S
ÓNIA
M
ARIA DA
S
ILVA
B
RITO
Orientação: Mestre Carla Alexandra dos Santos
Sousa Coelho
Projeto Final: Leitura, Aprendizagem e Integração das Bibliotecas nas Atividades Educativas
Descobri que a leitura
É uma forma servil de sonhar.
Se tenho de sonhar,
Porque não sonhar
Os meus próprios sonhos?
Fernando Pessoa
“Não se pode melhorar o que não é
possível medir.
O que é medido, é alvo de atenção e
melhoria.
O que é medido é realizado.
O que não se consegue medir, também
não se consegue gerir
.
Resumo
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da Pós-graduação em “Leitura, aprendizagem e integração das bibliotecas nas atividades educativas” e consiste no projeto final.
Na origem e motivação deste trabalho esteve a necessidade de criar instrumentos de recolha de dados normalizados que permitam proceder à avaliação baseada em evidências, otimizar recursos e processos, medir a performance dos serviços prestados, comparar os resultados com as outras BE´s do agrupamento de escolas recém-criado e dar resposta ao que é solicitado pelas entidades superiores, em vários momentos do ano letivo.
A experiência de três anos no desempenho do cargo de Professora Bibliotecária da Escola Secundária de Esmoriz e cargo de coordenadora das BE´s do agrupamento é um desafio que, aliado à exigência quer dos utilizadores, quer da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), torna imperativo e urgente a utilização de um modelo que se ajuste à realidade e que constitua uma fonte fidedigna de suporte à tomada de decisão.
No sentido de se implementar uma prática corrente e fluida do registo do trabalho que é desenvolvido pela BE, importa que os instrumentos sejam de fácil utilização, simplificados e que evitem a redundância de informação. Assim foram analisadas várias fontes de informação e outros instrumentos, tais como: MABE, Base de dados da RBE, Normas ISO e outros que estão a ser utilizados nas várias BE´s do agrupamento. Com o estudo e cruzamento destes dados apresentam-se os instrumentos em formato digital, criados no aplicativo Microsoft Excel.
Pretende-se que o modelo seja implementado no ano letivo 2012/2013, nas cinco bibliotecas escolares do Agrupamento de Escolas Esmoriz-Ovar Norte, estando sujeito a ajustes ao longo do ano.
Palavras-chave:
Instrumentos de recolha de dados;
Indicadores de eficiência, eficácia;
Abstract
This work was developed as a final project to the post-graduation “Reading, Learning and Integration of Libraries in Educational Activities.”
On the origin and motivation of this work was the need to create mechanisms to collect standardized data bases that enable us to evaluate the evidences, optimize resources and procedures, measure the performance of our services, compare the results with other school libraries of our newly created schools aggregation and respond to what is required by higher authorities at different moments of the school year.
My three years experience as librarian teacher in Secondary School of Esmoriz and as coordinator of the other school libraries of the School aggregation is a daily challenge, as well as the increasing demands of the library users and the School Libraries Network, make imperative and urgent to use a model that fits the reality and what constitutes a reliable source of support for a good decision-making.
In order to implement a common practice and fluid registration of the work that is developed by the school libraries it is very important that instruments are user-friendly, simplified and that avoids data bases redundancy.
With this in mind, I analyzed several sources of information and other instruments such as: MABE (Evaluation Model of Portuguese School Libraries), Database of RBE (Portuguese School Libraries Network), ISO and other standards that are being used in the school aggregation of Esmoriz Ovar-North. With the study and the crossing of these data bases, I will present in this work the digital format instruments, created in Microsoft Excel Application. I intend to implement this Model in the current school year (2012/2013), in the five school libraries of the schools Aggregation of Esmoriz Ovar-North, being subject to adjustments during the year.
Keywords:
Data bases collection tools;
Efficiency indicators, efficacy;
Agradecimentos
Sermos capazes de nos rodearmos de quem sabe mais do que nós é um sinal de inteligência. Por isso tenho de agradecer a muitas pessoas que me ajudaram a dar mais um passo no meu crescimento intelectual.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha orientadora, Mestre Carla Coelho, pelos conselhos e orientações que me transmitiu e que foram essenciais para a elaboração deste trabalho.
Gostaria ainda de agradecer aos meus amigos e colegas de trabalho pelo constante apoio e motivação que sempre me deram, bem como às colegas que frequentaram esta pós-graduação pela entreajuda, simpatia e partilha.
