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REESTRUTURAÇÃO URBANA DAS ATIVIDADES DE COMÉRCIO E SERVIÇOS EM UBERLÂNDIA MG

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CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

DIRETORIA DE PESQUISA COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

2008 – UFU 30 anos

REESTRUTURAÇÃO URBANA DAS ATIVIDADES DE COMÉRCIO E

SERVIÇOS EM UBERLÂNDIA – MG

Lidiane Aparecida Alves1

Universidade Federal de Uberlândia, Campus Santa Mônica, Bloco 1H lidianeaa@yahoo.com.br

Vitor Ribeiro Filho2

vitor.f@terra.com.br

RESUMO

A partir da década de 1990, ocorreu uma expansão do consumo, sendo este processo um dos corolários da globalização. Esse fenômeno ensejou a (re) estruturação das atividades de comércio e serviços, cujo processo sócio espacial é de extrema importância para a compreensão dos processos de descentralização das atividades de comércio e serviços no espaço urbano, e consequentemente pelo surgimento das novas centralidades – subcentros, eixos comerciais, áreas especializadas, shopping centers, e de outros estabelecimentos comerciais importantes no contexto da cidade, tais como: hipermercados, redes de supermercados, assim como o comércio informal -, as quais são responsáveis por transformações na estrutura da cidade e, por conseguinte por (re) definições das funções da área central. Diante da relevância dessa temática, esse estudo tem por objetivo identificar e mapear as estruturas comerciais no âmbito do espaço urbano de Uberlândia-MG; bem como compreender a dinâmica das atividades de comércio e serviços nas últimas décadas na cidade, contribuindo para os estudos referentes à organização interna do espaço urbano e de forma especifica àqueles inerentes ao processo de descentralização das atividades de comércio e serviços. Dessa maneira, como resultado da presente pesquisa, tem-se o levantamento e análise das espacialidades e particularidades das atividades terciárias desenvolvidas na cidade de Uberlândia, sendo que a presença e a localização dessas atividades estão diretamente relacionadas com o crescimento urbano propiciado pelo intenso desenvolvimento social e econômico dessa cidade.

PALAVRAS CHAVE: Uberlândia, Espaço Urbano, Descentralização, Novas Centralidades. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa visa compreender a organização espacial das atividades de comércio e serviços e a expansão das novas centralidades na cidade de Uberlândia-MG, cuja cidade localiza-se na microrregião do Triângulo Mineiro – antigo Sertão da Farinha Podre, e abrange uma área de 4.115,09 Km², dos quais 219 Km² correspondem à área urbana, mapa 1. Sua elevação à categoria de município ocorreu em 31 de agosto de 1888, a partir do antigo Arraial de São Pedro do Uberabinha.

Ao analisar as transformações do espaço urbano de Uberlândia-MG, deve-se considerar os processos de modernização das atividades agropecuárias, industrialização e a potencialidade da cidade para as atividades de comércio e serviços. Uma vez que, esses processos constituem como grandes responsáveis pelo crescimento da urbanização, pois, de um lado, na medida em que o êxodo

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Acadêmica do curso de Geografia 2

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rural se desdobra em decorrência da modernização no campo; de outro lado, as indústrias, bem como as atividades de comercialização, se instalam na área urbana – ou próximo desta – atraindo, conseqüentemente, grandes contingentes populacionais pela possibilidade de se conseguir empregos nestes setores. Gerando assim, modificações em múltiplos aspectos na dinâmica urbana, como no trânsito, transporte, moradia, educação, saúde e no surgimento de novas centralidades.

MAPA 1 – Uberlândia-MG - Localização do Município e da Área Urbana

Em conseqüência de sua posição geográfica estratégica – localizada entre rotas comerciais-, da presença de potencialidades naturais –tais como hidrografia, relevo e solos-, e de uma forte base infra-estrutural instalada, a cidade de Uberlândia apresenta uma dinâmica história de desenvolvimento econômico e social, que reflete em sua estrutura urbana, por meio do surgimento de novas centralidades, como os shopping centers, os subcentros, eixos e áreas comerciais.

Ao considerar o incremento populacional, verifica-se que em Uberlândia este é crescente. No ano de 1970 o contingente populacional da cidade era de aproximadamente 125.000 habitantes, e trinta anos após já somavam aproximadamente 500.000 habitantes, portanto, com um crescimento demográfico de cerca de 301,3 %. Dentre as cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Uberlândia se destaca como aquela que apresentou maior crescimento populacional concentrando segundo FIBGE (2001), 6,8% da população da região, com um grau de urbanização que chega a 97,6%.

