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PAULO NOGUEIRA BATISTA:

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PAULO NOGUEIRA BAtIStA: AÇÃO INtELECtUAL, PROJEtO NACIONAL E AUTONOMIA TECNOLÓGICA (1967-1974)

Adriano de Freixo* Alvaro de Oliveira Senra** RESUMO

Este artigo busca analisar as ideias que fundamentaram a ação política de Paulo Nogueira Batista (1929-1994), intelectual, diplomata e dirigente do Estado brasileiro, relacionando-as aos debates políticos travados nos anos 60 e 70 do século passado, principalmente àqueles decorrentes das inquietações geradas pelas relações do Brasil com as potências hegemônicas e ao esforço de busca de um desenvolvimento que garantisse ao país autonomia no contexto internacional. Seu pensamento foi exposto em diversos espaços, sendo registrado e catalogado em documentação preservada. A relação entre economia internacional, política externa e a ideia de soberania nacional constitui o principal foco do texto aqui apresentado. O período abordado estende-se entre os anos de 1967 e 1974, quando Paulo Nogueira Batista produziu vários documentos abordando temáticas relacionadas à política externa brasileira, aos problemas criados pelo protecionismo dos países desenvolvidos e sobre a necessidade de domínio da tecnologia nuclear para a produção de energia, considerada por ele como fundamental para a autonomia energética necessária ao desenvolvimento nacional.

Palavras-chave: Intelectuais. Estado. Soberania Nacional. Ditadura Civil-Militar Brasileira. Política de C&T.

PAULO NOGUEIRA BATISTA: INTELLECTUAL ACTION, NATIONAL PROJECT AND TECHNOLOGICAL AUTONOMY (1967-1974)

ABStRACt

This work analyzes the ideas which motivated the political action of Paulo Nogueira Batista, intellectual, diplomat and leader of the Brazilian state, relating them to the political debates of the 60’s and 70’s of the last century, especially those deriving from the concerns generated by Brazil’s relations with the hegemonic powers and the effort to search for a development that would guarantee the country’s autonomy in the international context. His thoughts were exposed in several places and they were recorded and cataloged in preserved documentation. The connection between ____________________

* Doutor em História Social (UFRJ) e Professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense – INEST/UFF. Contato: < adrianofreixo@id.uff.br>.

** Doutor em Ciências Sociais (UERJ) e Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET-RJ. Contato:<alvarosenra@gmail.com>.

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international economy, foreign policy and national sovereignty idea is the focus of this article. The period covered is between 1967 and 1974, when Paulo Nogueira Batista produced several documents on Brazilian foreign policy, the problems caused by the protectionism of developed countries and the need to master nuclear technology for energy production that, according to him, was fundamental to the energy autonomy necessary for national development.

Keywords: Intellectuals. State. National Sovereignty. Brazil’s military dictatorship. Science and Technology policy.

PAULO NOGUEIRA BATISTA: ACCIÓN INTELECTUAL, PROYECTO NACIONAL Y AUTONOMÍA TECNOLÓGICA (1967-1974)

RESUMEN

En este artículo se pretende analizar las ideas que motivaron la acción política de Paulo Nogueira Batista, intelectual, diplomático y dirigente del estado brasileño, en particular las derivadas de preocupaciones generadas por las relaciones de Brasil con los poderes hegemónicos y la búsqueda de un esfuerzo de desarrollo que garantice la autonomía para el país en el contexto internacional. Su pensamiento fue expuesto en diversos espacios, siendo registrado y catalogado en documentación preservada La relación entre la economía internacional, la política exterior y la idea de soberanía nacional es el foco principal del texto que aquí se presenta. El período examinado se extiende entre los años 1967 y 1974, cuando Paulo Nogueira Batista produjo varios documentos que abordan cuestiones relacionadas con la política exterior brasileña, los problemas creados por el proteccionismo de los países desarrollados y la necesidad de la tecnología nuclear para la producción de energía, considerado por él como esencial para la energía autonomía necesaria para el desarrollo nacional.

Palabras clave: Intelectuales. Estado. Soberanía Nacional. Dictadura Civil-Militar Brasileña. Política de Ciencia y Tecnología.

1 INTRODUÇÃO

1.1 O intelectual e seu contexto

Paulo Nogueira Batista foi diplomata e dirigente do Estado brasileiro, com destacada atuação no Ministério das Relações Exteriores e em projetos estratégicos voltados para a autonomia nacional nos campos energético e tecnológico, como foi o caso do Programa Nuclear Brasileiro. Suas ideias e sua intervenção política foram expostas em diversos espaços, estando registradas e catalogadas em acervo no Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil

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(CPDOC), no Rio de Janeiro.1 Este acervo é de grande relevância para o estudo de um período de importantes decisões estratégicas por parte do Estado brasileiro e na documentação nele contida encontram-se registros escritos de intervenções do diplomata abordando as questões relacionadas à posição do Brasil no contexto internacional.

Entre 1967 e 1974, pouco antes de ser empossado pelo presidente Ernesto Geisel na direção da recém-criada estatal Empresas Nucleares Brasileiras (NUCLEBRÁS), Paulo Nogueira Batista produziu vários documentos divulgando seus pontos de vista sobre a conexão entre a política externa brasileira, as relações econômicas entre o Brasil e o mundo e os problemas econômicos enfrentados pelos países em desenvolvimento em virtude do protecionismo adotado pelas potências hegemônicas. De grande relevância para esta pesquisa foram os documentos abordando a necessidade de autonomia energética para o desenvolvimento nacional, o que implicava, necessariamente, o domínio da energia nuclear para produção de eletricidade e a superação dos bloqueios a esse domínio por parte das potências hegemônicas. É importante ressaltar que estes trabalhos foram apresentados em locais como a Escola Superior de Guerra (ESG), de extrema relevância política durante a ditadura civil-militar, iniciada em 1964. A interlocução entre a documentação pesquisada e a bibliografia utilizada permite a análise das preocupações de Paulo Nogueira Batista, assim como a relação destas com os condicionantes históricos, as inquietações e os modelos hegemônicos do período abordado.

Nascido em Recife, no ano de 1929, Paulo Nogueira Batista graduou-se em Direito e foi diplomata de carreira, tendo concluído, em 1953, o curso preparatório ao Instituto Rio Branco. Nos anos seguintes, ocupou diversos cargos no Ministério das Relações Exteriores, secretariou importantes reuniões de cúpula de países americanos e trabalhou na representação brasileira em Buenos Aires, Argentina e, mais tarde, em Ottawa, Canadá.

Durante o período autoritário (1964-1985), Batista foi nomeado subsecretário de Planejamento Político do gabinete do Chanceler Magalhães Pinto, quando teve papel relevante na definição da posição do governo do General Costa e Silva (1967-1969) em relação à energia nuclear. Em 1969, Paulo Nogueira Batista participou das conversações acerca do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre o Brasil e a República Federal Alemã (também conhecida como Alemanha Ocidental), tema que continuou abordando e negociando entre os anos de 1969 e 1971, na condição de Ministro Conselheiro da Embaixada brasileira em Bonn, então capital daquele Estado europeu.

