Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Reitor: Sandro Roberto Valentini Vice-reitor: Sergio Roberto Nobre
Curso de Jornalismo
Coordenadora: Angela Grossi
Vice-coordenador: Maximiliano Vicente
Disciplina de Jornalismo Impresso II Professor: João Guilherme D’Arcadia
Disciplina de Planejamento Gráfico Editorial II
Professor: Francisco Rolfsen Belda
Local: Av Eng Luiz Edmundo Carrijo Coube, nº 14-01
Bairro: Vargem Limpa
CEP: 17.033-360 – Bauru, SP Fone: (14) 3103-6063
Redação
Sumário
Programa cuida de crianças
e adolescentes pág. 06
Amor atravessa fronteiras na
adoção internacional pág. 11
Preconceito biológico pág. 1o
Adoção tem idade e cor no
Brasil pág. 09
Apadrinhamento cria
referência familiar pág.08
Acolhimento em
abrigos institucionais
pág. 07
Adriele Silva Aline Campanhã Maria Eduarda Guelfi
Luisa Volpe Thais Barion Daniele Olimpio
Adoção requer preparo das
famílias pág. 07
N
o Brasil 7.493 crianças
espe-ram por um lar que ofereça
segurança, conforto e, acima de tudo,
amor. Em contrapartida, existem cerca
de 40 mil pessoas cadastradas no CNA
(Cadastro Nacional de Adoção) que
aguardam a chegada de um novo filho.
Mas, se o número de interessados
em adotar é bem maior que a quantidade
de crianças e jovens que estão nos abrigos,
por que os orfanatos continuam lotados e
a lista de espera para adotar só aumenta?
A burocratização do sistema de adoção
é uma das repostas para esta pergunta.
Se engana quem pensa que para
adotar uma criança basta querer. A
caminhada é longa, passando pela
entra-da no pedido, por avaliações
psicológi-cas e jurídipsicológi-cas, além do certificado de
habilitação, do contato com a criança
e finalmente, da sentença de adoção.
Mas convenhamos, o longo percurso
vale a pena, não é mesmo? Parece até cena
de filme ver uma criança correndo não só
em direção a sua nova família, mas em
di-reção a um futuro onde o abandono e as
incertezas não farão mais parte da vida.
É exatamente isso que
vivencia-mos ao visitar os orfanatos*, que nos
levou ao encontro de menores que
brincam, choram e dão risada, como
qualquer criança. O que as difere
daque-le garotinho ou daquela menininha
que mora na sua rua é a necessidade e
a ansiedade de encontrar alguém que
as chame de “filhos”: filhos do coração.
Nesse sentido, procuramos
ex-plicar todo o universo da adoção, desde
o passo a passo até os casos bem
suce-didos da construção de uma família,
seja ela formada por uma mãe e um
pai, ou compostas por duas mães, dois
pais, e por que não, pessoas solteiras?
Ao longo do suplemento, você irá
se surpreender com dados estatísticos
que chocam qualquer um. Vai se
infor-mar sobre as vertentes da adoção, como
as adoções internacionais e o
progra-ma de apadrinhamento. Além disso, irá
se emocionar com os casos de crianças
que encontraram uma nova família.
Todas as criança merecem
brin-car de pique esconde com os pais,
pas-sear no parque no final da tarde. Afinal,
a família é um direito de toda criança.
*Nomes dos abrigos não podem ser
divulgados.
Laços de amor
Pág. 02
Adoção Dezembro de 2017
Uma família de dez pessoas
Casal com três filhos biológicos, adota cinco irmãos
Pág. 03
Ingrid e Marcos Mendes são casados
e dessa união vieram três filhos biológicos.
Quando o mais novo completou 18 anos, o
casal sentiu o desejo de aumentar a família.
Foi então que em 2012 conheceram
cin-co irmãos que estavam morando em um
abrigo, conhecido por eles como Casa Lar.
Por serem crianças de 4 a 11 anos,
não se enquadravam nos perfis mais
dese-jados nas filas de adoção. “A parte
burocráti-ca foi rápida e até poderia ser em menos
tempo. Nos conhecemos em dezembro de
2012 e em dezembro de 2013 vieram para
casa”. Durante este período, as crianças
continuaram a estudar no mesmo
colé-gio e a morar na Casa Lar, mas aos finais
de semana se encontravam com o casal,
seguindo o esquema de apadrinhamento.
“Começou a ficar muito difícil para
o pequeno de quatro anos. Toda vez
que os deixávamos, ele chorava muito”.
Por ainda não estudar, foi o primeiro a
ir para a casa, mas os encontros aos
fi-nais de semana permaneceram. “Assim
que cada um foi terminando a escola,
vieram de dois em dois”, relata o casal.