A partir do “pós guerra”, nota-se principalmente nas metrópoles uma (re) estruturação do espaço urbano, com surgimento de novas centralidades, como os subcentros, eixos comerciais, áreas especializadas e shopping centers, cuja (re) estruturação foi possibilitada por dois vieses, o crescimento urbano e a difusão do automóvel. Contudo, cabe ressaltar que as transformações no âmbito do espaço urbano das cidades médias começaram a partir das décadas de 1960/1970, pois foi neste período que o Estado passou a oferecer maiores estímulos à urbanização dessas cidades, e assim, elas ganharam maior dinâmica tanto em âmbito intra como inter-urbano.

Na década de 1970 a presença da base infra-estrutural, já consolidada, possibilitou à Uberlândia a atração de bens, investimentos, movimentos migratórios, bem como à expansão das atividades de comércio e serviços. Posteriormente, a partir da década de 1980 e 1990 quando se dá a intensificação do processo de globalização, são observáveis intensas mudanças na divisão territorial e social do trabalho, incrementando dessa forma o dinamismo da cidade.

A emergência do processo de descentralização pode ser explicada pelo processo de acumulação de capitais em cunho, sobre isso Smith (1988) afirma que, o capital move sempre para alcançar os maiores lucros, assim as condições oferecidas nas áreas não centrais são mais atrativas que as das áreas centrais. Com uma mesma perspectiva Corrêa (1979) afirma que, devido às empresas comerciais buscarem melhores localizações junto ao mercado consumidor, o processo de descentralização oferece condições propicias para a reprodução de capitais.

A execução deste estudo justifica-se uma vez que, ao investigar o processo de reestruturação urbana da estrutura comercial da cidade - pela descentralização das atividades varejistas e pela instalação de novos complexos comerciais nesta cidade -, busca-se paralelamente compreender as intensas transformações ocorridas nas últimas décadas, reflexos das relações sócio-espaciais estabelecidas. Em Uberlândia o processo de descentralização ganha destaque com o surgimento dos

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subcentros e eixos comerciais na década de 1980 e com a implantação do Center Shopping no início dos anos 1990. E recentemente, com os centros comerciais populares (in) formais, os quais apresentam uma grande importância para o consumidor de baixa renda. Como conseqüência dessa reestruturação, verifica-se, a atração de estabelecimentos comerciais do centro para outras áreas da cidade, além de uma articulação das novas centralidades com a área central, via inauguração de filiais daqueles empreendimentos localizados na área central nos subcentros.

A fim de se concretizar a realização do presente estudo, fez-se necessário a realização de pesquisas bibliográficas e documentais em livros, artigos científicos, monografias, teses e dissertações, para obter embasamento teórico acerca da temática, bem como a definição dos instrumentos de levantamento de dados, roteiros para visita in loco das estruturas comerciais para a coleta de informações e elaboração de material fotográfico.

RESULTADOS Os Shopping Centers

A combinação de elementos inerentes ao processo de globalização, tais como a cultura do consumismo, a difusão do uso do automóvel, a inserção da mulher no mercado de trabalho, bem como a possibilidade de localização em áreas amplas, de fácil acesso e que permitam maior mobilidade de pessoas e mercadorias, foi de significativa importância para a propagação dos shopping centers no Brasil. Os shopping centers buscam localizarem-se em regiões com maior densidade populacional e concentração de renda. Tal localização é motivada, pelo fato de tais empreendimentos, cada vez mais estarem a serviço da reprodução do capital, e, portanto precisarem de áreas dinâmicas a fim de garantir a obtenção de maiores lucros.

A possibilidade de ter acesso, realizar compras e tratar de negócios em um ambiente protegido e agradável, bem como, encontrar varias atividades e mercadorias de qualidade em um mesmo espaço, fez com que na década de 1980 ocorresse o incremento no número dos shopping centers, mesmo com a redução do poder de compra dos consumidores.

Neste contexto, em 1987 foi inaugurado o Ubershopping, primeiro shopping center de Uberlândia, localizado no setor Sul da cidade. Contudo, tal empreendimento não prosperou, passando a funcionar neste local uma Instituição de Ensino Superior. Posteriormente em 1992 foi inaugurado o Center Shopping, conforme indica o mapa 2.