No ano de 1973, como Subsecretário de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, liderou a delegação brasileira que participou de importantes 1 O Arquivo Paulo Nogueira Batista, aqui citado nas referências como Arquivo PNB.

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rodadas do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). No ano seguinte, em meio à crise energética internacional subsequente à Guerra do Yon Kippur, foi enviado do governo brasileiro ao Oriente Médio, para negociar o fornecimento de petróleo ao Brasil. No ano de 1975, sob o governo do General Ernesto Geisel (1974-1979), Paulo Nogueira Batista foi nomeado presidente da NUCLEBRÁS, empreendimento resultante dos Acordos Nucleares assinados naquele mesmo ano entre o Brasil e a Alemanha Federal (ESCOREL, 2001, p. 595-596).

Batista dirigiu a NUCLEBRÁS até o governo do General João Figueiredo (1979-1985); no ano de 1983, foi substituído no cargo e retornou à carreira diplomática, chefiando, no mesmo ano, a delegação permanente brasileira no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Ao término do período ditatorial, já no governo civil de José Sarney (1985-1990), Paulo Nogueira Batista seguiu ocupando postos de extrema relevância para a diplomacia brasileira. Em 1987, na condição de embaixador brasileiro na Organização das Nações Unidas (ONU), presidiu o Conselho de Segurança da entidade (1988-1989). Seu trabalho na diplomacia e em instituições do Estado estendeu-se até o ano de sua morte, em 1994 (ESCOREL, 2001, p. 596).

Como dirigente do Programa Nuclear Brasileiro, Paulo Nogueira Batista atuou em um Estado com características fortemente autoritárias e centralizadas, durante um período marcado pela identidade entre o projeto estatal de elevação do Brasil à condição de potência e por uma ousada política externa de ampliação do alcance dos interesses nacionais, o chamado Pragmatismo Responsável, posto em prática pelo presidente Ernesto Geisel e pelo chanceler Azeredo da Silveira.

Diante das previsíveis polêmicas envolvendo a energia nuclear, Paulo Nogueira Batista ponderava que a expansão do uso pacífico desta energia traria benefícios para a população brasileira, pelo acesso de milhões de pessoas à eletricidade abundante e barata, e, também, pela emancipação tecnológica que o domínio da tecnologia necessária à sua produção traria ao país, que passaria a adquirir capacidade de fabricar seus próprios reatores, por meio da estatal NUCLEBRÁS Equipamentos Pesados, subsidiária da NUCLEBRÁS para a produção de máquinas. A NUCLEP foi criada em 1975, visando atender às necessidades do Programa Nuclear Brasileiro. A ocupação de cargo de tal importância em um governo militar fortemente centralizado assume maior destaque em virtude da condição civil de Batista, quadro de carreira do Itamaraty, instituição com suas fortes tradições de formulação política autônoma.

Sob um contexto de enfraquecimento do Legislativo e esvaziamento dos canais de pressão social, como ocorre em regimes democráticos, o papel decisório dos quadros de Estado ampliou-se notavelmente. A autonomia decisória do Estado apareceu, então, como variável central, caracterizando o contexto político-institucional do Regime, com desdobramento direto nas suas decisões econômicas, nas relações entre empresas estatais e sociedade (nas quais as restrições à atuação daquelas diminuem muito) e nas iniciativas relacionadas à política internacional.

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O suposto distanciamento em relação às formas de pressão política normais em períodos democráticos fortaleceu a ideia de planejamento estratégico estatal de longo prazo, submetido a critérios “técnicos” racionais, ampliando, por consequência, o papel desempenhado pelos quadros de Estado. (COVRE, 1983, p. 85)

Na condição de dirigente de um projeto estratégico para os objetivos do governo Geisel de busca de autonomia energética e tecnológica para o país, Paulo Nogueira Batista vivenciou o auge e as primeiras grandes crises do Estado desenvolvimentista brasileiro, em seu período militar; enfrentou as críticas de setores da sociedade civil, então em fase de reorganização e mobilização; e teve que lidar com a oposição dos Estados Unidos às iniciativas brasileiras de desenvolvimento da energia nuclear, mesmo que para fins pacíficos. A relevância do Programa Nuclear Brasileiro para o projeto de soberania energética e tecnológica do País, o impacto que ele teve nas relações entre o Brasil e outras nações (principalmente os Estados Unidos) e a referência que ele criou para os rumos do desenvolvimentismo brasileiro permitem estabelecer traços de continuidade histórica que se estendem até o momento presente da história nacional.

A importância de analisar o pensamento de um notório dirigente vinculado à política nuclear brasileira amplia-se a partir da constatação de que o Estado brasileiro, em diferentes períodos e condições, manteve e expandiu políticas de desenvolvimento que têm sua gênese ainda durante o período Vargas (1930-1945), prolongando-se no interregno democrático (1945-1964) e sob o regime ditatorial (1964-1985). Finalmente, a relevância de um estudo sobre Paulo Nogueira Batista consolida-se a partir da conexão que nele existe entre o pensamento e a prática política de uma trajetória que abrange os períodos acima citados, desde Vargas até os militares. Em termos cronológicos, portanto, a atuação de Paulo Nogueira Batista como intelectual e dirigente ocorreu em um recorte situado no interior de um processo relativamente longo, caracterizado pelos esforços de transformação do Brasil, de nação agrária em uma sociedade industrial moderna.

2 A DItADURA CIVIL-MILItAR E O APROFUNDAMENtO DA MODERNIZAÇÃO CAPItALIStA BRASILEIRA

A implementação de uma ditadura civil-militar em 1964 redefiniu o pacto de poder até então existente, estruturado ao longo da Era Vargas, permitindo a composição de militares e certas frações do empresariado industrial. Em termos econômicos, os governos militares mantiveram o modelo de acumulação implantado em meados do século XX, aprimorando-o e buscando criar condições que permitissem uma nova fase de expansão capitalista (MENDONÇA, 1985, p. 75). Assim, após o período de reorganização posto em prática nos anos iniciais do novo regime, o Estado brasileiro acelerou o processo de expansão e modernização econômica do país. Desta forma, entre 1964 e 1985, as políticas econômicas

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favoreceram amplamente o grande capital, nacional e estrangeiro, ao mesmo tempo em que o Estado ampliava de forma considerável os seus investimentos produtivos diretos em setores estratégicos, como produção de energia, siderurgia e petróleo.

