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Tradições populares e a invenção rosiana

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Academic year: 2020

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TRADIÇÕES POPULARES E A INVENÇÃO ROSIANA

Gilca Machado SEEDINGER*

"Palpitante e imaginosa montagem da vida rural brasileira":

palavras de Eduardo Portella (1991, p. 200) acerca de Tutaméia, mas que

sem dúvida se estendem a toda a obra de Guimarães Rosa. Esse é o mote da

presente comunicação, que tem por objetivo trazer à discussão a questão do

registro da oralidade, representado pelas tradições populares orais, nas

narrativas de Sagarana.

As cantigas e os ditados populares, como epigrafe ou mesmo no

interior da diegese, dialogam com as narrativas; diferentes registros se

entrecruzam e constituem recursos importantes na composição da obra,

pontos de heterogeneidade no processo de discursivização (remetemo-nos aqui

à concepção de heterogeneidade, notadamente a heterogeneidade mostrada, de

que trata Jacqueline Authier-Revuz (1990). Suas relações com a invenção,

com o novo rosiano, assim como o papel que representam nessa montagem da

vida rural brasileira, (re)criada pela arte, é o que pretendemos investigar.

Dentre os dois meios que, segundo Barros (1988), possibilitam o

acesso à instância da enunciação, buscaremos privilegiar neste momento

aquele que procura estabelecer a caracterização sócio-histórica do sujeito da

enunciação com base nas relações intertextuais, embora se saiba que isolá-lo

totalmente do outro meio é praticamente impossível. Este segundo meio diz

respeito à análise, a partir do objeto-discurso produzido, dos procedimentos

narrativos e discursivos empregados pelo sujeito. Como cabe à enunciação

uma dupla tarefa de mediação - entre as estruturas sêmio-narrativas e as

estruturas discursivas e entre o discurso e o contexto sócio-historico - ,

afigura-se a impossibilidade de se considerar isoladamente qualquer um dos

elementos aí envolvidos.

* Aluna do Programa de Pós-Graduacâo da Faculdade de Ciências e Letras da

UNESP, Araraquara - SP.

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Para investigar as relações intertextuais entre as epigrafes e as

narrativas em Sagarana, partiremos da distinção entre três tipos de contexto,

proposta por Barros em Teoria do discurso (1988).

Conforme a autora, o primeiro, o contexto situacional, se refere ás

relações entre o texto em si e o(s) texto(s) que ele contextualiza, ao tomá-lo(s)

como objeto de uma metalinguagem, natural ou científica. Como exemplo de

relações estabelecidas nesse tipo de contexto, Barros cita, além dos prefácios,

introduções e conclusões, os textos de critica, de tradução, de comentários,

como - por que não dizê-lo? - nossa própria atividade neste momento é

condicionada pelas aberturas e coerções instauradas pelo/no contexto

situacional.

No caso dos textos de Sagarana, não se trata da linguagem natural,

de um comentário espontâneo, nem da linguagem da ciência, mas da

linguagem literária, cujo estatuto não cabe discutir neste momento. Por outro

lado, de forma inversa ao qual se refere a autora, é o próprio texto a ser

tomado como objeto de uma metalinguagem (ou seja, a epígrafe que cada uma

das narrativas contextualiza) que mais se aproxima daquilo que Barros chama

de linguagem natural: lembremos que se trata de cantigas populares.

Entretanto, por se tratar aqui de relações intertextuais (como tal, duplamente

orientadas), não cremos que essa inversão nos impeça de tentar

compreendê-las por meio do referencial proposto pela autora, referencial que nos

permitiria caracterizar a enunciação temporal e/ou espacialmente, além de

possibilitar uma aproximação na direção daquilo que o enunciador pensa do

seu discurso, do enunciatário, dos objetivos da produção e do ato de produzir

(Barros, 1988, p. 144).

Se, no caso das narrativas literárias de Sagarana, não se trata de

cumprir uma tarefa acadêmica (situação típica de emergência de relações

intertextuais), de qualquer forma o enunciador nos parece apontar para

algumas das razões que o levaram à fabricação do seu texto, aspecto que a

análise do contexto situacional permitiria desvendar.

Antes de tudo, seria importante lembrar o fato de que as epigrafes

falam na obra a partir de dois lugares: a epígrafe é um gênero de discurso que

em geral compartilha com o texto, ao qual serve, uma determinada posição

-ambos remetem primordiafrnente ao discurso escrito; na maioria das vezes, na

epígrafe se faz referência a outra obra. Por outro lado, em Sagarana esse

lugar está ocupado por textos de um gênero outro, o da cantiga popular.