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A instalação do Center Shopping constitui em um marco importante no desenvolvimento das atividades de comércio e serviços em Uberlândia, uma vez que devido aos seus equipamentos, o mesmo possui destaque regional, sendo responsável por deslocamentos de pessoas de toda a região para esta cidade para a realização de compras neste empreendimento comercial.

Outro shopping que merece destaque na cidade de Uberlândia é o Pratic Center, o qual está instalado junto ao terminal de integração do transporte urbano, na zona periférica do centro, entre as Avenidas Afonso Pena, João Pinheiro e João Pessoa. O Pratic Center foi construído em 1997 pela construtora Andrade Gutierrez e o Grupo Algar, é administrado pela Cia de Adm. de Terminais e Centros Comerciais- COMTEC.

Em relação à infra-estrutura, o Pratic Center Terminal Central possui três pisos, sendo o andar térreo destinado as plataformas do transporte urbano, o segundo ao Pratic Center e o andar superior ao estacionamento. Neste shopping estão presentes 68 lojas, dentre elas pode-se destacar a Rede Eletrosom, a Baeta, a Casa das Balas, O Boticário, a Drogalider, e Telne, que podem ser consideradas lojas âncoras. No entanto, é importante destacar que, apesar da presença de algumas lojas em comum, o Center Shopping e o Pratic Center atendem a públicos distintos, sendo que o primeiro visa atender, principalmente, às classes sociais com maior poder aquisitivo, e o segundo atende, fundamentalmente, as classes baixas, cujas pessoas utilizam o transporte urbano. Portanto, dadas suas principais características, o Pratic Center pode ser considerado como um “Shopping Popular”.

Os Hipermercados

A fim de atender as necessidades dos consumidores, que buscam uma maior diversidade de produtos a ser oferecidos e preços baixos, surgiu desenvolvido pelos franceses o conceito de hipermercado, a partir da criação da rede Carrefour nos anos 1960.

Em decorrência do desenvolvimento alcançado por Uberlândia, considerada uma Cidade Média e um pólo regional, esta foi a primeira cidade do interior mineiro a possuir um hipermercado. No ano de 1992 foi inaugurado em Uberlândia, junto às instalações do Center Shopping, o hipermercado da rede Carrefour conforme representado no mapa 2.

Dessa forma, com a instalação do Center Shopping e do Carrefour, foi impulsionada uma nova dinâmica na área no entorno desses empreendimentos, no setor Leste da cidade com destaque para os bairros Tibery e Santa Mônica.

Desde a instalação do Carrefour até o ano de 2007, Uberlândia contava com um único hipermercado, embora muitos afirmassem que a cidade já apresentava um contingente de consumidores suficiente para instalação de mais estabelecimentos desse porte. Neste contexto, em maio de 2007 inaugurou-se no Bairro Tabajaras – no eixo comercial da Avenida Rondon Pacheco - o segundo hipermercado da cidade, da rede Extra, do grupo paulista Pão de Açúcar.

Os hipermercados, assim como os supermercados buscam adaptar suas características e produtos oferecidos à demanda de seus consumidores. Dessa forma, é possível observar que apesar de concorrentes, os hipermercados Carrefour e Extra possuem diferentes consumidores. Por estar localizado no setor Sul da cidade destinado às camadas econômicas mais abastadas, os produtos e serviços oferecidos pelo hipermercado Extra, basicamente, para satisfazer a demanda dos consumidores de alta renda.

Os Subcentros Tradicionais

Diferentemente ao estabelecido pelo Plano Diretor da cidade de Uberlândia, em seu capitulo V, seção I, artigo 20, que trata do uso e ocupação do solo no espaço urbano, e para tanto considera como subcentros os seguintes bairros: Luizote de Freitas, Tibery, Planalto, São Jorge, Santa Mônica, Santa Luzia, Tubalina e Presidente Roosevelt, foram identificados por meio de trabalhos de

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campo realizados, os seguintes subcentros tradicionais, a saber: Luizote de Freitas/Jardim Patrícia, Santa Mônica, Planalto, São Jorge/Granada e Presidente Roosevelt, conforme o mapa 3.