Os resultados da reorganização, praticada sob as condições ditadas pelos dois primeiros governos do período militar, começaram a sobressair a partir do ano de 1968, quando a economia passou a sustentar altas taxas de crescimento anual, destacadamente no setor de bens de consumo duráveis; a retaguarda desse processo foi garantida por pesados investimentos estatais em infraestrutura e por políticas de concessão de incentivos fiscais a setores de ponta da economia, fortemente monopolizados. Empreendido sob condições favoráveis de liquidez internacional, o que garantiu créditos abundantes às políticas de fomento ao crescimento, as políticas econômicas dos militares encontraram seu momento mais favorável nos primeiros anos da década de 1970, coincidindo com o período mais repressivo adotado pelo regime.

A partir do final de 1973, no entanto, o contexto internacional alterou-se profundamente, como resultado da crise energética decorrente do boicote dos produtores árabes aos países ocidentais que apoiavam Israel. O brutal aumento do preço dos combustíveis afetou duramente setores importantes da atividade econômica de diversos países, demonstrando a fragilidade estratégica resultante da dependência dos combustíveis fósseis.

O impacto da crise combinou e teve relação com os sinais de desgaste da ordem internacional bipolar, implantada após a derrota do nazifascismo, enfraquecendo a hegemonia norte-americana no interior do Bloco Capitalista, já abalada com o impasse militar no Vietnã. Ao mesmo tempo, a década de 1970 começou a transparecer o impacto de transformações tecnológicas como a microeletrônica, cujo ambiente de difusão se tornou cada vez mais propício na medida em que as tecnologias mais tradicionais sofriam o impacto da crise dos combustíveis.

Esse contexto internacional desafiador coincidiu com o início do governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), o quarto do período ditatorial. A vulnerabilidade da economia nacional diante da crise energética, que ameaçava o crescimento econômico, o equilíbrio comercial e o controle inflacionário, podendo ter consequências sobre a própria legitimidade do Regime, impunha ao governo brasileiro ações ousadas. Foi sob esse contexto que o Estado brasileiro promoveu um grande esforço no sentido de tornar o setor de bens de produção a vanguarda do processo de desenvolvimento nacional, sob a iniciativa das empresas estatais. Para isso, a criação de um pequeno núcleo de empresas públicas, que seriam responsáveis “pela compressão das importações de bens de capital e equipamentos” (MENDONÇA, 1985, p. 86).

O governo Geisel empreendeu, sob direção estatal, uma política de acelerado desenvolvimento industrial. Apesar das condições internacionais desfavoráveis, este esforço, classificado pelos economistas Antônio Barbosa de Castro e Francisco

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Eduardo de Souza como “marcha forçada”, isto é, a sustentação de “taxas de investimento excepcionalmente elevadas”, buscou contrariar a tendência internacional dos países capitalistas em promover políticas de desaquecimento (em virtude da crise causada, entre outros, pela elevação brutal dos preços dos combustíveis) (CASTRO E SOUZA, 1985 p. 11-47).

Esta política foi sintetizada no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), que objetivava levar o processo desenvolvimentista a um patamar superior, garantindo à economia nacional um maior grau de autossuficiência em setores econômicos tidos como fundamentais, por meio de investimentos pesados em siderurgia, petroquímica, telecomunicações, energia nuclear e outros setores considerados estratégicos. A opção representada por esse plano levou o Estado brasileiro a investir na pesquisa e a buscar novos padrões de formação de recursos humanos altamente qualificados, articulando de forma mais estreita as universidades com a produção científica, estabelecendo, assim, uma forte vinculação entre tecnologia e economia.

Essa vinculação objetivava permitir ao desenvolvimento brasileiro atingir novos patamares, diante de uma conjuntura internacional de crise energética que provavelmente perduraria e que significaria o fim de uma era de energia fóssil abundante e barata. O problema à frente, portanto, não era somente garantir o crescimento econômico conforme os moldes anteriores estabelecidos pelas políticas desenvolvimentistas, mas “redirecionar os rumos da industrialização brasileira, ao priorizar a industrialização pesada, os tradeables e a alteração da matriz energética, cujo impacto na estrutura do balanço de pagamentos nos anos seguintes parecem inquestionáveis”. (FONSECA; MONTEIRO, 2008).

Neste sentido, a opção do II PND pela energia nuclear encontra seu sentido:

O Programa Nuclear objetiva, de um lado, preparar o Brasil para o estágio dos anos 80, em que a energia nuclear já deverá corresponder a parcela significativa da energia elétrica gerada no País (cerca de 10 milhões de kW, até 1990). E, de outro lado, a continuar trabalhando no campo de outras aplicações da ciência nuclear, como seja a utilização de isótopos na agricultura, medicina e indústria, e a examinar a possibilidade do uso da energia nuclear na Indústria Siderúrgica. (BRASIL. II Plano Nacional de Desenvolvimento).

Neste contexto, a formulação de um programa de produção de energia nuclear que visasse ao desenvolvimento de capacidade tecnológica autônoma se insere como uma das mais importantes decisões políticas da história do desenvolvimentismo brasileiro. O resultado foi a assinatura de um acordo de cooperação com o governo alemão, prevendo a construção de oito usinas

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nucleares e de transferência de tecnologia por intermédio da criação de empresas de prospecção de minerais radioativos, de fabricação e reprocessamento de combustível. Nas palavras de Antônio Azeredo da Silveira, ministro das Relações Exteriores do governo Geisel, a razão principal para a assinatura deste acordo estava na negação do governo norte-americano, com quem o Brasil tinha assinado um acordo de uso pacífico da energia nuclear (1972), em transferir tecnologia:

Ele (o acordo com os EUA) não contém o pacote de salvaguardas que nós temos com a Alemanha. O que contém, isso sim, é uma dependência muito maior. Quer dizer, não é um acordo entre partes iguais. Nós ficamos inteiramente nas mãos dos Estados Unidos. Foi tão mal negociado que esse acordo não previa as etapas, não previa, por exemplo, o fornecimento de matéria físsil para aquilo que eles mesmos iam construir no Brasil. (Depoimento in: SPEKTOR [Org.], 2010, p. 151).

A ousadia e as dimensões do Acordo mobilizaram não somente os recursos do Estado, mas também provocaram forte debate na sociedade civil. Apesar de o país viver sob as condições ditadas pelo Regime Militar, o contexto proporcionado pela Abertura, então em curso, permitiu a mobilização e a rearticulação de diversas entidades, representantes dos mais diversos segmentos sociais. O Programa Nuclear Brasileiro não escapou ao debate e à crítica de grupos nascidos na sociedade.

