Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Matos, Jeanny
A confusão dos acentos / Jeanny Matos. 2ª edição São Paulo : All Print Editora, 2010.
ISBN 978-85-7718-531-3
1. Literatura infanto-juvenil - Acentuação I. Título.
09-11010 CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Acentuação : Literatura infantil 028.5 2. Acentuação : Literatura infanto-juvenil 028.5
A confusão dos acentos
Jeanny Matos
A CONFUSÃO DOS ACENTOS – 2ª EDIÇÃO Copyright © 2010 by Jeanny Matos O conteúdo desta obra é de responsabilidade
do autor, proprietário do Direito Autoral e as imagens pertencem aos criadores.
Proibida a venda e reprodução parcial ou total sem autorização.
Capa e Ilustrações:
Adriano Ale & Rafael Galdin www.alphamedia.com.br
Diagramação e editoração:
Andréia Almeida
Revisão:
Fátima Pennino Idelma Alcina Mendes
ALL PRINT EDITORA E GRÁFICA LTDA www.allprinteditora.com.br info@allprinteditora.com.br
Projeto escola
Existem situações em nossas vidas onde pare-ce que tudo e todos estão contra nós. Isso vale para qualquer coisa. A tristeza invade, toma conta do cora-ção, do brilho da alma e submerge o ego.
Depois de ter ouvido e lido alguns “nãos”, “não quero”, “não posso” eu poderia ter desisti do, no en-tanto acreditei no meu trabalho. De porta em porta eu bati com humildade à procura de um sim. Confesso que a cada bati da pensei encontrar a recompensa da minha tristeza. Pensamentos fundiram-se tortuosos, lágrimas abalizaram meus trajetos, e não ti ve medo de ouvir mais um “não”. Forças eu não sei ao certo de onde vieram, porém a vontade de ouvir um “sim” foi tão grande que nada me faria parar de bater em bus-ca de uma oportunidade. Perdi a conta dos “nãos”, e quando meus pés estavam calejados uma porta se abriu e, consequentemente, as outras se abriram. Hoje faço questão de comemorar todos os “sim”, de toda minha luta. O importante não é acreditar em um sonho, e sim acreditar em você. Eu acreditei!
Obrigada a todos que me proporcionaram a oportunidade de ouvir os meus “sim” e a todos os “sim” que ainda virão. O projeto escola é de vocês, que acreditaram e estão concreti zando este trabalho!
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Amanda estava estudando com sua amiga Giovanna no quintal, quando ouviu uma voz estranha. Não sabia ao certo de onde vinha; pediu para a amiga fi car quie-ta e disse:
– De onde vem essa voz?
– Não ouço nada. – responde Gio-vanna.
– Alguém está falando, como se pe-disse socorro.
– Mas não tem ninguém aqui, além de você e eu.
– Espere... Não faça barulho, estou ouvindo.
– Ei, aqui embaixo! Tire-me daqui! Es-tou fi cando sufocado. – disse a voz.
– Ouviu agora? De onde será que está vindo?
– Ouvi sim. Estou com medo. Não quero saber de onde vem!
– Vamos procurar, parece que vem dos meus cadernos.
– Meninas, venham logo, estou aqui debaixo.
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Quando chegaram perto a voz tornou-se níti da. Mesmo com medo, levantaram caderno por caderno e, para surpresa, acharam o dono da voz:
– Ufa! Obrigado, crianças. Eu pensei que morreria sufocado! – disse o dicionário.
As meninas entreolharam-se espan-tadas ao ver um dicionário falante.
– Desculpe-me, se assustei vocês. As meninas não responderam; fi ca-ram olhando assustadas, sem nada dizer. – O que foi? Parece que nunca viram um dicionário falar?
– Nunca mesmo! Isso é uma piada ou estou fi cando doida? – disse Amanda.
– Amanda, eu acho que vou des-maiar... Estou fi cando... Também...
– Fiquem calmas, não estão doidas coisa nenhuma. Ouvi vocês dizendo que
estavam com difi culdade para aprender a nova ortografi a e, como estou sempre es-quecido num canto, resolvi ajudar expli-cando de forma diferente. Eu disse forma sem o acento circunfl exo. Sabe qual é a diferença da fôrma com acento e da
for-ma sem o acento?