Certamente, a ocorrência dessa contradição nas informações deve se ao fato de que, para a elaboração do plano diretor não foram seguidos critérios com embasamento cientifico, assim como foi considerada a literatura geográfica que trata da temática para o levantamento de campo dos subcentros tradicionais, os quais segundo Villaça (2001), “são aglomerações diversificadas e equilibradas de comércio e serviços, estes dispõem de uma diversidade de serviços que complementam as atividades da área central, assim sendo, o subcentro caracteriza-se por ser uma replica em menor tamanho do centro”.

Neste sentido, o subcentro tradicional deve apresentar determinadas atividades de comércio que o caracteriza como tal, como por exemplo: lojas de departamento, filiais de lojas do centro, profissionais liberais, restaurantes dentre outras, e não simplesmente a presença de mercearias, bares, padarias e/ou outras pequenas atividades comerciais de pequeno porte - os chamados comércios de bairro -, que embora presentes nos centros funcionais, não os caracterizam.

Dentre os subcentros identificados, dois deles estão localizados no setor Oeste da cidade, o do bairro Luizote de Freitas/Jardim Patrícia e o do bairro Planalto. O primeiro destaca-se como o mais importante subcentro da cidade, uma vez o mesmo atende a uma quantidade significativa da população, assim pode-se inferir que ele possui alcance regional, pois atende não somente a população do bairro, assim como a região deste setor da cidade, como os bairros: Dona Zulmira, Jardim Europa, Mansour e Tubalina. Dessa forma, podemos dizer que o subcentro do Luizote de Freitas/Jardim Patrícia é completo e diverso, capaz de atender a maioria das necessidades da população. O segundo, por sua vez, apresenta menor pujança em relação ao primeiro e, conseqüentemente a área de alcance é mais restrita; ele atende, basicamente, à população do bairro Planalto, podendo exercer pequena influência à população do bairro Jaraguá.

No setor Norte da cidade, localiza-se o subcentro do bairro Presidente Roosevelt, o qual atende, fundamentalmente, a população dos bairros Jardim América, Jardim Brasília, Liberdade, Pacaembu e Santa Rosa. Apresentando assim, significativa importância ao atendimento da população residente neste setor da cidade.

No setor Leste de Uberlândia, encontra-se o subcentro do bairro Santa Mônica, o qual atende a população dos bairros Carajás, Pampulha, Santa Luzia, e Segismundo Parreira. Este subcentro consolida-se com a ampliação da Universidade Federal de Uberlândia no Campus Santa Mônica, com as inaugurações do Center Shopping em 1992 e do Centro Administrativo e da Câmara Municipal em 1993. Finalmente no setor Sul da cidade, encontra-se o subcentro que se estende ao longo dos bairros Granada e São Jorge. Não há como separar o subcentro em função dos limites dos bairros, devido à continuidade de suas atividades de comércio e serviços, assim como, a relação intrínseca dos fluxos da população aos estabelecimentos comerciais daquela área. Neste sentido o subcentro atende, além dos bairros em que está inserido, o Laranjeiras, o Buritis e o Santa Luzia.

Os Eixos Comerciais Especializados

Conforme explanado por Villaça (2001:303), ao contrário dos subcentros tradicionais que, “seu maior poder estruturador decorre do fato de eles apresentarem uma variedade equilibrada de comercio e serviço”, os eixos comerciais especializados apresentam um frágil poder estruturador devido ao reduzido número de viagens que o cliente realiza para atender a sua necessidade.

Neste sentido, ao considerar as principais características atribuídas aos eixos comerciais por estudiosos do tema e de acordo com a Secretária de Planejamento Urbano e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Uberlândia, destacam-se como os principais eixos comerciais da cidade: as principais ruas e avenidas dos subcentros e da área central, e também os eixos comerciais, já consolidados no âmbito do espaço urbano, tais como as Avenidas Governador Rondon Pacheco, João Naves de Àvila, Getúlio Vargas e parte da Avenida Nicomedes Alves dos Santos, conforme demonstrado no mapa abaixo.

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Cabe ressaltar que, cada um destes eixos comerciais apresenta particularidades e peculiaridades em relação as suas atividades de comércio e serviços. A Avenida Rondon Pacheco caracteriza-se como uma das avenidas de maior fluxo da cidade, uma vez que, por meio dela tem-se acesso a vários bairros em diferentes setores da cidade. Nota-se que, esta avenida, pode ser divida em três setores, sendo que no primeiro – da Rua Bernardo Sayad até o cruzamento com a Av. João Naves de Ávila - predominam os hotéis, locadoras e concessionárias de automóveis, no segundo setor – do cruzamento com a Av. João Naves de Ávila até a Nicomedes Alves do Santos – estão concentrados grande parte dos bares, boates, restaurantes e sorveterias da cidade, e posteriormente – após a Nicomedes Alves dos Santos até o Praia Clube - tem-se a presença de supermercados, hipermercado, hospitais e lojas de artigos para decoração.