Um agradecimento especial para duas amigas e colegas nesta pós-graduação, Filipa e Romy, pelo entusiasmo, apoio e amizade e, especialmente, pelas suas sugestões e críticas construtivas.
Finalmente, quero agradecer a toda a minha família pelo apoio que me dão, pela confiança que depositam em mim e pela compreensão que tiveram nos momentos em que tive menor disponibilidade para lhes dar a atenção que merecem.
Índice de ilustrações
Ilustração 1 - Processo de avaliação ... 1
Ilustração 2 - Mapa do concelho de Ovar ... 2
Ilustração 3 - Distribuição das BEs no Agrupamento ... 3
Ilustração 4 – Tipologia e descrição dos instrumentos de recolha ... 6
Índice de tabelas
Tabela 1 – Indicadores - norma ISO 11620 publicada em 1998 e atualizada em 2003 ... 9Siglas e abreviaturas
BE Biblioteca Escolar
GRBE Gabinete Coordenador da Rede de Bibliotecas Escolares ISO International Organization for Standardization
MABE Modelo de autoavaliação da biblioteca escolar PB Professor Bibliotecário
RBE Rede de bibliotecas escolares RBO Rede de Bibliotecas de Ovar
Índice
Resumo ... I Abstract ... II Agradecimentos ... III Índice de ilustrações ... IV Índice de tabelas ... IV Siglas e abreviaturas ... V Capítulo I – Enquadramento ... 1Capítulo II – Modelo de recolha de dados – caso prático ... 4
Objetivo ... 4
Metodologia ... 4
Instrumentos ... 4
Indicadores... 7
Capítulo III – Considerações finais ... 14
Bibliografia e Webgrafia ... 16
Anexos – Folhas de cálculo do modelo de recolha de dados ... 17
Índice ... 17
A - Informações gerais ... 18
B - Recursos humanos: PB e equipa ... 21
C - Recursos materiais: espaço e equipamentos ... 22
D - Inventário... 24
E - Gestão da BE – serviços ... 27
I – Formação PB ... 30
II - Receitas e despesas ... 33
III - Utilizações (individualmente) ... 35
IV - Entradas e saídas do fundo da BE ... 37
V - Recursos educativos produzidos ... 38
VI - Atividades no âmbito do apoio curricular ou outro ... 39
Avaliação
da BE
Cálculo dos indicadore s Recolha de dadosIlustração 1 - Processo de avaliação
Capítulo I – Enquadramento
Este trabalho foi desenvolvido como projeto final da Pós-graduação em “Leitura, aprendizagem e integração das bibliotecas nas atividades educativas”. Trata-se de um projeto prático a ser implementado no Agrupamento de Escolas Esmoriz- Ovar Norte, no presente ano letivo (2012/2013).
O projeto surge da necessidade identificada pelo coordenador e PBs do agrupamento, de utilizar os mesmos instrumentos de recolha de dados, devidamente normalizados, para que se proceda ao cálculo dos indicadores que permitem avaliar as BEs daquela agregação de
escolas.
Nos últimos anos, tem-se assistido a uma mudança na importância atribuída à BE no processo de ensino e aprendizagem. Os estudos comprovam que é possível estabelecer uma relação entre a qualidade do trabalho da e com a BE e os resultados escolares dos alunos. O investimento financeiro feito ao longo destes anos pela RBE tem sido avultado. Torna-se assim relevante avaliar o impacto que o trabalho desenvolvido pela e com a BE tem no
processo de ensino e aprendizagem, o grau de eficiência e eficácia dos serviços prestados e a satisfação dos utilizadores.
Tal como preconizado na legislação, é função do PB: “assegurar serviço de
biblioteca para todos os alunos, (…), assegurar a gestão dos recursos humanos afetos à BE, garantir a organização do espaço e assegurar a gestão funcional e pedagógica dos recursos materiais da BE, definir e operacionalizar uma política de gestão dos recursos de informação, promovendo a sua integração nas práticas de professores e alunos, (…), implementar processos de avaliação dos serviços e elaborar um relatório anual de autoavaliação a remeter ao Gabinete Coordenador da Rede de Bibliotecas Escolares (GRBE)…” (Ministério da Educação, 2009).
No cumprimento da sua função, o PB é responsável por realizar a avaliação da ação da BE e definir estratégias de melhoria e desenvolvimento das suas práticas.
