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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

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Academic year: 2019

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DESENVOLVIMENTO: Conceituação e modelos

Almiro Petry1 (2008)

1 Introdução

Objetiva-se resgatar alguns aspectos do histórico da conceituação de desenvolvimento x

subdesenvolvimento e o conteúdo abarcado por esta formulação. Em sentido descritivo, o

desenvolvimento de uma nação (de um povo, de um país) é uma mudança fática que abrange aspectos econômicos, políticos e sócio-culturais movidos por mecanismos impulsionadores; por outro lado, o subdesenvolvimento é a condição da ausência destes dinamismos e mecanismos preconizados. Para além da conceituação pretende-se verificar os modelos construídos e aplicados destas concepções no processo histórico latino-americano.

2 Desenvolvimento e subdesenvolvimento

A problemática – desenvolvimento x subdesenvolvimento – formula-se a partir da II Guerra Mundial, nos primórdios da era da “guerra fria”. É o discurso de posse do Presidente Truman2, dos EUA, que marca o início da era do desenvolvimento. Ele se expressou assim:

É preciso que nos dediquemos a um programa ousado e moderno que torne nossos avanços científicos e nosso progresso industrial disponíveis para o crescimento e para o progresso das áreas subdesenvolvidas. O antigo imperialismo – a exploração para lucro estrangeiro – não tem lugar em nossos planos. O que imaginamos é um programa de desenvolvimento baseado nos conceitos de uma distribuição justa e democrática. (Apud: Esteva, p.59-60).

Truman usurpa um significado social de desenvolvimento e o deturpa, dividindo a humanidade em dois grandes grupos: os desenvolvidos (nações e povos) e os subdesenvolvidos (nações e povos), identificando-se os primeiros com a industrialização, o capital, a ciência e a tecnologia e os segundos com a total privação destes recursos.

O termo desenvolvimento surge na Biologia significando o processo de liberação das potencialidades de um organismo vivo até seu estado de completa maturidade. É a evolução

dos seres vivos. Cada vez que um ser vivo (planta ou animal etc.) não logra cumprir seu programa genético, frustra-se seu desenvolvimento (e isto é visto como uma patologia).

Com a teoria darwiniana (1859) assegura-se a concepção de que, para além de um movimento na direção da forma apropriada (adulta e madura), há um movimento na direção

1 Mestre em Sociologia Rural (UFRGS) e Doutor em Ciências Sociais (Unisinos); Professor do Curso de

Ciências Sociais da Unisinos e do Departamento de Sociologia da UFRGS (almiro.petry@gmail.com).

2 Em 20 de janeiro de 1949.

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de uma forma sempre mais perfeita do indivíduo e da espécie. Evolução e desenvolvimento

passam a ser sinônimos. A esses termos juntam-se progresso e crescimento. No século XIX e na primeira parte do XX, a palavra desenvolvimento aparece, com freqüência em várias aplicações, como desenvolvimento urbano, desenvolvimento colonial, desenvolvimento educacional e outros.

Entretanto, é na segunda metade do século XX que 2/3 da humanidade (hoje são mais de 80%) são jogados na categoria de subdesenvolvidos, portanto, privados dos benefícios gerados pelo desenvolvimento. São os excluídos: da economia, do social, da cultura e da cidadania. São os povos atrasados, pobres e miseráveis. Era preciso encetar programas de

combate à pobreza. Daí surgem organismos ou instituições com esta finalidade (Aliança para o Progresso, United States Agency for Development – USAD, FMI, BM etc.), canalizando recursos (financeiros e tecnológicos) para a ajuda (todavia, com raras exceções, foi um fracasso geral).

Na década de 1950, W. Rostow publica sua teoria de As etapas do desenvolvimento, tendo como indicadores a renda per capita e o produto interno bruto (PIB), livro tido como o manifesto capitalista. Em 1952, aparece o primeiro Relatório da situação social mundial da ONU, com a expressão desenvolvimento social como complemento ao desenvolvimento econômico. Lança-se a idéia do equilíbrio entre o econômico e o social. Em 1962, o Conselho Econômico e Social da ONU recomendou a integração dos dois aspectos na acepção de

desenvolvimento, ao lançar a Primeira década do desenvolvimento (1960-1970), determinando:

O problema dos países subdesenvolvidos não é simplesmente o crescimento, mas sim o desenvolvimento (...). Desenvolvimento é crescimento com mudanças (...). As mudanças, por sua vez, são sociais e culturais, econômicas e qualitativas como quantitativas (...). O conceito-chave é melhorar a qualidade de vida das pessoas. (Apud: Esteva, p.68).

Emerge o conceito de qualidade de vida como a satisfação do mínimo vital no campo da alimentação, da habitação, da educação, da saúde etc. Diferencia-se, ao menos no plano teórico, desenvolvimento de progresso e de crescimento.

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essa égide, realizam-se as grandes conferências mundiais sobre o meio-ambiente, o crescimento demográfico, a fome, a opressão das mulheres, a habitação, o desemprego, como

questões importantes e problemas específicos. Sustenta-se uma nova ordem econômica mundial direcionando os objetivos para o atendimento das necessidades fundamentais da pessoa humana, ou seja, a concretização da qualidade de vida.

No entanto, a integração e a abordagem unificadora, como propostas da segunda década, não se viabilizaram nas políticas o Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a propalada ajuda internacional, transformou-se em dívida externa e dependência econômico-financeira.

Em outros ambientes, como na UNESCO, por exemplo, promove-se o conceito de

desenvolvimento endógeno, que rejeita a necessidade de uma imitação mecânica das sociedades industriais (como Rostow prevê em suas etapas). Os estudos direcionam-se cada vez mais para o social, o ecológico, o cultural. Contudo, os esforços teóricos perderam-se em decisões políticas e se inicia um enfraquecimento e esvaziamento dos Estados (é o início do declínio do Welfare State).

A terceira década (1980-1990), que deveria ter sido a da retomada da integração, acabou sendo a década perdida em função do processo de ajuste financeiro nos países industrializados. Vários países chegaram à beira do colapso, em função da segunda crise do combustível de origem fóssil (a primeira foi em 1973). Questiona-se o modelo de industrialização e o modelo de desenvolvimento; acelera-se a corrida armamentista (guerra nas estrelas); transfere-se o ônus da dívida para os países devedores. É a recessão mundial.

A década de 1990 gera, contudo, um novo ethos desenvolvimentista, com duas vertentes. Uma, no Norte, que clama por um re-desenvolvimento (desenvolver outra vez o que foi mal desenvolvido) na busca do aperfeiçoamento e de aplicação de tecnologias limpas; outra no Sul, que quer um re-desenvolvimento não mais nos moldes até aí praticados. Ambas se voltam para um conceito: o desenvolvimento sustentável para o nosso futuro comum. Nessa década, retomam-se as temáticas das grandes conferências mundiais (Rio 92 etc.) e se aprofunda o diálogo Norte-Sul.