Como exemplo, pode-se citar a posição cautelosamente favorável ao Acordo Nuclear adotada por Jacques Danon, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), em encontro promovido no Rio de Janeiro, no ano de 1978:

Em 1975 surge, então, o Acordo sobre Cooperação dos Campos dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear com a República Federal Alemã, mais conhecido como Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Esse acordo se insere na continuidade dos esforços de se realizar alguma coisa no campo da energia nuclear em nosso país. Se é certo ou errado nós vamos debater. Ele apresenta aspectos positivos e outros que não compreendo e não justifico. Poderia dizer que um aspecto positivo é que, finalmente, vamos inaugurar uma política nuclear. Demos um passo, depois de 30 anos em que praticamente nada foi feito. Esse passo foi tomado e é extremamente importante para desenvolver a energia atômica para fins pacíficos em nosso país. (Depoimento

In: CARLOS [coord.], 1978, p. 164).

No mesmo encontro, Luiz Pinguelli Rosa, então secretário-geral da Sociedade Brasileira de Física, reconheceu que a necessidade de energia para o

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desenvolvimento do país se agravaria caso não fossem ampliadas as fontes, o que justificaria o desenvolvimento da tecnologia nuclear. Diante da crescente distância entre os centros consumidores e as áreas ainda disponíveis para a exploração hidroelétrica e da pouca capacidade de produção nacional de combustíveis fósseis, “a saída seria a compra de tecnologia nuclear, e com urgência”. No entanto, as decisões neste sentido estariam sendo feitas de forma muito rápida, dificultando projetos de amadurecimento mais longo e sem escutar a posição de técnicos do setor elétrico, segundo os quais o potencial hidrelétrico brasileiro está subestimado, atingindo 200 mil MW (Depoimento In: CARLOS, 1978, p. 167).

Os possíveis questionamentos por parte de setores da sociedade civil e a oposição do governo norte-americano deparavam-se com uma realidade internacional de crise energética e de forte aumento do preço do petróleo. A geração de eletricidade abundante e barata justificaria o investimento governamental em energia nuclear e a sua finalidade pacífica criava a legitimação necessária perante a comunidade internacional.

Ademais, o projeto nacional de soberania fundamentava a necessidade de domínio tecnológico e a abertura de uma segunda fase do Programa Nuclear. A primeira fase havia-se instaurado ainda em 1969, no governo Costa e Silva, com a compra do reator fabricado pela empresa norte-americana Westinghouse. Com o governo Geisel, uma nova exigência era incorporada: a transferência de tecnologia que abarcasse o ciclo completo, da extração de combustível à fabricação de reatores nucleares.

Os objetivos do governo brasileiro iriam além dos efeitos econômicos decorrentes da abundância energética, incluindo a qualificação de mão-de-obra nacional, a capacitação tecnológica e o desenvolvimento de empresas brasileiras capazes de dominar a tecnologia da produção dos equipamentos e componentes nucleares (MARALHAS, 2007, p.22).

O fortalecimento financeiro e a ampliação da autonomia administrativa das empresas estatais, sua articulação aos objetivos estabelecidos pelo Estado (inclusive aqueles relacionados à integração nacional e à geopolítica dos governos militares, como a construção da usina de Itaipu) e a “blindagem” assegurada por administrações “técnicas” permitiriam a agressiva expansão destas empresas, fortalecendo o país em um contexto internacional caracterizado pela crescente carência de energia. Elas deveriam ser capazes de contrair empréstimos externos, realizar pesados investimentos e internacionalizar sua atuação.

A continuidade de um projeto nacional de industrialização e sua chegada a um novo patamar justificava esses pesados investimentos. Nesse projeto, o papel assumido pelas inversões diretamente controladas pelo Estado foi fundamental. No caso específico do período de governo de Geisel, o papel do Estado atingiu tais dimensões que demarcou uma inflexão nas relações entre o Regime Militar e o empresariado: a tendência à maior participação estatal foi acompanhada

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pela crescente retirada de apoio da burguesia brasileira aos militares, que antes dispunham de sua plena solidariedade.

Segundo o economista José Luís Fiori, a opção estabelecida por Geisel de completar todo um ciclo industrial sob a direção do Estado foi o ponto fundamental do distanciamento entre os militares e os empresários. No ano de 1976, as apreensões do empresariado transformaram- se “em uma verdadeira rebelião contrária à estatização.” A crise aberta entre o Estado e frações do empresariado brasileiro, segundo o mesmo autor, foi mais profunda do que as anteriormente vividas no decorrer do processo de estabelecimento e expansão do Estado desenvolvimentista no Brasil, e se pôs entre as causas primordiais da adesão da burguesia brasileira, na década de 1980, às teses neoliberais (FIORI, 1995, p. 70).

No entanto, a capacidade estatal de promoção de investimentos e o projeto desenvolvimentista foram abalados pela conjuntura econômica internacional a partir de meados da década de 1970. A crise energética internacional e o aumento do endividamento externo e suas consequências para a liquidez do Estado brasileiro fizeram-se sentir profundamente.

A economia brasileira vinha apresentando, posteriormente à década de 1930, elevadas taxas de crescimento econômico anual, notadamente no setor industrial, com picos na segunda metade da década de 1950 e nos primeiros anos da década de 1970. A partir dos primeiros anos da década de 1970, ela entrou em desaceleração, culminando com uma forte recessão nos primeiros anos da década de 1980, coincidindo com o mandato de João Figueiredo, último presidente do período militar (1979-1985).

A crise econômica, o agravamento de tensões sociais, a reorganização do movimento sindical e, de modo mais amplo, do conjunto da sociedade civil, assim como o fortalecimento da oposição parlamentar e o nascimento de dissidências entre as forças de apoio ao regime ditatorial resultaram na transição para governos civis, em meados da década de 1980.

A passagem para o regime democrático, iniciada nos primeiros anos da década de 1980, concluiu-se com a instalação do governo civil da Aliança Democrática, em 1985, e foi consolidada com a promulgação da Constituição democrática de 1988. Esta transição foi coincidente com os estertores de um modelo de modernização e com a gradual articulação de um novo consenso sobre a organização do Estado e das relações deste com a sociedade.

Ele envolveu, para além da reordenação política e institucional do Estado, as transformações na vida econômica e social e as consequências para o Brasil dos movimentos de reestruturação econômica ao nível internacional, acompanhadas por novas formulações ideológicas fortalecidas com as experiências de governos neoliberais na Europa e na América, a partir da segunda metade da década de 1970.

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3 PAULO NOGUEIRA BATISTA: INTELECTUAL E DIRIGENTE

A implantação do Programa Nuclear e as grandes transformações pretendidas pelo Estado brasileiro em seu projeto de desenvolvimento implicava a disponibilidade de quadros com grande capacidade intelectual e dirigente.

Paulo Nogueira Batista, escolhido para dirigir esse Programa, foi conceituado, nesta pesquisa, em sua condição de intelectual. Para melhor delimitar o objeto estudado, o intelectual aqui se apresenta como um mediador, organizador e promotor, pela sua capacidade de persuasão e de organizar o consenso em torno de suas teses. Segundo o pensador italiano Antônio Gramsci, essas tarefas articulam o papel do intelectual aos projetos mais amplos que representam a visão de mundo das diferentes classes sociais e dos grupos políticos:

Cada grupo social, nascendo no terreno originário de uma função essencial no mundo da produção econômica, cria para si, ao mesmo tempo, de um modo orgânico, uma ou mais camadas de intelectuais que lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também no social e político. (GRAMSCI, 1989, p. 3).

