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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LINEU PEINADO E LUIZ ANTONIO COSTA.

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Registro: 2012.0000645304 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0016985-36.2010.8.26.0344, da Comarca de Marília, em que é apelante MARIA DE LOURDES MANTELLE (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado LUIZ LEOPOLDO SILVA E MELLO (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LINEU PEINADO E LUIZ ANTONIO COSTA. São Paulo, 28 de novembro de 2012.

Mendes Pereira RELATOR Assinatura Eletrônica

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Voto nº 2461

Apelação Cível nº 0016985-36.2010.8.26.0344 Apelante: MARIA DE LOURDES MANTELLE Apelado: LUIZ LEOPOLDO SILVA E MELLO Comarca: Marília

7ª Câmara de Direito Privado

CONDOMÍNIO - Pedido de arbitramento de alugueres em decorrência do uso pela ex-esposa de imóvel havido na constância do casamento e partilhado em partes iguais - Admissibilidade - Inteligência do art. 1.314 do CC - Obrigação de pagar aluguel pela utilização da parte do ex-esposo, a partir da citação - Observado que os alugueres deverão ser compensados com as despesas inerentes à manutenção do imóvel, na proporção da cota-parte do comunheiro, a serem apuradas em liquidação de sentença, evitando-se enriquecimento sem causa - Razoável a fixação em 25% do valor da locação, posto que o imóvel também serve de residência do filho das partes - Recurso provido em parte, com observação.

A r. sentença de fls. 344/348, declarada a fls. 355, cujo relatório é adotado, julgou extinto o processo com relação ao correu André Luís Mantelle Silva e Mello e condenou o autor no pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 500,00; e julgou procedente o pedido em face de Maria de Lourdes Mantelle para arbitrar os alugueres em R$ 425,00 a serem pagos pela ré em favor do autor a partir da citação e até sua desocupação, e condenar a ré no pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 500,00, observada a gratuidade judiciária.

Inconformada, a ré apela buscando reforma do julgado (fls. 360/365). Para tanto, sustenta que não teria condições de arcar com o pagamento do aluguel, posto que seria aposentada, idosa e com problemas de saúde. Residiria no local com seu filho, não tendo outro lugar para morar. Não teria se negado a vender o imóvel, que estaria em nome de terceiros. O apelado não concordara em arcar com as despesas de transcrição. O bem estaria com dívidas altas.

As contrarrazões do autor vieram às fls. 372/376, onde disse que o apelo seria desprovido de argumentos novos. Separados há mais de 17 anos e com cinco filhos todos maiores, divorciaram-se e partilharam o imóvel em 50% para cada um. Teria notificado a apelante, oferecendo sua cota-parte à venda, inclusive às filhas, por preço bem inferior ao de mercado, porém, sem êxito. Ambas as partes enfrentariam as mesmas dificuldades financeiras. Teria despesas com aluguel. A venda do imóvel seria viável mesmo no estado em que se encontra. O filho do casal que reside com a recorrente seria o responsável pelo clima hostil.

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É o relatório.

A respeitável sentença merece parcial reforma.

Por meio desta demanda o apelado pretende compelir a apelante a pagar aluguel em razão de residir com exclusividade no imóvel descrito na inicial, adquirido pelas partes durante a constância do casamento e que foi objeto de partilha, restando dividido entre os litigantes em partes iguais.

Em que pesem as alegações da recorrente de que não teria condições de arcar com o pagamento do aluguel, em decorrência de ser aposentada, idosa e com problemas de saúde, e sem outro lugar para morar, serem dignas de lamentação, não impedem que o recorrido exerça seu direito de proprietário sobre sua cota parte do imóvel.

A apelante afirmou viver no imóvel com seu filho e em nenhum momento disse que o apelado o utilizaria, o que basta para concluir que deve pagar pelo uso do bem.

Dispõe o artigo 1.314 Código Civil, verbis: “Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que lhe causou”.

Assim, pelo uso exclusivo da coisa comum por um dos condôminos, responderá ele perante os outros pela quota-parte proporcional aos quinhões dos comunheiros. Evidente, portanto, a obrigação da recorrente em pagar ao recorrido os frutos que deixar de perceber em razão do uso exclusivo do imóvel pela parte adversa.

Considere-se que antes dessa exigência formal a apelante era considerada comodatária, haja vista a ausência de fixação de qualquer remuneração em virtude da utilização do imóvel onde reside a recorrente.

