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Aspectos Comportamentais de Periquitões- Maracanã (Psittacara Leucophthalmus) em reposta ao enriquecimento ambiental / Behavioral Aspects of Periquitões- Maracanã (Psittacara Leucophthalmus) in response to environmental enrichment

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66985-66997, sep. 2020. ISSN 2525-8761

Aspectos Comportamentais de Periquitões- Maracanã (Psittacara

Leucophthalmus) em reposta ao enriquecimento ambiental

Behavioral Aspects of Periquitões- Maracanã (Psittacara Leucophthalmus) in

response to environmental enrichment

DOI:10.34117/bjdv6n9-220

Recebimento dos originais: 08/08/2020 Aceitação para publicação: 10/09/2020

Édina de Fátima Aguiar

Doutora em Zootecnia pela UNESP/Botucatu Instituição: UNESP

Endereço: Rua Pandiá Calógeras, 37; Bairro: Vila Maria. Botucatu /SP Cep: 18611-341

E-mail: edinaaguiar@zootecnista.com.br Paloma Carolina Almeida Carvalho

Graduada em Ciências Biológicas/Eduvale - Associação Educacional do Vale do Jurumirim Instituição: Eduvale

Endereço: Avenida Prefeito Misael Euphrásio Leal, 347. Jardim América, Avaré - SP, Cep:18705-050

E-mail: paloma_carol19@hotmail.com Vivian Scalon Peres

Me em Medicina Veterinária

Instituição: Instituto Floravida – Responsável técnica Endereço: Rodovia Eduardo Zuccari Km 21,5. Botucatu/SP

Email: vperes@floravida.org.br Bruna Pereira Fernandes

Graduada em Ciências Biológicas/UNESP/ Botucatu Instituição: UNESP

Endereço: Rua Úrsula Camargo de Barros, 71B. Vila Pinheiro Machado. Botucatu/SP, Cep: 18609-695

E-mail: bfernandes@floravida.org.br Kelry Mayara da Silva Doutoranda pela UNESP/Botucatu

Instituição: UNESP

Endereço: Rua Professor Doutor Walter Maurício Corrêa, S/N, UNESP/Campus Botucatu, Cep: 18618-681

E-mail: kelrymy@hotmail.com Luiz Eduardo Cruz dos Santos Correia

Doutorando pela UNESP/ Jaboticabal Instituição: UNESP/Jaboticabal

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66985-66997, sep. 2020. ISSN 2525-8761

Endereço: Via de Acesso Professor Paulo Donato Castellane S/N - Vila Industrial, Jaboticabal/SP, CEP: 14884-900

E-mail: luiz.edcsc@gmail.com Eduardo Henrique Martins

Mestrando em Melhoramento e Genética pela UNESP/Jaboticabal Instituição: UNESP/Jaboticabal

Endereço: Via de Acesso Professor Paulo Donato Castellane S/N - Vila Industrial. Jaboticabal/SP CEP: 14884-900

E-mail: eduardomartins110@hotmail.com Erothildes Silva Rohrer Martins Mestranda em Ciência Animal/ Unifenas

