezinhos EMEF PE Geraldo da Silva Pinto Serra da Raiz EMEF João Nepumuceno de Oliveira Fonte: Levantamento de campo, 2009-2010

A coleta de informações e de dados, através das fontes primárias, secundárias e terciárias identificadas na revisão da literatura, foi o primeiro procedimento de coleta. Após a construção do arcabouço teórico inicial, iniciou-se o trabalho de campo, com visitas aos municípios da Microrregião de Guarabira. Antes, porém, foi feito um breve contato com os gestores e colhidas informações básicas que comporiam um quadro da formação continuada de professores na microrregião de forma rápida, o que ajudou a delinear o arcabouço teórico da pesquisa e a formular uma tese. Tais procedimentos foram empregados para definir a formação continuada e abriram margens para considerações mais próximas da realidade. O registro das ações, dos gestos e das atitudes complementou as informações escritas oriundas dos questionários e permitiu

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que fosse emitido parecer sobre as atitudes em relação ao objeto de pesquisa. A comunicação, oral ou escrita, assim como a não verbal, gerou textos e, depois de traduzidas, compuseram os documentos (CHIZOTTI, 2008, p.114).

Resultados:

Perguntou-se aos informantes quais ações de formação continuada de professores foram realizadas pelas Secretarias de Educação do município e pela direção da escola, se haviam participado ou não delas ou de qualquer outra iniciativa nesse âmbito (cursos, eventos, programas e\ou projetos) e sobre os lugares e o tempo das ações. Essas questões foram respondidas quase unanimemente, num total de oito, dos nove secretários de Educação, cujas respostas estão resumidas na tabela abaixo:

TABELA Nº 01: PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA SEGUNDO SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO DA MICRORREGIÃO DE GUARABIRA - 2010

Município Ação empreendida Participação

Araçagi Ações direcionadas pelo MEC em parceria com o

município Curso de formação de gestores municipais Belém Implantação do Pró-formação; PCNs (concluídos);

Pró-letramento5 (em andamento); disponibilização de professores para fazerem o Curso de Mídias e preparação para realizar o Curso de Formação sobre Cultura Afro-brasileira

Encontros de Formação (noutros municípios e estados)

Duas Estradas Programas semipresenciais e encontros mensais

com os professores Curso para gestores pelo MEC; implantação de programas e do polo de ensino a distância; monitoramento do PAR (Educenso) e leituras Lagoa de Dentro Cursos de Gestar II6 e Pró-letramento; semanas

pedagógicas; oficinas em metodologias específicas; acompanhamento dos professores e inscrição na plataforma Paulo Freire

*

Mulungu Planejamento bimestral; inscrição na plataforma

Paulo Freire; reunião com a equipe, a escola e a Curso semipresencial (UFBA)de gestão 7 e 5 PRÓ-LETRAMENTO “é um programa de formação continuada de professores para melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura\escrita e matemática nos anos\séries iniciais do ensino fundamental”. O programa é realizado pelo Ministério da Educação do Brasil (MEC) por Universidades parceiras e com adesão dos estados e dos municípios. É destinado aos professores em exercício no ensino fundamental de escolas públicas. (Cf. Guia do Pró-letramento, 2010, p.01)

6 GESTAR II: “Esse programa visa à reorientação da prática escolar de forma a propiciar que os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental tenham acesso aos conhecimentos linguísticos e matemáticos necessários ao exercício da cidadania” (...) voltados para docentes de escolas públicas das redes estaduais, municipais e distrital de ensino. (Secretaria de Educação Básica, 2010, p.01)

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comunidade e participação da UNDIME pelo MEC; reuniões internas à secretaria; inscrição na plataforma Paulo Freire e comemorações festivas Pilõezinhos PCN, Pró-letramento, Curso de Informática e

planejamento Em 2007-2008, na própria escola. Pirpirituba Projetos – trabalham na sala de aula. Além da sala

de aula (a culminância é pública). Vamos à praça mostrar ao público (prevista). A comunidade prestigia. Trabalho na escola. Depois vamos inverter a participação no processo. Serra da Raiz Conclusão do Pró-letramento; encontros

pedagógicos, visitas às escolas e comemorações de festividades.

Seminário Educação Contextualizada e Conferências.

Fonte: Entrevista com os secretários da Educação dos municípios da microrregião de Guarabira Nota: * Alagoinha, Caiçara, Cuitegi e Guarabira não informaram.

