• Nenhum resultado encontrado

O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COGNITIVAS PARA A COMPREENSÃO DA LEITURA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COGNITIVAS PARA A COMPREENSÃO DA LEITURA"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

300 O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COGNITIVAS PARA A

COMPREENSÃO DA LEITURA

Márcia Rita de Campos Aluna do 4º período do Curso de Pedagogia – UEMG/Barbacena Ms. Elaine Leporate Barroso Faria Professora e Pesquisadora da UEMG/Barbacena RESUMO

Esta pesquisa apresenta um estudo dos processos cognitivos envolvidos na compreensão da leitura o que nos remete a aprofundar na investigação do desenvolvimento das habilidades cognitivas necessárias para a compreensão de textos escritos. Pretende-se esclarecer a importância das habilidades cognitivas mentais na aprendizagem, leitura e compreensão leitora. O referencial teórico adotado é a Psicologia Cognitiva para a identificação de conceitos e características dos processos cognitivos envolvidos na leitura e na compreensão textual. Para atender ao objetivo norteador da pesquisa, a metodologia proposta no plano de trabalho de iniciação científica compreende a pesquisa bibliográfica. Mediante a construção de um banco de dados, pretendemos fazer um levantamento dos referenciais teóricos que abordam as habilidades cognitivas que são fundamentais no desenvolvimento da leitura e das habilidades de compreensão leitora. A habilidade de leitura ocupa papel importante em especial no sistema escolar, que tem como principal objetivo o ensino de conceitos por meio de práticas que requerem tais habilidades. Uma compreensão eficiente leva o indivíduo a fazer inferências, o que requer do leitor a observação de informações que estão apenas sugeridas no texto ou que esteja relacionada com conhecimentos prévios sobre o assunto. No caso do leitor proficiente, este domina seu próprio processo de compreensão, e quando não compreende o conteúdo lido, volta ao texto em uma atividade de metacompreensão por meio do conhecimento do próprio processo de compreensão. Os leitores devem ser orientados a monitorarem sua compreensão, considerando que muitas vezes os estudantes não compreendem textos simples. Através do uso de estratégias cognitivas e metacognitivas, promove-se um favorecimento no entendimento da leitura, na compreensão do texto lido e em extrair as ideias mais relevantes, mas a compreensão se concretiza quando o leitor consegue usar dos conhecimentos já adquiridos para compreender novas informações. Assim, o grau de compreensão do texto de leitores proficientes e não proficientes está relacionado ao conhecimento prévio do leitor e as estratégias de compreensão, sendo que ambos podem melhorar com a idade e mediante o ensino. Desta forma, um leitor hábil é aquele que usa as estratégias cognitivas e metacognitivas, usando também atividades de planejamento e estratégias de automonitoramento na leitura. O leitor proficiente mostra-se ativo diante do texto e possui objetivo sobre o que irá ler, analisar, revisar e questionar o significado do que leu, saberá determinar significados desconhecidos a fim de lidar com inconsistências no texto. Os leitores estratégicos usam seu conhecimento prévio para realizar inferências, sabem fazer uso de estratégias e dominam como e quando utilizá-las. Uma melhor compreensão dos complexos processos que envolvem os processos cognitivos e a compreensão leitora pode contribuir com o ensino da leitura através do incentivo à realização de inferências e do controle através do monitoramento, sendo estas algumas das habilidades cognitivas que conduzem o leitor à compreensão.

(2)

301 INTRODUÇÃO

O ato de ler implica muito além da alfabetização entre outras técnicas de iniciação estudantil, processos realizados em nossa mente e que nos possibilitam dar sentido ao que lemos. Os conceitos de leitura, compreensão e cognição, definidos a partir da perspectiva teórica da Psicologia Cognitiva são apresentados para o entendimento da relação entre leitura e compreensão da leitura. A cognição influencia na vida escolar do indivíduo, considerando o fato de que o processo de leitura acompanha o estudante por toda sua trajetória acadêmica. Desta forma, o conhecimento prévio é a base da compreensão, em que o leitor relaciona texto e contexto em que está inserido. A partir do conhecimento prévio se dá a possiblidade de compreensão e assimilação de novas informações. No âmbito educacional é importante o ensino do uso estratégias cognitivas e metacognitivas da leitura desde os primeiros anos do Ensino Fundamental.