Esta ação, de organização do consenso, pressupõe a capacidade de formular e expor ideias. Neste sentido, este artigo, resultado de trabalho de pesquisa, concentrou- se na abordagem dos registros do pensamento de Batista. Embora os diferentes espaços ocupados pelo Estado e pela sociedade civil tenham uma face coletiva e impessoal, é inegável o papel desempenhado por indivíduos, dirigentes e/ou intelectuais que podem agir como porta-vozes de posições oficiais, ou então como frações que atuam internamente, ou expõem publicamente suas ideias, que não são, necessariamente, as mesmas adotadas oficialmente na ação coletiva. O discurso desses indivíduos desnuda suas preocupações e intenções políticas, e media a relação entre a sua condição individual, os sujeitos políticos a que se vinculam e o público a que se dirigem. Para Norman Fairclough,

O discurso como prática política estabelece, mantém e transforma as relações de poder e as entidades coletivas (classes, blocos, comunidades, grupos) entre as quais existem relações de poder. O discurso como prática ideológica constitui, naturaliza, mantém e transforma os significados do mundo de posições diversas nas relações de poder. Como implicam essas palavras, a prática política e a ideológica não são independentes uma da outra, pois a ideologia são os significados gerados em relações de poder como dimensão do

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exercício do poder e da luta pelo poder. (FAIRCLOUGH, 2001, p. 94).2

Neste sentido, Paulo Nogueira Batista acrescenta à sua condição de intelectual outra, a de dirigente de importantes agências do Estado brasileiro, partícipe do projeto de desenvolvimento nacional adotado pelos governos a que serviu, da concepção do papel a ser assumido pelo Brasil no contexto internacional e dos processos decisórios que resultaram na implementação do Programa Nuclear.

Seu papel individual implicava um compromisso político: a busca pela soberania, considerada como emancipação energética e tecnológica do país, superando a vulnerabilidade em relação ao exterior, vulnerabilidade esta agravada pelo contexto de crise energética internacional. A facilidade com que o governo norte-americano abdicou do compromisso de garantir urânio enriquecido para as projetadas usinas nucleares brasileiras e, a partir de 1973, a explosão dos preços do petróleo importado demonstram de forma gritante a fragilidade nacional, situação que deveria ser superada para que o processo de desenvolvimento tivesse continuidade.

A prática dos Estados Unidos em relação ao fornecimento de urânio enriquecido provocou, no Governo brasileiro, a disposição de não mais aceitar acordos que não contemplassem os interesses de busca da autonomia nacional no campo tecnológico. Alternativas deveriam ser buscadas, e o primeiro resultado foi a denúncia dos contratos assinados com a Westinghouse, que previa a construção das usinas nucleares de Angra I e II, e a aproximação do Brasil com o Governo da Alemanha Ocidental:

Segundo as resoluções do acordo, Brasil e Alemanha se comprometiam a desenvolverem juntos um programa, com a ajuda do governo e das empresas privadas alemãs (lideradas pela Kraftwerk Union – KWU), de construção de oito grandes reatores nucleares para a geração de eletricidade, bem como a implantação no país de uma indústria teuto-brasileira para a fabricação de componentes e combustível para os reatores, no prazo máximo de 15 anos. O acordo com a Alemanha, apesar de não reverter a opção pela tecnologia do urânio enriquecido, permitia ao Brasil absorvê-lo gradativamente ao englobar a transferência progressiva do conhecimento científico-tecnológico em todo o campo nuclear dominado por aquele país. O acordo nuclear era, portanto, uma oportunidade a mais para demonstrar a afirmação da vontade nacional em defesa dos objetivos julgados 2 Segundo o mesmo autor, “Qualquer ‘evento’/discurso (isto é, qualquer exemplo de discurso) é

considerado simultaneamente um texto, um exemplo de prática discursiva e um exemplo de prática social” (FAIRCLOUGH, 2001, p. 22)

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legítimos pelo país, que se desagradou ao parceiro do norte, recebeu internamente um amplo apoio de importantes setores da sociedade civil e militar (MARALHAS, 2007, p. 98).

O discurso de Paulo Nogueira Batista apresentou grande sintonia com as preocupações e o projeto de soberania nacional e projeção externa dos governos militares, antes mesmo dos acontecimentos e decisões que levaram ao Programa Nuclear Brasileiro.

Em pronunciamento datado do ano de 1967, na condição de Subsecretário de Planejamento Político do Ministério das Relações Exteriores, Batista justificou a necessidade de um país forte, capaz de promover o desenvolvimento econômico, mas, principalmente, dotado do conhecimento científico e tecnológico, cuja aquisição deveria ser objetivo do Estado e de sua diplomacia; segundo ele, a política externa de seu governo, entre outras coisas, visaria “a atração de capitais e de ajuda técnica, e – de particular importância – a cooperação necessária para a rápida nuclearização pacífica do país.” (ARQUIVO PNB, 1967, 04.03, p. 3).

Ao longo de seu discurso, o diplomata ressaltou a necessidade de o Brasil promover o desenvolvimento tecnológico em conjunto com outras nações em igual patamar, fazendo parte ou criando associações de desenvolvimento mútuo, principalmente entre países latino-americanos; daí a defesa da indispensabilidade de um segundo acordo internacional entre esses países, além do planejado Mercado Comum Regional: a Comunidade Latino-Americana do Átomo (ARQUIVO PNB, 1967, 04.03, p. 8).

A justificativa para a fundação dessa Comunidade está em se dar um fim à dependência econômica e tecnológica dos países da região, atribuindo à energia nuclear o papel de alavanca para diminuir a distância entre esses e os países desenvolvidos.