Assim que todos estavam na casa,
o casal foi aconselhado a colocar os
cinco irmãos dormindo em um
quar-to, enquanto os três biológicos em
out-ro. “Não dava para usar beliche, pois o
teto era irregular e não tem onde
en-costá-los. Este mês conseguimos dividir
o espaço em dois quartos e colocamos
be-liches para terem mais espaço”, diz Ingrid
.“No fim descobri que a
falta de afeto é o maior
causador de síndromes”
Com dez pessoas na família, o casal
foi conhecer o que o Sistema Único de
Saúde (SUS) poderia oferecer e com isso
todos passaram a utilizá-lo. Além disso,
passaram a buscar escolas públicas que
acolhessem as cinco crianças. “Só uma
criança, a de 10 anos, estava
alfabetiza-da. Consegui convencer a escola a já
en-siná-los a escrever o novo sobrenome,
mesmo sem a guarda definitiva”, conta.
Mas nada foi fácil. Em função da
grande mudança para todos, a família
necessitou de acompanhamento de
di-versos profissionais e quando não
podi-am fazer pelo SUS, conseguipodi-am preços
acessíveis ou até mesmo
atendimen-to gratuiatendimen-to de pessoas que se
sensi-bilizavam com a história. “No fim
de-scobri que a falta de afeto é o maior
causador de síndromes”, afirma Ingrid.
“Desde o início as crianças nos
chamaram de pais, antes mesmo de virem
para casa. Foi emocionante, mas falar tem
uma grande distância de sentir”. As
difi-culdades de adaptação foram muito além
dos materiais, uma vez que era comum
os maiores dizerem que iriam embora
ou não brigavam entre si e “mantinham
a compostura”. “Enquanto o fantasma da
devolução está presente, o
comportamen-to deles é muicomportamen-to diferente do que
real-mente são.Temos que provar diariareal-mente
que são nossos filhos não de palavras, mas
de ações. E isso leva tempo”, relata o casal.
Responsável por cuidar da casa e
dos filhos, Ingrid resolveu cursar
Peda-gogia para poder ajudar no
desenvolvi-mento dos filhos. Além disso, cuida
de uma ONG que já atua há dois anos
na ajuda às famílias que adotaram.
Fo to: A rq ui vo p es so al d a fa mí lia
Maria Eduarda Guelfi
Salvar vidas é a meta dos abrigos de acol-himento que recebem crianças e adolescentes que sofreram negligência dos responsáveis. São menores que vivenciavam uma rotina permeada por drogas ou álcool pelos pais, seguida pelo aban-dono, pela violência doméstica e pelo abuso sexual. O trabalho do abrigo se dá em conjun-to com o Conselho Tutelar, afinal, são eles que têm a função de identificar a família que desre-speita o direito das crianças e, assim, retirá-la desse lar para apresentar uma nova vida. O conselho é o único órgão que tem o “poder” de retirar a criança e o adolescente da família. O abrigo só passa a acompanhar o caso quando a criança se integra ao serviço de acolhimento.
De acordo com estudo de 2013 realizado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, o Brasil tinha aproximadamente 2,7 mil entidades de acolhimento institucional e familiar. Esses órgãos abrigavam mais de 30 mil crianças, núme-ro que cresceu desde então. O Estado de São Paulo apresentava o maior número de crianças e adolescentes acolhidos, 8,6 mil, e o Rio Grande do Sul vinha em seguida, com 2,5 mil atendidos. Afinal,o que é o abrigo?
O abrigo acolhedor é uma instituição que se
assemelha a uma residência, com capacidade para até 20 crianças e adolescentes que ficam sobre o cuidado de educadores e cuidadores. Proteger a criança contra a violação de seus direitos e garan-tir a elas saúde, moradia e alimentação é o princi-pal objetivo do abrigo, que busca, diariamente, se aproximar cada vez mais de um ambiente familiar. O Adoção visitou um abrigo em Bauru, cujo nome foi preservado a pedido da direção. A coordenadora do serviço Nádia Cristina, dá detalhes de como o espaço funciona. “No nosso abrigo, estamos com 14 crianças, tendo 4 anos, o mais novo e 17, o mais velho. Possuímos 4 cui-dadoras que se revezam em 2 turnos, dia e noite, e procuramos deixar o abrigo com cara de casa.”
Um outro fator que facilita o abrigo ser cada vez mais a “casa” das crianças é não sep-arar os irmãos e manterem eles juntos, melhorando, assim, a adaptação da criança e do adolescente, como explica a assistente social Beatriz Borges, do mesmo abrigo.
As crianças e adolescentes seguem uma rotina intensa ao fazerem parte de algum serviço como esse. Em um período, elas frequentam as-siduamente a escola. Já em outro, elas têm ativi-dades como reforço escolar, ativiativi-dades lúdicas
realizadas no próprio abrigo, passeios e proje-tos socioeducativos como terapia, fonoaudiólo-ga, futebol, natação, dança e assim por diante.