Instituição: UNIFENAS/ Alfenas

Endereço: Rodovia MG179, Km 0. Cep: 37132-440 E-mail: thilderohrer@gmail.com

RESUMO

A realização de estudos relacionados ao bem-estar de animais em cativeiro é uma atividade de fundamental importância ampliando o conhecimento sobre as espécies, seu comportamento natural e relações com o meio ambiente. O enriquecimento ambiental é um exemplo de promoção de bem-estar animal, pois sua aplicação propicia oportunidades de manter as habilidades motoras, comportamento exploratório, predatório e outros comportamentos próximos do natural, melhorando o bem-estar psíquico, fisiológico e consequentemente as condições de saúde. Com isso, o objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento de Periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus) por meio de enriquecimento ambiental, avaliando seu comportamento durante três etapas (pré-enriquecimento, enriquecimento e pós-enriquecimento), visando sua soltura na natureza. O experimento foi desenvolvido no Setor de Reabilitação Animal do CETAS e AMSF –Programa Centro fauna, com duração total de 1 mês, no qual foram utilizadas 16 aves da espécie Psittacara leucophthalmus (periquitões maracanãs), que foram avaliados antes da introdução, durante o recebimento e após a retirada dos enriquecimentos. Foram obtidas frequências das categorias observadas. O período de observação ocorreu das 14hs às 16hs, registrando a cada 2 minutos o seu comportamento. Para as categorias locomoção, manutenção e social foram observados uma maior interação dos animais quando foram introduzidos enriquecimentos no interior do recinto quando comparados com alimentação e descanso, mostrando a importância de enriquecer o ambiente para estes animais. Contudo, foi possível observar a influência do enriquecimento na vida dos animais silvestres, podendo permitir uma maior bem-estar destes animais.

Palavras-chave: Aves silvestres, bem-estar, comportamento animal, fauna. ABSTRACT

The performance of studies related to the welfare of animals in captivity is an activity of fundamental importance expanding the knowledge about species, their natural behavior and relationships with the environment. Environmental enrichment is an example of animal welfare promotion, because its application provides opportunities to maintain motor skills, exploratory behavior, predatory and other behaviors close to the natural, improving psychic and physiological well-being and consequently health conditions. With this, the objective of the work was to evaluate the behavior of Periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus) through environmental enrichment, evaluating its behavior during three stages (pre-enrichment, enrichment and

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enrichment), aiming its release in nature. The experiment was developed in the Animal Rehabilitation Sector of CETAS and AMSF - Programa Centro fauna, with a total duration of 1 month, in which 16 birds of the Psittacara leucophthalmus (periquitões maracanãs) species were used, which were evaluated before the introduction, during the reception and after the enrichment removal. Frequencies of the observed categories were obtained. The observation period occurred from 2pm to 4pm, recording every 2 minutes their behavior. For the categories locomotion, maintenance and social, a greater interaction of the animals was observed when enrichments were introduced inside the enclosure when compared with feeding and rest, showing the importance of enriching the environment for these animals. However, it was possible to observe the influence of enrichment in the life of wild animals, allowing a greater welfare of these animals.

Keywords: Wild birds, welfare, animal behavior, fauna.

1 INTRODUÇÃO

O tráfico de animais silvestres é a terceira maior atividade ilegal do mundo, sendo uma das principais ameaças à biodiversidade brasileira. Decorrente deste desenfreado aumento do tráfico houve a necessidade do surgimento do CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres), constituído por pessoa jurídica, que tem por finalidade receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres provenientes da ação da fiscalização, resgates ou entrega voluntária (INEA, 2018). Além disso, estes órgãos têm como principal atividade a reabilitação dos animais visando sua reintrodução na natureza, através de índices de condição física e comportamental.

Animais criados em cativeiro podem apresentar comportamentos diferentes àqueles apresentados na natureza, já que é oferecido a eles um ambiente diferente do qual estão adaptados; em que deixam de enfrentar desafios diários como: obter alimentos, fugir de possíveis predadores, encontrarem abrigos e buscar parceiros para reprodução. Assim na tentativa de imitar o meio de onde os animais vivem naturalmente, em processo de reabilitação animal, pode ser ofertada a variação na alimentação, desde que seja de acordo com os hábitos da dieta alimentar de cada espécie.

Já em casos em que os animais não apresentam possibilidade de reabilitação, seja por deficiências físicas, apresentação de comportamento não natural da espécie ou hibridismo, podem ser ofertados alimentos que não constam na dieta habitual do animal em vida livre, esporadicamente a fim de atender necessidades nutricionais, e em formatos e apresentações diferentes, na intenção de entreter o animal, chamarem sua atenção ou facilitar sua ingestão. Essas são consideradas técnicas para enriquecer o ambiente desses animais (BOSSO, 2008). Estas técnicas são utilizadas para aumentar o estímulo no ambiente, com os quais os animais podem interagir e possuem significado e/ou podem ser úteis para a vida dos animais.