A respeito das imposições que regulam a citação, ligadas ao lugar

discursivo ocupado pelo sujeito que enuncia, destaca-se o conceito de

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intertextualidade proposto por Maingueneau: esta seria definida p o r meio do t i p o de c i t a ç ã o que a f o r m a ç ã o discursiva reconhece como legítima

através

de

sua própria prática

(Maingueneau, 1997, p . 86; grifos nossos).

A l é m disso, apesar de extensas, consideramos v á l i d o transcrever aqui as c o n s i d e r a ç õ e s de Amadeu A m a r a l , jornalista c o n t e m p o r â n e o de Bilac que se dedicava à pesquisa folclórica, acerca das t r a d i ç õ e s populares:

Essas t ê m o poder excepcional ... de serem radicalmente, substancialmente identificadoras do indivíduo com sua terra e a sua gente; as emoções e evocações que as acompanham, sendo as mais intimamente pessoais, são ao mesmo tempo profundamente sociais; dão-nos o sentimento agudo da dão-nossa personalidade, no que ela tem de mais nosso e mais recôndito, e dão-nos a percepção do irresistível enlaçamento que nos conjuga ao torrão nativo, antes de qualquer reflexão, e mesmo contra a nossa vontade. Nada, pois, pode ultrapassar o poder, digamos, nacionalizador, da tradição. (Amaral, 1976, p. 33; grifos nossos)

Deixando de lado, por conta dos nossos objetivos neste trabalho, as possíveis m o t i v a ç õ e s que teriam levado, na d é c a d a de 70, a reedição de t a l obra em c o - e d i ç ã o c o m uma Secretaria de Estado, parece-nos interessante para nossas reflexões comparar essas o b s e r v a ç õ e s com o que p r o p õ e Maingueneau sobre a heterogeneidade do discurso: seria preciso tomar conhecimento de u m funcionamento que representa uma r e l a ç ã o radical de seu "interior" com seu "exterior", pois

as formações discursivas não possuem duas dimensões -por um lado, sua relação com elas mesmas, -por outro, sua relação com o exterior - mas é preciso pensar, desde o início, a identidade como uma maneira de organizar a relação com o que se imagina, indevidamente, exterior. (Maingueneau, 1997, p. 75; grifos do autor)

Voltando, e n t ã o , à q u e s t ã o das r a z õ e s que teriam levado o enunciador à f a b r i c a ç ã o de seu texto: a natureza dos textos que constituem as epígrafes de Sagarana nos parece indicar, precisamente, que dentre essas r a z õ e s estaria a de levar a efeito a c o n s t r u ç ã o do painel da vida rural brasileira de que falava Eduardo Portela ( 1 9 9 1 , p. 200).

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Lembremos que a investigação das relações entre cada uma das cantigas e a narrativa a que servem de epígrafe fugiria aos limites deste trabalho, uma vez que t e r í a m o s de proceder à análise interna dos textos, ao levantamento dos procedimentos narrativos e discursivos adotados em cada um deles, ao estabelecimento dos percursos t e m á t i c o s e figurativos a l i instaurados, para só e n t ã o articulá-los aos temas e figuras das cantigas em epígrafe.

N o momento, cabe-nos apenas observar, de maneira geral, que o enunciador em q u e s t ã o n ã o se contenta apenas em apor à s narrativas as cantigas de e x t r a ç ã o popular, mas faz q u e s t ã o de defini-las, c o m e n t á - l a s , c o n t e x t u a l i z á - l a s , criando u m novo estrato, u m terceiro registro, intermediário, entre as epigrafes e as narrativas (Rosa, 1967):

a) "velha cantiga, solene, da roça" (p. 3)

b) "cantiga de batuque, a grande velocidade" (p. 69) c) "de uma estória" (p. 69)

d) "o trecho mais alegre, da cantiga mais alegre, de um capiau beira-rio" (p. 117)

e) "conversa a dois metros de profundidade" (p. 139) 0 "cantiga de treinar papagaios"(p. 169)

g) "cantiga de espantar males"(p. 221) h) "cantiga de roda" (p. 253)

i) "coro do boi-bumbá" (p. 283) j ) "cantiga antiga" (p. 319)

1) "provérbio capiau" (p. 319)

Esses c o m e n t á r i o s interpolados, essas glosas, v ê m apontar o contexto do qual foram e x t r a í d a s as cantigas, indicar sua finalidade original, localizá-las no tempo e/ou no e s p a ç o ; qualificando-as, situam t a m b é m o enunciador, opondo-o ao atemporal da t r a d i ç ã o popular, marcando o momento da e n u n c i a ç ã o narrativa, a l é m de c o n t r a p ô - l o ao mundo rural, arcaico, agrafo, marcando a exterioridade de sua p o s i ç ã o de enunciador de uma narrativa literária.