Como se depreende das respostas, a maioria das ações foi oriunda do Ministério da Educação do Brasil – MEC - ou externa às escolas, com mais participação na realização de cursos ou na implantação de programas (Araçagi, Belém, Duas Estradas, Lagoa de Dentro, Pilõezinhos e Serra da Raiz), com início de polo de ensino a distância (Duas Estradas, Mulungu e Serra da Raiz), seguido de eventos fora das escolas (seminários e conferências, Serra da Raiz e encontros pedagógicos, Belém) e reuniões internas à Secretaria (Mulungu), embora alguns apontem para trabalhos ligados à escola, que vão do projeto e do planejamento até o acompanhamento dos docentes (Pirpirituba, Pilõezinhos, Lagoa de Dentro, Mulungu, Serra da Raiz e Duas Estradas).

TABELA Nº 02: PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA SEGUNDO DIRETORES DE ESCOLA DA MICRORREGIÃO DE GUARABIRA - 2010

Município Ação empreendida Participação

Alagoinha Elaboração e reuniões para o PDE Metade diz que participou de reciclagem (no município) e de planejamentos, no início e no meio do ano.

Araçagi Planejamento a cada bimestre, com palestrante e voltado para a necessidade institucional.

Não participou. Cuitegi Incentivar os professores a se qualificarem,

participar de capacitações, de eventos, programas e estar sempre atualizada com a realidade etc.

Afirma fora do município, mas não especifica (Guarabira e João Pessoa).

Lagoa de Dentro Na sala de aula, os professores realizaram

projetos 2009. Trabalhos em grupo Capacitação docente, na escola -2010 qualificada de gestores, objetivando ultrapassar dicotomias entre teoria e prática e cultivar o compromisso social das organizações. ” (Universidade Federal da Bahia, 2010, p.01)

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Mulungu Não houve esse ano (não saiu do papel). A maior das ações é fazer com que o professor reavalie sua metodologia e amplie seus conhecimentos.

Curso de Gestão (Campina Grande, 2009)

Pilõezinhos Pró-letramento, leitura e produção de textos, PCN, Pilõezinhos, pluralidade cultural, língua brasileira de sinais, inclusão social (João Pessoa), motivação.

Participou da formação na escola e em outros municípios (Campina Grande e João Pessoa).

Pirpirituba Um treinamento para os professores dessa unidade executora junto com outros professores.

Afirma fora do município, mas não especifica (Sertãozinho, 2009). Serra da Raiz A direção da escola organizou um horário

flexível para que os professores pudessem participar da formação continuada.

Afirma que participou, mas não especifica.

Fonte: Entrevista com os secretários da Educação dos municípios da microrregião de Guarabira Nota: * Alagoinha, Caiçara, Cuitegi e Guarabira não informaram.

Quando interrogados sobre a participação nas ações de formação continuada, a metade dos diretores afirmou que incentivou a participação externa (Cuitegi, Serra da Raiz, Alagoinha, Pilõezinhos) e a reavaliação metodológica (Mulungu, Pilõezinhos) sem especificar. Há registro de planejamento bimestral (Araçagi), de treinamento (Pirpirituba) e de projetos internos à escola e à sala de aula (Cuitegi, Lagoa de Dentro, Pilõezinhos). A maioria participou de cursos de capacitação ou de outros eventos (Cuitegi, Lagoa de Dentro, Mulungu, Pirpirituba, Pilõezinhos, Serra da Raiz, Alagoinha, Araçagi), a metade não registrou a forma de participação, e um terço não citou ação e\ou participação (Alagoinha, Caiçara, Cuitegi e Guarabira).

TABELA Nº 03: PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA SEGUNDO PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA MICRORREGIÃO DE

GUARABIRA - 2010

Município Participação

Alagoinha A maioria afirma ter participado dos eventos de formação continuada; metade dos promovidos anualmente pela SME, e os demais participaram de capacitações em outros lugares (João Pessoa, Escola Municipal) no período de 2010.

Araçagi Participou e participa de cursos (mídias na educação)8.

Belém A maioria afirmou ter participado de cursos e eventos em 2007-2008 (Especialização, Gestar II Pró-letramento e alguns projetos).

Caiçara A maioria diz ter participado dos cursos: Linux (intermediário), E-Pro-info9, 8 Mídias na Educação: “É um programa de educação a distância, com estrutura modular, que visa proporcionar formação continuada para uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da comunicação – TV e vídeo, informática, rádio e impresso. O público-alvo prioritário são os professores da educação básica.”(Ministério da Educação, 2010, p.01)AA

9 ProInfo: É um programa educacional criado pelo MEC, em 1997, “para promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio.”(Secretaria de Educação a Distância, 2010, p.01)

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mídias a distância (básico).