A avaliação é entendida como um instrumento inerente à gestão e sempre numa perspetiva de melhoria contínua da BE, da qual todos beneficiarão. Para que tal aconteça, é necessário que se criem algumas práticas e rotinas de funcionamento que sejam exequíveis. A recolha de dados é uma das práticas que deve ser feita de forma sistemática e uniforme, ao longo do ano letivo, por todas as bibliotecas do agrupamento, para que seja organizado o processo de registo de evidências, nas quais a avaliação se apoia. Esse registo sistemático permite, em
qualquer momento, responder às solicitações das instâncias superiores, analisar e apreciar criticamente o trabalho realizado por todos os que se dedicam a concretizar os objetivos estabelecidos para a BE.
No final do ano letivo 2011/2012 foi constituída a agregação da Escola Secundária de Esmoriz e dois agrupamentos da zona norte do concelho de Ovar: Agrupamento de Escolas Florbela Espanca e Agrupamento de Escolas de Maceda e Arada (ilustração 2).
Nasceu assim um novo agrupamento – Agrupamento de Escolas de Esmoriz-Ovar Norte que serve cerca de 2800 alunos. Neste agrupamento há cinco BEs integradas na RBE e três professoras bibliotecárias.
Agrupamento de Escolas Esmoriz-Ovar-Norte Escola Secundária de Esmoriz Biblioteca Escolar Dr. Manuel Monteiro
EB2/3 Florbela Espanca Biblioteca Escolar
Florbela Espanca
Escola EB1 da Vinha Biblioteca Escolar dos Sonhos
EB 2/3 Maceda e Arada Biblioteca Escolar
Além das letras
Centro Escolar de Maceda Biblioteca Escolar (entra em funcionamento 2012/2013)
Com esta nova realidade, a recolha de dados deverá ser efetuada de forma normalizada, para que se possa fazer uma avaliação objetiva das BEs do agrupamento e verificar processos de evolução, melhoria, identificação de boas e más práticas, comparação de performances, entre outros.
Neste sentido, desenvolveu-se este projeto para as BEs do agrupamento, composto por 3 capítulos. No capítulo 1 faz-se o enquadramento do projeto. O capítulo seguinte apresenta o caso prático - modelo de recolha de dados -, iniciando-se com o objetivo e metodologia utilizada, sucedendo-se a explicação dos instrumentos criados e a escolha dos indicadores de eficiência e eficácia, que são automaticamente apurados. No capítulo 3 apresenta-se a conclusão do trabalho, os constrangimentos e a possibilidade de melhoria do modelo.
Capítulo II – Modelo de recolha de dados – caso prático
Objetivo
O objetivo deste projeto é apresentar um modelo composto por um conjunto de instrumentos que possam ser utilizados pelas BEs do agrupamento de modo a monitorizar o trabalho desenvolvido e a fornecer os dados que permitam obter evidências necessárias ao processo de avaliação. Estas devem “revelar o trabalho
realizado, as atividades desenvolvidas e os resultados e o impacto alcançados” (Rede
de Bibliotecas Escolares,2011).
Pretende-se igualmente sensibilizar a comunidade educativa para a importância do processo de avaliação da BE.
Desta forma prevê-se que o trabalho do coordenador e dos PBs seja amplamente facilitado. Pretende-se, ainda, com estes instrumentos efetuar uma análise comparativa entre a performance dos serviços prestados pelas BEs do agrupamento, bem como uma análise individual da cada BE ao longo do tempo.
Metodologia
Na fase inicial do trabalho, foram analisados vários documentos da RBE como o MABE, a base de dados estatística da RBE, as normas ISO 11620 e ISO 2789 e outras fontes de informação; elaboradas entrevistas a outros PBs, de modo a identificar e analisar as diferentes perspetivas sobre outras realidades e ciclos de ensino. Posteriormente, os dados recolhidos foram consolidados, permitindo criar um conjunto de instrumentos de eficiência concretizáveis para monitorizar processos inerentes às BEs.
Os instrumentos de recolha de dados criados permitirão calcular os indicadores considerados mais pertinentes e que darão resposta ao que é solicitado.
Instrumentos
Considera-se um instrumento de recolha de dados um mapa onde se inserem valores acerca de um determinado dado que se julga pertinente para o estudo em causa.