Nádia explica que as crianças e adolescentes podem ficar no abrigo por no máximo 2 anos, mas não é sempre que isso acontece. Muitos ficam por mais tempo, por lentidão dos processos judiciais.
Além de todo apoio dos cuidadores, coor-denadores, psicólogos e assistentes sociais do lar, os abrigados devem receber visitas de seus responsáveis periodicamente. No entanto, não é o que a realidade apresenta, pois muitos não re-cebem visitas dos seus responsáveis há meses.
Os voluntários das entidades e o progra-ma de apadrinhamento aparecem nessas horas e suprem a necessidade de carinho de pai e mãe que eles tanto precisam. Eles levam brincadei-ras, contam histórias, fazem visitas e o retiram do seu espaço para levá-los a um passeio, a uma casa nova, ou a uma atividade diferente.
São essenciais para que o abrigo funcione da melhor forma possível, podendo dar apoio constante a essas crianças e adolescentes que, na maioria das vezes, carregam tantos traumas.
Entidades são esperança para menores sem lar
Associações recebem crianças e jovens cujo vínculo familiar foi rompido
Programa cuida de jovens afastados de casa
Conforme o Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas, mais de 46 mil
menores fazem parte da Família Acolhedora no Brasil
O porta-retratos sob a escrivaninha de madeira está ocupado, em seus vários es-paços, por onze fotos de diferentes crianças. No colo de Márcia está Miguel, de apenas seis meses, que logo estará também no porta-re-tratos. Orgulhosos, Hilário e Márcia, ex-poli-ciais casados há anos, emocionam-se ao con-tar dos últimos três anos em que cuidaram de 12 crianças como se fossem seus filhos, através do programa da família acolhedora.
Assim como eles, 2.341 famílias cuidam de crianças e adolescentes em situação de acolhi-mento no país, de acordo com o Ministério de De-senvolvimento Social. O programa prioriza que menores em situação de risco sejam afastados da família biológica e acolhidos por outras até a de-cisão judicial, quando serão encaminhados para adoção ou voltarão para suas famílias de origem.
Hilário e Márcia se cadastraram na Fun-dato (Fundação Toledo), uma das unidades em Bauru, além da Associação Comunitária de São Francisco (Acop), responsável por auxiliar, psi-cologicamente e financeiramente, as famílias
du-rante o acolhimento. Segundo a coordenadora da Fundato, Débora Baebe, eles trabalham hoje com 28 famílias e atendem 19 menores vulneráveis que passaram por graves traumas como abusos físicos e psicológicos causados por suas famílias.
A entidade conta com duas equipes compostas por psicólogos, assistentes soci-ais, cuidadores, auxiliares e motoristas diaria-mente disponíveis. E também se responsabi-liza por tentar a reconciliação do menor com sua família biológica ao promover encontros entre eles. Essa é a prioridade do progra-ma, que só cogita a adoção quando todas as possibilidades de reconciliação se esgotam.
Hilário e Márcia só se tornaram uma família acolhedora ao preencherem todos os requisitos necessários e ainda cursarem um preparatório de dois meses que os alertou sobre a perda, já que a criança não pode ser adotada pela família que a acolheu. “Toda perda é como se fosse a primei-ra, uma dor horrorosa”, desabafou o ex-policial. A psicóloga Maria Helena Bonifácio fri-sa que a família acolhedora é proibida de
re-alizar a adoção por ser injusto com a fila de espera.“Durante a capacitação trabalhamos a importância da partida da criança para as famílias entenderem que o sofrimento é natu-ral, mas que o bem maior já foi feito àque-le menor que ganhou carinho”, explicou. Por lei, assim que um menor é afastado a primeira opção do Conselho Tutelar deve ser contactar o programa, recorrendo a abrigos em casos de lotação das entidades. “A criança se desenvolve melhor com a família acolhedo-ra, com atenção individualizada, em abrigos o trabalho é muito difícil, são dois funcionári-os para 20 crianças”, afirmou Maria Helena. Hilário afirma que não é fácil o cotidi-ano de uma família acolhedora por causa da “correria”, mas confessa saber que o progra-ma é a melhor progra-maneira de dar carinho a essas crianças. “Nós sofremos muito quando as en-tregamos, mas sabemos que elas terão mais condições de sobreviver a partir daquele mo-mento, e isso é muito recompensador”, ressalta.