Cuitegi Participou de cursos (PCN, Gestor, Pró-letramento) e de outros eventos direcionados à área da Educação.

Duas Estradas Planejamento bimestral, cursos e inscrição na Plataforma Paulo Freire

Guarabira Seminários, curso de capacitação em leitura escrita de curta duração, no município e em João Pessoa

Lagoa de Dentro Cursos em parceria com o MEC, além de encontros pedagógicos

Mulungu Cursos e projetos que extrapolam o município, presenciais ou a distância, realizados na atual década.

Pilõezinhos Participaram de ações de formação continuada. Em maior número, em projeto interno à escola, outros em programas nacionais de formação docente, e os demais, em projeto externo à cidade.

Pirpirituba Cursos de capacitação para o ensino fundamental (Pró-letramento e Educação Especial) e eventos que tratam da educação e do teleposto na Secretaria de Educação do Município.

Serra da Raiz Curso Pro-letramento, 2009, em Serra da Raiz, Oficina em Campina Grande e em outros municípios pela UEPB.

Fonte: Entrevista com os professores da educação básica dos municípios da microrregião de Guarabira Os professores afirmaram ter participado de cursos. A metade deles referiu que participou de outros eventos na área da Educação (Belém, Cuitegi, Pirpirituba, Lagoa de Dentro, Alagoinha e Pilõezinhos) e de projetos pedagógicos e\ou oficinas internas à escola (Mulungu, Lagoa de Dentro, Serra da Raiz e Pilõezinhos). Além dos que são ofertados pelas Secretarias de Educação e pela direção das escolas, esses profissionais buscam outros espaços para a formação continuada (Alagoinha, Pilõezinhos, Serra da Raiz e Mulungu), como mostram estes seus discursos:

“Já, no ano de 2008, no Curso de Especialização na UFPB/Campus III/CCHSA”. (Professor 01)

“Sim, eu procuro estar sempre atualizado com a realidade educacional, participando de cursos, programas, e eventos direcionados a área de educação.” (Professor 02)

“Sim, em outros municípios e na UEPB.” (Professor 03)

“Sim ‘Projeto de Leitura’, direcionado pela Cooperativa Educar Novo Horizonte” [Grifos do professor] (Professor 04).

Os estudantes emitiram respostas para os formulários em menor número, devido a uma série de fatores, a saber: a opinião dos gestores sobre o desconhecimento da formação continuada independente do nível de ensino, o que dificultou a entrega do material de coleta de dados em alguns casos, e o nível de leitura e de escrita

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insuficiente, visto que havia escolas que trabalhavam com a educação infantil, com o ensino fundamental primeira fase ou programa de aceleração da aprendizagem, além do calendário letivo, visto que a realização de algumas atividades e os horários impediram o levantamento com os discentes (avaliações, atividades externas à sala de aula e entrega dos prédios escolares para o pleito eleitoral).

TABELA Nº 04: PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO CONTINUADA SEGUNDO OS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA MICRORREGIÃO DE GUARABIRA

- 2010

Município Participação

Belém Um registro de participação na própria escola, no ano de 2009. Guarabira Duas pessoas se lembraram de uma palestra e de um encontro sobre o novo

acordo ortográfico.

Mulungu Um diz acreditar que não houve, e três apontam como normal a educação do professor para ensinar e as festividades na escola.

Pilõezinhos A realização de cursos, reuniões e eventos na escola (planejamento), o concurso público e a retirada dos professores leigos da sala de aula.

Fonte: Entrevista com os estudantes da educação básica dos municípios da Microrregião de Guarabira. Nota: Alagoinha, Araçagi, Caiçara, Cuitegi, Duas Estradas, Guarabira, Pirpirituba, Serra da Raiz não informaram.

O conhecimento estudantil acerca da formação continuada dos professores é variado. Há considerável nível de informação sobre o que se passa na escola. A maioria ocorre devido à realização de eventos dos quais os estudantes participam (palestra, encontro, reuniões e planejamento, nas cidades de Guarabira, Mulungu, Pilõezinhos, Belém), mas também se percebe que eles sabem de outros fatores que interferem na formação continuada, como os concursos públicos e a retirada dos leigos da sala de aula (Pilõezinhos).

