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ANÁLISE DA EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO CONTEXTO BRASILEIRO A PARTIR DO CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR DE 2016

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International Scientific Journal – ISSN: 1679-9844 Nº 3, volume 13, article nº 9, July/September 2018 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v13n3a9

Accepted: 10/05/2018 Published: 30/09/2018

ANÁLISE DA EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA NO

CONTEXTO BRASILEIRO A PARTIR DO CENSO DA EDUCAÇÃO

SUPERIOR DE 2016

ANALYSIS OF THE EXPANSION OF HIGHER EDUCATION AT

DISTANCE IN THE BRAZILIAN CONTEXT FROM THE CENSUS OF

HIGHER EDUCATION OF 2016

Letícia Sanz Barreto1, Shirlena Campos de Souza Amaral2

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Universidade Estadual do Norte Fluminense, UENF, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem, leticiasanz07@gmail.com

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Universidade Estadual do Norte Fluminense, UENF, Professora do Programa de Pós-graduação em Cognição e Linguagem, shirlenacsa@gmail.com

Resumo: O presente artigo visa retratar e discutir a criação, o desenvolvimento e a expansão da Educação a Distância (EAD) no Ensino superior brasileiro, posto que seja inegável a ampliação dessa modalidade de ensino no mundo nas últimas décadas. Atribui-se a essa ascensão, os intensos avanços das novas Tecnologias da Informação e Comunicação, e especificamente no Brasil, ao marco regulatório da EAD, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Tal análise foi realizada com base nos dados disponibilizados pelo Censo em Educação Superior de 2016, nos quais se pode observar um acelerado crescimento na quantidade de cursos ofertados, no número de matrículas realizadas, no quantitativo de alunos ingressantes e ainda no número de alunos concluintes no lapso temporal de 2006 a 2016. Embora, tenha sido detectada a expansão na Educação Superior brasileira na EAD, esta ocorreu massivamente em instituições privadas.

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Abstract: This article aims at portraying and discussing the creation, development and expansion of Distance Education (EAD) in Brazilian higher education, since it is undeniable the expansion of this type of education in the world in the last decades. It is attributed to this rise, the intense advances of the new Information and Communication Technologies, and specifically in Brazil, to the regulatory framework of the EAD, the Law of Guidelines and Bases of National Education of 1996. Such analysis was carried out based on data made available by the Census of Higher Education in 2016, in which there is a rapid growth in the number of courses offered, in the number of enrollments, in the number of new students and in the number of students graduating in the period between 2006 and 2016. Although, the expansion in Brazilian Higher Education in EAD was detected, this occurred massively in private institutions.

Keywords: Distance Education, Expansion, Higher education.

INTRODUÇÃO

A educação a distância se caracteriza como uma modalidade de ensino recente no Brasil e no mundo, visto que historicamente as grandes instituições de Educação a Distância surgiram a partir da década de 1970, em países como Inglaterra e Espanha, em meio a descréditos e preconceitos, e se consolidaram durante a década de 1980, fazendo com que esta modalidade se difundisse por todo o mundo. Já no Brasil seu progresso ocorreu um pouco mais tarde, na década de 1990, após a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em 1996 e por essa razão a EAD pode ser considerada um novo campo de estudo. Percebeu-se durante a realização da prePercebeu-sente investigação, que a pesquisa em Educação a Distância tem vida ainda mais nova.

Diante desse fato, ressalta-se a importância da realização de pesquisas sobre a Educação a distância, para suscitar reflexões acerca de sua expansão no Brasil.

O principal objetivo deste artigo é investigar por meio do Censo da Educação Superior de 2016, em que medida o Ensino Superior Brasileiro na modalidade a distância se expandiu nos últimos 10 anos (2006 – 2016). Desse modo, buscou-se na seção seguinte expor algumas definições e características da modalidade de educação a distância, com o intuito de propor reflexões a cerca de seus conceitos e características fundamentais. No segundo tópico, procurou-se trazer um breve resgate histórico da criação, desenvolvimento e expansão da EAD no mundo e no

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Brasil. E, em seguida, adentrou-se, no universo da pesquisa, objetivando averiguar e analisar como se deu a expansão da EAD no Ensino Superior brasileiro na última década. Por fim, a última parte do artigo se dedica às conclusões obtidas por meio da pesquisa realizada. Assim, o artigo visa suscitar reflexões referentes à temática, porém não pretendendo esgotá-la.