Em 1990, publica-se o primeiro Relatório do Desenvolvimento Humano, onde o

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de alfabetização de adultos com 15 anos e mais, de matrícula bruta nos três níveis de ensino

e do PNB real per capita. De lá para cá, o IDH vem sendo publicado regularmente. Em 2007, o Brasil ocupava a 70ª posição (0,800) entre 177 países do ranking3. No ranking latino-americano, 12 países têm desempenho superior ao brasileiro, com destaque para a Argentina (36º), o Chile (38º), o Uruguai (43º), Cuba (50º) e o México (53º); e os demais países têm desempenho inferior ao Brasil: Venezuela (72º), Peru (82º), Paraguai (91º), Jamaica (104º) e Haiti (154º).

Além do IDH, hoje em dia valoriza-se bastante o Índice de Pobreza Humana (IPH), introduzido, a partir de 1997, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) como um medidor das carências humanas. O IPH evidencia a pobreza de país a país, na perspectiva do desenvolvimento humano (IDH). O IPH, que varia de 0 (melhor) a 100 (pior situação), considera se as pessoas dispõem de escolhas e oportunidades básicas que lhes permitam atingir uma vida longa e saudável e gozarem de um padrão de vida aceitável4. Mede, portanto, o grau de privação de três dimensões do desenvolvimento humano.

Na medida em que se avança no tempo e nas discussões e debates, consolida-se cada vez mais o conceito de desenvolvimento sustentável no qual, o crescimento econômico com

eqüidade social e equilíbrio ecológico, são variáveis fundantes e estruturantes.

3 Desenvolvimento sustentável

Para Boff5 a categoria sustentabilidade6 é fundante da nova cosmovisão emergente e é estruturante do novo paradigma civilizatório em construção, que busca “harmonizar ser humano, desenvolvimento e Terra”, ou seja, uma nova consciência. Em razão desta consciência fala-se do “princípio Terra”. Ele fundamenta uma nova radicalidade de pensamento e condutas. Cabe a pergunta: como salvar o Planeta Terra e a Humanidade? Ou, que faço eu para preservar a pátria comum e garantir que tenha um futuro para todos?

Com o relatório Brundlandt – Nosso Futuro Comum – que define "sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das

3 Ver mais detalhes em: www.pnud.org.br

4 O IPH-1 mede-se em três variáveis: curta duração de vida (percentual da população cuja expectativa de vida

não atinge aos 40 anos); falta de educação elementar (percentual de população analfabeta); falta de acesso aos recursos públicos e privados (falta de acesso aos serviços de saúde, de água potável e de nutrição razoável). O IPH-2 mede a pobreza humana nos países industrializados onde: a) expectativa de vida (percentual da população que não atinge os 60 anos); b) educação (percentual da população cuja capacidade de ler e escrever não é suficiente para ser funcional); c) nível de renda (percentual da população com renda inferior a 50% da média nacional); emprego (percentual da população desempregada de longo prazo – para além de doze meses).

Em 2002, a classificação da América Latina, em ordem crescente, era: Uruguai (3,9), Costa Rica (4,0), Chile (4,1), Cuba (4,1) .... Bolívia (16,3), El Salvador (18,1), Honduras (20,5), Guatemala (23,5), Nicarágua (24,4) e Haiti (42,3). O Brasil estava com 12,2; o México com 9,4 etc.

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gerações futuras de suprir suas próprias necessidades", a ONU assume disseminar este conceito em todos os seus organismos. Este relatório foi elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento como uma Agenda Global para a Mudança. Segundo Boff, este “conceito possui uma pré-história de quase três séculos”, formulado por Carl von Carlowitz (1713), que apresentou quatro estratégias para enfrentar a escassez da sustentabilidade7:

A primeira era política: cabe ao poder público e não às empresas e aos consumidores regular a produção e o consumo e assim garantir a sustentabilidade em função do bem comum. A segunda era a colonial: para resolver a carência de sustentabilidade nacional impunha-se buscar os recursos faltantes fora, conquistando e colonizando outros paises e povos. A terceira era a liberal: o mercado aberto e o livre comércio vão regular a demanda e o consumo, resultando então a sustentabilidade que será melhor assegurada se for apoiada por unidades de produção nos paises onde há abundância de recursos necessários para a produção. A quarta era técnica: para superar a escassez e garantir a sustentabilidade buscar-se-á a inovação tecnológica ou a substituição dos recurso escassos: em vez de madeira usar carvão e mais tarde, em vez de carvão, o petróleo (Apud: Boff).

Para Boff, caso tivesse triunfado a estratégia política “em razão do bem comum, a história econômica e social do Ocidente e do mundo teria seguido o caminho da sustentabilidade. Haveria seguramente mais eqüidade (os custos e os benefícios seriam mais igualmente distribuídos), viver-se-ia melhor com menos e haveria mais preservação dos ecossistemas”. Lamentavelmente, prevaleceram as outras sob os ditames do individualismo, da ganância e do consumismo.

Para Gary Gardner8

O consumo está crescendo até nos países mais ricos. Parece que não estamos satisfeitos com o que temos. Cada ano queremos consumir mais, e isso tem um custo muito alto para o meio ambiente. Até a vida pessoal vai sendo sacrificada pelo consumo. O produto bruto mundial aumentou em mais de 150% desde 1970, enquanto o índice do Planeta Vida9, que registra a saúde ecológica do planeta, decresceu

35% no mesmo período. Assim, a economia cresce, e a saúde do planeta decresce. Muitos problemas da ecologia estão vinculados ao consumo. Também temos, aqui nos EUA, um grande problema social com o consumo. Sessenta e cinco por cento dos adultos são obesos, além disso, grande parte da sociedade está endividada por levar uma vida de grande consumo, 70% das pessoas não pagam as dívidas de seu cartão de crédito. Essa dívida é, na média, de 11 mil dólares. Torna-se uma grande pressão para as famílias manter a vida de consumo. Também há um problema de tempo, para manter esse estilo de vida, já que as pessoas têm dois trabalhos para poder gastar à altura do consumo desenfreado, significando menos tempo dedicado à família e aos amigos. Não temos a qualidade de vida que queremos. Hoje em dia, tenho certeza de que há muitas pessoas nos EUA dispostas a trocar o aumento de seu salário por mais tempo livre (IHU On-line, nº 100).

O mesmo autor afirma no livro Estado do Mundo 200410 que a sociedade norte-americana, constituída por menos de 5% da população do Planeta, gasta 25% do carvão, 26% do petróleo, 27% do gás natural, sem que se tenha consciência das conseqüências desse superconsumo e da urgência de mudar os padrões de vida. Ele acredita que muitas pessoas

7 O autor usa a expressão Nachhaltendes Wirtschaften que traduzido significa: administração sustentável. 8 IHU On-Line, nº 100; in: www.ihu.unisinos.br/ Como salvar o Planeta Terra e a Humanidade?