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Uma espécie de grandes estudos relacionados a enriquecimentos é Psittacara leucophthalmus (STATIUS MULLER,1776) popularmente conhecida no Estado de São Paulo como maritaca-comum ou periquitão-maracanã, pertencem à ordem psitaciformes, sendo encontrada na América do Sul a leste dos Andes, ocorrendo na maior parte dos estados brasileiros. São características desta espécie, aparecer sempre em bandos pelas florestas, se alimentando de frutos e sementes, segurando os alimentos com os dedos e levando-os até o bico (BirdLife International, 2014). Além disso, possuem plumagem verde, com algumas penas vermelhas nos lados da cabeça, asas com partes inferiores amarelas e encontros vermelhos, ambos visíveis em voo, entre outras (SICK 1997).

Contudo, o objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento de periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus) por meio de enriquecimento ambiental, avaliando seu comportamento durante três etapas (pré-enriquecimento, enriquecimento e pós-enriquecimento), visando sua soltura na natureza.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Setor de Reabilitação Animal do CETAS e ASMF - Programa Centrofauna, em que teve duração de 1 mês. O Projeto Centrofauna atua através de um Centro de Manejo, Reabilitação e Triagem de Animais Silvestres, que recebe animais recuperados de cativeiros ilegais e os prepara para serem devolvidos aos seus ambientes naturais, onde em liberdade voltam a desempenhar o seu papel ecológico. O processo dá início com o recebimento das aves, que são apreendidas do tráfico ilegal de fauna, cativeiro ilegal, resgatadas de maus-tratos ou entregue voluntariamente. Neste sentido, a Polícia Militar Ambiental faz o resgate e as encaminha para o Centro de Pesquisa e Medicina em Animais Silvestres (CEMPAS – FMVZ – UNESP/Botucatu), onde são triados e avaliados clinicamente pela primeira vez, permanecendo em quarentena, no qual são monitoradas e avaliadas periodicamente. Assim, após o período de quarentena, estas aves são encaminhadas às instalações do Centrofauna, Instituto Floravida (Figura 1).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66985-66997, sep. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 1. Fluxograma do CETAS – Programa Centrofauna, Instituto Floravida.

Fonte. Centrofauna.

Assim que acolhidos nas estruturas físicas do Programa, é realizado o recebimento de documentação dos indivíduos, seus laudos sanitários e exames clínicos. Posteriormente, os animais são submetidos à identificação, avaliação física e clínica, bem como anilhamento, determinação de grau de sociabilidade inicial e setorização do indivíduo.

Animais que apresentam condições físicas e clínicas básicas, são encaminhados ao Setor de Reabilitação Animal, para treinamento. Já as aves híbridas que possuem deficiências físicas reduzindo significativamente a chance de sobrevida pós-soltura ou impeçam seu bem-estar em vida livre, não são elegíveis ao processo de reabilitação. Neste caso, já são conduzidos ao Setor de Educação Ambiental do Programa Centrofauna, cuja função é conscientizar a população dos malefícios contra a fauna.

As aves que não ocorrem na área de inserção do Programa (Cerrado e Mata Atlântica) e as que apresentam comportamentos não característicos da espécie, como estereotipias, pareamento com humanos (mansidão) e/ou vocalizações não características, também são encaminhados primariamente ao Setor de Educação Ambiental, porém com possibilidade de repatriação no primeiro caso e reavaliação da resposta comportamental no segundo caso.