Discussões:

Os resultados da pesquisa apontam para a construção de um mapa da formação continuada de professores, na Microrregião de Guarabira, com os seguintes contornos e limites:

Predominam as ações colocadas por programas nacionais de formação continuada, promovidos em parceria com o MEC. As Secretarias de Educação municipais aderem à proposta e programam cursos com as universidades. Esses eventos incentivam a participação, valorizam a participação externa à escola e reconhecem o

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horário de trabalho (Cf. Planos de cargos, carreira e remuneração salarial de profissionais do Magistério ou docentes, nos municípios de Belém, Alagoinha, Caiçara, Lagoa de Dentro, Serra da Raiz, Guarabira, Duas Estradas, nas falas de diretores e professores - a flexibilização e o desconto de horas-aulas semanais, nas cidades de Caiçara, Duas Estradas, Serra da Raiz), contando com recursos financeiros ou suporte econômico.

Isto nos faz questionar se o modelo de formação continuada externo a escola e por vezes identificado na literatura como ação conservadora, esporádica e acrítica, apresenta na Microrregião uma nova roupagem? Além disso, cabe perguntar se o reconhecimento desses processos formativos via melhoria de remuneração dos profissionais da educação e inclusão enquanto tempo de trabalho, aspectos destacados pelo movimento nacional de educadores, como indispensáveis a formação crítica e reflexiva, abre caminho para este tipo de formação na microrregião?

Além disso, um segundo elemento identificado entre os achados da pesquisa, revela que: em menor número, mas não menos importante, há registros de eventos internos às escolas, entendidos como formação continuada pelos envolvidos com a educação básica que, às vezes, funcionam como extensão dos primeiros, devido ao desejo de professores de compartilharem o conhecimento e\ou a aprendizagem, numa perspectiva de melhorar a escola, através do trabalho pedagógico realizado em sala de aula. Alguns desses eventos, quando projetos ou trabalhos oriundos de escola que contam com autonomia financeira, tornam-se viáveis e acontecem.

Isto nos faz trazer a discussão dois aspectos: o primeiro relativo a formação a partir de projetos externos (marca mais forte no espaço pesquisado) que valorizados pelo coletivo através da autonomia didático pedagógica e financeira são postos para os profissionais da educação e o segundo que é resultado ou consequência dessa ação que é o trabalho pedagógico e educativo que passa a figurar no interior da escola. Poderíamos pensar que, o investimento na formação continuada na Microrregião de Guarabira incide na melhoria dos docentes. Contudo, convém marcar que esta formação está limitada aos que tem acesso e condições de participação nos eventos, projetos e programas.

A força desses processos formativos provavelmente interfere na mentalidade dos professores, isto porque, os docentes, além das ofertas já citadas, buscam outros espaços formativos que extrapolam os limites da microrregião, talvez em menor grau de ocorrência, mas que revelam a valorização da formação continuada atribuída pelo docente para o desenvolvimento pessoal e profissional. A autonomia, mesmo que

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relativa, expressa a liberdade de conquistar outros níveis de conhecimento, subjetivo ou não.

Essas formas parecem se complementar ou não se excluem entre si, embora

ainda não consigamos afirmar que o professor participa

simultaneamente\sucessivamente ou isoladamente das várias oportunidades formativas.

Conclusão:

Permeada por distintos modos de compreensão a formação continuada figura nas falas dos sujeitos da pesquisa. A maioria das respostas emitidas pelos envolvidos com a formação continuada de professores apresentou proximidades em termos, palavras, conceitos e práticas veiculadas pela literatura produzida, nas últimas décadas do Século XX, no Brasil, e investigada por Nunes (2000).

A constatação da predominância de processos formativos advindos do MEC é uma das marcas mais presente no espaço investigado, embora esta seja visualizada junto a ações internas da escola, como decorrência das primeiras ações e medidas majoritárias ou por atitude de alguns docentes. O contexto revela que, a formação continuada divulgada, apoiada e promovida através de distintas ações e medidas é limitada aqueles que tem acesso aos eventos, projetos e programas.

Percebeu-se a diversidade de explicações e de conceitos referidos pelos sujeitos da pesquisa frente à leitura das fontes e ao trabalho nas Secretarias de Educação e nas escolas, indicando discursos e propostas de formação continuada de professores. Também se constatou que as colocações de Carvalho e de Simões (2002-2005) poderiam ser consideradas no entendimento da realidade expressa pelos informantes.

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Referências

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