Anote-se, ainda, que o inconformismo do apelado quanto à utilização exclusiva do bem só surgiu com a propositura desta demanda. Antes disso havia sua anuência.

Estabelece o Código de Processo Civil em seu artigo 219 que: “A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição”.

Desse modo, tem-se que a obrigação da recorrente em pagar aluguel é devida desde a citação, pois a partir desta data tomou ciência de que a anuência por parte do recorrido deixou de existir, o que demonstra oposição à sua ocupação exclusiva. A partir daí surge a obrigação em pagar pelos frutos que o bem geraria, o que perdurará enquanto permanecer o imóvel comum em uso exclusivo por parte da demandada.

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O Superior Tribunal de Justiça já decidiu nesse sentido:

“RECURSO ESPECIAL - FAMÍLIA - SEPARAÇÃO LITIGIOSA - PARTILHA - AJUIZAMENTO DE AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE ALUGUEL - IMÓVEL COMUM UTILIZADO POR APENAS UM DOS CÔNJUGES - POSSIBILIDADE - DIREITO DE

INDENIZAÇÃO - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL

DEMONSTRADO - RECURSO PROVIDO - Conforme jurisprudência pacífica desta Corte, a circunstância de ter permanecido o imóvel comum na posse exclusiva da varoa, mesmo após a separação judicial e a partilha de bens, possibilita o ajuizamento de ação de arbitramento de aluguel pelo cônjuge afastado do lar conjugal e co-proprietário do imóvel, visando a percepção de aluguéis do outro consorte, que serão devidos a partir da citação - Precedentes - Recurso provido para reconhecer o direito do recorrente à percepção de aluguel de sua ex-consorte, vez que na posse exclusiva do imóvel comum, a partir da data da citação, na proporção do seu quinhão estabelecido na sentença”. (REsp 673118/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 26/10/2004).

Observe-se que é justo que todas as despesas necessárias e úteis que a recorrente tenha com a manutenção do imóvel seja rateada e compensada com o aluguel devido.

Estabelece o artigo 1.315 do Código Civil que, verbis: “O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita”.

Sendo a hipótese de uso exclusivo de coisa comum e o respectivo arbitramento de aluguel, forçoso que haja compensação entre o aluguel a ser arbitrado e as despesas que a apelante incorrer com a conservação do bem que se referirem à cota-parte do apelado, tudo a ser apurado em regular liquidação de sentença.

Nesse sentido:

“CONDOMÍNIO - Uso exclusivo de bem comum - Arbitramento de aluguel - Autora que só pode exigir aluguel a partir da data em que criou obstáculo à fruição exclusiva do bem, considerada como tal a data de citação do requerido - 50% da renda auferida com a locação que deve ser repassado para a autora - Compensação de eventuais taxas e despesas de conservação do imóvel, desde que líquidos, certos e exigíveis, a partir da mesma data, na fase de liquidação e execução da sentença, momento em que deverá ser apurado o valor real de locação - Recurso parcialmente provido”. (Apelação Cível nº 9185956-29.2006.8.26.0000, CErquilio/Tietê, 8ª Câmara de Direito

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Privado, Rel. Des. Luiz Ambra, j. 06/04/2011).

Por outro lado, não se olvida que apenas os condôminos guardem pertinência subjetiva para esta demanda, o que inclusive motivou a exclusão do polo passivo o filho do casal, André Luís Mantelle Silva e Mello. Todavia, é ele maior de idade, contanto com 42 anos de idade, e não se evidencia que lá more com a pretensão de auxiliar sua mãe nos cuidados de saúde e demais atividades diárias.

Destarte, não se mostra razoável que a apelante tenha que pagar metade do valor do aluguel considerando o uso do mesmo imóvel também pelo filho do casal, André Luís Mantelle Silva e Mello.

Justa, portanto, é a fixação dos alugueres em 25% do valor locatício apurado pelo laudo pericial (R$ 850,00 - fls. 269). Tal medida se mostra perfeitamente justificada na medida em que o filho dos condôminos também habita o imóvel.

Diante de todo o exposto, dá-se provimento em parte ao recurso para fixar a indenização pelo uso da parte cabente ao autor a ser paga pela demandada em 25% do valor da locação e determinar que as despesas necessárias e úteis que a recorrente tenha com a manutenção do imóvel seja rateada e compensada com o aluguel devido.

MENDES PEREIRA Relator

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