Aline Cristina
Daniele Olimpio
Pág. 06
Adoção Dezembro de 2017
O acolhimento em abrigos institucionais
No Brasil, 40 milhões vivem em abrigos institucionais por abandono ou
maus tratos familiares
Ao se separar de sua família, é obrigatório que um menor em acolhimento receba um cui-dado excepcional. Por isso, as casas de acolhi-mento devem assegurar seu bem-estar e de-senvolvimento pleno promovendo assistência comunitária, atividades de recreação, apoio psicológico, e incentivo à família. Contudo, uma pesquisa realizada em 2005 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), con-statou que apenas 6,6% dos abrigos pesqui-sados ofereciam serviços necessários como creche, ensino escolar regular, assistência médica e atividades culturais. E apenas 8% de-les cumpriam os requisitos de estrutura física obrigatórios, incluindo edificação do tipo “casa” e a existência de, no máximo, seis dormitórios.
Em Bauru, o abrigo é uma das instituições que atende os jovens em situações de vulnerabi-lidade e violações de direitos. A casa de fachada verde abriga 14 menores e a construção possui vários quartos, uma cozinha, uma sala de tele-visão e outra de jantar, além de um grande quin-tal onde os meninos comumente jogam futebol.
A coordenadora do Lar, Nádia Cristina, declarou o acolhimento institucional deve pro-teger os menores e garantir seus direitos bási-cos. “A grande maioria dos que chegam aqui tem um perfil diverso, é difícil delimitar. Geral-mente eles têm um comportamento agressivo e por isso também damos orientação”, salientou.
Um dos meninos acolhidos pelo Lar é Thiago*. Esse é quinto abrigo porque ele passa
desde que sua mãe foi denunciada por maus tra-tos, o que o ajudou a se acostumar com o local rapidamente. Embora ainda visite sua mãe e tenha um bom relacionamento, ele confessou enxergar no Lar uma casa e nos seus amigos com os quais mora, uma família.
Fo to: A lin e Cr ist in a
Daniele Olimpio
Pág. 07
A psicóloga Juliana Paes, que compõe a equipe responsável pela instituição, explicou que Thiago é exceção, já que uma rápida adaptação é rara, visto que o processo de boas vindas é tur-bulento pela dificuldade dos acolhidos em en-tenderem o serviço ou o porquê de estarem ali.
Ela ainda comenta que “o acolhimen-to nas primeiras semanas é fundamental para se trabalhar a inclusão, o psicológi-co e a adaptação às regras e a psicológi-convivência”. João* também mora há bastante tempo no lar e, diferente de Thiago, não vê o abrigo como uma família. O qualifica como um ambiente “normal” e assumiu estar acos-tumado à convivência coletiva. Apesar de não contato com sua família de origem, tem liberdade para sair com os ami-gos, uma das formas de lazer do menino. Poder sair com os amigos ou mes-mo levá-los ao lar é uma das formas de rec-reação ao que os menores têm direito. “Além das atividades de reforço escolar e projetos educativos, tais como natação, fono e terapia, trabalhamos também com atividades lúdicas mensais e semanais propostas por voluntári-os, incluindo dinâmicas e passeios”, explicou assistente social da instituição, Beatriz Borges.
Nádia comentou que já ocorreram fu-gas do abrigo, o que segundo ela acontece pela resistência em se adaptar ao serviço de acolhimento. “Quando eles fogem eles vão para casa da família mesmo, então é fácil achá-los. Nosso trabalho é convencê-los a voltar fa-lando da importância do abrigo e do quanto isso será melhor para o futuro deles”, contou. * Nomes fictícios
Adoção requer preparo das famílias
Justiça ampara cidadãos que entram na fila por menores
Depois de passar pelo processo burocráti-co da adoção, a expectativa pela chegada das crianças passa fazer parte do cotidiano dos pais. Com data incerta para o acontecimento, muitas famílias recebem a notícia sem estar preparadas.
É o caso de Hilário e Márcia, que após pas-sarem por cinco meses de processo adotivo, rece-beram em sua casa Hilário com 28 dias. “Naquela época, não havia preparação psicológica ou es-trutural. Íamos até o fórum, respondemos algu-mas questões e passamos por um psicólogo. Nos visitaram uma vez e o Hilário chegou”, conta o pai. Hilário conta que seu filho chegou a casa apenas com a roupa do corpo e contou com a ajuda de pessoas próximas para comprar o necessário a
criança. O que o casal não esperava era receber em sua casa mais dois irmãos de seu primogênito.
“Dois anos depois do Hilário, chegou o Giovani, com sete dias de vida. E seis anos de-pois veio a Bárbara, com três dias. Quando chegaram não tinham nada, porque não está-vamos registrados (no Cadastro Nacional de Adoção). Vieram porque são irmãos”, relatam.
O processo adotivo do casal foi regido pela antiga lei, que sofreu alterações em 2009. Pela nova Lei de Adoção, todas as pessoas inscritas na lista de espera por alguma criança ou adolescente deverão “passar por um período de preparação psicossocial e jurídica”, que será coordenado pela equipe da Justiça da Infância e da Juventude.