A s epígrafes, por si s ó s , remetem ao registro escrito da língua: "o que vem escrito sobre". Somadas a elas, as glosas auxiliariam, potencializariam mesmo, o papel de sinalizar ao enunciatário: " A t e n ç ã o ! O que se lerá a seguir é ficção. Este é u m texto literário".

Parece-nos que se desenham, assim, algumas pistas a respeito do que o enunciador pensa do seu discurso, como ele p r o p õ e que seja

lido,

-

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188-aspectos que podem ser esclarecidos pela análise do contexto situacional tendo em vista a intertextualidade.

O segundo tipo de contexto a ser levado em conta, o contexto interno, ''reconstitui o c a r á t e r idioletal do texto" (Barros, 1988, p. 144) e pode ser exemplificado pelas relações entre os contos de u m mesmo l i v r o ou no interior da obra de u m mesmo autor. A análise dessas relações permite o mapeamento dos elementos ideológicos e lingüísticos que caracterizam o sujeito da e n u n c i a ç ã o .

N o caso dos textos de Sagarana, muitos críticos t ê m apontado a unidade entre eles: "se articulam em bloco como se simbolizassem o panorama de uma r e g i ã o " (Lins, 1991, p. 238). Entretanto, em função do foco de nossa a t e n ç ã o no presente trabalho, limitemo-nos a nos perguntar de que maneira a epígrafe e a glosa contribuiriam para tal efeito.

Se as narrativas, tomadas horizontalmente, configuram o contexto interno, é nesse mesmo contexto que se articulam entre si as epígrafes e as glosas, constituindo duas novas séries paralelas à das narrativas:

epígrafe 1 epígrafe 2 epígrafe 3

epígrafe 1 epígrafe 2 epígrafe 3

glosa 1 glosa 2 glosa 3

glosa 1 glosa 2 glosa 3

narrativa 1 narrativa 2 narrativa 3 narrativa 1 narrativa 2 narrativa 3

Multiplicam-se as relações: de alguma forma, a epígrafe 1 estaria vinculada t a m b é m à glosa 2, à narrativa 3, e assim sucessivamente. R e f o r ç a -se, e n t ã o , a unidade.

Se as narrativas de ficção em Sagarana c o m p õ e m o "retrato físico, p s i c o l ó g i c o e sociológico de uma região do interior de Minas Gerais, a t r a v é s de h i s t ó r i a s , costumes e paisagens" (Lins, 1991, p. 238), p o d e r í a m o s dizer que as epígrafes, surgindo antes do retrato em si, seriam o negativo desse retrato, na medida em que dele trazem os t r a ç o s essenciais, mas estes s ó s e r ã o

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ampliados e s ó se r e v e l a r ã o com todas as suas cores a p ó s o "banho q u í m i c o " dos investimentos s ê m i o - n a r r a t i v o s .

E m primeiro lugar, no que diz respeito ao fato de optar por fazer uso de epígrafes (e aqui talvez a análise nos envie redundantemente ao contexto situacional, j á abordado), o enunciador se revela. Revela-se no p r ó p r i o ato enunciativo de recorrer a outro locutor. Maingueneau, ao tratar dos fenômenos enunciativos em que o locutor profere falas pelas quais n ã o se responsabiliza, refere-se ao fato de que

o "locutor" se apaga diante de um "Locutor" superlativo que garante a validade da enunciação. Geralmente, tratam-se (sic) de enunciados j á conhecidos por uma coletividade, que gozam o privilégio da intangibilidade: por essência, não podem ser resumidos nem reformulados, constituem a própria Palavra, captada em sua fonte. (Maingueneau,

1997, p. 100)

Os elementos ideológicos e lingüísticos, no caso da série das epígrafes tomada isoladamente (abstraindo-se as relações verticais, conforme j á enfatizamos), poderiam ser abordados a partir da perspectiva da

escolha,

do

recorte,

da

seleção

efetuada pelo sujeito da e n u n c i a ç ã o : aquilo que o fotógrafo decide fotografar com certeza h á de revelar muito sobre ele.