Os mapas foram criados no software de aplicação do Microsoft Office – Microsoft Excel. Optou-se por esta aplicação informática por ser de fácil manuseamento e apropriado ao tratamento de dados estatísticos. Permite ainda a possibilidade de cálculos automatizados e a elaboração rápida de gráficos e filtros.
Os instrumentos de recolha de dados são apresentados num único livro do Microsoft Excel, o que equivale a apenas um ficheiro, contendo várias folhas de cálculo, devidamente protegidas por palavra-chave, no sentido de não permitir que se proceda a alterações, mesmo que de forma involuntária. É de salientar que, em diversas folhas de cálculo, estão criados alguns gráficos que ilustram os dados registados. Estes elementos gráficos são atualizados de forma automática.
O PB de cada BE do agrupamento deve preencher o seu documento ao longo do ano letivo e disponibilizá-lo, sempre que solicitado, ao Coordenador dos PBs. Este deverá analisar e comparar os dados recolhidos e a avaliação de cada uma das unidades documentais. Depois de ser portador daquelas informações, o Coordenador deve compilar toda a informação num outro livro para proceder à avaliação das BEs do agrupamento.
Desta forma, e em qualquer momento, os dados podem ser inseridos, alterados ou eliminados. Os indicadores de eficácia e eficiência das BEs do agrupamento são automaticamente atualizados. Assim será dada resposta atempada quer à RBE quer à Direção do agrupamento e respetivos Conselhos Pedagógicos e ainda é possível implementar ações de melhoria conducentes a uma prestação de serviços de excelência e reorientação estratégica da unidade documental.
O modelo apresentado comtempla três tipologias de instrumentos: dados globais; anexos e os indicadores (ver ilustração 4). Os dados globais estão divididos em cinco secções (de A a E). Os anexos, de I a VI, são instrumentos de recolha que, ao serem totalizados, sustentam os dados globais. Os indicadores apresentam os cálculos automatizados que se baseiam nos dados globais.
Modelo
de
rec
ol
ha
de
dados
Dados globais
A- Informações gerais B- Recursos Humanos: PB e equipa C- Recursos materiais: espaço e equipamentos D- Inventário E- Gestão da BE - serviçosAnexos
I - Formação PBII- Receitas e despesas
III- Utilizações
IV- Entradas e saídas do fundo
V- Recursos educativos produzidos
VI- Atividades no âmbito do apoio curricular ou outro
Indicadores de
desempenho
Indicadores
Tendo como guia a norma ISO 11620, os indicadores são ferramentas fundamentais para a gestão de uma unidade documental a partir das quais é possível avaliar a qualidade e eficácia dos serviços prestados e a eficiência dos recursos afetados. A utilização dos indicadores, para ser eficaz na avaliação da BE, deve estar relacionada com a planificação e ser efetuada com regularidade. Os resultados deverão ser apresentados a todos os implicados na tomada de decisões e servirão para demonstrar o grau de cumprimento dos objetivos estabelecidos.
Com a aplicação destes instrumentos pretende-se facilitar o controlo à gestão, constituir uma referência para todos aqueles que colaboram, que gerem os recursos e utilizam a BE. Por outro lado permitirá realizar análises comparativas com unidades documentais semelhantes, com objetivos equivalentes e público alvo semelhante. Este aspeto tem de ser utilizado com alguma ponderação pois cada BE está inserida num contexto particular, pelo que pode traduzir-se num desempenho com resultados singulares. Apesar disto, é necessário utilizar instrumentos de recolha padronizados e os mesmos indicadores, para que a avaliação seja transparente e se possa comparar os resultados de diferentes unidades documentais. Por esta razão, recorreu-se à norma ISO 11620 publicada em 1998 e atualizada em 2003, que estabelece 34 indicadores:
Perceção do utilizador: o Geral:
Satisfação do utilizador.