Em documento anexo a esse pronunciamento, intitulado “Minuta Original”, Paulo Nogueira Batista expôs com toda clareza a necessidade de diminuir essa distância:

A meta será nuclearizar pacificamente o Brasil, [...] repudiamos o armamento nuclear [...]. Não desejamos, porém que os instrumentos internacionais sobre o assunto contenham cláusulas que possam significar entraves imediatos ou potenciais ao pleno aproveitamento da energia nuclear para fins pacíficos. Privarmo-nos do acesso direto da utilização de combustíveis e explosões nucleares para fins pacíficos, deixá-la exclusivo privilégio das potências hoje detentoras de seria aceitar de forma inadmissível o colonato. (ARQUIVO PNB, 1967, 04.03, p. 20)

Naquele mesmo período, Batista escreveu um artigo para a revista Foreign Affairs, que não chegou a ser publicado, contendo a análise da relação entre a

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política externa brasileira e os objetivos econômicos do país. Após uma pequena introdução, o autor descreveu a condição da política exterior brasileira: “Brazilian foreign policy must therefore be revolutionary, in absolut discenance with the 'status quo' prevailing in present internacional economic relations” (ARQUIVO PNB, 1968, 10.00, p. 3).3

É notável a apologia de uma transformação da política externa brasileira em algo “revolucionário”, ou seja, ela teria alinhado sua ação aos objetivos de resolução do problema do subdesenvolvimento nacional, sendo pilar da autonomia dos interesses do país e crítica das relações de poder impostas pelas grandes potências; esse discurso é digno de registro, dada a condição bipolar da política internacional e a natureza militar e anticomunista do governo brasileiro. Ele desnudou um não conformismo com a situação do Brasil e projetou um futuro de autonomia e de espaço próprio para a nação brasileira: neste sentido, a busca pelo domínio completo da tecnologia nuclear com finalidade pacífica é um exemplo desta busca de autonomia (ARQUIVO PNB, 1968, 10.10, p. 3).

Na defesa que Paulo Nogueira Batista fez de uma política externa de forte garantia da autonomia nacional, a temática da utilização da energia nuclear em nível mundial se relaciona, portanto, a outra: a crítica ao congelamento das relações internacionais sob os interesses das potências hegemônicas e a eternização da condição subordinada de nações do porte do Brasil.

Cabe ressaltar que, durante o governo Costa e Silva (1967-1969), o Brasil recusou-se a aderir ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) em 1968, alinhando-se à posição de países como a China, compreendendo-o então como um instrumento de congelamento de poder por parte das potências nucleares “na medida em que traçava urna fronteira tecnológica entre os Estados e, apesar disso, não assegurava a paz mundial” (GONÇALVES e MIYAMOTO, 1993, p. 223). Argumentando que por ter ratificado o Tratado de Tlatelolco (1967) – que tornava a América Latina e o Caribe em uma área livre de armas nucleares - já havia se comprometido com o uso pacífico da energia atômica, o Brasil reiterava o seu direito a desenvolver um programa nuclear e a obter autonomia tecnológica nesse campo, indo de encontro às diretrizes estabelecidas pelo TNP. Tal posição só seria revista trinta anos depois quando, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o Brasil finalmente ratificaria esse Tratado.

Assim, ultrapassado o período mais agudo da Guerra Fria, as políticas de reaproximação entre Oeste e Leste e o discurso da não proliferação nuclear promovido pelas Grandes Potências com a declarada finalidade de assegurar a paz tiveram uma contrapartida muito prejudicial aos interesses das nações de médio porte e estágio intermediário de desenvolvimento econômico. Ao congelar 3 A política externa brasileira deve, portanto, ser revolucionária, em absoluto dissenso com o status quo

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o status quo nuclear, seria bloqueado o acesso a uma tecnologia tão necessária ao desenvolvimento de países que necessitavam de alternativas para sustentar o desenvolvimento econômico e atender às necessidades de economias em expansão e de populações em rápido crescimento.

Para Paulo Nogueira Batista, o congelamento proposto pelas Grandes Potências afetava claramente as necessidades e os interesses brasileiros. As intenções claramente pacíficas dos objetivos nacionais quanto ao uso da energia nuclear não deixavam dúvidas quanto à injustiça contida nas políticas dos países hegemônicos:

Brazil clearly demonstrated its repulse to the spread of this type of armament when it proposed the denuclearization of Latin-America (...). But what my country cannot accept is a status of tecnological inferiority in the field of peaceful uses of nuclear energy. (ARQUIVO PNB, 1968.10.10, p. 3).4

Em outras palavras: para Batista, as aspirações nacionais brasileiras não poderiam aceitar limites impostos por potências estrangeiras, quanto às suas aspirações de utilização pacífica da energia nuclear visando ao desenvolvimento nacional.

Mas a ampliação dos horizontes nacionais e a superação do status de inferioridade do país não se limitariam à busca do domínio de tecnologias consideradas essenciais para o desenvolvimento; englobariam, também e necessariamente, a superação da desigualdade comercial presente nas relações norte-sul, consequência do protecionismo praticado pelos países desenvolvidos, e políticas consistentes de expansão das trocas comerciais em direção aos países da América Latina, aos continentes africano e asiático e, inclusive, ao Bloco Socialista.

O domínio da energia nuclear faria parte deste “pacote” de objetivos do Estado brasileiro, que exigiriam, para sua concretização, forte coerência entre suas políticas de desenvolvimento e a ação de sua diplomacia. Em 1968, Paulo Nogueira Batista preparou um documento com o significativo título de “A Revolução Tecnológica e a Política Internacional”. Trata-se de um trabalho feito pelo diplomata para a Escola Superior de Guerra (ESG), abordando o papel desempenhado pela tecnologia para a correlação de forças nas relações internacionais.

No texto, demonstrou-se uma expectativa muito crítica sobre a tendência à melhoria das relações entre as potências-líderes dos Blocos capitalista e socialista; para o autor, esta acomodação resultaria em um bloqueio aos países em desenvolvimento, privados de possibilidades de desenvolvimento autônomo. 4 O Brasil demonstrou claramente sua repulsa à disseminação desse tipo de armamento quando propôs

a desnuclearização da América Latina (...). Mas o que o meu país não pode aceitar é um status de inferioridade tecnológica no domínio dos usos pacíficos da energia nuclear (Tradução dos Autores)

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Haveria, pois, um deslocamento de tensões, do ponto de partida da ordem pós-II Guerra Mundial (Leste-Oeste), para conflitos de interesses entre os países desenvolvidos do Norte e as nações do Sul.

A acentuação da disparidade entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos a partir da tendência à desvalorização do valor dos produtos primários, agravada pelos obstáculos comerciais e à aquisição de tecnologias é ressaltada pelo diplomata, constituindo tema central das preocupações do Estado brasileiro. Segundo ele:

Nesse contexto de distensão entre Leste-Oeste e da tendência da deterioração das relações Norte-Sul, a política externa do Brasil busca essencialmente a (1) eliminar ou reduzir as restrições ou discriminações que dificultam o acesso dos nossos produtos aos mercados desenvolvidos; (2) impedir, através da defesa do acesso irrestrito do Brasil às mais avançadas conquistas científicas e tecnológicas, que se criem novos obstáculos internacionais ao progresso do país; e (3) diversificar ao máximo, ainda dentro da estrutura de comércio internacional vigorante, os mercados para a produção brasileira. (ARQUIVO PNB, 1968, 08, p. 11). A resposta a ser dada pelo Brasil é citada logo no parágrafo seguinte, e implicaria um grande esforço para alterar a situação do país no contexto internacional. Esse empenho, prioridade do Estado brasileiro, teria que encontrar seus fundamentos nos próprios recursos naturais e humanos do país:

Trata-se de esforço lastreado na profunda convicção de que o Brasil, com sua vasta base territorial e demográfica, tem direito de aspirar a um 'status' de grande potência, através de um processo nacional e autônomo de desenvolvimento. (ARQUIVO PNB, 1968, 08, p. 11).