– Deixe-me pensar. Forma e fôrma, não são a mesma coisa? – perguntou Amanda.
– A pronúncia é diferente quando a palavra tem acento. “Mas qual será a di-ferença?” – pensou Giovanna.
– Não é a mesma coisa: o acento ser-ve para diferenciar as palavras.
– Mas neste caso tem diferença? – in-terveio Amanda.
– Forma sem o acento... Vou explicar de uma forma que entendam. Talvez se eu usasse a forma de desenho seria mais fácil; deixe-me pensar. Eu preciso arrumar um jeito simples.
– Não precisa dizer mais nada, se-nhor Dicionário: já entendemos o que
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signifi ca forma sem o acento. – e caíram na gargalhada.
– Já? Mas eu nem comecei a explicar! Por que vocês estão rindo?
– Estamos rindo da forma como se enrolou todo para explicar. E fôrma com acento?
– Fôrma com acento é fácil. Vou dar um exemplo: a fôrma de fazer bolo é gran-de e, a forma como sorriram me gran-deixou encabulado. – respondeu o dicionário sem graça. – Vejo que vocês aprendem rápido.
– Ah!... Agora eu entendi a diferença entre as duas palavras. E você, Giovanna, entendeu? – perguntou Amanda.
– Entendi, mas tenho uma dúvida: o acento não foi abolido da palavra?
– Bom... – disse o dicionário. – O acento é facultati vo, se quiser pode usar. Eu fi caria muito feliz se vocês usassem, principalmente agora que sabem a dife-rença entre elas.
– Eu vou usar! – disse Amanda.
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– Sério? Fico feliz em ouvir isso. Adoro quando alguém aprende algo comigo. Mui-to bom, meninas! – ao terminar de falar, se cobriu com uma seriedade que não passou despercebido.
– Por que fi cou sério? – indagou Amanda.
– Estou triste; triste porque não sei quem teve a ideia de ti rar o acento das palavras. Ideia não tem mais o acento.
– Ideia sem acento? Dessa eu não sa-bia. – disse Giovanna.
– É verdade. Por isso estou envergo-nhado.
– Envergonhado por quê? – pergun-tou Amanda.
– Porque agora estou desatualizado e cheio de erros ortográfi cos. Eu queria ser um mágico, assim poderia me atualizar e minha amiguinha Amanda não teria que me jogar fora ou comprar um dicionário novo. Tiraram todos os acentos das pala-vras paroxítonas com ditongos abertos ei e oi, como: boia, celuloide, apoia, Coreia
e muitas outras não têm mais acento. En-tendem a minha tristeza?
– Ah!... Não fi que triste, vou pensar em alguma coisa.
– Tive uma ideia. – interveio Giovan-na. – E se a gente consertasse você? Já aprendemos duas mudanças da nova or-tografi a. Você nos ensina a oror-tografi a do seu jeito fácil; como recompensa podere-mos arrumar seus erros, assim a Amanda não precisa jogá-lo fora.
– Vai dar muito trabalho! – disse Amanda.
– Não quero dar trabalho, minha fun-ção é ajudar. Não acho certo que me cor-rijam, esta tarefa me pertence. Não sirvo mais para nada.
O dicionário fi cou tão triste que Amanda aceitou a ideia de Giovanna.
– O que não dá trabalho hoje em dia? Vamos, não fi que triste, vamos consertá-lo
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e aprender ao mesmo tempo, sem dizer o quanto vou economizar.
– Por que mudou a ortografi a? Você sabe? – Giovanna perguntou ao dicionário.
– Foi para unifi car a grafi a da língua portuguesa no mundo, assim alguns paí-ses terão a mesma ortografi a.
– Quer dizer então que algumas pala-vras fi caram universais?
– Não, só nos países lusófonos a es-crita será a mesma.
– O que é lusófono?
– São os países que usam a língua portuguesa.
– Outros países usam a língua portu-guesa? Tem certeza disso?
– Tenho sim. – as meninas entreolha-ram-se surpresas.
– Eu pensei que era só aqui no Brasil! – disse Amanda.
– Quais são os países luso... Como é mesmo o nome? – perguntou Giovanna.
– Lusófonos. – ele sorriu. – São eles: Brasil, Portugal, Moçambique, Angola,