9O PLANETA VIDA é uma organização não governamental que tem a missão de levar a todas as pessoas uma

conscientização dos vários problemas que surgiram em conseqüência da organização atual de nossa civilização. (Nota do IHU On-Line

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(também não norte-americanos) são indiferentes diante do dano que causam ao Planeta e não se preocupam com o futuro da humanidade. É a prevalência hedonísta-dionisíaca – uma falsa felicidade – frente a uma racionalidade construída em vista à sustentabilidade.

Frente a este cenário levanta-se, no mundo acadêmico a tese do decrescimento em vez do desenvolvimento sustentável, a partir de uma série de estudos realizados pelo Clube de Roma11. Destes estudos, cabe destacar o livro Limites para o Crescimento12, considerada a obra que inaugurou a Era do Ambientalismo. A este segue, em 1992, o Beyond the limits: global collapse or a sustainable future, tendo à frente os mesmos autores da obra anterior. Com recursos de modelos computacionais, eles relacionaram cinco variáveis: recursos não-renováveis, produção industrial per capita, produção de alimentos per capita, crescimento populacional e poluição. Após a análise do comportamento das variáveis expresso pelas tendências mais recentes, concluíram que “o crescimento populacional, o crescimento industrial e a redução de recursos estão levando a sociedade humana para além de seus limites ecológicos”. Os autores estão convictos de que o modelo indica que o limite do ecossitema está delineado e que é preciso muito vigor nos campos político, econômico, tecnológico e social para enfrentar o desafio e preservar o nosso futuro comum.

Meadows e Meadows insistem muito de que a revolução da sustentabilidade é uma transformação do atual paradigma de vida. Para eles, um paradigma é uma matriz que define uma forma coletiva de sentir, pensar, intuir e valorar. É preciso que os quatro pilares do paradigma sofram uma transformação para se abrir para a mudança.

O processo de aprendizagem é uma espiral que se move através dessas quatro polaridades: sentir, pensar, intuir e valorar. Para trazer uma revolução sustentável ao nosso meio, precisamos perceber

intuitivamente nosso lugar na Ecosfera mais abrangente; a partir disso, devemos, então, ser capazes de

pensar sobre diferentes estratégias de mudanças; para, então, ser capazes de sentir maneiras de experimentar idéias e ações; e, finalmente, capacitarmo-nos realmente a valorar os laços que nos conectam à terra e reorientar nosso sistema de valores (Palsule, 2004, p38)13

Para Palsule (2004) a questão da evolução da sustentabilidade nos remete aos sistemas naturais que evoluíram para um estágio de sustentabilidade por meio de dois processos ecológicos cruciais: o processo simbiótico e o auto-organizativo (ou autopoiético). Com base na Biologia se define simbiose14 como o processo que mantém integradas as alianças, consórcios e outras ligações co-evolucionárias nos sistemas naturais. Segundo Lynn Margulis,

11 O Clube de Roma é uma organização não-governamental, que, no final da década de 1960 contratou uma

equipe de cientistas que elaborou uma projeção assentada sobre as tendências então imperantes; o resultado foi uma inequívoca previsão de catástrofe para as primeiras décadas do Século XXI.

12Limits to growth (1972) de Donella Meadows, Dennis Meadows e Jordan Randers

13 PALSULE, Sudhanshu. O Desenvolvimento sustentável e a Cidade. In: MENEGAT, R. e ALMEIDA, G.

(org). O desenvolvimento sustentável e gestão ambiental nas cidades: Estratégias a partir de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004.

14 Vida em comum de dois animais ou vegetais de espécies diferentes em qualquer uma de várias relações

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cooperação simbiótica é, finalmente, tão importante quanto a competição da ‘sobrevivência do mais forte’; para competir [...] você tem que cooperar. Agora acreditamos que a visão doutrinária darwiniana ‘natureza vermelha em dentes e garras’ é ingênua e incompleta. Simbiose significa sobrevivência (Apud: Palsule, 2004, p. 40).

Já o sistema autopoiético evolui a um estágio “no qual é capaz de manter um balanço dinâmico contínuo entre a individualidade de seus componentes e sua interdependência”. Segundo Palsule, “estruturas auto-organizadas ou autopoiéticas sustentam-se constantemente balanceando, por um lado, a necessidade de ficar a salvo de flutuações e, por outro lado, a necessidade de ficar abertas a elas” (p.41). Nesta perspectiva, um estado de sustentabilidade é um estado perpetuamente dinâmico. A partir desta concepção entende-se de que os processos simbióticos e autopoiéticos não são restritos aos sistemas naturais, mas também são aplicáveis à sociedade humana. Assim como os sistemas naturais, a sociedade humana tem a sustentabilidade como fenômeno intrínseco e universal.

Para Marcel Bursztyn15 este debate leva à revisão de políticas públicas que promovam o desenvolvimento sem gerar as mazelas do passado. Por outro lado, quando surge o conceito de desenvolvimento sustentável,

a idéia se equaciona em termos conceituais, embora a prática não esteja imediatamente resolvida. O que sai desse debate hoje é como promover melhores condições de vida a populações que vivem em condições desfavoráveis, sem repetir o mesmo modelo de crescimento econômico que foi praticado nos países que atingiram condições de vida muito elevadas, mas também a um custo muito elevado. Isso dentro dos desafios dos países mais pobres. Quando alguém propõe que, na ausência de um modelo menos degradador, não se faça nada ou que se retroaja, na verdade é o mínimo que se pode identificar como uma proposta retrógrada, reacionária. O que se propõe, e esse é um modelo com que nós concordamos, é que se estenda, se radicalize a idéia de solidariedade, em relação ao próximo no presente, ou seja, estender condições mínimas satisfatórias a toda a população do universo e iguais ou melhores ainda, às próximas gerações para satisfazer as suas necessidades básicas. O contraponto do mau desenvolvimento não é um não desenvolvimento, mas o bom desenvolvimento. É a nossa proposta (in: IHU on-line, nº 100).

As políticas conhecidas de promoção ao desenvolvimento, são políticas que vêm importadas diretamente da razão econômica, da razão utilitarista e instrumental. Para esta razão não existe uma visão muito estruturada do longo prazo16. Bursztyn argumenta que, no longo prazo, “se eventualmente nós estejamos mortos, os nossos filhos não estarão, ou não deverão estar, nem nossos netos. Portanto, há que se preocupar com o prazo, com a durabilidade”. O autor afirma que em francês, a tradução do conceito de desenvolvimento sustentável é desenvolvimento durável. “Ele tem que ser possível de ser continuado num longuíssimo prazo e entendendo o desenvolvimento muito mais do que tão somente um bom andamento dos negócios econômicos”, porque são condições de vida. O atual modelo por exemplo, se considera o agrupamento de fabricantes independentes da mesma região que utilizam produtos, uns dos outros, para baratear o custo de fabricação.