LEITURA, COMPREENSÃO E COGNIÇÃO

A imagem tradicional da cognição tende a restringi-la aos processos e produtos mais chamativos e inequivocamente “inteligentes” da mente humana. Essa imagem inclui entidades psicológicas definidas como processos mentais superiores tais como o conhecimento, a consciência, a inteligência, o pensamento, a imaginação, a criatividade, a geração de planos e estratégias, o raciocínio e as inferências, a solução de problemas, a conceitualização, a classificação e a formação de relações, a simbolização e, talvez, a fantasia e os sonhos. (FLAVELL; MILLER; MILLER, 1999). Desta forma, a cognição está ligada à inteligência e aos processos mentais que levam o homem a interagir com o meio; é uma forma de adaptação do organismo em relação ao ambiente. Conforme assinala Piaget, a cognição humana é uma forma específica de adaptação biológica de um organismo complexo a um ambiente complexo. O autor idealizou um sistema cognitivo extremamente ativo, pois o indivíduo seleciona e interpreta ativamente a informação ambiental à medida que constrói seu próprio conhecimento.

Assim, a leitura envolve muito mais do que saber ler, requer a habilidade de entender a mensagem transmitida e que está implícita no texto por meio de conhecimento prévio armazenado em nossa memória. Uma compreensão eficiente leva o indivíduo a fazer inferências, quer requer do leitor a observação de informações que estão apenas sugeridas no

(3)

302 texto ou que esteja relacionada com conhecimentos anteriores sobre o assunto. Então, o leitor utiliza no processo de compreensão de um texto, um conjunto de processos metacognitivos, sendo que a estratégia mais utilizada para monitorar o entendimento é o próprio objetivo que todo leitor adota, isto é, o de obter significado ou o de realizar um esforço para conseguir uma representação coerente do material lido. Assim, esta estratégia promove a realização de julgamentos por parte do leitor sobre o entendimento do texto.

O desenvolvimento cognitivo é formado por vários processos mentais que estão envolvidos na vida do ser humano desde o início do ciclo da vida e que avança de acordo com as experiências vivenciadas. Assim, a cognição acompanha o indivíduo por toda a vida e principalmente, constitui fator de integração social.

Desta forma, o desenvolvimento cognitivo envolve procedimentos cada vez mais poderosos na solução de problemas, junto com estruturas conceituais de conhecimento. As crianças constroem novas estratégias ou usam as preexistentes para chegar a seus objetivos, ganhando mais experiência durante suas tentativas à medida que se desenvolvem. No processo de desenvolvimento, os indivíduos se valem de recursos internos e externos, exploram objetos, observam e imitam os outros e cooperam com as pessoas na solução de problemas. (FLAVELL; MILLER; MILLER, 1999). Assim, as atividades cognitivas são fundamentais no desenvolvimento cognitivo desde os anos escolares iniciais em que as tarefas cognitivas desafiam a busca pela solução de problemas e o desenvolvimento de novas habilidades.

No entanto, cada sociedade incentiva o desenvolvimento de habilidades cognitivas diferentes, não menos importantes, apenas diferentes, porque cada sociedade transmite a seus descendentes o seu universo cultural. A criança no contexto social é uma unidade de estudo irredutível. Mesmo com várias versões de contextualismo, elas têm em comum a crença de que os domínios social e cognitivo estão ligados, e o pensamento, em certo sentido, é sempre social. Segundo Flavell, Miller e Miller (1999), a cognição varia de sociedade para sociedade sendo apenas diferente e os tipos de habilidades cognitivas são valorizados, estimulados e desenvolvidos de diferentes maneiras entre as sociedades. Assim, a história e a configuração de uma cultura são passadas para as crianças e os adultos são os “incentivadores cognitivos” que estimulam e orientam as crianças em prol do desenvolvimento de habilidades e de competências indispensáveis no mundo atual, assim como, no contexto pessoal e profissional.