Outro eixo comercial relevante na cidade de Uberlândia é a Avenida João Naves de Ávila, sendo que esta liga a área Central da cidade à BR 050, e possui o corredor estrutural de transporte urbano desde o ano de 2007. Portanto, esta avenida constitui-se numa importante via da cidade. A Av. João Naves de Ávila pode ser dividade em dois setores: do Terminal Central até o cruzamento com a Avenida Rondon Pacheco – apresenta-se uma diversidade em suas atividades de comércio e serviços, destacando-se o predomínio de hotéis, restaurantes e imobiliárias, e após a Avenida Rondon Pacheco até a BR 050, onde predominam as atividades ligadas ao automóvel (conscessionárias, revenda, autopeças etc) e material de construção.

A Avenida Getúlio Vargas liga a zona periférica do centro aos bairros do setor Oeste da cidade. No Inicio deste eixo comercial – da rua Quintino Bocaiúva até seu cruzamento com a Avenida Marcos de Freitas Costa - predominam as atividades médico-hospitares, sendo assim, encontram-se nesse segmento do eixo comercial os principais hospitais particulares da cidade, clínicas especializadas, laboratórios e farmácias, e o mercado municipal. No trecho entre a Avenida Marcos de Freitas Costa e a Avenida Olimpio de Freitas, encontra-se maior diversidade de atividades, das quais cabe destacar a presença dos supermercados – Bretas e D’Ville -, além de lojas de departamento, de artigos para decoração,e de material para construção

Os Centros Comerciais Informais (Camelódromos)

A mesma globalização que por meio dos avanços técnicos - científicos alcançados beneficia a difusão dos empreendimentos do setor formal da economia, também é responsável pela

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proliferação de atividades do setor informal da economia. Isso ocorre porque, conforme afirma Santos (2003), a globalização é perversa e, na perversidade desse processo nota-se que, as classes menos favorecidas economicamente são as mais afetadas, pois não possuem a qualificação necessária para a inserção no mercado de trabalho formal e se vêem forçadas a encontrarem alternativas para a sobrevivência. Assim, nas cidades de médio a grande porte, a ocupação de espaços públicos, na área central, em praças e próximos aos terminais de transporte urbano para a venda de mercadorias é a alternativa encontrada por muitas dessas pessoas.

A presença desses trabalhadores na área central é responsável por alterar a paisagem urbana, pois aumenta significamente a circulação de pessoas de baixa renda em busca de mercadorias a preços baixos. A fim de assegurar a boa aparência da paisagem do centro da cidade, garantir a segurança e a aceitação dos trabalhadores informais pela formalidade, enfim alcançar uma organização espacial para os comerciantes informais foram criados pela iniciativa pública e privada os chamados Camelódromos e os shopping populares, camelódromos organizados. A criação dos Camelódromos justifica-se também, pela garantia da permanecia da atividade e da reprodução dos lucros pelos comerciantes, uma vez que, apesar de estar inserida no “circuito inferior” da economia, a atividade informal usufrui da economia de aglomeração para a reprodução do capital, assim como possui uma dependência do “circuito superior”.

Os camelódromos foram inaugurados a partir da segunda metade dos anos de 1990 e início da década de 2000, período em que a crise econômica é acentuada e o poder de compra da população é reduzido. Estes camelódromos ocupam espaços de dimensões variadas, podendo comportar até mais de 100 boxes e localizam-se na área central, mapa 4, sobretudo próximo ao terminal central de transporte urbano, esta localização é estratégica e beneficia tanto as pessoas que utilizam desse transporte e buscam por produtos de preços baixos, quanto aos comerciantes que alcançam com maior facilidade os consumidores.

Quanto aos camelódromos municipais, o Camelódromo Municipal, localizado na zona periférica do centro da cidade foi o primeiro a ser inaugurado em Uberlândia em 1997. E o Camelódromos Municipal, localizado próximo ao terminal central junto a Avenida João Naves de Ávila, é o mais recente inaugurado em 2006. Já em relação aos camelódromos de administração privada, o mais antigo é o Camelódromo Central, instalado no ano de 1997 na antiga Casa das Linhas, na Avenida Afonso Pena próximo a Praça do fórum, e o mais recente é o Praça Shopping

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localizado na rua Duque de Caxias próximo a Praça Tubal Vilela ambos no núcleo central de negócios.