15 IHU On-Line, nº 100; in: www.ihu.unisinos.br/ Como salvar o Planeta e a Humanidade? Decrescimento

ou desenvolvimento sustentável?

16 O Lord J. M. Keynes dizia que “no longo prazo todos estaremos mortos”. Então, por que se preocupar em

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consome intensivamente energia e matérias primas, as quais o planeta não tem condições de sustentar. “Então temos que modificar os padrões de produção, de consumo e tecnológicos e até mesmo a durabilidade e desejabilidade dos produtos, a consciência com que a sociedade vai buscar satisfazer as suas necessidades básicas e até mesmo a identificação do que vêm a ser necessidades básicas”.

Participando desta discussão, a revista Alternatives Économiques 17 apresenta cinco alternativas propostas por seus debatedores - Marc Chevallier, Guillaume Duval e Sandra Moatti – que são: 1) economizar energia e descarbonizar a economia, através da limitação do consumo de aparelhos elétricos, economizar energia em geral e aplicar tecnologias limpas; 2) reciclar as matérias-primas e desmaterializar a economia, partindo para uma economia de serviços, uma indústria e economia mais ecoamigáveis, o que significa enfrentar produtores e consumidores; 3) partir para uma outra agricultura para mudar a atual alimentação, através de alternância de culturas agrícolas, porque o atual nível de consumo de carne é insustentável e repensar os sistemas de irrigação; 4) repensar a modalidade dos transportes e relocalizar a economia, priorizando o transporte coletivo e a ocupação espaço-territorial das unidades de produção (proximidade entre regiões de matérias-primas, áreas produtivas e consumidores); 5) mudar a cidade para se tornar sustentável, a partir da produção e circulação dos bens e serviços, das fontes energéticas, e, sobretudo, substituir o automóvel movido a energia fóssil.

Muitos estudos demonstram que a proteção ambiental é economicamente vantajosa (economia verde; ecorotulagens etc.), porque a ecologia e a economia não estão em conflito quando a escala temporal é de longo prazo. É preciso compreender que o modelo consumista colocou o Planeta e a Humanidade à beira de uma hecatombe (recursos naturais não-renováveis exauridos; disseminação de poluentes; desequilíbrio ecológico e climático etc.). É urgente resgatar a visão cósmica, a visão planetária e visão humanitária.

Nesta perspectiva, as políticas de desenvolvimento sustentável, na tentativa de conquistarem um melhor IDH e IPH, devem abranger três dimensões:

1) o desenvolvimento da pessoa humana exige investimentos na educação, na saúde, na alimentação, no bem-estar social e na geração de renda, para que a expectativa de vida seja ampliada e qualificada;

2) o desenvolvimento pela pessoa humana requer sua participação abrangente no processo de desenvolvimento, para tanto, a alfabetização, o nível de escolarização e o nível cultural são indispensáveis;

17 Alternatives Économiques, n. 221, janeiro de 2004, p. 55-59. In: IHU On-Line, nº 100; in:

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3) o desenvolvimento para a pessoa humana demanda possibilidades de renda e de trabalho para todos, a fim de poderem conseguir um adequado e sustentável padrão de vida.

Com o conceito de desenvolvimento sustentável:

a) a força de trabalho de “recursos humanos” passa para “capital humano” e, agora, firma-se como “capital intelectual” ou até como “capital social”...

b) os recursos naturais de “matérias-primas e energia” passam a serem vistos como “natureza; meio ambiente”...

c) a contabilidade econômica transpõe as “riquezas” para o equilíbrio entre o crescimento econômico, a proteção ao meio ambiente e a igualdade distributiva, para atingir uma melhor eqüidade social...

Portanto, o desenvolvimento sustentável:

1) estabelece uma nova relação de equilíbrio entre a dimensão econômica, a social e a ambiental para as atuais e as futuras gerações (nova cosmogênese);

2) baseia-se numa ética que desloca o foco para a bioética (cuja centralidade é a vida e não mais o indivíduo na sua individualidade, isto é: torna-se biocêntrica em substituição à visão antropocêntrica), que humaniza as relações sociais e fortalece a solidariedade;

3) encoraja um desenvolvimento democrático e participativo, visto “de baixo para cima” ou da “periferia para o centro” e que exige a participação de todos os segmentos sociais, de todas as nações e todos os povos (visão planetária).

4 Modelos: suas explicações

O latino-americanismo é o embrião do pensamento social autóctone frente aos pensamentos liberal e conservador, vigentes e dominantes até o início do século XX, que explicavam pelas origens raciais e geográficas a especificidade e o atraso da América Latina em relação ao mundo ocidental. Portanto, o latino-americanismo busca a ruptura e a superação da subordinação internacional, afirmando uma identidade e redefinido a inserção do Continente no sistema-mundo.

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Martins18 (2006) faz os seguintes destaques:

1) O nacional-desenvolvimentismo: no ciclo britânico do capitalismo e com sua exaustão e da perda hegemônica dos mares, o sistema-mundo havia realizado a divisão internacional do trabalho19 e da produção definindo para os países centrais as atividades industriais e para os periféricos a produção de matérias-primas, sob a égide ideológica do neocolonialismo e da livre-concorrência. Neste cenário, a América Latina, sob a liderança das oligarquias locais e detentoras do poder, foi periferizada e passou a ser “fornecedora” de matérias-primas e importadora de produtos industrializados. Uma série de movimentos sociais e políticos pleiteavam a conquista do poder para apear as oligarquias agroexportadoras. Em alguns países isto ocorreu nas décadas de 1930 e 1940 (como é o caso do Brasil, com Getúlio e da Argentina, com Perón). No entanto, as relações comerciais se deterioraram de tal modo que os Estados foram atingidos estruturalmente, fomentando uma linha de pensamento, sob a liderança da burguesia industrial e camadas médias neourbanas que passam a olhar o país na ótica do nacionalismo e de seu desenvolvimento. Aí surgem grupos intelectuais, institutos e partidos políticos que encampam estas idéias.

a) A Comissão Econômica para a América Latina e do Caribe (CEPAL), com sede em Santiago do Chile, começou a funcionar em 1948, com a missão de promover o crescimento econômico regional mediante o desenvolvimento de estudos e assessoria técnica aos governos. Passou a ser o mais importante centro de formulação teórica do nacional-desenvolvimentismo, tendo à sua frente dois renomados intelectuais: Raúl Prebish e Celso Furtado. Sua principal tese era industrializar a América Latina por meio de políticas de substituição das importações, sendo o Estado o principal agente planejador e coordenador, assumindo as tarefas de principal agente da infra-estrutura e setores estratégicos. Entendiam que a industrialização seria o caminho da superação das raízes do subdesenvolvimento e se desdobraria em três fases: na primeira, se substituiria a importação de bens de consumo leves pela de maquinaria necessárias à sua produção; na segunda, de bens de consumo duráveis; e,

18 MARTINS, Carlos Eduardo. Pensamento social. In: SADER, Emir, JINKINGS, Ivana. Enciclopédia

contemporânea da América Latina e do Caribe. São Paulo: BoiTempo, 2006, p.925-934.