A cognição exibe dois aspectos simultâneos e complementares que Piaget denominou de assimilação e acomodação. A assimilação está ligada a aplicação do saber já adquirido para

(4)

303 interpretar os eventos do ambiente, enquanto a acomodação ajusta o conhecimento em resposta de um objeto ou evento. Portanto, a assimilação refere-se a adaptar os estímulos externos às estruturas mentais internas, enquanto a acomodação faz o processo reverso, adapta as estruturas mentais aos estímulos externos. (FLAVELL; MILLER; MILLER, 1999). Assim, a assimilação e a acomodação são aspectos cognitivos de interpretação em relação ao ambiente, em que o primeiro adapta os estímulos externos às estruturas mentais internas e o segundo faz o processo contrário, ou seja, adapta as estruturas mentais aos estímulos internos. Então, para Piaget, em qualquer encontro cognitivo com o ambiente, assimilação e a acomodação tem igual importância e devem ocorrer juntas, e a interação entre elas é necessária para compreensão do contexto. (FLAVELL; MILLER; MILLER, 1999).

Rogoff (1990) apud Flavell, Miller e Miller (1999) assinala que, talvez o mais importante no processo de desenvolvimento cognitivo seja construir pontes entre o que a criança sabe e as novas informações. Assim, a mudança cognitiva está na Zona de Desenvolvimento Proximal, conceito elaborado por Lev Vygotsky, que constitui a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela solução de problemas independentemente da ajuda do outro e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de adultos ou companheiros mais capazes. (PALANGANA, 2001). Então, a aprendizagem cria a ZDP, porque ativa processos de desenvolvimento que se tornam funcionais quando a criança interage com pessoas em seu ambiente, internalizando valores, significados, regras, enfim, o conhecimento disponível em seu contexto social. O que as crianças já compreendem serve de base para o processamento de novas informações e para a construção de novos conhecimentos, considerando que o desenvolvimento cognitivo acontece de maneira gradual e mediante experiências.

Assim, o conhecimento em uma determinada área do saber está ligado a leitura e compreensão de textos nesta área e isso remete a importância da leitura e da educação tanto na formação acadêmica, quanto na vida intelectual do indivíduo. A leitura é indispensável aos universitários porque, através dela, se dá o acesso ao conteúdo das várias disciplinas curriculares e à produção científica, mas a habilidade de leitura tem papel importante na escola, que tem como principal objetivo o ensino de conceitos por meio de práticas que requerem habilidade de leitura. Podemos dizer que quanto mais lemos, mais aprimoramos nossa capacidade de compreensão do mundo e por meio da leitura crítica estabelecemos relações entre o texto e o contexto (FARIA, 2011; FARIA; MOURÃO-JÚNIOR, 2013).

(5)

304 Assim, a compreensão da leitura reflete a interação comunicativa entre as intenções do autor, o conteúdo do texto, as habilidades e os propósitos do leitor e do contexto de interação, tarefa complexa que se baseia em diferentes processos e habilidades cognitivas como a percepção, a memória, a inferência e o uso de estratégias e de monitoramento (FARIA; MOURÃO-JÚNIOR, 2013). Consideramos, também, que a compreensão leitora depende de conhecimentos que envolvem o vocabulário e de habilidades cognitivas como a decodificação das palavras, a fluência de leitura e a compreensão da linguagem, além de habilidades relacionadas à função executiva, como a memória de trabalho, o planejamento, a organização e o controle (FARIA; MOURÃO-JÚNIOR, 2013).