Serviços públicos: o Geral:
Percentagem da população atingida; Custo por utilizador;
Visitas à biblioteca per capita; Custo por visita à biblioteca. o Fornecimento de documentos:
Disponibilidade de títulos;
Disponibilidade de títulos solicitados;
Disponibilidade alargada de títulos solicitados; Consultas na biblioteca per capita;
Taxa de utilização de documentos; Proporção da coleção não utilizada; Precisão na arrumação de documentos. o Recuperação de documentos:
Tempo médio de recuperação de documentos em depósito; Tempo médio de recuperação de documentos em áreas de livre
acesso. o Empréstimo:
Movimento da coleção de empréstimo; Empréstimos per capita;
Documentos em empréstimo per capita; Custo por empréstimo;
Empréstimos por empregado;
Proporção da coleção em empréstimo.
o Fornecimento de documentos a partir de fontes de informação externas: Rapidez do empréstimo interbibliotecas.
o Serviços de referência e formação: Taxa de respostas corretas. o Pesquisa de informação:
Taxa de sucesso da pesquisa no catálogo de títulos; Taxa de sucesso da pesquisa no catálogo de assuntos. o Formação de utilizadores:
Nenhum indicador é descrito nesta norma internacional. o Equipamentos:
Disponibilidade dos equipamentos; Taxa de utilização dos equipamentos; Taxa de ocupação dos lugares;
Disponibilidade dos sistemas automatizados.
Serviços Técnicos:
o Aquisição de documentos:
o Processamento de documentos:
Tempo médio do processamento de documentos. o Catalogação:
Custo por título catalogado.
Promoção de serviços:
o Nenhum indicador é descrito nesta norma internacional.
Serviços ao utilizador: o Geral
Pessoal dos serviços ao utilizador per capita;
Percentagem de pessoal dos serviços ao utilizador em relação ao total de empregados.
Tabela 1 – Indicadores - norma ISO 11620 publicada em 1998 e atualizada em 2003
Segundo esta norma internacional,
os indicadores de desempenho acima referidos devem ser vistos como os estabelecidos para uma estrutura do tipo biblioteca.
cada biblioteca deverá selecionar os que são mais apropriados para a sua situação particular.
A seleção dos indicadores, apresentados neste modelo, foi efetuada tendo em conta os seguintes fatores:
a) O indicador de desempenho deve auxiliar a gestão da BE; b) O conhecimento de um serviço que funciona menos bem; c) A intenção de descobrir problemas;
d) Disponibilidade de tempo, recursos humanos e materiais; e) Necessidade de dar resposta a instâncias superiores.
O último fator apontado justifica a inclusão de outros indicadores solicitados pela RBE.
Os indicadores calculados neste modelo, que serve bibliotecas escolares, são os que constam da seguinte tabela:
Serviço, atividade ou
aspeto medido Indicadores de desempenho / Fórmula de cálculos Dados Gerais da
Biblioteca escolar
Nº de utilizadores atuais Índice de uso da biblioteca = (Nº de utilizadores atuais / Nº de utilizadores potenciais)
Taxa de incremento do nº de utilizadores = (Nº de utilizadores atuais - Nº de utilizadores do ano letivo anterior) / Nº de utilizadores atuais do ano letivo em curso
Prestação, em geral, de serviços públicos
Público-alvo Percentagem da população-alvo atingida = (Nº de pessoas que utilizam os serviços prestados pela biblioteca / Nº total de pessoas inscritas) x 100 Recursos Financeiros
Receitas Receita por utilizador(€) = Receita total / Nº de utilizadores
Despesa de investimento Despesa por utilizador (€) = Despesa total / Nº de utilizadores
Despesa de
funcionamento Despesa por horas de serviço (€) = Despesa total / Nº anual de horas de serviço Recursos Humanos
Pessoal por utilizador = Nº de funcionários / Nº de utilizadores Pessoal por utilização da BE = Nº de funcionários/Nº de utilizações
Taxa de cobertura do horário semanal da BE por docentes=Nº de horas docentes/nº de horas funcionamento da BE
Recursos Materiais
Superfície útil por utilizador (m2) = Superfície destinada ao utilizador / Nº de utilizadores potenciais Capacidade de ocupação = Nº de lugares / Nº de utilizadores potenciais
Capacidade informática = Nº de postos informáticos / Nº de utilizadores potenciais
Capacidade ligações à internet = Nº de ligações à internet / Nº de utilizadores potenciais Disponibilidade de documentos = (Nº de documentos / Nº utilizadores potenciais)
Fundo Documental
Documentos por utilizador = (Nº de documentos / Nº de utilizadores) x 100
Taxa de documentos digitais = (Nº de documentos em suporte digital / Nº de documentos da coleção) x 100 Taxa documentos impressos = (Nº de documentos em suporte papel / Nº de documentos da coleção) x 100 Taxa de documentos noutro suporte = (Nº de documentos noutro suporte / Nº de documentos da coleção) x 100
Índice de uso da coleção = (Nº de documentos utilizados / Nº de documentos da coleção) x 100