Maria Eduarda Guelfi
Apadrinhamento cria referência de lar
Medida acolhe abrigados e incentiva o afeto entre jovens
Das milhares de crianças à espera da adoção, apenas uma pequena parcela con-segue uma nova família. As outras continuarão nas instituições até que atravessem a porta de saída quando completar a maioridade. O que não faltam são pessoas que se sensibilizem com esse drama, que pensam em ajudar, mas que acabam se deparando com a questão: como fazer isso? Uma resposta simples, que vem dan-do resultadan-dos gratificantes, foi encontrada. É o apadrinhamento afetivo, no qual o adulto ga-rante à criança e ao adolescente uma vivência comunitária e familiar. Apadrinhar é permitir que o abrigado passe algum tempo com o pa-drinho, um final de semana, uma viagem um passeio ao shopping, uma ida ao dentista e, até, uma ajuda na tarefa escolar. A partir dessas “li-gações”, eles passam a criar um vínculo afetivo. É evidente que as crianças e adoles-centes dos abrigos passam a infância e a ad-olescência sem referência familiar. A ajuda fi-nanceira se faz importante, mas a falta de afeto gera muita carência, resultando consequências gravíssimas em outros aspectos da sua vivên-cia, tanto coletiva, quanto individual. Se sen-tir querido e cuidado por alguém faz bem para todos, assim esta aproximação com os padrin-hos, vem revestida de um significado ímpar.
A oportunidade de construir e manter relações sociais com as famílias que poderão apadrinhar a criança, e oferecer suporte que ul-trapassa a sua saída da entidade, é impagável.
Família é crucial para superar traumas
Exclusão pode levar ao envolvimento no mundo ilícito e das drogas
A permanência nos abrigos, a burocracia da adoção e a adaptação à nova família fazem parte um processo muito complicado para a criança ou adolescente. Antes de ir para a nova família, os menores enfrentam muitas dificul-dades, seja por suas vivências traumáticas com a família anterior ou mesmo por não ter tido a figura dos pais (apoio necessário ao seu desen-volvimento).
A psicóloga Suzana Godoi explica que a criança fica na indecisão entre se proteger e a necessidade de proximidade. “Essa ambivalên-cia, resultante da experiência de abandono, pode traduzir-se em comportamentos agressivos ou distanciados”, relata.
É necessário tentar entender e respeitar o passado dela. Segundo psicóloga que atua em serviço de acolhimento de menores infratores, “o que o jovem precisa é de um acolhimento sin-cero, interessado e o respeito total das origens desse adotado. A maioria dos adotantes tem um movimento de apagar o passado do ado-tado, e isso é a pior coisa que pode ser feita”,
Pág. 08
Aline Cristina
“Não temos filhos e queríamos fazer a diferença na vida de alguém. Na nossa infância e adolescência tivemos a presença marcante de pessoas que nos levavam passear, brincar, etc. Crescemos e entendemos que era hora de retribuir e sentir a alegria do outro lado da história”, por Rafael que participa do progra-ma de apadrinhamento na Casa Abrigo Amora-da em Lençóis Paulista, há mais de sete anos.
Quem pode apadrinhar?
Ser padrinho e madrinha é mais simples do que parece. Disponibilidade de tempo para participar efetivamente da vida do afilhado é um dos fatores mais importantes. Ter mais de 21 anos e ser 16 anos mais velho do que a criança e do adolescente, também são fatores. É necessário participar das capacitações que o abrigo oferece, apresentar toda a documentação exigida, que varia desde RG até antecedentes criminais e consentir ser acompanhado, permitindo visi-tas técnicas em sua residência, já permitem um caminho certeiro em direção ao apadrinhamento.
Na Casa Abrigo Amorada, Laiz de Souza, coordenadora do serviço de acolhimento,ex-plica que qualquer pessoa pode apadrinhar e, deixa claro o objetivo inicial do programa: “O objetivo inicial das famílias que entram no apa-drinhamento, não é a guarda, mas sim ser um apoio para aquela criança e para aquele adolescente.” Laiz ainda exemplifica e supõe que um adoles-cente de 16 anos, que faça parte do programa de
apadrinhamento, complete a maioridade. “Esse padrinho vai ser referência para o resto da vida do adolescente, é nele em quem o jovem vai se espelhar. Vai ser a pessoa que ele irá pedir con-selho quando passar por momentos de dificul-dades ou trocar experiências e vivências como parte da família que ele perdeu o contato, ten-do um vínculo garantiten-do, fora da instituição.”
Esse é um dos motivos que faz Rafael permanecer no programa. Ele se apaixonou pela experiência de estar envolv-ido com os “pequenos” e dedicar um tempo de suas atividades para eles. Tem consciên-cia da momentaneidade do “ser” padrinho.
argumenta a profissional.