E m segundo lugar, p o d e r í a m o s acrescentar que a o p ç ã o pelo registro da oralidade, pelas cantigas populares, indica algo mais, em termos ideológicos e lingüísticos, desse enunciador, e, se este vai opor ao registro da oralidade o registro da língua escrita literária, nem por isso as cantigas d e i x a r ã o de cumprir sua função enquanto texto da cultura e de figurar como abre-alas ao que se seguirá; pelo contrário.

Finalmente, na medida em que as palavras do outro se t o m a m suas palavras, estas por si seriam suficientes para c a r a c t e r i z á - l o ideológica e linguisticamente.

Quanto à outra série a l i constituída, a das glosas, o enunciador assume de modo aberto e explícito a responsabilidade - lingüística e ideológica - pelo seu ato enunciativo, fazendo-se ouvir diretamente. É o c o n t r á r i o do que ocorre nas epígrafes tomadas à t r a d i ç ã o popular, em que ele se oculta por t r á s de u m locutor, d i r í a m o s "universal", e mesmo nas narrativas, nas quais se oculta por t r á s da figura do narrador. N a c o m p o s i ç ã o do retrato, t e r í a m o s na glosa u m efeito semelhante ao obtido pelo fotógrafo que faz q u e s t ã o de marcar efetivamente sua p r e s e n ç a por t r á s da fotografia

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-por exemplo, ao capturar sua p r ó p r i a imagem no espelho enquanto fotografa, recusa à q u e l e que olha a i l u s ã o de que está simplesmente diante dele, mas sim dele mesmo como f o t ó g r a f o . Isso denuncia o simulacro, comenta o ato de fotografar, pois n ã o se contenta apenas com selecionar o objeto a ser fotografado. E isso, sem dúvida, indica u m t r a ç o significativo de sua r e l a ç ã o com a linguagem da fotografia.

A terceira espécie de contexto a ser considerada seria a do contexto externo, que responderia pelos valores que -produtor e receptor manipulam, sejam eles de classe, de grupo, de é p o c a , de cultura (Barros, 1988, p. 145). Entretanto, dadas a e x t e n s ã o desse contexto e a diversidade de critérios que podem v i r a estabelecê-lo (de tempo, de e s p a ç o , ou de ambos simultaneamente, de tema, etc.), vamos nos limitar à s c o n s i d e r a ç õ e s feitas a t é aqui.

E para tentar dar a essas considerações a unidade que nos parece ter-se perdido pelo caminho (mas sem saber se poderemos fazê-lo a esta altura), recorremos à s palavras de Portela, retomando t ó p i c o s significativos que parecem ter pontuado nossa reflexão em diferentes momentos, implícita ou explicitamente - as nossas raízes, a nossa realidade; a arte, a c r i a ç ã o literária; o de fora, o de dentro: "Pode-se acusar G u i m a r ã e s Rosa de alienar-se da nossa realidade? Evidentemente não. (...) [Ele] quis que a sua arte fosalienar-se o grande s e r t ã o e as veredas, [a um s ó tempo] a interioridade e a exterioridade" (Portela, 1991, p 200)

R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s

A M A R A L , A. Tradições populares. São Paulo: Hucitec, Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1976.

AUTHIER-REVUZ, J. Heterogeneidade(s) enunciativa(s). In: O R L A N D I , E. P., GERALDI, J. W. (Org.) Cadernos de Estudos Lingüísticos (Campinas), I E L -UNICAMP, n. 19, p. 25-42, jul./dez. 1990.

BARROS, D. L . P. Teoria do discurso: fundamentos semióticos. São Paulo: Atual, 1988.

LINS, A . Uma grande estréia. In: COUTINHO, E. F. (Org.) Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, Brasília: I N L , 1991. p. 237-42 (Fortuna Crítica, 6).

M A I N G U E N E A U , D. Novas tendências em Análise do Discurso. Campinas: Pontes, Unicamp, 1997

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PORTELA, E A estória cont(r)a a história In: COUTINHO, E F (Org.) Guimarães Rosa Rio de Janeiro Civilização Brasileira, Brasília: INL, 1991. p. 198-201. (Fortuna Crítica, 6).

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