Proporção da coleção não utilizada = (Nº de documentos que nunca foram utilizados/ Nº de documentos da coleção) x 100
Taxa de renovação da coleção = (Nº de documentos que deram entrada na coleção/nº de documentos da coleção) x 100
Execução do tratamento documental
Percentagem do fundo registado= (Nº de documentos registados/nº de documentos da coleção) x 100 Percentagem do fundo catalogado= (Nº de documentos catalogados/nº de documentos da coleção) x 100 Percentagem do fundo classificado= (Nº de documentos classificados/nº de documentos da coleção) x 100 Percentagem do fundo indexado= (Nº de documentos indexados/nº de documentos da coleção) x 100
Empréstimo
Taxa de empréstimos de documentos = (Nº total de empréstimos / Nº Total de documentos) x 100 Custo por empréstimo (€)= (Despesa total do corrente ano letivo / Nº total de empréstimos) Empréstimos por funcionário = ( Nº total de empréstimos / Nº total de funcionários)
Empréstimos por utilizador = ( Nº total de empréstimos / Nº total de utilizadores atuais)
Empréstimos por hora de abertura = Nº total de empréstimos/ Nº de horas de abertura por ano
Taxa de empréstimo domiciliário= (Nº total de empréstimos domiciliários/Nº total de documentos disponíveis para empréstimo) x 100
Taxa de empréstimo presencial= (Nº total de empréstimos presenciais/Nº total de documentos disponíveis para empréstimo) x 100
Taxa de empréstimo para salas de aula ou outros espaços educativos = (Nº total de empréstimos para sala de aula/Nº total de documentos disponíveis para empréstimo) x 100
Taxa de empréstimo interbibliotecas= (Nº total de empréstimos interbibliotecas/Nº total de documentos disponíveis para empréstimo) x 100
Utilização de serviços
Nº de visitas à BE por utilizador= (Nº total de utilizações individuais/nº de utilizadores -alunos, docentes e assistentes)
Taxa de alunos que se usam a BE autonomamente = (Nº de alunos que frequentam a BE de forma autónoma /Nº total de alunos) X 100
Taxa de docentes que se usam a BE autonomamente = (Nº de docentes que frequentam a BE de forma individual / Nº total de docentes) X 100
Taxa de turmas que frequentam a BE de forma coletiva = (Nº de utilizações coletivas de turmas / Nº total de turmas) x 100
Taxa de docentes que recorrem à BE com as suas turmas = (Nº de docentes que desenvolvem atividades na BE com as suas turmas / Nº total de docentes com turma) X 100
Atividades Taxa de execução de atividades curriculares = (Nº de atividades curriculares executadas/Nº de atividades
curriculares planificadas) x 100
Taxa de execução de atividades extracurriculares = (Nº de atividades extracurriculares executadas/Nº de atividades extracurriculares planificadas) x 100
Taxa de docentes intervenientes nas atividades = (Nº de docentes intervenientes nas atividades/nº total de docentes) x 100
Taxa de alunos intervenientes nas atividades = (Nº de alunos intervenientes nas atividades/nº total de alunos) x 100
Recursos educativos produzidos
Taxa de recursos produzidos em Literacia tecnológica, da informação e dos media = (Nº de recursos produzidos nesta área/Nº total de recursos produzidos) x 100
Taxa de recursos produzidos em Leitura e Literacia = (Nº de recursos produzidos nesta área/Nº total de recursos produzidos) x 100
Taxa de recursos produzidos em suporte digital = (Nº de recursos produzidos neste suporte/Nº total de recursos produzidos) x 100
Taxa de recursos produzidos em suporte papel = (Nº de recursos produzidos neste suporte/Nº total de recursos produzidos) x 100
Utilização dos equipamentos informáticos
Taxa de utilizações dos equipamentos informáticos para realização de trabalhos escolares = (Nº de utilizações dos equipamentos informáticos para realização de trabalhos escolares / Nº de total de utilizações dos equipamentos informáticos) x 100
Taxa de utilizações dos equipamentos informáticos para lazer = (Nº de utilizações dos equipamentos informáticos para lazer / Nº de total de utilizações dos equipamentos informáticos) x 100
Taxa de utilização dos postos informáticos = (Nº de postos informáticos/ Nº de utilizações dos equipamentos informáticos) x 100
Formação de utilizadores
Percentagem de ações de formação = (Nº de ações de formação / Nº de turmas) x100
Capítulo III – Considerações finais
Ao Professor Bibliotecário, figura recente na vida das escolas, responsável pela gestão de uma Biblioteca Escolar, impõe-se que garanta serviços de qualidade e eficientes, procurando uma melhoria contínua da unidade documental. Inerente à gestão, o processo de avaliação deve ser entendido como pedagógico e regulador e deverá ser encarado por toda a comunidade educativa como necessário para proceder a uma análise criteriosa sobre a eficiência e eficácia da BE.