Este adotado, quando já maior, também precisa entender sua situação de adotado e “os traumas antigos devem ser visto com aceitação. Condição muito mais favorável de superação do que ficar ba-tendo de frente com eles, não aceitando ou tentan-do buscar os porques tentan-do que aconteceu”, relata. Essas atitudes são comuns no início, até esta criança receber a afetividade do lar e sen-tir-se acolhida, conseguindo assim se vincular aos pais adotivos e confiar neles. Mas, e se essa criança ou adolescente não conseguir uma família?
Segundo a psicóloga, o sentimento de exclusão pode estar relacionado ao envolvimen-to das pessoas no mundo ilícienvolvimen-to e das drogas, como por outros diversos motivos: histórico de violência, desvalorização e falta de estímulo ou condições concretas de estudo. Isso acontece com a fragilidade emocional dessa pessoa, dev-ido ao sentimento de rejeição. “Tenho conhe-cimento de gente abandonada pela família e que não foi adotada e se tornou uma pessoa ótima. Então não importa o que aconteceu, mas o que é feito partir do sentimento de exclusão”.
Esse sentimento foi vivenciado pela serv-idora pública Márcia Negrato, que descobriu que era adotada aos 21 anos, quando uma amiga de sua mãe biológica a procurou. “Eu era adulta já, mas ainda assim a sensação foi horrível: de de-sprezo, rejeição, sentia um lixo, um objeto. Uma criança em fase de desenvolvimento, pré-adoles-cente, com um monte de dúvidas, não assimila que foi acolhida, mas que foi abandonada por al-guém”, desabafa.
A situação também é complicada para os pais. Márcia disse que já tinha desconfiado que era adotada, mas nunca perguntou a eles temendo magoá-los. Quando a mãe biológica de Márcia apareceu, foi uma comoção geral na família, com medo da forma como ela agiria. Segundo a psicóloga Suzana, “os pais também estão aprendendo e se desenvolvendo com essa nova relação. Devem estar abertos a olhar para a criança que chega com a disposição de descobrir quem ela é e de ser essa figura de apoio para que ela se sinta segura para explorar o mundo e se desenvolver”, finaliza.
Thais Aparecida de Mello Barion
“Antes do programa só conhecia um tipo de amor, aquele que é egoísta, que é consciente e, inconscientemente quer tudo pra si. No começo rolou uma sofrência, gerada pelo vínculo criado com o apadrinhado. Com o tempo, se entende que o amor é mais lindo e melhor compreendi-do quancompreendi-do se é livre. Depositamos tocompreendi-do o Amor que podemos nestes pequenos, sem esperar que eles sejam nossos ou que nunca irão em-bora, simplesmente porque acreditamos que todo esse amor fará a diferença na vida deles não só para o momento, mas para a vida toda.” Rafael - padrinho.
Escolha tem idade e cor no país
Segundo o CNA, crianças brancas com menos de três anos são as mais procuradas
na hora de adotar
As contas não batem: existem 7.985 pes-soas disponíveis para adoção no Cadawstro Na-cional de Adoções (CNA) e mais de 38 mil inter-essadas em adotar. Mas por que somente 1.226 crianças e adolescentes foram realmente adota-dos em 2016? A explicação é simples: a
maioria dos menores não faz parte do perfil idealizado, ou seja, não é branca nem possui até três anos de idade.
Conforme os dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 66,1% das crianças dis-poníveis para a adoção são ne-gros e 92% estão compreendi-dos na faixa etária de 7 a 17 anos.
“Os interessados estão dis-postos a adotarem crianças com, no máximo, seis anos de idade, sendo que den-tro desta faixa etária mais da metade procuram apenas crianças com até dois anos”, afirma o ad-vogado Edir Pellizzer Blass.
Apesar disso, a ideia de que grande parte dos adotantes opta por recém-nascidos na hora de adotar é desmistificada. “De acordo com os relatórios do CNA, há uma maior incidência de pretendentes que desejam adotar crianças com até três anos de idade do que aqueles que
dese-jam adotar bebês com até um ano de idade”, co-mentou o advogado Angelo Mestriner.
Graças aos projetos e campanhas de con-scientização para os adotantes, a preferência por
adotar crianças menores vem mudando com o tempo. Em 2015, por exemplo, foram finalizadas 711 adoções tardias, o
que equivale a 79 a mais do que no ano anterior.
Angelo explicou que as cam-panhas de conscientização são medidas públicas que defendem o direito à cidada-nia, bem como os interesses da criança e do jovem.
“Essas campanhas visam desmistificar alguns mitos, uma vez que a maioria dos adotantes possui a visão da formação familiar com uma criança pequena a fim de vivenciar a ma-ternidade e pama-ternidade desde o inicio.”, disse o advogado Edir. Já a advogada Daniele Fernandes Reis citou um exemplo de campanha brasileira voltada para a adoção, que é realizada pelo In-stituto Brasileiro de Direito de Família.“É impor-tante destacar também o envolvimento do IBD-FAM que pretende sensibilizar a sociedade por meio do Projeto “Crianças Invisíveis”, que,
en-tre outros objetivos, visa agilizar o processo de adoção”, ressaltou a professora de direito civil.