Outros Centros Comerciais de Uberlândia

Tendo em vista a potencialidade de Uberlândia, para as atividades de comércio, serviços, e escritórios de grandes empresas, destacam-se no âmbito da estrutura comercial da cidade os condomínios comerciais e centros de comércio e serviços – os quais possuem relevância no contexto da estrutura comercial da cidade, mas apresentam características distintas dos shopping centers. Os centros comerciais que merecem destaque são os seguintes, a saber: o Centro de Desenvolvimento de Negócios (CDN), o Griff Shopp, o Minas Center, o Floriano Center, a Galeria Central e Espaço Vilela Ribeiro, Edifício Executivo Chams, Uberlândia 2000, o Metropolitan e o Rondon Empresarial.

Inicialmente construído para ser um centro de comercialização de artigos e serviços destinados à construção civil, decoração e arquitetura, o CDN era denominado shopping C&D (Casa e Decoração), porém em decorrência da distância da área central e aos preços altos dos produtos comercializados, esse centro comercial não prosperou e, veio a ser transformado em CDN Business Center, o qual caracteriza-se por ser um condomínio horizontal destinado à empresas de diversas áreas, como engenharia, jurídica, informática, telecomunicações, profissionais liberais, cooperativas entre outros. A viabilidade do CDN está relacionada à possibilidade dos empreendedores encontrarem naquele espaço salas amplas, longe da agitação da área central, e ao mesmo tempo, estarem próximos a importantes equipamentos urbanos, como por exemplo, o Hospital Maternidade Madrecor, o eixo comercial da Avenida João Naves de Ávila e a UAI - Unidade de Atendimento Integrado - Pampulha.

O Griff Shop foi inaugurado no ano de 1993, e está localizado na Avenida Rondon Pacheco – eixo comercial em consolidação -, o mesmo constitui-se num centro de compras de pequenos atacadista da moda regional, sendo, portanto, um centro comercial especializado em confecções e acessórios. Cabe destacar ainda que, o Griff Shop vem passando por um processo de reforma de sua estrutura comercial para atender melhor os consumidores que buscam realizar suas compras naquele local.

Localizados na área central, tem-se também, o Condomínio do Centro Comercial - Minas Center - a Galeria Central, o Floriano Center, o Espaço Vilela Ribeiro, os edifícios Executivo e Chams, o Uberlândia 2000, o Metropolitan, e o Rondon Empresarial ambos com espaços destinados a lojas e a escritórios. Sendo que, predominam no Minas Center e na Galeria Central as lojas, e nos demais centros comerciais os escritórios.

Cabe ressaltar que antes da inauguração do Center shopping a Galeria Central, apresentou certa pujança em relação às atividades de comércio e serviços, contudo, hoje encontra-se em decadência, visto que, muitos de seus espaços estão fechados e não apresentam certa conservação colocando em risco a permanência de algumas atividades centrais nesta área comercial. .

Os Principais Supermercados em Rede na Cidade de Uberlândia

A implantação da modalidade de auto-serviços no Brasil é relativamente recente, apartir da década de 1950, e em Uberlândia apartir da década de 1960. Essa modalidade de atividade comercial obteve grande aceitação popular uma vez que facilita a realização das compras. Assim, as décadas de 1970 e 1980 foram de solidificação da presença dos supermercados, que continuaram a aumentar nos anos de 1990 e 2000 chegando a cifra de 35 mil pontos de venda no país, para atender o crescente o número de consumidores.

Em Uberlândia no ano de 2007 foram identificados mais de 50 supermercados, espacializados em vários bairros da cidade. Os supermercados que mais se destacam são da Rede Bretas, que atualmente conta com 6 lojas situadas nas seguintes avenidas: Getúlio Vargas, João Naves de Ávila, Rondon Pacheco, João Pinheiro, Afonso Pena e Monsenhor Eduardo. Além do

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Bretas, destacam-se outros Supermercados e lojas de vizinhança em Uberlândia, como exemplo as seguintes lojas: Sinhá, Leal, DeVille, Cristo Rei, os supermercados das redes Smart, Biz e Valor.