Dando continuidade à sua tese sobre a necessidade de fortalecimento internacional da posição brasileira, da exigência de acelerar o desenvolvimento econômico e de conquistar a autonomia tecnológica, Paulo Nogueira Batista expressou a confiança de que esses objetivos podem ser alcançados a partir dos recursos existentes no próprio país, o que leva a uma interessante afirmação:

Nossa confiança no desenvolvimento à base da integração nacional, da modernização das estruturas e da aplicação intensiva da tecnologia é que nos leva a considerar com cautela o projeto de formação de um mercado comum latino americano. (ARQUIVO PNB, 1968,08, p. 12).

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Ou seja, o Brasil teria plenas condições de conseguir um desenvolvimento econômico autônomo e assumir a condição de potência a partir de seu próprio esforço nacional. Paulo Nogueira Batista não adotou uma posição de explícita oposição a um processo de integração econômica latino-americana: em texto datado do ano anterior observou-se a citação positiva à criação de um Mercado Comum dos países da América do Sul e a uma Comunidade voltada para o átomo (ARQUIVO PNB, 1967, 04.03, p. 8). Seu argumento, no entanto, indicou que o Brasil deveria, antes de qualquer coisa, completar todo um processo de fortalecimento, integração e autonomização nacional, reposicionando-se nas relações de poder em nível internacional. Esses objetivos teriam como pressuposto uma política externa agressiva e coadunada com os objetivos nacionais:

Em suma: para realizar as imensas potencialidades de seu território e de seu mercado interno, o Brasil tem de ter uma política externa inconformista em relação à estrutura do comércio internacional, que funciona contra os subdesenvolvidos e inconformista contra os esquemas de poder, que circunscrevem as possibilidades de desenvolvimento autônomo. (ARQUIVO PNB, 1968, 08, p. 12)5.

Tal concepção pode ser observada em trabalho posterior que Paulo Nogueira Batista igualmente apresentou à Escola Superior de Guerra, destacando a resistência dos países desenvolvidos em abrir seu mercado às mercadorias oriundas de outras nações. A condição do Brasil, de potência intermediária, e a defesa de seus interesses econômicos implicariam (mais uma vez ressalta o autor), uma assertiva política externa: “Para assegurar a contribuição do setor externo a seu desenvolvimento e, portanto, reduzir os seus custos sociais, nosso país terá de manter uma ativíssima presença internacional [...]” (ARQUIVO PNB, 1973, 10.22, p. 45).

A defesa de uma “ativíssima presença internacional”, tão necessária aos objetivos de autonomia econômica e tecnológica buscada pelo governo e ratificada pelo autor, implicaria superar grandes obstáculos:

Já não é rara a insinuação, por enquanto ainda informalmente feita, tanto entre países subdesenvolvidos quanto entre desenvolvidos de que o Brasil já estaria nessa última categoria. “Por mais lisonjeira que seja, caberia resistirmos à tentação de aceitá-la e reconhecermos que sua inspiração profunda no exterior é antibrasileira, visando restringir a nossa competitividade comercial ou o nosso acesso à assistência financeira internacional” a falta de tecnologia. Outra ordem de 5 Os trechos foram sublinhados no texto original.

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dificuldades [...] são as que derivam das aspirações brasileiras a um desenvolvimento realmente independente e sem restrições, tanto no que se refere ao pleno acesso a todas as conquistas da ciência quanto no que diz respeito à integral mobilização de todos os recursos nacionais [...]. A um país nas condições do Brasil não podem interessar, portanto, o empenho das grandes potências em congelar, por uma prematura relação internacional, relações de poder que já favorecem os países desenvolvidos. (ARQUIVO PNB, 1973, 10.22, p. 46-47).

A natureza do comércio exterior brasileiro poderia ser, portanto, um importante aferidor da relação do país com outras potências, medida através do grau de soberania e autonomia do país. Chama a atenção à abordagem ampla acerca do papel desempenhado pelo Itamaraty neste esforço nacional pelo desenvolvimento:

A diplomacia brasileira, no seu empenho em contribuir para a modernização do país, não pode assim limitar-se a projetar externamente as aspirações nacionais de progresso. Deve trazer, igualmente para o debate interno, os grandes temas da atualidade internacional, procurando alertar o país para os novos problemas e para as novas soluções. (ARQUIVO PNB,1968, 08, p. 12)

A década de 1970 reservou para a carreira de Paulo Nogueira Batista a condução de grandes projetos do Estado brasileiro. Em setembro de 1974, na condição de chefe do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Nogueira Batista voltou a analisar o tema acima, em um estudo de sua autoria sobre a natureza do comércio exterior contemporâneo, o crescente grau de internacionalização das trocas de produtos industrializados e suas possíveis relações com o desenvolvimento da economia brasileira:

O processo de internacionalização crescente da economia mundial verificou-se ao mesmo tempo em que se alterava sensivelmente a própria composição das trocas internacionais. Em 1950, as manufaturas representavam 41% das exportações mundiais; em 1950, elevam-se a 54%; em 1970, a 65% crescendo num ritmo especialmente vigoroso na área de bens de capital e de produtos altamente sofisticados. Também nesse terreno, o Brasil, a partir de 1964, na faixa das semimanufaturas e das manufaturas simples, passou a acompanhar as grandes tendências da economia internacional. Enquanto em 1963, os produtos industrializados constituíam apenas 9% das nossas

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vendas ao exterior, dez anos depois, em 1973, significavam 33% do total de nossas exportações, evolução que atesta o esforço de diversificação na pauta exportadora brasileira. (ARQUIVO PNB, 1974, 09.24, p. 4).

Mais do que uma constatação, as transformações verificadas na pauta exportadora brasileira em direção a uma nova matriz de produtos, os industrializados, atestava o sucesso de esforços anteriores de industrialização e legitimava a luta por novos patamares econômicos e, por consequência, por uma nova condição internacional para o Brasil. Não passa sem que se possa notar que, na citação acima, há uma referência ao processo de desenvolvimento promovido pelos militares, com sua consequente transformação na natureza dos produtos exportados pelo país.