É importante lembrar que o andamento do processo de adoção requer alguns cuidados especiais, conforme explicou a psicóloga Tatia-ny Dreger Schiavinato. “Os pretendentes devem passar pelos grupos de apoio para trocarem experiências com outras pessoas que passam pela mesma situação, ao mesmo tempo em que encontram um espaço de acolhimento para de-smistificar as questões sobre a adoção”.
Já a psicóloga Graça Braga Darzi comple-mentou sobre o assunto. “No momento em que se faz a preferência, psicólogos estabelecem uma relação de contato para preparar os pais e os filhos. As crianças vão sendo preparadas para compreender se elas estão abertas, enquanto os pais tem acesso ao histórico da criança.
Eles vão deixando a aproximação [entre pais e filhos] acontecer”, observou a especialis-ta. É assim que o perfil idealizado dos adotados é desfeito e pouco a pouco, muitas crianças vão ganhando um novo lar.
De acordo com o Governo Federal, 34,72% das pessoas preferem adotar crianças de no máximo 2 anos de idade, enquanto apenas 1% desejam acolher um adolescente. Apesar dos dados cruéis, a realidade está mudando com o tempo, já que muitos menores “esquecidos” vem ganhando novos lares.
Um exemplo vivo disso foi o caso da pro-fessora de artes Renata Cristina Bertazzo, que adotou o pequeno Fernando Limeira, um de seus alunos na época em que dirigia um projeto para crianças. Com apenas sete anos, Fernando tinha um histórico muito doloroso antes de ser acol-hido. “Ele era uma criança muito sofrida e mal-tratada pela família de seis irmãos. Alguns deles viveram em abrigos até 18 anos e outros foram adotados. De todos, restaram ele [Fernando] e a irmã menor, que havia sido abusada pelo pai pedófilo. Este está recluso e cumpre uma pena de 17 anos”, explicou a professora.
Índice de adoção tardia
cresce no Brasil
Aos poucos, as crianças “invisíveis” saem
do esquecimento e ganham um novo lar
Pág. 09
Adriele Silva
Adriele Silva
Renata contou que a situação do filho agravou quando o pai biológico foi preso. “A fome aumentou a ponto de roubarem comida nos mercados e coisas nos lixos”, disse a artista. Depois disso, a mãe biológica do menino o “ofereceu” para a pedagoga. “Eu resisti um pouco, pois não sabia a reação da minha família, que não o aceitava muito”, afirmou Re-nata. A situação mudou quando Fernando se escondeu na casa de um parente para não ser encaminhado ao centro de acolhimento. Foi nesse período que os pais, Renata e Carlos Rodrigues, iniciaram o processo de adoção e ganharam a guarda definitiva do pequeno.
Finais felizes como o de Renata rompem com a ideia de que a adoção deve ser baseada no perfil idealizado e provam que o amor não escolhe cor nem idade.
*Fernando Limeira: nome fictício
Fo to: R ep ro duç ão
Foto: Pixabay
Adoção Dezembro de 2017
O preconceito é biológico?
Saiba como lidar com a chegada de mais um na família
O preconceito não está apenas fora de casa, mas começa dentro da própria família, como explica a psicóloga especialista em neuropsicologia e psicologia clínica, Maiara Garcia. Ela conta uma experiência que viveu ao atender duas crianças, onde cada família trata-va a adoção de uma maneira. “Uma menina de 11 anos, adotada com 3, sabia que era adotada mas a família não falava nesse assunto. Quando surgia comentários na roda de amigas era mui-to difícil pra ela lidar e sofria com isso. Por out-ro lado conheço uma situação de um casal que tratava isso com naturalidade e a pessoa não tem problema porque mesmo que surja esse tipo de situação a autoestima estará bem preser-vada”, conta.
A preservação da autoestima, confiança em si mesmo, é o fundamental para que as pes-soas não sofram com o preconceito, seja ele pelo fato de ser uma pessoa adotada ou mesmo por alguma deficiência, pela cor, religião, opção sex-ual ou combinação desses fatores. A autoconfi-ança é adquirida ainda na infância, por isso a importância da família, escola e meios so-ciais.
“Minha irmã nunca escondeu nada da Iza sempre contou pra ela a história dela. Ela tem contato com os dois irmãozinhos hoje e se dá muito bem, adora eles e sempre manda foto dela pelo whats”, conta Eliana Ribeiro, irmã da mãe adotiva de Iza G. Ela tem 3 anos, mas foi
adota-da aos dois meses pelo irmão do seu pai biológi-co, já casado e com um filho. Seu pai por sangue era alcóolatra e sua mãe usuária de drogas. Sua adoção foi rápida, justamente por ter ficado com a própria família, como os irmãos que estavam na mesma situação e foram adotados por outros dois parentes. Segundo Eliana, não presenci-aram nenhum preconceito com ela até hoje e foi bem aceita em todos os lugares, principal-mente na escolinha. “Confiaram em Deus e ti-veram ajuda da minha família e de muitas outras pessoas.”