1- Definições e características da Educação a Distância

Introdutoriamente, cabe ressaltar que a EAD recebeu diversas nomenclaturas de acordo com a época e o contexto em que foi desenvolvida, nos diversos países ao redor do mundo, como educação por correspondência (Reino Unido); estudo em casa (Estados Unidos); estudos externos (Austrália); Teleensino (França); estudo a distância (Alemanha); educação a distância (Espanha); ensino a distância (Open University); dentre outros (MAIA e MATTAR, 2007; PRETI, 2009).

Dessa forma, como não há unanimidade sobre como denominar tal modalidade de ensino, tampouco há um consenso quanto à sua definição, por isso existem diversas definições para a educação a distância, porém todas apresentam pontos em comum. Assim sendo, destaca-se alguns conceitos relevantes a seguir:

Educação a Distância é aprendizagem planejada que geralmente ocorre num lugar diferente do ensino e, por causa disso, requer técnicas especiais de desenho de cursos, técnicas especiais de instrução, métodos especiais de comunicação através da eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos essenciais organizacionais e administrativos (MOORE, 1996 apud PRETI, 2009, p. 42).

Segundo Josias Ricardo Hack (2011) a EAD pode ser compreendida como:

uma modalidade que realiza o processo de construção do conhecimento de forma crítica, criativa e contextualizada, no momento em que o encontro presencial do educador e do educando não ocorrer, promovendo-se, então, a comunicação educativa através de múltiplas tecnologias (HACK, 2011, p.15).

Percebe-se, a partir da definição de EAD mencionada acima, que seus conceitos e definições não devem ser pautados em suas características e metodologias, pois na realidade, o que a diferencia da modalidade de ensino presencial é a maneira como ela é oferecida, de forma não presencial. Isto é, seus conceitos devem ser baseados no processo de ensino-aprendizagem (HACK, 2011).

Tal definição corrobora com o entendimento de Moran (2002) quando afirma que:

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A Educação a Distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes (p.1).

Dessa forma, compreende-se a EAD atualmente como uma nova maneira de se fazer educação, como uma nova metodologia que está sendo utilizada no processo de ensino-aprendizagem.

Nesse contexto, cabe ressaltar algumas das suas características fundamentais: educando e educadores estão separados no tempo e/ou no espaço; existem canais que possibilitam a interação (canais humanos) e/ou a interatividade (canais tecnológicos) entre os envolvidos. Trata-se, deste modo, de processo mediado e "mediatizado", estabelecendo outros sentidos aos conceitos de tempo, espaço, presencialidade e distância; há também uma estrutura organizacional complexa a serviço do educando: um sistema de EaD como rede integrando comunicação, orientação acadêmica (tutoria), produção de material didático, gestão, avaliação, etc.; a aprendizagem é construída, se dá de forma independente, individualizada, autônoma e, concomitantemente, de forma coletiva, por meio de interações sociais (PRETI, 2009, p. 45).

Buscando-se uma compreensão mais profunda sobre essa recente e promissora modalidade de ensino, propõe-se no tópico a seguir, trazer um sucinto resgate histórico sobre a origem e o desenvolvimento da EAD no mundo e, sobretudo no Brasil, além de apontar quais foram os fatores que promoveram sua expansão.

2- Breve panorama histórico da expansão do Ensino Superior a distância 2.1- Expansão ao redor do mundo

Alguns estudiosos da EAD acreditam que a origem dessa modalidade se deu a partir de alguns casos isolados de comunicação por meio da escrita, como por exemplo, as cartas escritas pelo filósofo Platão e as epístolas escritas pelo apóstolo São Paulo (MAIA e MATAR, 2007). No entanto, existem autores que demarcam o surgimento do ensino a distância a partir da criação da imprensa, por Gutemberg, que ocorreu no século XV.

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Apesar desse desacordo com relação a origem da educação a distância, pode-se dizer que o desenvolvimento e expansão dessa metodologia de ensino teve seu ápice em meados do século XIX (PETERS, 2009 apud SANTOS, 2018). Nesse contexto explicitar-se-á o desenvolvimento da EAD a partir dos três momentos importantes que marcaram sua história e que promoveram sua transformação, expansão e atual consolidação.