19 A divisão internacional do trabalho é inerente à expansão do capitalismo e expressa a especialização e a

capacidade produtiva de um país no mercado mundial. O capitalismo, em sua formação histórica, emerge do

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na terceira, internalizar a produção de bens de capital mediante a importação de máquinas que criam máquinas (Martins, 2006).

b) Os Partidos Comunistas tiveram dificuldades em interpretar a realidade latino-americana a partir do contexto local, ficando presos aos esquemas teóricos do feudalismo, do imperialismo capitalista e da dominação burguesa, que deveriam ser eliminados pela revolução proletária associada à burguesia nacional revolucionária. Neste contexto, Caio Prado Júnior formulou o conceito de capitalismo colonial, mostrando que as burguesias locais não rompem com o passado colonial. No entanto, os partidos comunistas contribuíram para a consolidação desta linha de pensamento social.

c) O Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), fundado em 1955, com a missão de impulsionar um pensamento social capaz de promover o desenvolvimento brasileiro20. O ISEB assumiu seu papel nacional-desenvolvimentista, defendendo a industrialização liderada pela burguesia industrial nacional, articulada com os trabalhadores urbanos e as camadas médias contra o imperialismo e as oligarquias agroexportadoras e mercantís. No ISEB desenvolve-se a distinção entre nacionalismo de fins e de meios. O nacionalismo de fins visa ao desenvolvimento e aceita utilizar os meios necessários para alcançá-lo, sejam nacionais ou não, já o dos meios, calca toda a atenção sobre os mesmos, excluindo toda e qualquer participação estrangeira nos mesmos.

A partir da década de 1960 começa-se uma revisão deste pensamento, mediante o fracasso do modelo proposto, promovida por Celso Furtado (focaliza as estruturas e as reformas de base)21, Raúl Prebish (olha para o desemprego estrutural e a inadequação da tecnologia importada)22 e uma nova geração de pensadores como Aníbal Pinto (aponta o debilitamento da industrialização periférica)23 e Maria da Conceição Tavares (demonstra o esgotamento do nacional-desenvolvimentismo)24.

As limitações em combinar, sob o comando do capital estrangeiro, o dinamismo da substituição de importações com reformas sociais abriram espaço para o pensamento liberal, que absorveu parcialmente categorias do nacional-desenvolvimentismo – como a deterioração dos termos de troca, o planejamento estatal, a necessidade de industrialização e os aspectos estruturais da inflação. Para os neoliberais dessa geração, a intervenção do Estado não se fazia apenas no plano econômico, mas também no político, o que os aproxima do autoritarismo e do fascismo. Os principais autores desse enfoque foram, no plano econômico, Roberto Campos e, no político, Golbery do Couto e Silva (Martins, 2006, p.927).

20 Seus principais membros: Guerreiro Ramos, Álvaro Vieira Pinto, Roland Corbisier, Hélio Jaguaribe, Nelson

Weneck Sodré, Ignácio Rangel e Cândido Mendes de Almeida.

21 Livros: Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina (1966) e Teoria e política de desenvolvimento

econômico (1967).

22 Livros: Para uma dinâmica do desenvolvimento latino-americano (1963) e Para uma política comercial em

prol do desenvolvimento (1964).

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2) A teoria da dependência: a crise do modelo de substituição das importações via industrialização abre espaços para uma nova compreensão da realidade latino-americana e mundial. Afirma-se que a economia mundial era a dominante no desenvolvimento do capitalismo, frente à posição do liberalismo e demais teorias do desenvolvimento que propugnavam a tese de que a economia mundial era um agregado de economias nacionais independentes que se relacionavam entre si. O capitalismo estabeleceu uma divisão internacional do trabalho e da produção (técnico-científica e de bens), determinando uma hierarquização comercial, científico-tecnológica e de capital. Isto produz uma dependência dos países periféricos em relação aos centrais.

A economia mundial capitalista tem sua expansão determinada pelo desenvolvimento dos monopólios tecnológicos, financeiros e comerciais situados nos países centrais. Os países dependentes são objetos dessa expansão e se ajustam a ela. Enquanto as decisões das classes dominantes dos países centrais têm grande importância para determinar as direções de expansão da economia mundial, as classes dominantes dos países dependentes tendem apenas a responder afirmativamente a esses condicionamentos. O Estado nacional é utilizado pelas burguesias dependentes como instrumento de negociação para obter melhores condições de inserção internacional (Martins, 2006, p.928).

A dependência significa um complexo de relações econômicas, comerciais, políticas, financeiras e tecnológicas, gerado e reproduzido historicamente, que ultrapassa a ordem interna e se firma na ordem externa. Segundo os defensores desta tese25, o sistema capitalista realiza-se em âmbito intersocietário em que as formações subdesenvolvidas são periféricas às formações desenvolvidas e centrais. Para caracterizar bem estas relações, recorrem à analogia da metrópole e do satélite, configurando um único sistema. No sistema, a satelitização ocorre pela dependência e pela exploração. A dependência: a) a política (pode ser legal ou de fato) significa que as decisões são tomadas fora do país; b) a econômica ocorre no plano comercial – o país exporta mais matérias-primas e importa bens beneficiados e tecnologia – e no plano financeiro – os investidores são não-residentes; c) a tecnológica consiste no monopólio técnico-científico dos países centrais dos quais os periféricos a importam. Esta situação de dependência gera uma constante exploração. A exploração consiste: a) no plano financeiro (a alta remuneração pelos serviços do capital não-residente); b) no plano comercial (a constante deterioração da relação de preços nas relações de intercâmbio); c) no plano da tecnologia (o pagamento de royalties e a transferência de tecnologias obsoletas).

Nesta relação a metrópole se apropria do excedente econômico dos satélites, impedindo a formação do capital próprio. Disto decorre um círculo vicioso da pobreza com todas as mazelas possíveis. Assim, mantidas as atuais tendências, podem ser vistas três alternativas: a) aceitar um desenvolvimento sistêmico e hierarquizado, que se dá num contexto de economias dominantes e de dominadas, reduzindo as diferenças das periferias em

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relação aos centros, através de mecanismos de investimentos direcionados; b) partir para um desenvolvimento combinado em que as periferias utilizariam tecnologias avançadas – inadequadas no momento para a sua realidade – por pressão dos países centrais, visando a sustentação mais equilibrada do sistema; c) agravar o desenvolvimento desigual, aumentando as distâncias no próprio país periférico e em relação aos paises centrais. Esta última parece a que está em curso. Entretanto, para superar a situação de subdesenvolvimento dependente não há outra alternativa a não ser uma ruptura com estes mecanismos historicamente estabelecidos.