O preconceito também pode existir den-tro da família adotiva para com os pais biológi-cos, por terem abandonado, maltratado, ou o motivo pelo qual levou a pessoa a estar separada da família original. A psicóloga argumenta que os problemas acontecem quando é negado que houve uma adoção e que existe outra família. “Uma coisa muito importante sempre é respei-tar a família de origem que essa criança veio, mesmo que tenha vindo bebê. Ela tem um mate-rial genético que foi necessário de outra pessoa”, explica.
E quem acha que o preconceito é só ex-terno está enganado. Ele começa no momen-to da adoção. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apenas 7,5% dos pretendentes à adoção não fazem restrição a crianças com al-guma doença ou deficiência. Enquanto isso,
es-peram por adoção 793 crianças e adolescentes cadastrados no CNJ com alguma deficiência físi-ca ou mental e 88 com HIV, conforme registros de 2016. “O grande problema que acontece é que a maioria das pessoas que adotam, adotam buscando uma solução pra si, e isso por si só in-viabiliza o sucesso. Só se for uma coincidência muito grande, do adotado oferecer pra ele o que ele precisa e ele oferecer ao adotado o que ele precisa.” argumenta psicóloga que não quis se identificar.
Outro fator que pode surgir é a negação do filho biológico pelo novo irmão. Mas os pais devem agir da mesma forma que fosse receber um filho biológico: através da conversa. Com as crianças é necessário mais cautela. “A gente trabalha muito no mundo da fantasia. Se contar uma historinha de um ninho que estava vazio e que a mamãe passarinho resolveu adotar pra ter mais gente no ninho, por exemplo, quando che-gar o momento eles associam as histórias e isso internaliza neles de uma maneira mais tranqui-la”, explica Maiara.
O irmão não biológico de Iza de 15 anos, antes seu primo, “aceitou muito bem e ajuda a cuidar dela. Passou na psicóloga, conversou bastante com ele, mas ele aceitou de boa. Ba-teu um ciuminho mas normal”, conta Eliana. Hoje, o processo de guarda da Iza está em an-damento. A família tem que ir ao fórum a cada 3 meses para a assinar a guarda dela.
Thais Aparecida de Mello Barion
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Fo to: Th ai s B ar io nAdoção Dezembro de 2017
A adoção internacional pode ser vista como uma maneira de dar uma família perma-nente à criança, quando não existe a possibili-dade de encontrar uma família adequada em seu país de origem.
Esse método de adoção funciona como uma via de mão dupla: tanto os brasileiros po-dem adotar crianças estrangeiras quanto es-trangeiros pode adotar uma criança brasileira.
Apesar de existir essa possibilidade, o advogado Vinicius Carreira afirma que são raras as situações em que uma família brasileira bus-ca adotar uma criança estrangeira. “Quando se fala em adoção internacional, o mais comum são pessoas de outros países que pretendem adotar crianças brasileiras (...). A opção de brasileiros em adotar uma criança estrangeira costuma ser motivada por compaixão às crianças
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Amor atravessa fronteiras na
adoção internacional
Procedimento burocrático garante que menores de outros países
sejam acolhidos no Brasil
em países vítimas de guerras ou calamidades, como a Síria ou o Haiti”.
A adaptação psicológica
Uma das maiores dificuldades da adoção internacional é a mudança brusca de ambiente. A criança passa por vários processos complica-dos de adaptação, como a diferença da cultura, da língua, da culinária e dos códigos sociais.
A psicóloga Cintia Liana afirma que esse processo é de extrema delicadeza. “A criança sai de um contexto onde se sente se-gura para ir ao contexto desconhecido, isso exige toda uma preparação especial. Os pais adotivos precisam entender que muitas des-sas crianças passaram por traumas, pois vi-eram de realidades muito difíceis.”.
É bom ressaltar que a criança só é sujei-ta à adoção internacional quando já não há mais possibilidade de adoção em seu país de origem.
Burocracia
No Brasil e em alguns outros países, a adoção internacional é regulamentada pela Convenção de Haia, que estabelece os cuidados para evitar o tráfico de crianças e, entre outras medidas, garantir que o adotado exerça os seus direitos de cidadania no país de acolhida.
Vinicius afirma que a subscrição de outros países à Convenção de Haia é importante, pois a adoção de uma criança em um país signatário segue um procedimento diferente – e muito mais simples e seguro - do que a de uma que viva em um pais não signatário.
Luisa Volpe
Infográfico: Luisa Volpe