A explosão dos preços do petróleo e de seus derivados, verificada após o conflito árabe-israelense de 1973, levou mais uma vez Paulo Nogueira Batista a enfatizar que a defesa dos interesses comerciais brasileiros e a necessidade de acumulação de recursos por parte do país não teriam sentido sem uma reorientação econômica futura, que apontasse na direção de uma produção energética e de uma infraestrutura produtiva que garantissem menor dependência em relação aos combustíveis importados, e, portanto, uma maior autonomia nacional:

A reorientação da economia brasileira para investimento que poupem petróleo – ênfase maior em ferrovias que em rodovias – e em outras formas de energia, como a nuclear, deverão, a médio e longo prazos, contribuir também para a reformulação do nosso comércio exterior. (Arquivo PNB, 1974.09.24, p. 12) Vale notar que a crise internacional de combustíveis levaria o Estado brasileiro a fortes investimentos que diminuíssem a importação de petróleo: o II PND previa, entre outros, um forte investimento em programas de prospecção de petróleo (inclusive na plataforma continental), o desenvolvimento de um programa de exploração e industrialização do xisto, a eletrificação de ferrovias e a eliminação do subsídio ao petróleo e seus derivados (BRASIL. II Plano Nacional de Desenvolvimento).

No esforço do Estado brasileiro por uma maior autonomia energética ao país,

assumiu particular importância o Decreto nº 76.593, publicado em 14 de novembro de 1975. Neste, foi instituído o Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool). Envolvendo a Secretaria de Planejamento e os Ministérios da Fazenda, Indústria e Comércio, Minas e Energia, Agricultura e Interior, o Pró-Álcool previa financiamentos vinculados a uma série de objetivos de interiorização do desenvolvimento, de expansão da agricultura e do emprego rural e da diminuição das desigualdades regionais (BRASIL. Senado Federal. Decreto 76.593, de 14 de novembro de 1976 [Programa Nacional do Álcool]). Naquele ano, 1975, Paulo Nogueira Batista assumiu a direção do Programa

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Nuclear Brasileiro. No conjunto da argumentação anteriormente desenvolvida por ele em suas palestras e textos, reafirmou a necessidade brasileira de desenvolvimento tecnológico a fim de passar da condição de país subdesenvolvido em direção a uma sociedade industrial moderna. A documentação revelou um intelectual com uma visão bastante precisa dos limites do país no contexto internacional e com grande convicção acerca dos rumos que este deveria tomar para alcançar a condição de uma nação desenvolvida.

Esses pontos de vista estão afinados com o desenrolar da política externa brasileira no período compreendido entre a segunda metade da década de 1960 e os primeiros anos da década seguinte, que coincidem com o auge do Regime Militar. Apesar do anticomunismo de origem dos governos militares e do alinhamento com as posições dos Estados Unidos em seus primeiros momentos, já a partir dos governos dos generais Costa e Silva e Médici buscava- se a ampliação dos horizontes nacionais para além de uma aliança acrítica com a política externa do governo norte-americano, gerando atritos e divergências entre os dois Estados.

Até o governo Geisel, esses atritos inseriam-se principalmente no campo econômico e no bloqueio imposto pelos norte-americanos a reformas no comércio internacional. No período temporal abrangido pela documentação analisada, há um questionamento mais incisivo do governo brasileiro em relação ao congelamento das relações de poder em nível internacional, por imposição das potências hegemônicas do mundo bipolarizado. Esta postura crítica foi reforçada pela atuação de quadros fundamentais do Estado brasileiro, entre os quais podem se incluir o próprio Paulo Nogueira Batista e João Augusto de Araújo Castro, que ocupou, entre 1971 e 1985, o posto de Embaixador do Brasil em Washington. Em conferência pronunciada no ano de 1972, Araújo Castro criticou a “oligarquização do sistema internacional imposta pelos Estados Unidos e pela União Soviética, definindo-a como obstáculo aos países em desenvolvimento”. (ABREU, 2001, p. 1235).

Na década de 1970, o Estado brasileiro buscou romper esse congelamento. No governo do General Geisel, estes novos rumos se definem, gerando consequências como o investimento brasileiro na busca da autonomia nuclear e a adoção de uma política externa fundada no Pragmatismo Responsável, fiador, entre outros, pelo reatamento com a República Popular da China e o reconhecimento do governo do Movimento Popular pela Libertação de Angola.

Qual o sentido de todas aquelas mudanças no campo da política externa brasileira? O próprio Paulo Nogueira Batista respondeu a questão, articulando, mais uma vez, a política externa às necessidades econômicas do país:

O Brasil precisa exportar cada vez mais para financiar não o consumo supérfluo das classes mais abastadas e sim as necessidades vitais de matérias-primas e equipamentos indispensáveis ao processo de industrialização do país. Somos,

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pois, compelidos à luta pela conquista de mercados externos a fim de melhor atender ao mercado interno, cuja ampliação é, por definição, o objetivo principal do desenvolvimento econômico e social do país. Não se trata, porém de obter melhores posições nos mercados externos tradicionais e de penetrar em novos mercados que a universalização da política exterior vai permitindo. É necessário igualmente lograr melhores preços pelos produtos brasileiros, quer pela exportação de forma processadas que agregam meio valor, quer pela defesa de preços mais remuneradores pelos nossos produtos primários. Nesse terreno, teremos evidentemente de agir com espírito pragmático, atentos à essencialidade do produto e a sua maior ou menor adequação a uma ação coordenada de produtores no sentido de melhores preços. (ARQUIVO PNB, 1974, 09.24, p. 13).

Os registros do pensamento e da prática política de Paulo Nogueira Batista, entre os anos de 1967 e 1974, demonstram que, durante o Regime Militar, havia no Estado brasileiro um projeto nacional que visava remover uma série de obstáculos ao desenvolvimento interno, e, ao mesmo tempo, reposicionar o status internacional do país. A coerência da argumentação desenvolvida pelo intelectual encontrou espaço de concretização nos cargos que ele ocuparia nos anos seguintes, como dirigente do Programa Nuclear Brasileiro.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As transformações ocorridas no Brasil e no sistema internacional entre os anos 50 e 70 do século passado fazem com que a busca da autonomia, por meio da diversificação de parcerias estratégicas sob uma lógica mais universalista, torne-se a principal preocupação dos formuladores da política externa brasileira, a partir da Política Externa Independente. Já no plano doméstico, faz-se necessária a implantação de políticas mais ousadas que resultassem em uma maior autonomia nacional – o que passava obrigatoriamente pela ampliação da capacidade energética instalada e, segundo a visão dos dirigentes do Estado, pelo domínio da tecnologia nuclear para fins pacíficos –, assim como a capacidade de tomar decisões e de materializá-las em políticas de Estado. Diante desse quadro, o Estado brasileiro iria necessitar de quadros intelectuais de grande largueza e dotados de capacidade dirigente.

Paulo Nogueira Batista foi um desses quadros, e a documentação por ele legada, registro de suas intervenções acerca de questões da maior gravidade para os rumos do desenvolvimento do país, expostas em foros de grande importância no período, é de grande relevância para o entendimento das decisões governamentais e dos rumos tomados pelo Brasil em sua história recente.

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REFERÊNCIAS

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Recebido em: 23 out. 2016. Aceito em: 30 dez. 2016.

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