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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ - 2" VARA DECISÃO

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JUSTIÇA FEDFRAl.

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ - 2" VARA

PROCESSO N. 4806-28.2015.4.01.3900 CLASSE 7100 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICÇ FEDERAL

RÉU: FACULDADE DO TAPAJÓS - FAT E OUTRO JUÍZA FEDERAL: Hl ND G. KAYATH

D E C I S Ã O

Cuida-se de ação civil pública, com pedido liminar, em que o MPF objetiva seja determinado à FACULDADE DO TAPAJÓS - FAT que a), com exceção do curso de bacharelado em Administração na cidade de Itaituba/PA, suspenda temporariamente todas suas atividades referentes aos cursos oferecidos bem outras localidades para as quais não ha autorização do Ministério da Educação; que interrompa, imediatamente, as matrículas nos cursos "livres" graduação e que não inicie as aulas dos referidos cursos sem o ato de credenciamento, autorização e reconhecimento junto ao MEC, conforme cada caso requer; b) seja responsabilizada pelo ressarcimento de todos os valores pagos individualmente pelos alunos matriculados, referentes às matrículas, taxas e mensalidades, com correcão monetária; c) seja cominada penalidade administrativa, civil e penal em caso de descumprimento de quaisquer das medidas judiciais determinadas,

A inicial foi instruída com os documentos de fls. 11-215.

Brevemente relatados. Passo à decisão.

l Juízo Federai da 2a VaraT(LU " Processo n'! 4 8 0 6 - 2 8 . 2 0 1 5 . 4 . 0 1 . . " " ~' —

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JUSTIÇA PEDERA1. znffr Fia. PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ - 2a VARA

Em qualquer ação de conhecimento, a concessão de medidas liminares ou antecipatórias da tutela apresenta-se sempre com caráter excepcional, somente sendo cabíveis quando presentes seus requisitos autorizadores.

Pois bem. É assente que o ensino universitário, delegado à iniciativa privada, há de preencher os requisitos estabelecidos no art. 209 da Constituição Federal, vale dizer, o cumprimento das normas de educação nacional, autorização e avaliação de qualidade pela Administração Pública,

Neste sentido, a Lei n. 9.394/1993 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que regula o tema, em seu art. 7°, fixa o seguinte, in verbis:

Art. 7° O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

i - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino;

II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público;

III - capacidade de aufqflnanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal, (sem grifo no original).

No caso, o Conselho Regional de Administração do Pará - CRA/PA levou ao conhecimento do MPF que bacharéis em Administração egressos da FACULTADE DO TAPAJÓS o procuraram a fim de obter a sua inscrição para dar inicio às suas atividades profissionais, informando que teriam assistido a aulas

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JUSTIÇA

FEDERAL

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presenciais nos Municípios de Mãe do Rio, Acará, Paragominas, Moju, Tome-Açu, Óbidos e Marabá, todos no Pará. O CRA/PA verificou junto ao Ministério da Educação que a requerida somente possui autorização para oferecer curso de bacharelado em Administração na modalidade presencial no Município de Itailuba/PA (fls. 16-18).

Questionada pelo Conselho sobre esta circunstancia a instituição de ensino disse que poderia também ofertar cursos superiores em pós-graduação lato

sensu e cursos de extensão universitária sem que para isso necessitasse de autorização,

alegando que os programas de extensão universitária permitiriam o aproveitamento de estudos cm curso superior de graduação e que estaria disponível a acolher alunos oriundos de instituições não autorizadas que, após processo seletivo e avaliação poderiam obter o referido aproveitamento extraordinário (fls. 32-35).

Consultado, o MEC esclareceu que somente as universidades podem, mediante autorização, oferecer cursos em Município diversos da abrangência geográfica do ato de credenciamento (ti. 71), que os cursos de extensão universitária independem de norma específica do MEC, que o aproveitamento extraordinário de estudos é matéria afeita à competência da instituição de ensino, cujo procedimento depende de instrumentos específicos de avaliação e que a "abreviação da formação deve ser observada, caso a caso, de forma individualizada, em situações realmente extraordinárias" (fls. 124-131).

Posteriormente a tais esclarecimentos, a requerida ratificou sua manifestação anterior, no sentido de que está autorizada a promover cursos de extensão universitária na área de Administração e cursos de pós-graduação e, ainda, que por meio dos programas de extensão universitária procura efetuar o

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JUSTIÇA

FKDFRAL

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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARÁ - 2' VARA aproveitamento de estudos para abreviação de outra formação.