Em relação à América Latina, historicamente, está ocorrendo um processo de subdesenvolvimento/desenvolvimento capitalista periférico e dependente, via industrialização e urbanização. Há um interesse especial dos países centrais pelas condições excepcionais do território, da população (mercado consumidor) e pelos abundantes recursos naturais. Este modelo caracteriza-se pela exportação (com ênfase nas matérias-primas), pela concentração da riqueza e das terras, pelos desequilíbrios regionais, pelas decisões políticas vinculadas aos grupos oligárquicos, à burguesia nacional e pela intensa exclusão social.

O subdesenvolvimento da América Latina expressa uma trajetória subordinada à economia mundial hierarquizada. Interno e externo se articulam na reprodução do fenômeno da dependência. A modernização não significa ruptura radical com o passado, mas um ajuste ao desenvolvimento da economia mundial e da divisão internacional do trabalho, na qual países dependentes e centrais estão integrados e desempenham papéis complementares (Martins, 2006, p. 928).

Ao abandonar a tese de um modelo nacional de capitalismo os defensores deste modelo convergem para a dependência, no entanto, divergem no modo de se posicionar politicamente diante do capitalismo dependente, estabelecendo dois paradigmas: o weberiano e o marxista. O modo weberiano é defendido por Fernando H. Cardoso e Enzo Faletto26, que se voltam “contra as interpretações nacionalistas e socialistas do capitalismo latino-americano”.

Segundo os autores, era necessário diferenciar a velha dominação imperialista, analisada por Lênin, da

nova dependência, estabelecida pelo capital estrangeiro no pós-guerra. Esta se voltava para a internacionalização do mercado interno e diferenciava as formas políticas de dominação das econômicas, permitindo àquelas a soberania formal e maior capacidade de negociação internacional. No âmbito econômico, o capital estrangeiro se solidarizava com a expansão do mercado interno. Enquanto no velho imperialismo o equilíbrio do balanço de pagamentos era ameaçado pelas remessas de lucros, pagamentos de juros, serviços técnicos e royalties que superavam os ingressos, na nova dependência essa descapitalização é mais que compensada pela dependência financeira internacional que mobiliza os excedentes de capital nos países centrais para o mercado interno dos países dependentes, possibilitando o desenvolvimento dependente ( Martins, 2006, p.929).

Os laços financeiros, tecnológicos e comerciais do capitalismo dependente “ligam-no à economia mundial”, sem, contudo, levar ao domínio da “burguesia nacional e do Estado

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sobre a acumulação”. No campo da política a tendência é desdobrar-se na democracia burguesa (a liberal representativa), proporcionando-lhe “o exercício da dependência negociada” para atender as pressões sociais na participação dos resultados. Em 2006, Fernando H. Cardoso escreve: “Abracei a causa da democracia com entusiasmo: ela motivou a revisão de minhas análises teóricas e por causa dela passei a participar ativamente da política partidária”27. Em seu texto, reiteradas vezes, remete-se a Weber, citando o pensador alemão de que “a política requer perspectiva e paixão”.

O paradigma marxista tem à frente Theotonio dos Santos28, Ruy Mauro Marini29, Vânia Bambirra e Orlando Caputo30 que, inspirados no latino-americanismo de Paul Baran e Andre Gunder Frank, reafirmam o papel da descapitalização do capital estrangeiro nas economias dependentes acentuado pelos monopólios que competem entre si, ampliando a

mais-valia de que se apropriam pelo dinamismo tecnológico. Para eles, as especificidades do processo estão na acumulação do capitalismo dependente.

Seu fundamento é a busca de superlucros que impulsiona as burguesias periféricas ao compromisso com os monopólios internacionais. Ao se associarem às suas bases tecnológicas, financeiras, comerciais e institucionais, elas superam os limites endógenos de sua capacidade de acumulação e assumem uma condição monopólica no âmbito de seus segmentos produtivos de atuação e dos seus Estados nacionais. Entretanto, isso implica uma importante contradição: a mais-valia extraordinária assume um aspecto central no capitalismo dependente, mas o fato de se basear na tecnologia estrangeira acarreta transferências de mais-valia para o exterior (Martins, 2006, p.930).

A evidência histórica aponta para o fato de que o capital demanda lucros e concentra seus investimentos onde pode proporcionar liderança tecnológica e mais-valia na economia global. No cenário mundial, a América Latina está cada vez mais fora desta rota e está ocorrendo o que T. dos Santos chama “tendência à estagnação relativa do capitalismo dependente”. Na ótica do paradigma marxista, a descapitalização dos países dependentes continua o que acarreta o aumento da dívida externa; a dependência traz um novo ônus financeiro; e os processos de redemocratização no capitalismo dependente não levam “à redução da exclusão social e da pobreza”. Porque,

a combinação, que os acompanhou, de elevação da intensidade do trabalho, aumento da qualificação, regressão salarial e precarização dos trabalhadores, indica o aprofundamento da superexploração na América Latina. A democratização não tem demonstrado bases sólidas ( Martins, 2006, p. 931).

3) O neodesenvolvimentismo: precedido pelo endogenismo, que concentra sua análise nas condições históricas e nas contradições internas do capitalismo latino-americano, com

27 CARDOSO, Fernando H. A arte da política: a história que vivi. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

p.19.

28 Livro: Socialismo o fascismo: el nuevo caracter de la dependência y el dilema latinoamericano (1978).

Dependencia y cambio social (1972); Imperialismo e dependência (1978).

29 Livro: Las razones del neodesarrollismo (1978) é uma resposta às teses de Fernando H. Cardoso e José Serra

publicadas em: Lãs desventuras de la dialética de la dependência (1978).

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vistas às articulações dos modos de produção, o neodesenvolvimentismo tenta conciliar, na busca de um conceito unificador, as dimensões econômicas e sociais do desenvolvimento. Tendo por referência as derrotas do movimento socialista, as especificidades históricas da América Latina e o seu capitalismo sui generis, o neodesenvolvimentismo retoma a problemática da industrialização articulando-a com a democratização do Estado.

A democracia é vista, inicialmente, como condição para o atendimento das demandas sociais e, depois, para o próprio êxito da industrialização, invertendo a lógica inicial do pensamento desenvolvimentista. Seus principais autores são Maria da Conceição Tavares, Aníbal Pinto, Jorge Graciena, Fernando Fajnzylber, Raúl Prebish, Celso Furtado, João Manuel Cardoso de Mello e José Luís Fiori (Martins, 2006, p. 932).