Para Juric et al (2007) apud Faria (2011), há um grande número de investigações a respeito das dificuldades em leitura que consideram as falhas no processo de decodificação. A confusão a respeito das demandas da tarefa de leitura, a pobreza de vocabulário, os problemas de memória, a falta de treinamento em estratégias de compreensão, o escasso controle da compreensão das diferenças no modo de ensinar para bons e maus leitores são fatores que influenciam neste processo.

Muitas vezes os alunos não compreendem textos simples porque são interrompidos pelo professor ao pronunciarem erros gramaticais, o que tira o foco do sentido do texto e o faz ler com o receio de errar novamente. Subtraindo totalmente a atenção quanto ao conteúdo do texto, este é considerado um dos fatores que interfere na compreensão de textos, principalmente em atividades de oralidade em salas de aula.

O processo de informação é uma das principais estratégias para o estudo do desenvolvimento cognitivo. Ela concebe a mente humana como um sistema cognitivo complexo, semelhante a um computador. O sistema manipula ou processa as informações que vem do ambiente ou que já se encontram no sistema. Ele processa as informações de várias formas: codificando, recodificando ou decodificando-a, comparando ou combinando-a com outras informações; armazenando-a na memória ou recuperando-a a partir dela; trazendo-a ou retirando-a do foco e assim por diante. (FLAVELL; MILLER; MILLER, 1999). Então, a mente humana é como um computador que processa informações, codifica, relaciona e armazena, trazendo-as à tona quando necessário.

CONHECIMENTO PRÉVIO E AS ESTRATÉGIAS PARA A COMPREENSÃO LEITORA

(6)

305 Para Andrade e Dias (2006) compreender significa estabelecer conexões entre as ideias expressas em um texto e um conhecimento relevante anteriormente adquirido. O uso do conhecimento prévio possibilita a compreensão através de conexões entre o que se lê e que se tem armazenado na memória.

Segundo Perfetti, Marron e Foltz (1996) apud Andrade e Dias (2006), o domínio do conhecimento está associado à compreensão de textos relacionados a uma determinada área do saber. Esses autores criticam outras abordagens que vêm considerando o conhecimento como um componente extra, como não sendo parte intrínseca da compreensão, um fator de ruído. Outra linha entende o papel do conhecimento como associado a hábitos intelectuais surgindo do aprendizado e da educação. Para esses autores, o conhecimento é a base para a o monitoramento e para as inferências. Quando não se conhece um conceito não se consegue entender nada do que se fala a respeito, e isso implica também dificuldades com o processamento léxico e com a memória de trabalho. O conhecimento anterior seria, portanto, a principal categoria dentro do processo de compreensão.

Para Kintsch (1998) apud Andrade e Dias (2006), compreender é compor um modelo mental que envolve construção e integração. Primeiro as representações mentais se formam pouco concretas, depois sofrem um processo de integração que resultam numa estruturada representação mental, nas representações mentais fracas não se desassociam as informações relevantes das irrelevantes, no processo de integração que será definido o que realmente é “correto” ou digamos apropriado.

Dessa forma aprofundada, a mente consegue discernir o que é relevante e o que não é na compreensão da leitura. Na compreensão, os autores distinguem os processos básicos dos de alto nível. Os básicos estão relacionados com a memória de trabalho e os processos léxicos, já os de alto nível relacionam-se com a capacidade de fazer inferências e também ao monitoramento. (ANDRADE & DIAS, 2006).

Os processos básicos são praticamente “mecânicos”, pois se manifestam involuntariamente, neles a memória de trabalho retém as informações lidas enquanto os processos léxicos decodificam a estrutura das palavras. No processo de alto nível existe a capacidade de inferir no texto e monitorar a compreensão.

Gonçalves (2008) apud Faria (2011) afirma que a compreensão da informação é subordinada ao desenvolvimento cognitivo do leitor para selecionar, processar e (re) organizar informações, e depende dos conhecimentos prévios sobre o tema do texto e também, conhecimentos em relação à língua.