Pois bem, o funcionamento do curso de Administração presencial pela FACULDADE DO TAPAJÓS foi autorizado para o município de Itaituba/PA, por meio da Portaria n. 2.287, de 30 de junho de 2005 (fl. 24), o qual foi reconhecido por meio da Portaria n. 266, de 19 de julho de 2011 (fl. 25-26). Por outro lado, não resta dúvidas de que a requerida não possui autorização para o oferecimento de curso de graduação em outra localidade.

Ocorre que, por meio das informações constantes das tis. 98-115 dos autos, observa-se que a requerida expediu Diplomas de Bacharel em Administração, com referência às portarias mencionadas, em favor de diversos alunos que declararam, de próprio punho, ao Conselho Regional de Administração, terem frequentado as aulas de graduação no Município de Mãe do Rio. As aulas teriam sido realizadas na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Cordeiro de Farias, espaço cedido pela Prefeitura Municipal de Mãe do Rio. Além destes, o CRA afirma ter observado alividade semelhante também nos Municípios de Acará, Paragominas, Moju, Tomé-Açu, Óbidos e Marabá.

Assim, nesta análise de cognição sumária, ficou satisfatoriamente demonstrado que a FAT está ministrando curso de nível superior na modalidade presencial em localidade geográfica diversa daquela para a qual obteve autorização do MEC.

A mera expedição dos diplomas, juntados aos autos pelo requerente, contrapõe a realidade dos fatos à argumentação da requerida no sentido de que estaria apenas oferecendo cursos livres de extensão universitária para posterior

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aproveitamento de estudos em outro curso de formação superior, inclusive porque para cursos de extensão expedem-se certificados, rescrvando-se os diplomas para a comprovação de cursos de graduação, nos lermos do art. 48 da Lei n. 9.394/96.

A primeira consequência prática da irregularidade já pode ser constatada nos autos, haja vista que, nos termos da Resolução Normativa CRA-PA n. 001, de 06 de março de 2014, todo o universo de discentes detentores dos diplomas expedidos nas circunstancias citadas alhures estarão impedidos de obter o registro profissional (fls. 160-164).

Assim, perpetuando-se a irregularidade, visíveis são os gravames ao consumidor se a entidade continuar a oferecer cursos à comunidade sem a devida autorização do Poder Público, fato agravado quando se trata dos alunos matriculados, os quais além do comprovado prejuízo financeiro, terão frustradas suas expectativas da obtenção do grau superior de ensino.

Com efeito, atentando para os novos paradigmas traçados pelo movimento crescente de consíitucionalização do Direito Civil, deve ser reconhecida a vulnerabilidade do consumidor, no caso representada especialmente nas suas facetas técnica, jurídica, económica e internacional e, mesmo que ainda não haja procedimento instaurado no âmbito do MEC, a situação ora verificada já se apresenta como irregularidade (fi. 190), impondo-se a suspensão temporária das atividades da FACULDADE Do TAPAJÓS - FAT quanto aos cursos ofertados em qualquer modalidade fora dos limites geográficos em que esta autorizada, tudo conforme o art. 56, VII do CDC, in verbis:

An, 56. As infrações das normas cie defesa do consumidor ficam sujeitas,

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conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das cie natureza civil, penal e das definidas em normas específicas:

Vil - suspensão temporária de atividade;

Quanto ao pedido de ressarcimento dos valores pagos, é matéria que se reserva para o julgamento de mérito da ação, por ausência áepericulum in mora.

O pedido de urgência, pois, merece deferimento parcial.

Jsto posto, diante dos fatos e fundamentos expendidos, defiro em parte o

pedido de concessão liminar para determinar à requerida FAT que suspenda

imediatamente todas as atividades referentes aos cursos ora questionados, interrompendo as matriculas nos cursos livres de graduação e abstendo-se de dar início às aulas nos cursos para os quais não dispõe de credenciamento, autorização e reconhecimento junto ao MEC, sob pena de cominação de penalidade pelo descumprimento.

Citem-se.

Intime-se a União para dizer se tem interesse em integrar a lide. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Belém (PA), 0^ de março de 2015.

H I N D G . K A Y A T H Juíza Federal da 2a Vara

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