Neste sentido, após a triagem e seleção dos animais deu-se início à montagem do experimento. Foram, portanto, utilizados um total de 16 Periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus), alojados em recintos distintos no qual foram denominados 8SA e 8SB. Para a formação dos grupos experimentais, foram utilizadas aves advindas de tráfico e aves que já se encontravam no setor com início de processo de reabilitação. Os recintos são confeccionados com barras de telas metálicas galvanizadas de diversos tamanhos e providos de barreira de vento, teto para proteção de calor e chuva, comedouros de frutas, comedouros de ração e bebedouros. As aves receberam alimentação regular a qual estão acostumados (frutas e ração) e água ad libitum. O

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manejo e cuidados sanitários foram realizados de acordo com rotina do Instituto Floravida, sendo realizadas diariamente no período matutino.

O experimento teve início com a etapa de pré-enriquecimento no qual, foram verificados os comportamentos apresentados pelas aves num período de uma semana, sem a presença de qualquer enriquecimento, na busca de comportamentos variados da espécie em seu novo meio (Figura 2). Já a etapa de enriquecimento, foram aplicadas técnicas de enriquecimento ambiental em dias alternados durante duas semanas a fim de verificar diferenças comportamentais (Figura 3), sem seguir um padrão de horário e sem inserir o mesmo item em dois dias de observação, a fim de modificar a rotina de manejo para a geração de estímulos e evitar a habituação e perda de interesse. Para a etapa de pós-enriquecimento, foi avaliada a influência dos enriquecimentos ambientais lúdicos no comportamento apresentado pelas aves. Em todas as etapas utilizadas no experimento, os comportamentos apresentados foram anotados para posterior confecção do etograma.

Importante que antes de iniciar o experimento com as aves já nos seus respectivos recintos foram observados seus comportamentos mais frequentes.

Figura 2. Comportamentos apresentados pelas aves, sem a presença de qualquer enriquecimento

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66985-66997, sep. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 3. Uso de enriquecimentos A, B e C em ambos os recintos.

Fonte: Arquivo pessoal

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizados, em que foi executada a quantificação da pesquisa dividida em três fases: pré-enriquecimento, enriquecimento e pós-enriquecimento. Os animais foram avaliados por meio de observações dos seus respectivos comportamentos durante o período experimental, sendo avaliado o grupo de aves. As observações tiveram início das 14hs às 16hs, sendo registrados os comportamentos exibidos a cada 2 minutos, com um intervalo de 10 minutos entre as observações. Em seguida eram registrados os dados no qual permitiu a construção de uma ficha de etograma (Tabela 1) para cada recinto. Os itens utilizados durante o emprego do enriquecimento foram detalhados de acordo com a descrição do Programa Centrofauna (Tabela 2). Para a etapa de pós-enriquecimento, foi avaliada a influência dos enriquecimentos ambientais lúdicos no comportamento apresentado pelas aves do estudo, havendo uma comparação entre recintos.

Após observação e computação dos dados por meio de anotações, estes foram submetidos à análise de variância pelo Software MINITAB®16 Statistical Software (2010), e as médias quando significativas foram comparadas pelo teste Kruskal-Wallis a um nível de significância de 5%.

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Tabela 1. *Ficha de Etograma com as possíveis categorias comportamentais dos indivíduos durante o experimento.

*Ficha de etograma realizado com base nos comportamentos observados pelo animal.

Tabela 2. Descrição dos enriquecimentos ambientais oferecidos às Periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus).

Enriquecimento Descrição

Cordas de sisal Cordas de sisal de 2m amarradas no teto dos recintos ou nos

poleiros

Pinhas não recheadas Pinhas sem alimento

Pinhas recheadas Pinhas com frutas

Pinhas recheadas Pinhas com ração

Caixas surpresa Caixas de papelão contendo alimentos escondidos no meio de

folhas secas.

Fonte: Arquivo Pessoal. Enriquecimentos realizado no CETAS.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das frequências comportamentais dos Periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus), estão apresentados na Figura 4. Para a categoria locomoção foi observado que os

CATEGORIA COMPORTAMENTO DO ANIMAL OBSERVAÇÕES

Locomoção

Andar Andar no chão do recinto, nos galhos de árvores.