(7)

306 De acordo com Joly e Marini (2006) apud Faria (2011), o processamento da informação se dá por intermédio das habilidades cognitivas e metacognitivas, das influências socioeducativas, dos conhecimentos prévios, das práticas de leitura, entre outras variáveis envolvidas no ato de ler, a compreensão de um texto envolve a interação entre o sujeito e o mesmo.

Boruchovitch (2001) apud Faria (2011) aponta que o leitor proficiente domina seu próprio processo de compreensão, quando não compreende o conteúdo lido, volta ao texto em uma atividade de metacompreensão, que usa o conhecimento sobre a compreensão. O leitor proficiente recupera seu conhecimento prévio e o relaciona às novas informações presentes no texto, o que lhe permite a compreensão em sua totalidade.

Segundo Boruchovitch (2001) apud Faria (2011), recorrendo ao uso de estratégias cognitivas e metacognitivas, há um favorecimento no entendimento da leitura, na compreensão do texto lido e em extrair as ideias mais relevantes, mas a compreensão se concretiza quando o leitor consegue usar dos conhecimentos já adquiridos para compreender novas informações.

Para Gonçalves (2008) apud Faria (2011), existem diferenças entre leitores proficientes e não proficientes, e o grau de compreensão do texto está relacionado a dois fatores que explicam as diferenças entre eles, o conhecimento prévio do leitor e as estratégias de compreensão, ambos podem melhorar com a idade e o ensino.

Segundo Gonçalves (2008) apud Faria (2011), encontramos nos textos ideias implícitas que necessitam do uso de inferências, baseadas no conhecimento prévio do leitor, para a sua compreensão. As inferências possibilitam ao leitor ler nas entrelinhas. As inferências permitem ao leitor dar coerência ao texto que se lê, para que dele extraia novas informações e evoque informações que devem ser adicionadas ao texto para a sua completude.

Oakhill e Yuill (1996) apud Andrade e Dias (2008) apontam para a importância do papel dos fatores de alto nível: compreender a estrutura do texto, inferir e monitorar. As autoras procuram definir o que distinguiria um leitor habilidoso de um não habilidoso ou de compreensão pobre. O primeiro deve ter um controle sobre quais as inferências que pode fazer, além de precisar entender a estrutura do texto. O segundo pode não se dar conta de que não entendeu o texto ou uma parte específica deste e pode também não saber o que fazer quanto à sua pobre compreensão quando consegue atinar com esta.

(8)

307 O leitor habilidoso tem capacidade para inferir no texto, tanto como monitorar sua compreensão, habilidade esta que um leitor de compreensão pobre não possui, a ponto de não perceber a incompreensão do que leu.

Oakhill e Yuill (1996) apud Andrade e Dias (2006), estabeleceram então o que supõem ser as razões para a pobreza nas inferências: a falta de conhecimento geral para fazê-las; os leitores poderem achar que a inferência é legitima, mas terem dificuldade em acessar o conhecimento relevante e integrá-lo ao texto por limitação de capacidade ou poderem não se dar conta de que é necessário inferir ou mesmo de que é permitido fazê-lo.

Falta, muitas vezes, a segurança do leitor em fazer inferências no texto, por algum receio ele não as faz. Portanto, um leitor habilidoso tem capacidade para fazer inferências, mas pode optar por não fazê-las por supor que não seja necessário ou por se considerar incapacitado para isso.

Para Oakhil eYuill (1996) apud Andrade e Dias (2006), mesmo dominando a técnica de inferir, se o indivíduo não tiver certa capacidade de memória de trabalho ele terá menores resultados em compreensão. Assim, é fato que a memória de trabalho está diretamente ligada a compreensão. Os autores apontam, ainda, que os leitores não habilidosos têm dificuldades com a integração de informações de diversas partes do texto, questão que está relacionada à memória de trabalho. Todas as inferências são geradas online, contanto que o leitor tenha conhecimento de mundo.