O marco pioneiro para o desenvolvimento do Ensino a distância se deu a partir do desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação. Tais acontecimentos promoveram a criação do 1º curso por correspondência, anunciado pela Gazeta de Boston em 20 de março de 1728 (ALVES, 2011; MAIA e MATAR, 2007). Essa inovadora forma de ensino se expandiu rapidamente para inúmeros países.

O segundo momento fundamental para a evolução da EAD, ocorreu quando incorporou-se a essa modalidade de ensino as novas mídias como o rádio, a televisão, o telefone, fitas de vídeo e áudio, assim como, houve a criação das universidades abertas de ensino a distância (MAIA e MATAR, 2007). Nesse contexto, é importante ressaltar um grande marco dessa segunda geração da EAD: a criação da 1ª Universidade Aberta na Inglaterra, em 1969, a Open University. Dessa forma, pode-se afirmar que essa foi a primeira institucionalização da EAD e que a mesma suscitou a explosão da criação de instituições semelhantes inicialmente em países desenvolvidos e anos depois em países subdesenvolvidos (PRETI, 2009).

A terceira e atual geração da EAD, eclodiu a partir da criação, expansão e facilitação do acesso às novas tecnologias da informação e comunicação, na década de 1990. Nesse ínterim, foram inseridos recursos como microcomputador, o videotexto, o hipertexto, das tecnologias multimídia e da rede mundial de computadores interconectados, a Internet (MAIA e MATAR, 2007).

2.2- A Expansão brasileira

É inegável que a criação e o desenvolvimento da modalidade de Educação à distância no Brasil foi inspirada nas experiências e influências de países desenvolvidos pioneiros em ofertar tal modalidade de educação. Porém, a maneira como a EAD foi implantada nesses países e no Brasil se diferem, pois estes optaram em criar novas universidades para oferecê-la de forma exclusiva, nas décadas de

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1960 e 1970, ao passo que no contexto brasileiro optou-se pela reestruturação e reorganização das instituições já existentes a fim de as tornarem aptas a ofertarem concomitantemente as duas modalidades de ensino, quais sejam o ensino presencial e a distância (RAMOS e MEDEIROS, 2010).

Muitos autores que tratam da temática da EAD no Brasil defendem que ela se desenvolveu rapidamente e se consolidou no país na década de 1990. No entanto, antes da expansão da EAD focada na Educação Superior, já existiam experiências educacionais nesta modalidade de educação no final do século XVIII e início do século XIX visando proporcionar qualificação e especialização de mão de obra frente às novas exigências do processo de industrialização da mecanização e divisão do processo de trabalho (PRETI, 2009), mas que não estavam atreladas ao Ensino Superior.

O autor Oreste Preti, cita em sua obra Educação a distância: fundamentos e políticas (2009), alguns dos fatores que influenciaram a rápida expansão da EAD no Ensino Superior brasileiro nos últimos 20 anos, como a necessidade de democratização da educação em nível superior, os graves problemas enfrentados pelo sistema de educação tradicional (elitista, fechado, burocrático, excludente, etc.), além dos avanços tecnológicos nas áreas da informação e comunicação, que podem ser considerados como a grande força propulsora para a expansão da EAD no Brasil, como também em todo o mundo.

Para além dos fatores mencionados acima, ressalta-se que uma das maiores, senão a maior razão, dessa ascensão em nosso país se deve a promulgação da Lei das Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDB), a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, pois em suas Disposições Gerais, o Artigo 80, da referida lei atribuiu ao poder público “o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996, não paginado).

Tal lei ainda outorgou à União a competência ao credenciamento das instituições que oferecerão programas de ensino a distância e a definição dos “[...] requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância (BRASIL, 1996, não paginado). Pode-se então afirmar que a LDB/96, propiciou diversas possibilidades para a ampliação da EAD, uma vez que flexibilizou os procedimentos a serem adotados na criação e implementação desses cursos no país, assim como regulamentou uma proposta que possui potencialidade

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para modificar o quadro excludente em que se encontra o Ensino Superior brasileiro. Sobre isso, destaca-se o entendimento de Alves (2011) de que:

Esta modalidade de educação vem ampliando sua colaboração na ampliação da democratização do ensino e na aquisição dos mais va-riados conhecimentos, principalmente por esta se constituir em um instrumento capaz de atender um grande número de pessoas simultaneamente, chegar a indivíduos que estão distantes dos locais onde são ministrados os ensinamentos e/ou que não podem estudar em horários pré-estabelecidos (p.90).