As lojas de vizinhança são de bandeiras de atacadistas. As redes mais expressivas de lojas de vizinhança são a rede Smart, bandeira da rede atacadista Martins, que atualmente conta com cerca de 225 lojas em Minas Gerais; um exemplo de loja de vizinhança da rede Smart é o Supermercado Econômico. Outra rede de loja de vizinhança que se destaca é a rede Valor, que pertence ao atacadista Peixoto e possui mais de 230 lojas distribuídas em Minas Gerais, São Paulo e Paraná; um exemplo de loja de vizinhança dessa Rede é o Supermercado Danyella.

Inicialmente os supermercados instalavam-se na área central, contudo com o passar dos anos tal área deixou de ser viável à instalação de tais empreendimentos, os quais buscaram localizar-se em outras áreas da cidade, próximos aos consumidores. Assim atualmente estão localizados na área central apenas o Supermercado Sinhá e dois supermercados da Rede Bretas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As transformações que ocorreram no século XX visando assegurar a reprodução das relações capitalistas de produção, possibilitaram maior desenvolvimento das atividades industriais e intensificação nos processos de migração, tanto entre cidades quanto do êxodo rural e, conseqüentemente uma expansão da mancha urbana das grandes e médias cidades. Neste contexto, nota-se que no “Pós-Guerra”, com o advento do automóvel mudou-se a estrutura comercial das cidades, as atividades de comércio e serviços deixam de estar concentradas na área central e buscam localizar-se em outras áreas da cidade onde há concentração populacional e amenidades que deixaram de ser encontradas no centro. Assim, as atividades que carecem de espaços mais amplos e custos de terra mais acessíveis buscam por novos locais, e, permanecem nesta área as atividades de comércio popular, as de administração e gestão e as de “lazer noturno”.

Neste sentido, a necessidade de espaços mais amplos e alcance dos consumidores, foram fatores determinantes para a ocorrência do processo de descentralização e, por conseguinte para a formação de novas centralidades. Esse processo de descentralização das atividades de comércio e serviços, conseqüência da descentralização do capital, com destaque para o comercial, continuou a ganhar força a partir dos anos 1990 com a intensificação do processo de globalização que implica mudanças nas esferas política, social e cultural e conseqüentemente nas formas e funções das cidades.

Na cidade de Uberlândia, observa-se claramente a ocorrência dos processos de descentralização e surgimento de novas centralidades, cujos processos foram propiciados pelo dinamismo da cidade. Sendo que, esses processos estão ligados a sua posição geográfica estratégica, a modernização das atividades agropecuárias, a implementação do Distrito Industrial no final da década de 1960, a consolidação do pólo universitário a partir da criação da Universidade Federal de Uberlândia no ano de 1978, a presença de um dos maiores pólos atacadistas da América Latina, além de uma ótima base infra-estrutural que possibilitou a ocorrência do rápido crescimento populacional, e conseqüente do crescimento econômico e da malha urbana da cidade.

REFERÊNCIAS

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VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

URBAN (RE) STRUCTURING OF COMMERCE AND SERVICES IN UBERLÂNDIA- MG

Lidiane Aparecida Alves ¹

Universidade Federal de Uberlândia, Campus Santa Mônica, Bloco 1H lidianeaa@yahoo.com.br

Vitor Ribeiro Filho²

vitor.f@terra.com.br

ABSTRACT

Since the decade of 1990, occurred an expansion of the consumption, being this process is one of the consequences of the globalization. This phenomenon results to (re) structuring of the activities of commerce and services, whose processes in social and spacial dimensions of extreme importance to understand the decentralization of the commerce and services activities in the urban space, therefore this is responsible for the start of the new urban centers - subcenters, commercial axles, specialized areas, shopping centers, and others importants commercial establishments inside the city, as: hypermarket, nets of supermarkets and also of informal commerce -, which are responsible for transformations in the structure of the city and, therefore for (re) definitions of functions of the downtown. In the presence of the relevance of this thematic, this study intend identify and distribute on space the commercial structures in the extent of the urban space of Uberlândia, MG and also to understand the dynamics of the activities of commerce and services in the city of Uberlândia, in the last decades, thus contributing, to the relating to studies to the intern organization of the city and, specifically, to the process of decentralization of the commerce and services activities. Thus, as a result of this search, have the survey and analysis of locality and particularities of the third activities developed in the city of Uberlândia, thus the presence and location of these activities are directly related to urban growth brought determined by intense social and economic development that city.

Referências

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