Weaver, Bryant e Burns (1995) apud Andrade e Dias (2006), explicam que, a habilidade em monitorar os textos em certo nível indica que os leitores passaram a “controlar” este nível de textos e estão prontos para textos mais difíceis. Os autores ainda especulam sobre a origem desta habilidade metacognitiva, a qual deve ser mediada pelos recursos disponíveis na memória de trabalho. Eles explicam que à medida que os processos básicos de leitura se tornam mais eficientes, consumindo assim menos espaço na memória de trabalho, estes espaços, provavelmente, tornam-se livres para atividades como o monitoramento da compreensão.

Assim, o leitor que domina a habilidade de monitorar textos tem capacidade para aumentar o grau de complexidade dos textos a serem lidos, de acordo com a eficiência nos processos básicos de leitura, o leitor abre um espaço na memória de trabalho para monitorar sua compreensão.

(9)

308 Os leitores devem ser orientados a monitorarem sua compreensão, considerando que muitas vezes alunos os não compreendem textos simples. Desta forma, um leitor hábil é aquele que usa as estratégias cognitivas e metacognitivas, usando também atividades de planejamento e estratégias de automonitoramento na leitura. O leitor proficiente mostra-se ativo diante do texto e possui objetivo sobre o que irá ler, o que analisar, revisar e questionar o significado do que leu, determinar significados desconhecidos e lidar com inconsistências no texto. Para tanto, usa seu conhecimento prévio para realizar inferências. Assim, leitores que sabem fazer uso de estratégias, que sabem como e quando usa-las, são considerados leitores estratégicos.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M. W. C. L.; DIAS, M. G. B. B. Processos que levam à compreensão de textos. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 147-154, jan./abr. 2006.

FARIA, E. L. B. Estratégias de compreensão da leitura: perspectivas teóricas. Mal-Estar e Sociedade, Ano IV, v. 6, pp. 83-98, 2011.

FARIA, E. L. B.; MOURÃO-JÚNIOR, C. A.. Os recursos da memória de trabalho e suas influências na compreensão da leitura. Psicologia, Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, p. 288-303, 2013.

FLAVELL, John H.; MILLER, P. H.; MILLER, S. A. Desenvolvimento cognitivo. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1999

PALANGANA, I. C. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vygotsky: a relevância do social. 3.ed. São Paulo: Summus, 2001.

Referências

Documentos relacionados

Alterações da função respiratória são frequentes em pacientes com doença renal crônica, caracterizadas pela fraqueza muscular, distúrbios da mecânica res- piratória,

Cada grupo produzirá ideias relativas ao seu critério MEG por meio dos cruzamentos SWOT Essas ideias serão analisadas, trabalhadas e avaliadas até o grupo escolher suas melhores ideias

A utilização de fungos do gênero Trichoderma como agentes de biocontrole tem sido cada vez mais frequente devido às vantagens ambientais e econômicas proporcionadas por

Embora nossos resultados indiquem a necessidade de mais estudos, entendemos que a associação da dosagem da concentração sérica da DHL e da haptoglobina pode melhorar a acurácia

Um estudo duplo cego controlado por placebo, envolvendo 26 pacientes, demonstrou ser o cetotifeno significativamente melhor que o placebo (7/13 dos pacientes protegidos comparado

NAT 3.2.2 Se SIM para a PERGUNTA 3.2 , a companhia publica em seu Relatório de Sustentabilidade o valor desses financiamentos e sua participação sobre o valor total de

Qualquer licitante poderá manifestar, de forma motivada, a intenção de interpor recurso, em campo próprio do sistema, no prazo de até 4 (quatro) horas úteis depois de declarado

Conforme mostrarei mais à frente, discordo da ótica de Pym, que, visivelmente incerto sobre sua colocação (“parece sugerir”), equipara a noção de FD a de