Apesar da abertura ocasionada pela Lei nº 9.394, fazia-se necessário regulamentar e normatizar o Artigo 80. Por essa razão, foi promulgado o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamentava o artigo 80 da LDB e que revogou o Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto nº 2.561, de 27 de abril de 1998. Ainda em razão da normatização do Artigo 80 da LDB, foi promulgada a Portaria Ministerial nº 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial nº 301, de 7 de abril de 1998).

Após a oficialização desta modalidade de ensino no Brasil em 1996, foi formada nos anos 2000 a Rede de Educação Superior a Distância (UniRede), consórcio que agrupa, na atualidade, cerca de 70 instituições públicas brasileiras com a finalidade de oferecer cursos de graduação, pós-graduação e extensão, buscando democratizar o acesso a educação de qualidade por meio da EAD. No mesmo ano, também foi concebido o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro - CEDERJ1 (ALVES, 2011).

Em 2005, foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), em busca da ampliação do acesso e da oferta de Educação Superior no país. Esse sistema visa conectar as instituições públicas de Ensino Superior em todo o Brasil, estados e municípios, com a finalidade de promover acesso a formação especializada para grupos minoritários, por meio da metodologia EAD (HACK, 2011).

Em 9 de maio de 2006, entra em vigor o Decreto nº 5.773, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema

1

Consórcio formado por seis universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro (UERJ; UENF; UNIRIO; UFRJ; UFF; UFRRJ) e um centro universitário (CEFET-RJ) em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (SECT), por intermédio da Fundação CECIERJ, com o objetivo de oferecer cursos de graduação a distância (EAD), na modalidade semipresencial para todo o Estado do Rio de Janeiro.

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federal de ensino. Já em 2007, entra em vigor o Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007, que altera o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro 2005, aumentando o nível de exigência para o credenciamento, recredenciamento, supervisão e avaliação, o que provocou diversas críticas das instituições particulares.

Nesse contexto, passados 10 anos da promulgação do Decreto nº 6.303, surge o novo marco regulatório para a EAD brasileira, em que o MEC editou a Portaria Normativa nº 11, de 20 de junho de 2017, que regulamenta o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, com a finalidade de ampliar a oferta de cursos superiores na modalidade a distância e melhorar a qualidade da atuação regulatória do ministério.

Pode-se destacar dentre as novidades advindas da nova regulamentação, a permissão dada as Instituições de Ensino Superior (IES) a se credenciarem para ofertar cursos em EaD, na graduação e na pós-graduação lato sensu, sem a necessidade de credenciamento para modalidade presencial (SANTOS JÚNIOR, 2017). Outra inovação surgiu nos procedimentos de avaliação, pois esta ocorrerá somente nas sedes das IES, sem a necessidade de verificação dos polos (BRASIL, 2017b).

Outra flexibilização trazida pela Portaria é a criação de polos de Educação a Distância pelas próprias IES já credenciadas para esta modalidade de ensino. Essa Portaria especifica a quantidade de polos que cada instituição poderá criar, baseado em seu Conceito Institucional (CI) mais recente. Após a exposição das principais mudanças implementadas pela Portaria, compreende-se que essas alterações estão profundamente voltadas para instituições privadas.

Isto posto, demonstrar-se no próximo tópico os resultados e discussões da investigação realizada.

3- Diagnóstico da ampliação do Ensino superior brasileiro na modalidade a distância

3.1- Metodologia

O levantamento dos dados foi realizado junto ao site do INEP (www.inep.gov.br), onde se obteve acesso ao Censo da Educação Superior realizado do ano de 2016. Fez-se o levantamento dos dados com a finalidade de

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averiguar a expansão ocorrida no Ensino Superior brasileiro na modalidade a distância, entre os anos de 2006 e 2016.

Precedeu e perpassou ao processo de coleta de dados a revisão bibliográfica referida ao tema de pesquisa, que o envolvem de forma interdisciplinar.