Empoleirar Animal apoiado sobre ambos os membros, movimentando a cabeça suavemente de um lado para o outro. Voo ao teto do recinto Voo no teto do recinto

Voo à grade de contenção Voo na grade quando alguém ou algum animal se aproxima

Alimentação

Forragear Procurar alimento deslocando no recinto. Comer na árvore Pegar o alimento e levá-lo para a árvore. Comer na grade Ingerir alimento na grade.

Comer no chão Ingerir o alimento que caiu no solo. Comer no viveiro Ingerir os alimentos que foram oferecidos

em recipientes dentro do viveiro. Interação com o alimento Brincar com o alimento. Repouso

Posição Neutra Parada observando o ambiente Repouso Repousar de pé na tela ou no teto. Manutenção

Limpeza do Bico Utilização do poleiro para limpar o bico. Limpeza das penas Utilizando o bico para limpar as penas. Coçar Utilizando os dedos dos pés para coçar. Social

Dominância Querer dominar o recinto.

Defesa de território Defender o território sem deixar que alguma outra ave se aproxime. Isolamento Isolar-se em um lado do recinto e

permanecer só.

Serviço comunitário Pegar alimento e levar para o companheiro.

Sociabilidade interna Dois ou mais animais relacionam-se de forma não agressiva

Sociabilidade externa Próximos à grade, interagir com os pássaros do recinto vizinho.

Possíveis Parceiros Comunicação direta entre as aves para possíveis parceiros.

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comportamentos das aves apresentaram alterados de acordo com os enriquecimentos. Quando foi introduzido o enriquecimento, as aves apresentaram-se deslocando com maior frequência dentro dos recintos a fim de interagir com os itens utilizados. De acordo com Marashi et al., (2003), animais criados em ambientes enriquecidos geralmente são menos ansiosos e possuem maior capacidade de aprendizado, interagindo melhor com o espaço enriquecido. Semelhante a este estudo, Telles et al., (2015) em experimento com maritacas utilizando enriquecimentos ambientais observaram uma frequência maior (5,54% a 20,06%) das aves acessando os itens introduzidos. Por outro lado, Meehan et al., (2003a) ao introduzir enriquecimentos em recintos para maritacas, detectaram percentuais mais discrepantes (19% a 26%), observando acesso maior aos itens como cordas penduradas, gaiola com frutas e sacos pendurados.

Com relação à categoria alimentação, embora não apresentou diferença entre as etapas de enriquecimento, foi possível observar que durante a presença dos itens utilizados a procura por alimentou foi maior, uma vez que alguns itens continham alimentos escondidos. Assim de acordo com Forshaw (2006), as aves pertencentes à ordem (Psitaciformes) se deslocam frequentemente em busca de alimento e dormitórios, consumindo frutos e sementes de acordo com a disponibilidade oferecida. Os resultados do presente estudo, corroboram com os dados encontrados por Shepherdson et al. (1996) e Yong (2003), quando trabalharam com aves utilizando enriquecimento, no qual observaram que os animais se alimentavam mais quando passaram a colocar os itens de enriquecimento ambiental em seus recintos.

Figura 4. Frequência relativa às ocorrências de categorias comportamentos de Periquitões-maracanã (Psittacara leucophthalmus) nas fases antes (EA), durante (ED) e pós (EP) enriquecimento ambiental no Setor de Reabilitação Animal do CETAS e ASMF - Programa Centrofauna, Os dados foram comparados em cada fase, sendo os valores significativamente maiores (p<0,05) acompanhados de asterisco.