Valoriza-se o conceito de estilos de desenvolvimento, que se fundamenta em forças sociais e políticas, pelo qual se supera o círculo de causalidade cumulativa entre os padrões de desenvolvimento econômico e social. Um desenvolvimento assim concebido produziria distintos impactos na distribuição da renda e na redução da pobreza. Apresenta dois eixos fundamentais: viabilizar o desenvolvimento em condições de desigualdades sociais e reformular o estilo de desenvolvimento. Pelo primeiro, se enfatizaria o dinamismo da demanda interna e sua capacidade para atrair investimentos diretos externos, com o fito de fomentar a demanda interna e superar o gargalo do balanço de pagamentos. Pelo segundo, se demonstraria que as desigualdades e a periferização não impedem o desenvolvimento, mas o limitam e deveria ser construído um novo pacto social a partir de alianças sociais e políticas que sustentariam o processo. Este estaria sustentado pela eqüidade, austeridade, crescimento e competitividade.

4) O neogramscianismo: caracteriza-se pela combinação entre a derrota da esquerda revolucionária, a crise econômica e a redemocratrização e descreve a democracia como valor universal e inscreve a luta política nos marcos da legalidade. O neogramscianismo entende a América Latina em duas grandes unidades: o ocidente tardio e a parte não ocidental. O

ocidente se assemelha à Europa mediterrânea e que são os países mais avançados na industrialização e na diferenciação de classes – Brasil, Argentina, México, Uruguai, Chile e Venezuela; o não ocidente é constituído pelas sociedades agrárias. Nestas prevalecem as lutas nacionais-populares, que no ocidente estão subordinadas ao confronto democrático.

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Seus principais autores são José Carlos Portantiero, Carlos Nelson Coutinho, Carlos Pereyra e Luiz Werneck Vianna, que realizam uma interpretação particular do marxista italiano, valorizando a dimensão consensual de hegemonia e a guerra de posição (que é contra-hegemônica e se expressa nas diversas movimentações estratégicas).

As limitações teóricas do neodesenvolvimentismo e do neogramscianismo em articular avanços democráticos com desenvolvimento econômico, abriram a brecha para o ingresso do neoliberalismo que restringe o desenvolvimento político, privilegiando os interesses do capital.

5) O neoliberalismo: dissemina-se, como doutrina econômica – com fundamentos filosóficos, políticos e ideológicos liberais - a partir do final da década de 70 e, em duas décadas, torna-se um guia teórico e prático de partidos políticos e governos em quase todo o Ocidente. Seus princípios doutrinários passam a ser aceitos, apesar dos veementes protestos de expressivos segmentos da sociedade politicamente organizada, assumindo a condição de hegemonia como “pensamento único”. Consolida seu ideário no Consenso de Washington

(1989)31.

A vertente histórica deste pensamento surge com o liberalismo dos séculos XVIII e XIX, que ganhou espaço e influência na sociedade européia com o desenvolvimento do capitalismo e com a consolidação da ordem burguesa. A doutrina liberal afirma que o propósito do Estado - como associação de indivíduos independentes – é facilitar os projetos de seus membros e de seus empreendimentos. O Estado, portanto, não deve impor seus próprios projetos. Esta doutrina fundamenta a doutrina econômica do capitalismo. No século XIX esta doutrina incorporou idéias como o livre mercado, a democracia e a autodeterminação nacional dos Estados. O contrato social do liberalismo explora toda a esfera de escolhas privadas (consciência, opinião, família, iniciativas, educação etc.) que o Estado não deve invadir com vistas a garantir a ordem e a proteger a propriedade privada. Para Locke, propriedade inclui “vida, liberdade e posses” e seu gerenciamento “é um dever a nós imposto por Deus”. Os governantes têm suas prerrogativas regidas pela lei e a “autoridade resulta da aquiescência do governado, e o povo tem o direito, como último recurso, de

31O Consenso de Washington (1989), denominação cunhada pelo economista inglês John Williamson, refere-se a

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derrubar o governante que viole essas condições”32. Esta é a essência doutrinal: reconhecer o desejo individual como fato básico de uma associação civil moderna.

O liberalismo opõe-se a qualquer intervenção do Estado e formula a tese de que o indivíduo se caracteriza como a célula elementar de constituição da sociedade. Nesta condição, o indivíduo tem direito à total liberdade econômica e política, não podendo o Estado inibir ou coibir qualquer iniciativa sua. O mercado, regido pela “mão invisível”, harmonizaria as ações e os comportamentos individuais, alicerçados nos interesses particulares. Assim, as sociedades modernas ocidentais, que constituíram economias de livre mercado, se desenvolveram com base no que A. Smith chamou de “troca, permuta e intercâmbio” de todos os membros.

No plano internacional, esse pensamento deu origem à doutrina econômica das “vantagens comparativas”, fundamentada na total liberdade comercial entre as nações, sustentado no princípio do individualismo liberal e da teoria das relações econômicas racionais. No entanto, esta concepção produziu imensas disparidades e desigualdades que se traduziram em novas formas de dominação e exploração, configurando um imperialismo. As dimensões das desigualdades são crescentes. Segundo Sunkel33, “em 1770 os países mais desenvolvidos apresentavam um Produto Interno Bruto por habitante apenas 1,2 vezes maior do que o dos países ou colônias subdesenvolvidos. Duzentos anos depois, em 1970, esta diferença já era dez vezes maior.” No final da década de 1980 atingia a ordem de 15 vezes. E, em 2004, elevou-se a cifra de 20 vezes. Neste contexto formula-se o conceito de

interdependência, ou seja, nenhuma nação é tão autosuficiente que possa prescindir das outras. É necessário encontrar as complementaridades de recursos, com base nas “vantagens comparativas” e aí intercambiar. Para Z. Bauman, o fenômeno da desigualdade entre as nações é recente, pois, “por volta de 1870, a renda per capita na Europa industrializada era 11 vezes maior do que nos países mais pobres do mundo. No curso do século seguinte, esse fator quintuplicou, chegando a 50 em 1995”. Para o BM, essa diferença duplicou nos últimos 40 anos.

O neoliberalismo emerge como uma reação teórica e política ao Estado intervencionista keynesiano, presente nos EUA (com o New Deal) e na Europa (sociais-democracias), conhecido como o Estado de bem-estar social. Movido pelos princípios clássicos dos direitos individuais, da utilidade e da escolha racional, o neoliberalismo revive a questão do contrato social frente aos benefícios sociais concedidos pelo Estado. Como pode o indivíduo gerar bens públicos se isto não é do seu interesse particular? A controvérsia atinge

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“uma estrutura de regras constitucionais” consolidada na medida em que o Estado liberal defende a “independência e a imparcialidade” frente às preferências individuais de seus membros que, nas sociais-democracias, recebem a proteção do Estado, mormente os pobres.