Em referência à estruturação dos dados, elaborou-se gráficos e uma tabela, para melhor elucidação dos resultados encontrados, e o tratamento destes foi realizado por meio de estatística descritiva.

3.2- Discussões e Resultados

A Tabela 1, abaixo, demonstra a evolução no número de Instituições que ofertam o Ensino Superior no país. Com isso, observa-se que no ano de 2006 existiam 248 IES públicas e 2.022IES privadas, totalizando 2.270 instituições. Já em 2016, havia 296 IES públicas e 2.111 instituições privadas, num total de 2.407 instituições. Nesse contexto observa-se um crescimento, em dez anos, de 137 instituições públicas e particulares, tanto na modalidade presencial, quanto na modalidade a distância.

Tabela 1 - Crescimento quantitativo de Instituições de Educação Superior públicas e privadas (presencial e EAD) no período de 2006 a 2016.

Ano Instituições

Públicas Privadas Total

2006 248 2.022 2.270 2007 249 2.032 2.281 2008 236 2.016 2.252 2009 245 2.069 2.314 2010 278 2.100 2.378 2011 284 2.081 2.365 2012 304 2.112 2.416 2013 301 2.090 2.391 2014 298 2.070 2.368 2015 295 2.069 2.364 2016 296 2.111 2.407

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Cabe ressaltar, que não foi possível fazer o levantamento do quantitativo independente de instituições que oferecem curso a distância e presencial, pois o censo não fez essa distinção por modalidade de ensino.

Gráfico 1 - Evolução dos cursos de graduação presencial e a distância (2006-2016)

Fonte: Inep (2016). Org. Autora.

Conforme podemos observar no Gráfico 1, ao confrontar os dados do número de cursos oferecidos nas duas modalidades de ensino, houve um grande crescimento na quantidade de cursos de Ensino Superior oferecidos em ambas, no período analisado. Porém, apesar da modalidade de ensino presencial oferecer um maior número de cursos, pode-se destacar que proporcionalmente a modalidade EAD teve um crescimento maior, pois em 2006 foram ofertados 349 cursos EAD e em 2016 foram oferecidos 1.662 cursos nessa modalidade, ou seja, um houve um crescimento de 376%, em dez anos. À medida que, no ensino presencial o aumento de cursos ofertados nesses 10 (dez) anos foi de aproximadamente 48%. Esse resultado talvez seja justificado em razão de que com o passar dos anos essa modalidade vem se expandindo e se consolidando no Brasil.

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Gráfico 2 - Oferta de vagas nos cursos de graduação presencial e a distância em 2016

Fonte: Inep (2016). Org. Autora

No Gráfico 2 acima, analisou-se os dados referentes à oferta de vagas nos cursos de graduação presencial e a distância em todo o Brasil no ano de 2016. Esses dados chamam atenção, pois ao comparar o número de vagas ofertadas por IES públicas e privadas, independente da modalidade, observa-se que a rede particular possui um número extremamente superior de vagas ofertadas, totalizando 93%, enquanto a rede pública correspondeu à 7%. Pode-se também perceber que em relação às vagas ofertadas nas instituições privadas o quantitativo de vagas oferecidas nas duas modalidades estão se aproximando. Porém, o mesmo não ocorreu nas instituições públicas. No que se refere ao crescimento do número de matrículas neste lapso temporal, obtivemos os dados explitados no Gráfico 3 abaixo.

Gráfico 3 - Expansão do número de matrículas por modalidade de ensino (2006-2016)

Fonte: Inep (2016). Org. Autora.

Verificou-se que ao longo de uma década, o número de matrículas na Educação Superior se expandiu nas duas modalidades de ensino, totalizando um

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 4.676.646 5.746.762 6.554.283 207.206 369.766 727.961 838.125 930.179 992.927 1.113.850 1.153.572 1.341.842 1.393.752 1.494.418 Presencial EAD Presencial EAD 700.703 50.147 5.479.548 4.432.103 Pública Privada

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crescimento de 62,8%. Entretanto, é possível constatar que a modalidade de ensino a distância cresceu de forma acelerada nesse período. O crescimento foi mais expressivo nos anos de 2007 para 2008.