Ao Coordenador dos Professores Bibliotecários recai, para além da BE a seu cargo, a avaliação das BE´s do agrupamento como um todo, sendo necessário efetuar uma análise comparativa entre a performance dos serviços prestados pelas BEs do agrupamento, num determinado momento e ainda ao longo do tempo.
A escola/agrupamento deve encarar o processo de avaliação como uma necessidade própria e não como uma imposição superior, uma vez que todos beneficiarão da melhoria dos serviços oferecidos pela(s) BE(s). Assim espera-se que o processo mobilize toda a comunidade educativa quer na recolha de dados, quer na participação na elaboração dos planos de melhoria, quer ainda na implementação desses mesmos planos.
Na sua condição de modelo, este projeto aponta para uma utilização flexível, podendo ser adaptado à realidade de cada escola e de cada BE, que abrange níveis de escolaridade diferentes – da educação pré-escolar ao ensino secundário.
O modelo proposto contém os instrumentos de recolha necessários ao apuramento dos indicadores solicitados pela RBE para o ano letivo em curso e outros que se consideram importantes, para servirem de base de trabalho à análise acima referida.
Prevê-se que a aplicação do modelo será facilmente integrável nas práticas quotidianas da BE e portanto exequível, e que não represente uma excessiva sobrecarga de trabalho para a equipa da BE. Alguns procedimentos deverão ser normalizados e implementados como uma rotina de funcionamento, para que se tornem práticas habituais e não apenas com uma finalidade avaliativa.
Ao longo do trabalho, foram identificadas várias dificuldades inerentes ao processo de cálculo dos indicadores:
no preenchimento da base de dados da RBE são solicitados determinados dados e indicadores que não reportam sempre ao mesmo intervalo de tempo, o que dificulta o levantamento e cálculo e posterior análise de resultados;
o sistema de gestão de bibliotecas instalado nas BEs (GIB), embora armazene grande quantidade de informação, não fornece estatísticas diferentes das que vêm embebidas no próprio sistema o que implica efetuar um tratamento prévio dos dados para o cálculo dos indicadores;
alguns registos efetuados nos instrumentos de recolha são numerosos e inseridos manualmente o que torna muitas vezes a informação pouco fiável;
a BE, por norma, não é portadora de toda a informação necessária ao cálculo dos indicadores, principalmente na área financeira, ficando dependente dos serviços administrativos que muitas vezes não consegue dar resposta.
Para além da implementação do modelo nas BEs do agrupamento, considera-se importante que seja testado exaustivamente e validado, de forma a estar de acordo com o que será reformulado nos documentos solicitados pela RBE, nomeadamente na base de dados e MABE.
Bibliografia e Webgrafia
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PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares. Portal RBE: Modelo de avaliação da biblioteca escolar 2010/11 [Em linha]. Lisboa: RBE, actual. 02-07-2012. [Consult. 01-08-2012] Disponível em WWW: <URL:
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THE INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION– ISO 2789 Information and documentation: international library statistics. Genéve: ISO, 2003.
THE INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION – ISO 11620 Information and documentation: library performance indicators. Genéve: ISO, 2004 (NP ISO 11620:2004).
Rede de Bibliotecas Escolares. 2011. Modelo de avaliação da biblioteca escolar. Julho de 2011.
BELL, Judith. 2010. Como realizar um projecto de investigação. Lisboa : Gradiva, 2010.
Couvaneiro, Conceição Serrenho e Reis, Maria Augusta das Dores. 2007. Avaliar,
Reflectir, Melhorar. Lisboa : Instituto Piaget, 2007.
MELO, Luiza Baptista. Estatísticas e avaliação da qualidade e do desempenho em
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