Os principais ideólogos do neoliberalismo são: L. von Mises (1881-1973), F. von Hayek (1899-1992), M. Friedman (1912-2007), K. Popper (1902-1994) e L. Robbins (1898-1984), partidários que se associam para combater o socialismo e o solidarismo. Afirmam a liberdade econômica e política como absolutas, que se regeriam pelo funcionamento dos mecanismos de mercado. A cartilha deste ideário está consignada no Consenso de Washington

(1989). O “laboratório” deste ideário é o regime totalitário de Pinochet, no Chile (golpe de Estado em 11-09-1973). De lá, espraia-se pelo mundo. A década de 1980 foi marcada pelo “surto da ideologia neoliberal”, iniciado na Inglaterra com M. Thatcher (1979-1990), passando por R. Reagan dos EUA (1982-1990) e, depois, H. Kohl na Alemanha (1982-1998), após a reunificação, etc.

Em meio à guerra fria e em busca de uma alternativa ao socialismo, o neoliberalismo se apresentou como a solução definitiva ao comunismo e à crise do capitalismo, na medida em que sua doutrina propunha uma democracia de mercado “em que imperava a lei da oferta e da procura e a soberania do consumidor”. A América Latina, como periferia do sistema-mundo, passou a ser objeto da implantação neoliberal “pela quebra das ordens constitucionais e por uma involução política antidemocrática”, segundo Rosenmann (2006)34. O exemplo histórico mais importante é o Chile com o golpe militar de Pinochet (1973) que, assessorado pela Escola de Chicago, tendo M. Friedman à frente, inicia de forma ditatorial uma liberalização radical da economia e da sociedade, para deter o “avanço incontido do socialismo marxista”. Anos depois, M. Thatcher na Inglaterra, R. Reagan nos EUA, F. Gonzáles na Espanha e H. Kohl na Alemanha, seguem e aprofundam essas “megatendências liberalizadoras”. A recente história nos demonstra que o neoliberalismo se impôs pela força (nem sempre militar, mas pela dominação sistêmica).

O projeto neoliberal traz em seu bojo três objetivos: “promover uma mudança na estrutura social, articular um novo consenso ideológico-político e impor outra forma de exercício do poder político” que passaria, necessariamente, pela refundação de uma economia de mercado e da reforma do Estado, para abandonar o “ranço” keynesiano. Ao não aceitar propostas contrárias e diferenciais, o pensamento neoliberal construiu uma doutrina totalitária e excludente.

34 ROSENMANN, Marcos. Neoliberalismo. In: SADER, Emir (Coord). Enciclopédia Contemporânea da

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O foco na reforma do Estado sintetiza-se na reforma da gestão pública, na reforma do regime político e na reforma da constituição política do Estado. A reforma da gestão pública adota a lógica ditada pelo mercado (privatizar, descentralizar e desregulamentar). A reforma do regime político delineia-se por uma nova divisão do poder e pelas novas funções estatais. A reforma da constituição política do Estado abrange os limites dos direitos e deveres do cidadão nos âmbitos público e privado, ditados pela sociedade fundada na economia de mercado.

5 Conclusão

A Cúpula das Nações propôs, para o século XXI, Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, assumidos pelos 191 países membros:

1) Erradicar a extrema pobreza e a fome:

Meta 1: Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população com renda inferior a um dólar PPC por dia. Meta 2: Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população que sofre de fome.

2) Atingir o ensino básico universal: Meta: Garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino básico.

3) Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres: Meta: Eliminar a disparidade entre os sexos no ensino primário e secundário, se possível até 2005, e em todos os níveis de ensino, a mais tardar até 2015.

4) Reduzir a mortalidade infantil: Meta: Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade de crianças menores de 5 anos.

5) Melhorar a saúde materna: Meta: Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna.

6) Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças: Meta 1: Até 2015, ter detido a propagação do HIV/Aids e começado a inverter a tendência atual. Meta 2: Até 2015, ter detido a incidência da malária e de outras doenças importantes e começado a inverter a tendência atual.

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8) Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento: Meta 1: Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, baseado em regras, previsível e não discriminatório. Meta 2: Atender as necessidades especiais dos países menos desenvolvidos. Meta 3: Atender às necessidades especiais dos países sem acesso ao mar e dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento. Meta 4: Tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante medidas nacionais e internacionais de modo a tornar a sua dívida sustentável a longo prazo. Meta 5: Em cooperação com os países em desenvolvimento, formular e executar estratégias que permitam que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo. Meta 6: Em cooperação com as empresas farmacêuticas, proporcionar o acesso a medicamentos essenciais a preços acessíveis, nos países em vias de desenvolvimento; em cooperação com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações.

Cabe destacar o pensamento de Amartya Sen, sobre o conceito do IDH:

Devo reconhecer que não via no início muito mérito no IDH em si, embora tivesse tido o privilégio de ajudar a idealizá-lo. A princípio, demonstrei bastante ceticismo ao criador do Relatório de Desenvolvimento Humano, Mahbub ul Haq, sobre a tentativa de focalizar, em um índice bruto deste tipo - apenas um número -, a realidade complexa do desenvolvimento e da privação humanos. (...) Mas, após a primeira hesitação, Mahbub convenceu-se de que a hegemonia do PIB (índice demasiadamente utilizado e valorizado que ele queria suplantar) não seria quebrada por nenhum conjunto de tabelas. As pessoas olhariam para elas com respeito, disse ele, mas quando chegasse a hora de utilizar uma medida sucinta de desenvolvimento, recorreriam ao pouco atraente PIB, pois apesar de bruto era conveniente. (...) Devo admitir que Mahbub entendeu isso muito bem. E estou muito contente por não termos conseguido desviá-lo de sua busca por uma medida crua. Mediante a utilização habilidosa do poder de atração do IDH, Mahbub conseguiu que os leitores se interessassem pela grande categoria de tabelas sistemáticas e pelas análises críticas detalhadas que fazem parte do Relatório de Desenvolvimento Humano. (Amartya Sen, Prêmio Nobel da Economia em 1998, no prefácio do RDH de 1999).

A comunidade latino-americana compartilha a inquietude das nações em relação aos problemas ambientais mundiais, como o aquecimento global e demais efeitos perversos do modelo industrial e consumista vigente. A América Latina é vítima da exploração irracional e incontida de devastação do seu meio ambiente, como o desflorestamento, a extração de minerais, a poluição e contaminação de suas águas, a perda de solos produtivos pelo avanço da desertificação, a diminuição e perda irreversível de biodiversidade, a contaminação genética pelos organismos geneticamente modificados, o crescimento descontrolado da urbanização e suas seqüelas etc. Hoje, o conceito de desenvolvimento sustentável caiu na demagogia política como ocorreu na conferência mundial de Johannesburgo (2002), quando nenhum acordo operativo foi estabelecido, passando para os anais como simplesmente a conferência Rio+10.

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Referências

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Visitar:

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