Ao confrontar os dados do ensino presencial e a distância, fica perceptível que o número de matrículas no ensino tradicional ainda é maior em todos os anos estudados, no entanto, em números percentuais, a EAD se desenvolveu mais nesses 10 anos, pois em 2006 a EAD representava pouco mais de 4% das matrículas de graduação, à medida que em 2016, representavam cerca de 18,6% das matrículas deste nível de ensino no país.

Gráfico 4 - Número de ingressos em cursos de graduação por modalidade de ensino

Fonte: Inep (2016). Org. Autora.

No Gráfico 4 acima, temos os dados referente ao quantitativo de alunos ingressantes no período de 2006 a 2016 nas duas modalidades de ensino. Pode-se constatar um grande crescimento no número de ingressantes na EAD de 2006 a 2008. Pois, havia crescido nesse período mais de 100% o quantitativo de ingressantes. Já em 2009, houve uma queda no número de ingressos nessa modalidade de ensino, mas que voltou a crescer logo no próximo ano. Em 2015, observa-se uma redução no número de ingressantes nas duas modalidades. Todavia, em 2016, o número de ingressantes na educação superior voltou a crescer (2,2%), devido ao aumento de 20% no número de estudantes ingressos entre 2015 - 2016 na EAD, visto que nos cursos presenciais houve um decréscimo de 3,7%.

1.753.068 1.808.976 1.873.806 1.732.613 1.801.901 1.915.098 2.204.456 2.227.545 2.383.110 2.225.663 2.142.463 212.246 329.271 463.093 332.469 380.328 431.597 542.633 515.405 727.738 694.559 843.181 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 EAD Presencial

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Gráfico 5- Número de concluintes por modalidade de ensino (2006-2016)

Fonte: Inep (2016). Org. Autora.

Ao analisarmos os dados referentes ao número de alunos concluintes, no

Gráfico 5, nota-se que a EAD apresenta ascensão contínua nos números

estudantes concluintes entre os anos de 2006 e 2015, isto é, enquanto em 2006, 25.804 alunos concluíram o ensino superior a distância em 2015, 233.704 alunos se formaram por meio da EAD. Porém, houve um decréscimo de 1,3% em 2016, em que concluíram a graduação 230.704 alunos dessa modalidade.

Em contraponto, o ensino presencial obteve um aumento no número de concluintes entre os seguintes anos: 2006 (736.829) a 2012 (876.091). Em 2013, houve uma queda, mas esse quantitativo voltou a crescer no ano seguinte, 2014 e se manteve até o ano de 2016, quando houve um aumento de 2,4% no número de concluintes entre 2015 e 2016.

4- Conclusão

A partir dos dados encontrados na investigação, pode-se verificar que o Ensino Superior brasileiro na modalidade a distância se expandiu de forma notável nos anos estudados (2006 a 2016), porém tal crescimento se deu intensamente em Instituições Ensino Superior privadas em detrimento das instituições públicas de Ensino Superior. Tal resultado nos faz refletir se essa expansão está conseguindo alcançar o objetivo primordial da EAD de democratizar o acesso de grupos minoritários da sociedade brasileira à formação universitária (BRASIL, 2006).

Portanto, conclui-se que, apesar das inúmeras iniciativas do governo brasileiro em busca da ampliação da oferta de Ensino Superior para a população

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 736.829 756.799 800.318 826.928 829.286 865.161 876.091 829.938 837.304 916.363 938.732 25.804 29.812 70.068 132.269 144.553 151.552 174.322 161.072 189.788 233.704 230.717 Presencial EAD

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carente, a constatação de que a oferta de vagas está extremamente concentrada na iniciativa privada, podem “por em xeque”, a real diminuição das desigualdades educacionais brasileiras. Estas suposições implicam a realização de análises mais profundas sobre a questão, ultrapassando os objetivos do presente trabalho.

5- Referências

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Tabela  1  -  Crescimento  quantitativo  de  Instituições  de  Educação  Superior  públicas  e  privadas (presencial e EAD) no período de 2006 a 2016
Gráfico 1 - Evolução dos cursos de graduação presencial e a distância (2006-2016)
Gráfico 3 - Expansão do número de matrículas por modalidade de ensino (2006-2016)
Gráfico 4 - Número de ingressos em cursos de graduação por modalidade de ensino
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