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Para a categoria descanso, as aves não apresentaram comportamentos diversificados nas diferentes etapas de enriquecimentos, não tendo, portanto, diferença antes e durante o emprego de itens aos recintos. Resultados contraditórios ao presente estudo foram encontrados por Andrade e Azevedo (2011) em que ao incluir no recinto enriquecimentos ambientais observaram que houve diminuição da frequência de repouso, dentro dos ambientes. De forma semelhante, Meehan et al. (2002) em seus estudos com adição de enriquecimentos também observaram diminuição do repouso dos animais e relacionaram este resultado ao aumento do bem-estar das aves.

Os comportamentos demonstrados durante a categoria manutenção apresentaram diferenças entre os enriquecimentos, sendo que durante o enriquecimento houve uma maior interação permanecendo após a retirada dos itens. De acordo com Santos et al. (2011), os psitacídeos em geral gastam muito tempo do dia cuidando da plumagem, lubrificando e protegendo-as com o óleo da glândula uropigiana, contra fungos, bactérias, do frio e chuva. Os resultados obtidos no presente estudo foram semelhantes aos relatados por FIELD & THOMAS (2000), que observaram maior diversidade comportamental, após implantação do programa de enriquecimento ambiental para psitacídeos em zoológico.

Na categoria social, os comportamentos foram alterados quando comparado às três etapas de enriquecimento. A importância do enriquecimento na fase de sua utilização foi possível observar uma maior frequência (10,71%) dos comportamentos das aves, pois para Hirschenhauser et al. (2000), as interações de comportamentos sociais são particularmente importantes para aves formadoras de bandos e são indicadoras de bem-estar elevado em determinado ambiente.

Semelhante ao presente estudo, Telles et al., (2015) avaliando maritacas e empregando o enriquecimento ambiental, também observaram maior frequência na interação social, relacionando provavelmente a interatividade com à presença dos itens de enriquecimento no recinto, o que pode ter proporcionado o aumento da frequência de encontros entre estes indivíduos no ambiente. Enquanto, Prestes (2000), relata a possibilidade de ocorrer disputas de espaço no recinto, seja por competição ou alimentação.

É possível perceber que existe uma interação entre o enriquecimento e as aves, pois a partir do momento que o mesmo foi inserido no recinto, esses indivíduos demonstraram considerável interesse, passando grande parte do tempo motivado e entretido a descobri-lo, e dessa forma diminuíram a frequência com que exerciam as demais ações consideradas rotineiras (NOLASCO; PAGLIA, 2002).

De forma geral, todos os comportamentos foram reduzidos com a aplicação de enriquecimentos ambientais, mostrando o efeito positivo da técnica para os periquitões-maracanã

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(Psittacara leucophthalmus). Essas modificações são esperadas nas avaliações de enriquecimento ambiental, pois demonstram eficácia na promoção do bem-estar dos animais, através do aumento de categorias comportamentais positivas à espécie e redução de comportamentos potencialmente prejudiciais (GREJIANIN, 2011; NASCIMENTO, 2010).

4 CONCLUSÃO

Contudo foi possível observar a importância do enriquecimento ambiental para animais cativos, proporcionando uma melhora significativa no comportamento das aves, possibilitando seu retorno ao meio ambiente. Desta forma é importante o conhecimento da espécie e seus hábitos para melhor aplicação de técnicas que permitem assegurar sem interferir negativamente na saúde e nutrição dos indivíduos.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 9, p. 66985-66997, sep. 2020. ISSN 2525-8761 REFERÊNCIAS

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Disponível em:

https://www.scielo.br/pdf/cr/2015nahead/1678-4596-cr-0103_8478cr20140318.pdf.

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Figura 1. Fluxograma do CETAS – Programa Centrofauna, Instituto Floravida.
Figura 2. Comportamentos apresentados pelas aves, sem a presença de qualquer enriquecimento
Figura 3. Uso de enriquecimentos A, B e C em ambos os recintos.
Tabela 1. *Ficha de Etograma com as possíveis categorias comportamentais dos indivíduos durante o experimento
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